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Tratamento e análise dos dados

No documento Bullying Homofóbico em Contexto Escolar (páginas 77-79)

PARTE II: Método

CAPÍTULO 4 – Introdução

8. Tratamento e análise dos dados

Após os dados estarem recolhidos, manifesta-se a necessidade de serem analisados. Para tal, efetuou-se uma análise quantitativa (análise descritiva e testagem de hipóteses) através do programa IBM SPSS (IBM- Statistics Package for the Social Sciences, versão 24) e uma análise qualitativa através da análise temática.

8.1. Análise Estatística

A análise de dados é o processo pelo qual os dados em bruto dão origem a interpretações baseadas em evidências. Esta análise engloba processos de classificação, combinação e comparação de material das discussões em grupo para extrair o seu significado e implicações, revelar padrões ou unificar as descrições de acontecimentos numa narrativa consistente (Rubin & Rubin, 2005 como citado por Seabra, 2010, p.169).

Os dados quantitativos adquiridos através do uso de questionários refletem uma necessidade de análise estatística. A estatística tem como princípio a probabilidade. As deduções matemáticas devem manifestar uma proximidade e ligação face ao que é observado e aos resultados alcançados relativamente à problemática que está a ser analisada. Desta forma, a estatística tem como função relacionar a teoria e os dados reais recolhidos de forma a avaliar a sua adequação (Minayo & Sanches, 1993).

A análise estatística, nomeadamente os testes estatísticos, objetivam uma generalização dos resultados da amostragem para um número mais vasto de população, ou seja, é uma estatística indutiva. A descrição da análise estatística pode ser “univariada”, ou seja, quando é descrita uma determinada característica de um grupo de indivíduos.

Geralmente pretende-se que sejam relacionadas as variáveis, por exemplo, a variável em estudo com outra variável, ou seja, uma abordagem bivariada. Esta análise aborda os testes de significância, que analisam as divergências entre dois grupos e os coeficientes de correlação que, por sua vez, observam as alterações simultâneas das caraterísticas. Por último, esta descrição pode ser ainda multivariada, explicitando, analisa a conexão entre os diversos grupos e/ou o que os carateriza (Poeschl, 2006).

76 A análise estatística, nomeadamente os testes estatísticos, promovem de forma útil para um confronto entre os dados, de forma a harmonizar ou corroborar as hipóteses ou deduções (Tuckman, 2000).

Assim, os dados alcançados são analisados em dois momentos. Primeiramente, os dados obtidos são descritos através, como por exemplo, de gráficos e/ou tabelas, por sua vez, a amostra é igualmente percorrida e os resultados são apresentados segundo as variáveis ponderadas. Este momento irá sustentar e legitimar as análises. Posteriormente, numa segunda fase, irá ser realizada uma análise estatística inferencial e possivelmente um teste de hipóteses (Almeida & Freire, 2000).

Na presente investigação, recorremos ao uso da análise estatística para analisar e interpretar os dados quantitativos adquiridos. Assim, para analisar os dados sociodemográficos e psicossociais foram utilizados técnicas de estatística descritiva, análise de distribuições e frequências. Depois, com fundamento na base teórica desenvolvida sobre o tema e os dados obtidos, fizemos ainda uso de métodos inferenciais (dedutivos), tais como, testes paramétricos e o teste de correlação de Pearson, ou seja, uma analogia/interdependência entre duas ou mais variáveis para dar resposta às hipóteses em estudo.

8.2. Análise Temática

De acordo com a temática em estudo e os seus objetivos, recorremos ao uso de um método qualitativo para analisar os dados obtidos. Uma vez que nos possibilita uma interpretação de fenómenos e de comportamentos de índole social através de significados, acreditamos ser o método mais viável para esta investigação.

Os métodos qualitativos são amplos, complexos e mutáveis. Para Braun & Clarke (2006), a análise temática, apesar do seu baixo reconhecimento e aplicação, deveria ser assumida como um método de análise qualitativa, uma vez que dispõe de competências úteis para encaminhar outras formas de análise qualitativa. Segundo as autoras, esta metodologia permite reconhecer, analisar e descrever temas que se realçam nos dados. Esta particularidade possibilita a sua organização e descrição em detalhe e envolve também um entendimento de diversas evidências relativas à temática em análise (Boyatzis, 1998). A análise temática não obedece a nenhum padrão teórico subsistente e como tal, pode ser aplicada segundo as diversas referências teóricas. O liberalismo que a caracteriza traduz- se em flexibilidade, que por sua vez, irá permitir obter de uma análise de dados enriquecedora e minuciosa embora complexa.

77 Todavia, este método incluí processos de tomada de decisão que devem ser definidos no começo da análise dos dados obtidos, nomeadamente no que concerne à postura que o/a investigador/a pretende adotar (Braun e Clarke, 2006). Uma das decisões refere-se à forma de análise. Na análise temática, dentro do conjunto de dados, os temas podem ser identificados de modo indutivo ou “bottom up” (Frith & Gleeson, 2004) ou de forma dedutiva (teórica) ou “top down” (Boyatzis, 1998; Hayes, 1997). Simultaneamente, o/a investigador/a deve selecionar a tipologia de análise de dados, que poderá ser semântica ou latente (Braun e Clarke, 2006).

Este método é composto por seis fases: Primeiramente é necessário criar proximidade/familiaridade com os dados (transcrição, leitura, re-leitura e identificação das representações); Em segundo lugar, elaborar uma codificação inicial (criar códigos através de evidências relevantes em todos os dados e comparar os dados que se sobressaem com cada código); Depois procurar temáticas (atribuir os códigos criados aos potenciais temas e unir os dados que se sobressaem com cada temática); Em seguida, reverificar os temas (numa primeira fase, rever as temáticas relativas aos excertos encriptados e ao grupo de dados, numa segunda fase, de forma a criar uma planificação da análise); Por sua vez, denominar e determinar os temas (polir as características de cada temática, originando uma clarificação dos seus nomes e definições); por fim, a produção do relatório (é feita uma seleção e agrupamento dos excertos estabelecendo uma analogia com as questões de investigação e a literatura) (Braun e Clarke, 2006).

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