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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.4 Tratamento da candidíase com plantas medicinais

A fitoterapia pode ser historicamente definida como a ciência que trata dos problemas de saúde, utilizando os vegetais (fitocomplexos), sendo contemporânea ao início da civilização. As plantas são tradicionalmente usadas por populações de todos os continentes no controle de doenças e pragas. Algumas das espécies que eles utilizavam continuam empregadas até os dias de hoje, tais como: Papaver somniferum (papoula), Scilla maritima (scila), Aloe Vera (babosa) e Ricinus communis (óleo de rícino) (LAVABRE, 1993).

O comércio de ervas medicinais, no Brasil, começou com os índios e, atualmente, em qualquer cidade, é possível comprar plantas, pós e ungüentos em mercados populares. Essa alternativa é utilizada tanto dentro de um contexto cultural, na medicina popular, quanto na forma de fitoterápicos, pelo fato de essas plantas serem fontes importantes de produtos naturais biologicamente ativos, muitos dos quais constituem modelos para a síntese de um grande número de fármacos, revelando nesses produtos alta diversidade em termos de estrutura e de propriedades físico-química e biológica (WALL e WANI, 1996)

Na década de 1970, a Organização Mundial de Saúde reconheceu os benefícios da medicina chinesa (paradigma oriental à base de extratos de plantas), onde surgem pesquisas e desenvolvimento de medicamentos obtidos de fontes naturais.

Levantamentos realizados no período de 1981 a 2002 pela Annual Reports of Medicinal Chemistry demonstraram que, dentre 90 novas substâncias com potencial farmacológico analisadas, 61 delas eram derivadas semi-sintéticas de plantas e eram oriundas de produtos naturais (SIXEL e PECINALLI, 2002; NEWMAN et al., 2003).

Apesar do aumento dos estudos sobre plantas medicinais, somente de 15 a 17% destas foram estudadas quanto ao seu potencial medicinal. Considerando a grande biodiversidade das regiões Norte e Nordeste brasileiros e o uso popular indiscriminado de plantas medicinais, esse número poderia ser bem maior (RABELO, 2003).

Dentre os principais produtos de origem vegetal com atividade antimicrobiana, pode-se referir as proteínas de origem vegetal, óleos essenciais e extratos. Destes, muitos óleos essenciais e extratos isolados de plantas exercem atividades biológicas in vitro, o que justifica a caracterização das atividades dessas plantas (PHONGPAICHIT; SUBHADHIRASAKUL; WATTANAPIROMSAKUL, 2005; LIMA et al., 2006).

2.4.1 Óleos essenciais e Extratos vegetais

Os óleos essenciais (OE) presentes na fragância dos vegetais são metabólitos secundários de plantas e, de uma forma geral, são misturas complexas de substâncias voláteis, lipofílicas, geralmente odoríferas e líquidas. Apresentam propriedades físico-químicas, como, por exemplo, a de serem geralmente líquidos de aparência oleosa à temperatura ambiente, advindo daí a designação de óleo. Sua principal característica, entretanto, é a volatilidade, diferindo dos óleos fixos, misturas de substâncias lipídicas, obtidos geralmente de sementes. Outra característica importante é o aroma agradável e intenso, sendo por isso chamados de essências (BRUNETON, 1995; SIMÕES; SPITZER, 1999).

Esses produtos são extraídos de plantas por vários processos, sendo o mais utilizado a destilação por arraste em vapor d’água. As plantas têm um conteúdo de óleo

essencial em torno de 0,1 a 0,5% e, raramente, de 1 a 5% do peso verde (CRAVEIRO et al. 1976; BRUNETON, 1995).

Segundo Souza et al. (2005) e Oliveira et al. (2006), os óleos essenciais constituem os elementos contidos em muitos órgãos vegetais e estão relacionados com diversas funções necessárias à sobrevivência vegetal, exercendo papel fundamental na defesa contra microrganismos. Cientificamente, cerca de 60% dos óleos essenciais possuem propriedades antifúngicas e 35% exibem propriedades antibacterianas.

