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Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul

APELAÇÃO. AÇÃO DE GUARDA. SENTENÇA QUE ESTABELECEU GUARDA COMPARTILHADA. FIXAÇÃO DE ALIMENTOS. INVIABILIDADE, NO CASO CONCRETO. Não se descura da possibilidade eventual de, na fixação de guarda compartilhada, fixar alimentos a serem pagos por um ou outro dos genitores. No caso concreto, contudo, não houve qualquer pedido de fixação de alimentos, e não se fez nenhum debate e nem instrução sobre possibilidades ou necessidades. Ou seja, a fixação sentencial de alimentos contra a mãe/apelante, veio sem qualquer pedido nesse sentido, e sem qualquer elemento de prova a dar embasamento, mínimo que seja, à conclusão de que é a apelante quem deve pagar alimentos, e que o valor fixado estaria correto. DERAM PROVIMENTO. Apelação cível nº 70068849793. (RIO GRANDE DO SUL, 2016).

3.1.1 Como vislumbra-se no caso anexo, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do

Sul concedeu total provimento ao recurso de apelação. Esta situação aconteceu em decorrência de uma ação de guarda interposta pelo pai da infante em face da genitora, alegando que a mesma possuía problemas psicológicos, não tendo condições de cuidar da filha comum do casal. Em 1ª instância foi deferida a guarda compartilhada, tendo a menor como base residencial a casa de seu progenitor, ainda fora regulamentada as visitas. Quanto aos alimentos, foram fixados no montante de 30% do salário-mínimo nacional.

A mãe, ora apelante, inconformada com a sentença do juízo a quo, interpôs recurso de apelação alegando que não tem condições financeiras de pagar o débito alimentar fixado, asseverou que trabalha em apenas um turno, recebendo o valor de R$ 653,91 (seiscentos e cinquenta e três reais e noventa e um centavos), ou seja, menos que o salário-mínimo, em contrapartida o apelado aufere uma renda cinco vezes maior. Ademais, mencionou que caso tenha que pagar tal quantia, não terá como se manter e estará sujeita a todo tipo de necessidade. Cabe informar, que em momento algum a apelante se negou em auxiliar sua filha, entretanto, não nos parâmetros estabelecidos.

A oitava câmara cível do TJRS, por unanimidade votou pelo provimento do recurso, sob a alegação que a ação interposta pelo apelado não se referia aos alimentos, e sim a guarda. Apontaram que não está comprovado nos autos o binômio necessidade-possibilidade de nenhuma das partes litigantes. Diante disso, pela falta de pedido, de instrução, gerou uma sentença com fundamentação insuficiente.

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO REVISIONAL DE ALIMENTOS. REDUÇÃO. PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA LIMINAR. INDEFERIMENTO. No acordo posterior à fixação dos alimentos, onde fixada a guarda compartilhada da filha do casal, ficou também consignado que a residência habitual da alimentada é na casa da mãe, com regime de convivência paterna livre, sem qualquer referência a alimentos. Logo, a implementação de guarda compartilhada em acordo no qual não se referiu alteração na obrigação alimentar, não autoriza a redução dos alimentos em sede liminar da ação revisional. Consequentemente, considerando a inexistência de elementos de prova que convençam da verossimilhança das alegações do agravante, de que ele diminuiu sua capacidade laboral, tanto que seu benefício previdenciário por incapacidade transitória para o trabalho não foi renovado, descabe a antecipação da tutela para reduzir a pensão

alimentícia acordada em favor da alimentada. NEGARAM PROVIMENTO. Agravo de instrumento nº 70067522680. (RIO GRANDE DO SUL, 2016).

3.1.2 Neste caso em comento, trata-se de um agravo de instrumento, onde o

agravante inconformado com a decisão interlocutória que indeferiu a redução de alimentos em sede antecipatória, sob o argumento que deverá ocorrer uma profunda cognição, para que assim possa ser decidido quanto a redução ou não dos alimentos.

Em suas colocações, o agravante disse não ter condições econômicas de arcar com a verba alimentar interposta, pois está incapacitado para o trabalho, tanto que, ajuizou ação previdenciária a fim de receber auxílio-doença.

