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O método de estudo de caso ainda é carente no que tange à análise das evidências, conforme aponta Yin (2010). Para o autor, a análise das evidências é especialmente difícil, pois as técnicas ainda não foram suficientemente definidas, por isso, elaborar uma estratégia analítica geral toma grande importância, visto que orienta a estabelecer prioridades sobre o que e por que analisar. Assim, esta pesquisa adotará como estratégia geral:

a) desenvolver a descrição do caso;

b) verificar os fatores contextuais que podem influenciar a adoção da avaliação de resultados em educação corporativa. Os fatores contextuais referem-se às características da organização, de sua educação corporativa e das práticas e ferramentas utilizadas na avaliação em educação corporativa.

Já como técnica de análise dos estudos de caso, primeiramente os dados oriundos de entrevistas e de documentos serão categorizados e analisados por meio da técnica de análise

de conteúdo, a qual se caracteriza pelo tratamento sistemático dos dados com o objetivo de

identificar o que está sendo dito a respeito de determinado tema (VERGARA, 2008). O cruzamento dos dados obtidos na análise documental e nas entrevistas possibilitará o entendimento das práticas de avaliação em educação corporativa utilizadas pelas empresas que se destacam em gestão de pessoas, analisando-as à luz das variáveis levantadas neste estudo.

Neste trabalho foi utilizada a técnica de triangulação de dados no estudo de caso, por meio do emprego de diferentes fontes de evidência: documentos da organização; seus sistemas e, ou, ferramentas utilizados para suportar o processo de avaliação de resultados em EC; e as entrevistas semiestruturadas com gestores de GP, gestores de EC, gestor do planejamento estratégico da Área Pessoas e responsáveis pela avaliação de resultados em EC. Segundo Martins e Theóphilo (2009), há quatro tipos de triangulação: a de fontes de dados; a de

avaliação de pesquisadores; a de teorias; e a metodológica. Este estudo utilizou o primeiro tipo de triangulação, a que emprega diferentes fontes de dados.

3.6.1 Análise de conteúdo

Cabe neste momento do estudo uma explanação sobre a análise de conteúdo. Foi utilizada como referência central a obra de Bardin (2009) e como apoio o artigo de Mozzato e Grzybovski (2011) e o livro de Vergara (2008).

A análise de conteúdo justifica-se neste estudo, pois é uma técnica de análise que apresenta técnicas refinadas que buscam ultrapassar as incertezas e já se consolidou como uma abordagem clássica para análise de material textual (MOZZATO e GRZYBOVSKI, 2011). Ainda segundo os autores, sendo o investigador o instrumento principal, o interesse de análise está no processo e não nos resultados e produtos. Este estudo caracteriza-se pelo estudo do processo de avaliação de resultados em educação corporativa, estando, assim, alinhado ao uso dessa abordagem. Outro ponto importante a destacar é que o contexto é um fator importante para a análise de conteúdo, apresentando compatibilidade estreita ao método de estudo de caso, que também o considera como aspecto extremamente relevante na análise.

Cabe ainda salientar que a análise de conteúdo tem se mostrado, como técnica de análise, de grande potencial para o avanço das pesquisas em administração, conforme apontado por Mozzato e Grzybovski (2011) e seu uso tem se legitimado neste campo.

A análise de conteúdo é uma abordagem de análise muito rica, pois, compõe-se por diferentes técnicas e métodos (MOZZATO e GRZYBOVSKI, 2011). Segundo Bardin (2009), é uma técnica muito empírica que depende do tipo de fala a ser analisada e do tipo de interpretação que se busca. Ainda, segundo a autora, a análise de conteúdo apresenta dois objetivos principais:

a) a superação da incerteza – rigor: a interpretação que o pesquisador realiza da mensagem pode ser partilhada por outros? Ou seja, a leitura que ele realiza é válida e generalizável?;

b) o enriquecimento da leitura – necessidade de descobrir: além da leitura imediata, busca também significados e descrição de mecanismos que não são compreendidos a priori, mas a partir de uma leitura atenta.

Para conceituar a análise de conteúdo, Bardin (2009) vai, aos poucos, esclarecendo cada frase que compõe o conceito, por meio de tópicos que mostram a complexidade dessa abordagem de análise. A seguir é transcrito o conceito e, em seguida, há uma breve compreensão sobre ele:

“Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens.” (BARDIN, 2009, p. 44)

Como observado anteriormente, a análise de conteúdo não é uma técnica, mas um conjunto de técnicas e métodos. Os procedimentos sistemáticos utilizados buscam organizar os dados coletados para que possam então ser analisados. As condições de produção/recepção da mensagem tratam do contexto em que elas foram geradas, mostrando sua importância para a produção de conhecimento acerca do objeto de estudo, como também destacam Mozzato e Grzybovski (2011).

A análise categorial é um primeiro passo para ordenar os dados coletados, auxiliando no processo descritivo. Para a criação de categorias de fragmentação da mensagem são estabelecidas regras, entretanto, para que a análise seja válida, essas regras devem ser, segundo Bardin (2009):

a) homogêneas: os conteúdos devem ser coerentes; b) exaustivas: esgotar todo o texto;

c) exclusivas: um mesmo elemento não pode ser classificado em duas categorias diferentes;

d) objetivas: codificadores diferentes devem chegar aos mesmos resultados; e) adequadas: adaptadas ao objetivo e ao conteúdo.

A categorização pode seguir dois procedimentos de partição, conforme aponta Bardin (2009). O primeiro, em que se parte do geral para o particular, ou seja, determinam-se primeiramente as rubricas de classificação para depois organizar o todo. Já o segundo parte de elementos particulares, fazendo reagrupamentos progressivos através de elementos próximos para, ao final, dar título à categoria. No presente estudo, buscou-se determinar previamente as rubricas de classificação, por meio da identificação de variáveis levantadas a partir do referencial teórico (vide Quadro 7). Entretanto, também se utilizou o segundo procedimento, visto que alguns pontos foram deixados em aberto para captar as percepções dos participantes para reagrupamento posterior. São exemplos de questões dessa natureza as que procuraram identificar os fatores que influenciaram a gestão de pessoas e educação corporativa; as limitações, vantagens e tendências em avaliação de resultados em educação corporativa.

Para realizar a análise de conteúdo, todas as entrevistas foram transcritas utilizando-se o software Express Scribe Pro v.5.51, e, para auxiliar na categorização e análise dos dados, foi utilizado o software NVIVO, versão 9. Neste último, foram organizados os materiais coletados, tanto os Cadernos de Evidências das Melhores Empresas para Você Trabalhar, quanto as entrevistas, relatórios e documentos coletados para o caso Itaú Unibanco.