LIMA; PASTORE; LIMA (2000) analisaram a atividade antimicrobiana do óleo essencial presente na casca da castanha de caju sobre microrganismos da cavidade oral: Streptococcus mutans, Staphylococcus aureus, Candida albicans e Candida utilis. A amostra demonstrou potente atividade do óleo sobre bactérias Gram-positivas, porém baixa atividade contra os fungos.

Almeida et al. (2006) avaliaram o óleo essencial de Bowdichia virgilioides Kunt, popularmente conhecida no nordeste brasileiro como “sucupira”, quanto à sua eficácia sobre cepas de Candida albicans, Candida guilliermondii e Candida stellatoidea. O estudo foi realizado pelo método de cavidades em meio sólido. Os autores concluíram que o óleo de Bowdichia virgilioides teve fraca atividade antimicrobiana contra os microrganismos testados.

No mesmo ano, Nunes et al. avaliaram a atividade antimicrobiana do óleo essencial de Sida cordifolia L. (malva- branca), encontrada de norte a sul do Brasil, contra quatro diferentes cepas de bactérias e nove fungos, incluindo Candida albicans, Candida guilliermondii, Candida stellatoidea, Candida krusei e Candida tropicalis. A partir do método de difusão em meio sólido com cavidades em placas os autores

concluíram que a atividade antimicrobiana do óleo de Sida cordifolia L foi satisfatória contra as bactérias e os fungos testados.

Quanto aos extratos, esses são produtos obtidos pelo tratamento de substâncias vegetais, por um solvente apropriado, o qual é evaporado até a consistência desejada. E o conhecimento sobre o potencial terapêutico dos vegetais tem despertado o interesse científico, buscando, nesse conhecimento, novos caminhos para o controle e tratamento de diversas doenças (COUTINHO et al., 2004).

Em 2007, Botelho et al. ressaltaram que espécies vegetais brasileiras são usualmente utilizadas como antifúngicos e que o Brasil, devido à sua diversidade vegetal, é um país conhecido mundialmente pela variedade de produtos com ação medicinal, largamente utilizados nas diversas regiões do país.

Na região Norte do Brasil, tem-se uma das maiores biodiversidades, com um número satisfatório de óleos essenciais e extratos utilizados, popularmente, no tratamento de infecções fúngicas. Dentre as diversas espécies, muitas já vêm sendo estudadas na Universidade Federal do Pará (UFPA), EMBRAPA Amazônia Oriental e Museu Paraense Emílio Goeldi, e algumas merecem destaque:

a) Copaifera multijuga (copaíba)

A origem do nome copaíba parece vir do tupi cupa-yba, a árvore de depósito, ou que tem jazida, em alusão clara ao óleo que guarda em seu interior. Chamado de copaíva ou copahu pelos indígenas (do tupi: Kupa'iwa e Kupa'ü, respectivamente), e cupay, na Argentina e no Paraguai (guarani), o óleo de copaíba e suas propriedades medicinais eram bastante difundidos entre os índios latino-

americanos à época em que aqui chegaram os primeiros exploradores europeus, no século XVI. Esse conhecimento, tudo indica, veio da observação do comportamento de certos animais que, quando feridos, esfregavam-se nos troncos das copaibeiras para cicatrizarem suas feridas, como observou o holandês Gaspar Barléu (SALVADOR, 1975; LÉRV, 1993).

Popularmente conhecidas como copaibeiras, as copaíbas são encontradas facilmente nas Regiões Amazônica e Centro-oeste do Brasil. Entre as espécies mais abundantes, destacam-se: C. officinalis L. (norte do Amazonas, Roraima, Colombia, Venezuela e San Salvador), C. guianensis Desf. (Guianas), C. reticulata Ducke, C. multijuga Hayne (Amazônia), C. confertiflora Bth (Piauí), C. langsdorffii Desf. (Brasil, Argentina e Paraguay), C. coriacea Mart. (Bahia), C. cearensis Huber ex Ducke (Ceará) (LEITE, 1993; PERROT, 1994).

Segundo Van den Berg (1992), as copaibeiras são árvores de crescimento lento, alcançam de 25 a 40 metros de altura, podendo viver até 400 anos. O tronco é áspero, de coloração escura, medindo de 0,4 a 4 metros de diâmetro. As folhas são alternadas, pecioladas e penuladas. Os frutos contêm uma semente ovóide envolvida por um arilo abundante e colorido. As flores são pequenas, apétalas, hermafroditas e arranjadas em panículos axilares.

