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2.4 Levantamento da legislação aplicável ao gerenciamento de resíduos sólidos em

2.4.4 Tratamento e Destinação Final

Portaria n° 53, do Ministro do Interior, de 1° de março de 1979, ao considerar a contínua deterioração das áreas utilizadas para depósitos de resíduos sólidos “estabelece que os projetos específicos de tratamento e disposição de resíduos sólidos, bem como a fiscalização de sua implantação, operação e manutenção, ficam sujeitos à aprovação do órgão estadual de controle da poluição e de preservação ambiental”. Esta portaria trata, ainda, da obrigatoriedade da incineração de todos os resíduos portadores de agentes patogênicos, inclusive os de estabelecimentos hospitalares e congêneres. A esta obrigação também são incluídos os resíduos provenientes de portos e aeroportos, que deverão ser incinerados nos locais de produção. Os resíduos patogênicos submetidos à esterilização por radiação ionizante, estão isentos do processo de incineração.

A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 23, VI, estabelece que a proteção ao meio ambiente e o combate à poluição em qualquer de suas formas – inclusive a contaminação do solo por resíduos – é de competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. O artigo 24, VI, prevê a competência concorrente da União, dos Estados e do Distrito Federal para legislar sobre a defesa do solo, proteção do meio ambiente e controle da poluição. O artigo 30 estabelece, nesta matéria, que cabe aos municípios suplementar a legislação federal e a estadual e promover a adequação territorial mediante o planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo.

Resolução CONAMA n° 001, de 25 de abril de 1991, dispõe sobre a criação de uma Câmara Técnica Especial para encaminhar ao plenário do CONAMA, uma proposta de alteração da Portaria Ministerial n° 053/79, que respalda a instalação de incineradores para resíduos hospitalares, no que se refere a resíduos de qualquer natureza gerados no país. Essa proposta de alteração da portaria citada está baseada no fato de que a incineração é

responsável pela liberação de compostos carcinogênicos, mutagênicos e teratogênicos, como furanos, dioxinas e metais pesados, que afetam a qualidade do ar e de vida da população.

A Resolução CONAMA 02, de 22 de agosto de 1991, dispõe sobre o destino final de cargas deterioradas, contaminadas, fora de especificação ou abandonadas.

Resolução CONAMA n° 006, de 19 de setembro de 1991, “desobriga a incineração ou qualquer outro tratamento de queima de resíduos sólidos provenientes dos estabelecimentos de saúde, portos e aeroportos, ressalvados os casos previstos em lei e acordos internacionais”, e determina que os Estados e Municípios que optarem por não incinerar devem estabelecer normas para o tratamento especial desses resíduos.

O item X da Portaria 53/97, do Ministério do Interior, proíbe a disposição final de resíduos em lixões. O impacto ambiental, nesses casos, geralmente consiste em contaminação do solo por chorume, podendo atingir o lençol freático e cursos d'águas.

A Lei Federal 9.605 (lei de crimes ambientais), de 12 de fevereiro de 1998 e o Decreto 3.179, 21 de setembro de 1999, dispõe sobre a especificação das sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. Dentre outras questões estabelece pena de reclusão de um a cinco anos para o lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleosas, que não estiverem nos padrões estabelecidos em leis ou regulamentos. Está prevista também uma pena de um a quatro anos, e multa para quem “produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou nos seus regulamentos”. Esta lei passa a vigorar acrescida do dispositivo constante na medida provisória 1874-17 de 23/11/99. Ainda sobre a Lei 9.605, é interessante comentar o aspecto referente à responsabilidade solidária do gerador/empreendedor do início ao fim da cadeia de resíduos e os passivos ambientais causados, o que não aparece explicitamente, mas é reforçado pela Política de Meio Ambiente – Lei 6.938/81. A responsabilidade solidária ou co-responsabilidade abrange todos os responsáveis diretos e indiretos pelo dano ambiental, o que no caso de disposição inadequada

de resíduos, por exemplo, faz com que, tanto a empresa encarregada pelo empreendimento (aterro), quanto os geradores dos resíduos sejam responsabilizados. A Política Nacional de Resíduos Sólidos que está em processo de tramitação contempla de forma mais abrangente esta questão.

A Resolução CONAMA 258, de 26/08/99, estabelece que as empresas fabricantes e as importadoras de pneumáticos ficam obrigadas a coletar e dar destinação final, ambientalmente adequada, aos pneus inservíveis existentes no território nacional, na proporção definida nesta Resolução relativamente às quantidades fabricadas e/ou importadas.

O licenciamento de fornos rotativos de produção de clínquer para atividades de co- processamento de resíduos, excetuando-se os resíduos: domiciliares brutos, os resíduos de serviços de saúde, os radioativos, explosivos, organoclorados, agrotóxicos e afins é o objeto da Resolução 264 do CONAMA de 26/08/00.

No tocante à padronização, as normas técnicas elaboradas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), associadas direta ou indiretamente ao tratamento e destinação final de resíduos sólidos, estão descritas a seguir.

• NBR 8418, de 1983:Apresentação de projetos de aterros para resíduos industriais perigosos - Procedimento.

• NBR 8849, de 1985: Apresentação de projetos de aterros controlados de resíduos sólidos urbanos - Procedimento.

• NBR 10157, de 1987: Aterros de resíduos perigosos - Critérios para projeto, construção e operação - Procedimento.

• NBR 10703, de 1989: Degradação do solo - Terminologia.

• NBR 11175, de 1990 ou NB 1265: Incineração de resíduos sólidos perigosos - Padrões de desempenho – procedimento - Trata da incineração de resíduos sólidos perigosos, segundo a classificação adotada pela NBR 10004, quanto ao desempenho dos equipamentos e os devidos padrões de desempenho, exceto aqueles classificados apenas por patogenicidade ou inflamabilidade. Os valores estabelecidos por esta norma para os padrões de emissão de poluentes poderão ser alterados pelo Órgão de Controle Ambiental, dependendo das condições de localização e dos padrões de qualidade do ar da região.

• NBR 8419, de 1992: Apresentação de projetos de aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos - Procedimento.