O TJRS optou em negar o provimento por unanimidade, tendo em vista, que foi homologado entre as partes um acordo, onde ficou entabulado que o modelo de guarda adotado seria o compartilhado, que as visitas seriam exercidas de forma livre e os alimentos restariam fixados em 2/3 do salário-mínimo. Aduziram que o agravante não se manifestou quanto ao débito alimentar na audiência para homologação do referido acordo, sendo que sua situação financeira era a mesma. Assim, concordam com a decisão proferida pelo juízo a quo.

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE DIVÓRCIO. PEDIDO DE

ALTERAÇÃO DA GUARDA UNILATERAL

PARA GUARDACOMPARTILHADA. POSSIBILIDADE. RESIDÊNCIA HABITUAL MATERNA E REGIME DE CONVIVÊNCIA PATERNO- FILIAL. ALIMENTOS. REDUÇÃO DO "QUANTUM". CABIMENTO. A redação atual do artigo 1.584, § 2º Código Civil (introduzido pela Lei 13.058/14) dispõe que a guarda compartilhada é a regra a ser aplicada, mesmo em caso de dissenso entre o casal, somente não se aplicando na hipótese de inaptidão por um dos genitores ao exercício do poder familiar ou quando algum dos pais expressamente declarar o desinteresse em exercer a guarda. Caso em que a guarda compartilhada vai regulamentada, com fixação da residência habitual materna e regime de convivência paterno- filial. Quanto aos alimentos, adequada a redução do "quantum" de 26% para 15% dos rendimentos líquidos do alimentante (aproximadamente R$ 450,00), mais plano de saúde, sem prejuízo de outras despesas que alega ter com o menino. DERAM PROVIMENTO. Agravo de instrumento nº 70067594382. (RIO GRANDE DO SUL, 2016).

3.1.3 Na situação acima referenciada, nos deparamos com um agravo de

instrumento, onde o agravante insatisfeito com a decisão de 1º grau que concedeu a guarda do filho do casal à genitora e firmou os alimentos provisórios

em favor do infante no montante de 01 (um) salário-mínimo, veio recorrer em instância superior.

Em sede de razões recursais o genitor/agravante sustentou que detém todas as condições necessárias para cuidar de seu filho juntamente com a agravada, ou seja, requereu a guarda compartilhada, ainda, mencionou que fica com o infante todas as manhãs, e é o responsável para levá-lo até a escola. No que tange aos alimentos, deseja a redução destes para R$ 450,00 (quatrocentos e cinquenta reais), mais plano de saúde do menor. Disse ainda que arca com a mensalidade do clube que o filho frequenta, além de pagar para a agravada uma babá que busca o menor na escola, outrossim contribui com um “auxílio combustível”, a fim de que a agravada possa buscar o filho comum do casal na residência da babá.

A oitava câmara cível deu total provimento ao recurso, segundo o desembargador relator com a entrada em vigor da Lei 13.058/14 que alterou alguns artigos do Código Civil Brasileiro, a implantação da guarda compartilhada passou a ser regra, não mais opção como era tratada anteriormente, sendo descartada apenas em caso de desistência de uma das partes ou se oferecer risco ao infante. Aqui em questão não resta demonstrado nenhum elemento que configure a utilização da guarda unilateral ao invés da compartilhada. Quanto aos alimentos, fora fixado em 15% do salário auferido pelo agravante e não com base no salário-mínimo, por ter emprego fixo, entendem que esta seja a base adequada.

Analisando as jurisprudências colacionadas, é evidente que o Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul na sua maioria, opta pelo provimento da adoção do modelo de guarda compartilhada, salvo em situações que representem perigo ao infante e/ou caso um dos genitores desistir de maneira expressa de ter para si a guarda do menor.

É notável que há uma base residencial em todas as situações supramencionadas, o menor permanece em uma residência fixa, podendo ser tanto da mãe quanto do pai, sempre respeitando o melhor interesse da criança.

Quanto aos alimentos, há uma interpretação do binômio necessidade- possibilidade, para ver se é necessário a implantação da verba alimentar. A guarda compartilhada por si só pressupõe a divisão das responsabilidades do casal para com o filho em comum, o que indica o fracionamento também das despesas. Assim, deverá ocorrer uma análise em cada caso, para verificar a situação econômica das partes e se realmente é fundamental a fixação do débito alimentar. Ademais, cabe referir que este será fixado somente se houver um desiquilíbrio financeiro, assim, a criança não irá desenvolver uma preferência de um genitor sob o outro.

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