Todas as variedades produzem uma resina, chamada óleo de copaíba, obtida por incisão no seu tronco. Por isso, a árvore é conhecida também como "pau-de-óleo", "árvore milagrosa" e "árvore do óleo diesel”. Esse óleo já foi muito exportado durante a época da borracha e ainda hoje é vendido para a França, Alemanha e Estados Unidos. Em 1984, a exportação do óleo de copaíba alcançou 120 toneladas e a produção é estimada em 200 toneladas ao ano (PAIVA et al., 2003; MORAES et al., 2004).

O óleo de copaíba é um líquido transparente, terapêutico, viscoso, de sabor amargo, com uma cor entre amarelo até marrom claro. Pelas propriedades químicas e medicinais, o óleo é bastante procurado nos mercados regionais, nacionais e internacionais e é amplamente utilizado na medicina popular, principalmente na região Norte e Nordeste, devido a suas propriedades medicinais como antiinflamatório, antibacteriano, anestésico, tratamento de infecções fúngicas, infecções pulmonares e bronquite crônica (BRANDÃO et al., 2006).

De acordo com Veiga e Pinto (2002), a disseminação da indústria de produtos naturais em todo mundo e no Brasil, nos últimos anos, levou à comercialização extensiva do óleo de copaíba pelos laboratórios farmacêuticos. Das pequenas cidades do interior da Amazônia, os óleos de copaíba são transportados para as cidades de Manaus e Belém, de onde são exportados para a Europa e América do Norte ou enviados para a região sudeste, para serem vendidos pelas farmácias que comercializam produtos naturais.

Uma das áreas em que se vem pesquisando intensamente a utilização do óleo de copaíba, atualmente, é a odontológica. Bandeira et al (1999) estudaram a composição do óleo essencial, separado da resina do óleo de Copaifera multijuga e sua compatibilidade biológica em molares de rato, associados ao hidróxido de cálcio, como veículo, e às atividades bactericida e bacteriostática das duas frações frente ao óleo bruto. Os estudos de atividade antibacteriana mostraram maiores atividades bactericida e bacteriostática do óleo de Copaifera multijuga, frente à Streptococcus mutans, enquanto o óleo essencial apresentou melhor ação bactericida e a resina apresentou-se apenas bacteriostática.

Em 2007, Santos et al. avaliaram a atividade do óleo de copaíba obtido de diferentes espécies frente a diversas bactérias Gram-positivas, Gram-negativas e contra

os fungos Candida albicans, Candida tropicalis e Candida parapsilosis. Os resultados mostraram atividade pronunciada contra as bactérias Gram–positivas, porém o óleo de copaíba não exibiu atividade contra as bactérias Gram-negativas e nem contra os fungos testados.

b) Carapa guianensis Aubl. (andiroba)

A carapa guianensis é uma árvore de grande porte, que chega a atingir 55 metros de altura. A casca é grossa, tem sabor amargo e se desprende facilmente em grandes placas. As flores têm cor creme e o fruto é uma cápsula que se abre quando cai no chão, liberando quatro a seis sementes. De agosto a outubro, floresce na Amazônia e frutifica, de janeiro a maio (FERRAZ, 2002 e COSTA et al., 2007).

Dentre as espécies nativas da Amazônia, a madeira da andiroba é uma das mais estudadas, sendo considerada nobre e sucedânea do mogno. O óleo contido na amêndoa da andiroba é amarelo-claro e extremamente amargo, quando submetido a temperatura inferior a 250C, solidifica-se, adquirindo consistência parecida com a da vaselina. É utilizado na preparação de sabão e de cosméticos, entretanto, alguns grupos indígenas e populações tradicionais utilizam o óleo como repelente de insetos e no tratamento de artrite, distensões musculares, alterações dos tecidos cutâneos e como antibacteriano (CLAY, 2000).

Segundo Martins (1989), na Amazônia, o óleo de andiroba tem emprego muito amplo; os aborígenes costumam usá-lo sobre a pele, buscando afugentar mosquitos durante a execução de trabalhos na mata, além de aplicá-lo sobre ferimentos externos e em colutórios, em casos de amigdalite, faringite e afecções da boca.

