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Tratamento e Análise dos Dados

No documento Implementação de um Modelo de SCE (páginas 68-71)

PARTE I – ENQUADRAMENTO CONCEPTUAL

PARTE 2 – ESTUDO EMPÍRICO

1. METODOLOGIA

1.7. Tratamento e Análise dos Dados

Independentemente do método de colheita usado, os dados resultantes da investigação não têm qualquer representação se não forem devidamente registados, analisados e interpretados.

Na metodologia qualitativa, uma das características mais definidoras está na heterodoxia da análise dos dados. Para Martins (2004, p. 292), esta variedade de material adquirido através de métodos de recolha de dados qualitativos, obriga o investigador a ter … àu aà apa idadeà integrativa e analítica que, por sua vez, depende do desenvolvimento de uma capacidade criativa e intuitiva .

Neste estudo, optou-se por efetuar a análise de conteúdo recorrendo às fases defendidas por Bardin (2009). Segundo o autor, existem três fases fundamentais e consecutivas:

i) Pré-análise (que corresponde à fase de organização dos dados); ii) Exploração do material (fase de codificação ou enumeração); iii) Tratamento e interpretação dos resultados.

Após a realização das entrevistas, estas foram transcritas para o papel, optando por fazer o registo integral das narrativas e refletindo sobre o seu conteúdo, bem como, no clima estabelecido para que se pudesse melhorar na entrevista seguinte.

De modo a facilitar a codificação foi atribuído a cada entrevista realizada um número, de acordo com a ordem da sua realização (E001-E006). As entrevistas foram classificadas de forma a não se perderem as informações sinaléticas importantes para o trabalho colocando,

como já referimos, o código atribuído à entrevista, assim como, outros pontos de referência (data, local, hora de início e fim).

A transcrição integral do verbatim permitiu recuperar parte do ambiente, das hesitações perante os factos citados, da força expressiva com que os participantes abordaram as questões, o modo como foram capazes de se fazerem entender e o sentido das suas respostas. A reunião de todo o material resultante das transcrições das entrevistas permitiu-nos o st ui àoà o pusàdo u e tal àdaàa lise,ào qual foi sujeito a várias … àleitu asàate tasàeà activas, várias leituras sucessivas, verticais, documento a documento, cada vez mais minuciosas, a fim de possibilitar uma inventariação dos temas relevantes do conjunto, ideologia, conceitos mais utilizados Amado, 2000, p. 55).

A primeira leitura do corpus da análise possibilitou a construção de um esquema acerca das áreas temáticas que deram origem ao sistema de categorias. As categorias foram traçadas tendo como linha orientadora a questão de investigação e os objetivos definidos para o estudo.

Bardin (2009, p. 145) define categorização como sendo uma:

… à ope aç oà deà lassifi aç oà deà ele e tosà o stituti osà deà u à o ju to,à po à dife e iaç oàe,àseguida e te,àpo à eag upa e toàsegu doàoàg e oà … à o àosà it iosà previamente definidos. As categorias, são rubricas ou classes, as quais reúnem um grupo de elementos (unidades de registo, no caso da análise de conteúdo) sob um título genérico, agrupamento esse efetuado em razão das características comuns destes elementos.

Para a categorização seguimos os postulados defendidos por Vala (1986) e Bardin (2009). Segundo as orientações da autora, para a análise de conteúdo foi seguido um conjunto de operações mínimas:

i) Foram delineados os objetivos e definido o quadro conceptual orientador da pesquisa; ii) Foi constituído o corpus;

iii) Foram identificadas as categorias;

iv) Foram identificadas as unidades de análise.

No processo de categorização atendeu-se às seguintes características:

i) Exaustividade - todas as informações classificadas (unidades de análise) foram incluídas nas categorias consideradas;

ii) Exclusividade - cada informação (unidade de análise) foi classificada como pertencente a uma única categoria;

iii) Objetividade - foi atribuído um codificador diferente para cada uma das categorias; iv) Pertinência - as categorias estão relacionadas com os objetivos e com o conteúdo da informação (unidades de análise) que está a ser analisado.

A inclusão da unidade de análise numa categoria pressupôs a deteção de indicadores relativos a essa categoria. O que interessou ao investigador foram os conceitos, foi a passagem dos indicadores aos conceitos foi, portanto, uma operação de atribuição de sentido, cuja validade foi importante controlar.

Para a construção do sistema de categorias efetuou-se uma análise a posteriori. A elaboração de categorias a posteriori pareceu ser a mais adequada ao estudo uma vez que o quadro conceptual não orientava previamente para a elaboração das categorias. Sendo assim, elas resultaram de um trabalho exploratório sobre o corpus, o que permitiu através de ensaios sucessivos um sistema de categorias que revelou simultaneamente a problemática em estudo e as características concretas do material em análise.

Para a categorização, à medida que a leitura foi feita começou a desenvolver-se uma lista preliminar de categorias, através da escrita de possíveis códigos que iam surgindo. Procurou-se que cada categoria fosse composta por um termo chave que indicasse a significação central do conceito que se queria apreender.

Após a criação das categorias preliminares, foi-lhes atribuído um código constituído por uma abreviatura de três a quatro letras contidas na categoria de codificação. Das categorias inicialmente identificadas algumas foram modificadas, outras fizeram desenvolver novas categorias e subcategorias.

Após o desenvolvimento definitivo das categorias, percorreu-se todos os dados e marcou- se cada unidade de análise com a categoria de codificação apropriada, o que envolveu escrutinar cuidadosamente as frases e decidir a que código pertencia o material. Esta etapa envolveu tomar decisões respeitantes ao final de cada unidade e início de outra. Assim, procurou-se construir grupos de dados, através de um processo de separação, comparação, contrastação e encaixe das unidades de análise que integravam o corpus das entrevistas nas diferentes categorias estabelecidas.

O sistema de categorização final, que posteriormente se apresenta, resultou de leituras exaustivas e sucessivas das transcrições das entrevistas e traduz as sucessivas revisões e ajustes nas definidas na análise inicial do corpus.

De modo a garantir a validade da análise de conteúdo, analisou-se o mesmo material em dois momentos diferentes, onde foi reproduzida a primeira análise; também se recorreu a um juiz a quem se pediu que analisasse as unidades de análise da categorização das entrevistas efetuadas, tendo havido concordância na maioria das categorias e subcategorias identificadas.

No documento Implementação de um Modelo de SCE (páginas 68-71)