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3.1. Marco Regulamentar do Transporte e do Turismo

3.1.2. O Transporte Rodoviário na Legislação Ordinária

3.1.2.1 Transporte Turístico

Ainda como matéria constitucional e que tem interferência sobre a atividade turística pode-se destacar o que dispõe o Art. 23 a respeito da proteção ao patrimônio histórico e artístico nacional, e o Art. 24, em seu inciso VII, que prescreva a competência da União, Estados e Distrito federal em legislar concorrentemente sobre a “responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico”.

Há autores que, inclusive, relacionam o direito ao lazer, estabelecido no art.

6° da CF como um dos direitos sociais do cidadão, como uma forma de atribuir ao Estado a obrigação de propiciar meios de desfrute de lazer pela população, onde o turismo estaria, então, incluído, já que se trata de uma forma de lazer, o que não é, de todo, uma interpretação errada ou equivocada, desde que, ao nosso ver, se limite à promoção e incentivo de qualquer atividade turística, mas nunca a sua efetiva operação.

3.1.2. O Transporte Rodoviário na Legislação Ordinária

suas designações e classificação etc, pelas empresas aderentes em contrato particular, já que elas conferem ao portador um certo “status”. No tocante às transportadoras turísticas e agências de viagens com frota própria, as legislações sobre o transporte em si, pelos órgãos gerenciadores em âmbito federal e nos estados e municípios, exigem o registro prévio naquela autarquia, o que, de certa forma, vem lhe conferir uma função de autorização.

Juridicamente, empresa é a pessoa que toma a iniciativa de organizar uma atividade econômica de produção ou circulação de bens ou serviços (Coelho 2000;

p.61). Ela pode ser a própria pessoa – caso em que constitui uma empresa individual – ou a união de duas ou mais pessoas, quando então assume a condição de uma sociedade. As empresas são formadas em razão exatamente de haver um mercado, o qual surge pelo interesse da coletividade em satisfazer uma determinada necessidade (de transporte, de alimentação, de repouso etc).

Sobre esse aspecto o Decreto n° 84.934, de 21 de julho de 1980, que regulamentou as atividades e os serviços das empresas que prestam serviços turísticos, definiu uma a uma as atividades das empresas turísticas, algumas até de caráter exclusivo, como a venda de passagens aéreas mediante comissão ou intermediação, ou a operação de viagens e excursões, individuais ou coletivas, compreendendo a organização, contratação e execução de programas, roteiros e itinerários (neste caso, privativo para empresas cujo objeto social seja de agência de viagem e turismo, que quando a operação seja relativa a excursões do Brasil para o exterior, são chamadas de “operadoras”).

O Decreto n° 84.934/80 veio a ser alterado posteriormente pelo Decreto n°

87.348/82, o qual dispõe sobre as condições em que serão prestados os serviços de transporte turístico de superfície, ou seja, as atividades das transportadoras turísticas, conceituando-o como o serviço prestado com a finalidade de lucro para o deslocamento de pessoas por via terrestre ou hidrovia, em veiculo terrestre ou embarcação, para o fim de realização de excursões ou outras programações turísticas. Como prevalecem aqui as disposições do Decreto-lei n° 2.294/86, é livre o exercício e a exploração de atividades e serviços turísticos, mas obrigatoriamente por sociedade constituída com o fim de auferir lucro.

Posteriormente, foi baixada a Resolução Normativa 32/88, pelo CNTur, aprovando o Regulamento para a classificação das Atividades e Serviços de Transporte Turístico de Superfície, que não obriga qualquer transportadora turística

a enquadrar-se em seus termos, exceto por sai livre vontade – e necessidade, já que o registro é condição prévia nos transportes sob gestão e controle do estado, como no caso do interestadual rodoviário de passageiros. É nesta Resolução que constam as modalidades de transporte turístico de superfície:

• transporte para excursões: que é o realizado em âmbito municipal, intermunicipal, interestadual ou internacional, para o atendimento a excursões organizadas por agências de turismo;

• transporte para passeio local: que é o realizado para visitas a locais de interesse turístico de um município ou de suas vizinhanças, organizado por agências de turismo;

• transporte para traslados: que é o realizado entre as estações terminais de embarque/desembarque, os meios de hospedagem e os locais onde se realizem eventos turísticos, como parte de serviços receptivos organizados por agências de turismo;

• transporte especial: que é o ajustado diretamente pelo usuário com a transportadora turística.

Com relação ao equipamento, a Resolução 32/88 classifica os veículos e embarcações de turismo, sendo que os primeiros podem ser ônibus (subdivididos em Standard, luxo e superluxo), microônibus (subdivididos em standard e luxo), utilitários e automóveis. Para os efeitos do transporte autorizado pelo estado, no caso de serviços sob sua tutela, essa classificação não faz o menor efeito, de modo que só tem efeito pelo aspecto qualitativo e informativo. Só para citar-se um exemplo, no caso do microônibus ele sequer é aceito como veículo para prestação de serviço de transporte interestadual coletivo de passageiros, muito embora seja legalmente apto a transitar em qualquer via ou rodovia, nacional ou estrangeira. A Deliberação Normativa 246/88 complementa a matéria, e ambas as normas criam, de um jeito ou de outro, uma obrigação de se utilizar para transporte de turistas, apenas veículos e embarcações classificados pela Embratur, à qual as empresa se submetem não apenas por razões contratuais, mas por estratégia de marketing, conforme já assinalado anteriormente no caso das agências de turismo.

A Resolução 32/88 exige contrato por escrito entre as empresas e destas com os usuários, mas no ordenamento vigente o contrato verbal é aceito, de tal modo que ele não deixa de ser válido pelo fato de não ter sido celebrado por escrito – subentende-se, nesses casos, que houve negligência da empresa prestadora do

serviço, e aí, pelo Código de Defesa do Consumidor prevalece o entendimento de que a presunção da verdade está com o usuário, cabendo à empresa contratada a prova em contrário. - esta, em caso de culpa, poderá sofrer sanções também da própria Embratur, com base naquela Lei n° 6.505/77 (de Advertência, até interdição do local, do veículo, do estabelecimento etc).

3.1.2.2. O Transporte Rodoviário Interestadual Coletivo de