Para avaliar a eficácia de plantas da ilha do Marajó, região Norte do Brasil, Hammer e Johns (1993) incluíram, no estudo, quatro plantas medicinais (Carapa guianensis, Elephanropus scaber, Piper umbellatum, Stachytarpheta cayenensis) utilizadas pelos moradores da região e anotaram o modo de preparo e o uso medicinal. No laboratório, os extratos das plantas foram submetidos a análises e estabelecidos seus componentes químicos. Os autores concluíram que as quatro plantas estudadas apresentaram eficácia medicinal.

Em 2007, Packer e Luz avaliaram a eficácia antifúngica e antibacteriana dos óleos de andiroba, copaíba, alecrim, alho e melaleuca frente às cepas de Staphylococcus aureus (ATCC 6538), Escherichia coli (ATCC 8739), Pseudomonas aeruginosa (ATCC 9027) e Candida albicans (ATCC 10231). O método de escolha foi o de ágar com orifício modificado. Os melhores resultados foram obtidos com os óleos de melaleuca e alecrim que apresentaram atividade bacteriostática e fungistática para as quatro cepas em questão, enquanto que os óleos de andiroba, copaíba e alho não apresentaram atividade frente aos microrganismos testados.

c) Piper aduncum (pimenta de macaco) e Piper hispidinervum (pimenta longa)

O gênero Piper é um dos maiores da família Piperaceae, com pelo menos 1000 espécies distribuídas nas regiões tropicais e subtropicais. As espécies do gênero Piper (Piperaceae) são amplamente aplicadas na medicina popular em função das propriedades microbianas exibidas por seus constituintes (WADT; EHRINGHAUS; KAGEYAMA, 2004).

A coleção de germoplasma de Piper da Embrapa Acre conta com duas espécies: P. hispidinervum (Pimenta longa) e P. aduncum (Pimenta de macaco). Dentre essas espécies, a pimenta longa é nativa da Amazônia Brasileira, pioneira de ocorrência em áreas do Estado do Acre, sendo encontrada, espontaneamente, em áreas do tipo climático. No seu habitat natural, vegeta em solos de baixa fertilidade, por isso é indicada para cultivo em áreas modificadas da Amazônia (BARROS e OLIVEIRA, 1997).

Na década de 70, um grupo de pesquisadores, trabalhando com óleos essenciais no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), identificou a pimenta longa (Piper hispidinervum) como grande produtora de óleo essencial rico em safrol (87 a 97%), um fenil éter que ocorre como componente volátil em algumas espécies de plantas. Essa substância é utilizada como precursora na fabricação de inseticidas biodegradáveis, de cosméticos e de produtos farmacêuticos e apresenta excelente atividade antifúngica (LUNZ et al., 1996; ESTRELA et al., 2006).

A outra espécie chamada de Piper aduncum (pimenta- de- macaco) é uma planta nativa da região Amazônica, com alto teor de óleo essencial 2,5 a 4%, rico em Dilapiol e vem sendo testado, em estudos fitopatológicos, com excelente atividade fungicida, acaricida, bactericida e larvicida, com a vantagem de ser um produto biodegradável, preservar o meio ambiente e proteção à saúde do consumidor (BASTOS e ALBUQUERQUE, 2004; CASTRO et al., 2006).

É uma planta de ocorrência espontânea em pastagens e margens de estradas e matas. O chá ou infusão alcoólica de suas folhas, raízes e frutos são amplamente utilizados na medicina popular como tônico e antiespasmódico e o dilapiol, um dos principais constituintes do óleo essencial extraído de suas folhas, apresenta uma excelente atividade antibacteriana e antifúngica (BASTOS e BENCHIMOL, 2006).

No mesmo ano, Souza et al. realizaram um estudo para avaliar in vitro o efeito fungistático ou fungitóxico dos óleos essenciais de Piper hispidinervum (pimenta longa), Piper aduncum (pimenta de macaco), Carapa guianensis (andiroba) e Copaifera sp (copaíba) sobre o fungo Colletotrichum gloeosporioides (agente causal da antracnose do côco). Os óleos foram utilizados na concentração de 100, 200, 500, 700 e 1000 ppm em meio BDA (batata, dextrose e ágar). Os autores concluíram que o óleo de P. hispidinervum foi o mais eficiente, inibindo o crescimento micelial em torno de 80%, seguido dos óleos de P. aduncum e de copaíba que, na concentração de 1000 ppm, inibiram o crescimento em 67% e 49,65%, respectivamente. O óleo de andiroba não teve efeito na inibição do fungo.

d) Annona glabra L. (Araticum do brejo)

O araticunzeiro do brejo (Annona glabra) é uma espécie nativa da região tropical com ampla distribuição geográfica. No Brasil, ocorre, espontaneamente, desde a Amazônia até o Estado de Santa Catarina, ocupando, com maior freqüência, áreas periodicamente inundadas. Os frutos, embora comestíveis, não têm tanto valor comercial, no entanto, o araticunzeiro tem recebido a atenção de pesquisadores por ser utilizado na medicina popular como inseticida e antimicrobiano (CARVALHO, 2001).

e) Azadirachta indica A. Juss (Nim indiano)

O Nim indiano, também conhecido por Melia indica Brandis, é uma planta pertencente à família Meliacea. Apresenta folhas verde-escuras, compostas e

imparipenadas, com freqüência aglomeradas nos extremos dos ramos, simples e sem estípulas. As flores são de coloração branca, aromáticas, reunidas em inflorescências densas, com estames crescentes formando um tubo, pentâmeras e hermafroditas. O fruto é uma baga ovalada, com 1,5 a 2 cm de comprimento e, quando maduro, apresenta polpa amarelada e casca branca dura, contendo um óleo marrom no interior de uma semente ou, raramente, em duas (ARAÚJO et al., 2000).

A planta é originária de clima tropical, com diâmetro entre 25 e 30 cm. A madeira, com densidade variando de 0,56 a 0,85g/cmm3, apresenta uma coloração avermelhada, dura e resistente ao ataque de cupins, desenvolve-se bem em temperaturas acima de 20oC, em solos bem drenados, não ácidos, com altitudes abaixo de 700m. Do Nim preparam-se extratos aquosos ou alcoólicos das folhas, das sementes e da casca e na prensagem das sementes obtém-se o óleo. Todos esses produtos apresentam maior ou menor ação repelente e antifúngica, sendo biodegradáveis (SAIRAM, 2000).

Vários produtos antifúngicos e repelentes a insetos são extraídos do óleo de nim. O princípio ativo nesses produtos é o “azadiractin”, substância usada como ingrediente na preparação de vários produtos farmacêuticos, tais como: ungüentos, cosméticos, cremes, loções, tônico capilar e creme dental devido apresentar propriedades antivirais e antibacterianas. É também, importante no controle de pragas, pois tem largo espectro de ação, não tem ação fitotóxica, é praticamente atóxica ao homem e não agride a natureza (BISWAS et al., 1995).

Segundo Subapriya e Nagini (2005), a Azadirachta indica, tem atraído o interesse do mundo inteiro. Mais de 140 componentes têm sido isolados de diferentes partes do Nim e todas as partes, como caule, folhas, frutos e raízes vêm sendo tradicionalmente utilizadas para o tratamento de inflamações, febre, infecções, doenças da pele e infecções odontológicas.

Biswas et al. (2002) ressaltaram que o extrato da folha de Nim, o óleo de Nim e as sementes são efetivas contra certos fungos incluindo: Trichophyton, Epidermophyton, Microsporum, Trichosporon, Geotricum e Candida. A alta atividade antimicótica com extratos de diferentes partes do Nim tem sido muito reportada na literatura.

Gualtieri et al. (2004) realizaram um estudo com o objetivo de avaliar a atividade antimicrobiana do extrato de Azadirachta indica sobre vários microorganismos como: S. aureus ATCC 25923, P. aeruginosa ATCC 27853, C. krusei ATCC 6258 e C. albicans ATCC 90028. Os autores concluíram que o extrato, na concentração de 0,02g/ml, apresentou ação antifúngica e antibacteriana contra S. aureus ATCC 25923, P. aeruginosa ATCC 27853, C. krusei ATCC 6258, porém não apresentou atividade contra cepa de C. albicans ATCC 90028.

Darães et al. (2005) verificaram a suscetibilidade de C. albicans aos extratos alcoólico e aquoso de Azadirarachta indica (nim), usada há séculos na Índia, na manutenção da saúde bucal. O método utilizado foi o de difusão em ágar e suspensões de C. albicans (ATCC 18804 e selvagem) foram cultivadas a 24h, semeadas em àgar sabouraud e discos estéreis embebidos em 15µl de cada extrato foram colocados sobre o ágar. Para o controle, foram utilizados nistatina, álcool e água destilada estéril. Os autores concluíram que as amostras de nim testadas não apresentaram eficácia na inibição do crescimento in vitro de C. albicans, em comparação com os controles nistatina e etanol.

f) Bryophyllum calycinum Salisb. (pirarucu)

Dentro da família Crassulaceae, apenas um gênero, exótico, tem uma espécie muito usada na medicina popular que é o Bryophyllum e, deste gênero pertence uma espécie ornamental e bastante aproveitada na medicina caseira: Bryophyllum calycinum Salisb. (VAN DEN BERG, 1982).

A planta Bryophyllum calycinum é conhecida popularmente como pirarucu, folha da fortuna, saião, São Raimundo, erva- da -costa, folha–da-costa, folha- grossa e orelha -de–monge, e pertencente à família Crassulaceae e ao gênero Bryophyllum (VAN DEN BERG, 1982).

É uma planta nativa da África tropical e largamente disseminada no Brasil, com até 50 cm de altura, de ramos herbáceos cobertos de penugem, ereto, com haste suculenta e bastante enrijecida. Possui folhas vivíparas opostas, pinadas, com um a cinco folíolos muito suculentos, com ápice arredondado, base arredondada, nervação imersa, brilhosas e com aspecto sedoso. As suas flores de coloração rósea apresentam-se em cachos no ápice dos ramos, as folhas são ovais, arredondadas na base e serrilhadas nas bordas. Os frutos são constituídos de pequenas cápsulas contendo sementes (LORENZI e MATOS, 2002).

Segundo Almeida et al (2000), as folhas frescas de pirarucu são amplamente utilizadas na medicina popular para o tratamento de feridas, contusões, queimaduras, doenças do trato respiratório e picadas de insetos. São descritas também as seguintes propriedades medicinais: analgésica, antialérgica, antiartrítica, antibacteriana, antidiabética, antifúngica, antisséptica, bactericida e diurética (NASSIS; HAEBISCH; GIESBRECHT, 1992).

g) Eleutherine plicata Herb. (Marupazinho)

A Eleutherine plicata, é uma planta herbácea, rizomática e bulbosa, de bulbos avermelhados. As folhas são simples, inteiras, plissadas longitudinalmente, de cerca de 25 cm de comprimento, com nervuras longitudinais, inflorescência em panículas de flores rosas, no ápice de um escapo, que se abrem apenas ao por do sol e pertence à família das Iridaceae (VIEIRA, 1992).

O princípio ativo da E. plicata é a sapogenina esteroidal e é comumente encontrada na Região Amazônica, pelo nome de Marupazinho, sendo também encontrada, em outras localidades, com os nomes de Coquinho, Marupa-ú e Marupari (ALBUQUERQUE, 1989).

A Eleutherine plicata e várias outras plantas, que podem ser encontradas com freqüência, na região Amazônica, vem, ultimamente, sendo estudada de forma mais abrangente, para que se tenha um maior embasamento científico a respeito de sua utilização pelas populações ribeirinhas e que, muitas vezes, podem trazer avanços no campo das terapias que utilizam fitomedicamentos para o combate de doenças. Pois não há dados na literatura científica que validem este ou qualquer outro uso tradicional da planta (SCHULTES, 1990).

Segundo Mors (2000), a E. plicata é amplamente utilizada na medicina popular em quase todo o país, principalmente na região Amazônica. É empregada contra diarréia, histeria e vermes intestinais, porém, não há comprovação científica de sua eficácia e nem da sua preparação.

Os indígenas das Guaianas empregam seus bulbos para o preparo de emplastro em aplicações externas contra contusões e ferimentos, visando acelerar a cicatrização, já o suco é usado como medicação interna contra epilepsia. O extrato é potencialmente útil no tratamento de doenças coronárias por suas propriedades

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