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2.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO TURISMO

2.1.2 Turismo no Brasil

A Conferência das Nações Unidas, realizada em Roma, em 1963, disse que cabe aos organismos nacionais de turismo a tarefa de estimular e coordenar as atividades nacionais referentes ao turismo.

Para tanto, recomendou que fossem dados aos organismos de turismo a competência e os meios necessários para que pudessem agir eficazmente em prol do desenvolvimento e promoção do turismo nacional e internacional. Entende-se por Organismo Oficial de Turismo a instituição motora suprema em matéria de turismo tendo como missão: formular, orientar e executar a política turística geral do país.

Atualmente, a maioria dos países possui suas organizações oficiais de turismo, sendo que as mesmas se fundamentam em três concepções:

a) Organizações estatais: Argentina, França, Espanha, Itália, Brasil, etc. b) Organizações mistas: Dinamarca, Suíça, Suécia, etc.

c) Organizações privadas: Áustria, Alemanha, etc.

No caso do Brasil, o OOT é formado pelo Ministério dos Esportes e Turismo, e subordinados a ele, estão a Secretaria Nacional do Turismo e o Instituto Brasileiro de Turismo – EMBRATUR.

Em nível estadual, a estrutura organizacional que os organismos oficiais de turismo foram assumindo não seguiu uma padronização, por exemplo, existem Secretarias de Turismo, Secretarias, Companhias Mistas, Companhias Mistas vinculadas à Secretaria de Indústria e Comércio, etc.

Já em nível municipal, os organismos oficiais de turismo assumiram as mais variadas nomenclaturas e geralmente estão vinculadas a alguma outra secretaria. Por exemplo: Secretaria Municipal de Educação, Cultura, Desporto e Turismo, ao invés de se ter: Secretaria Municipal de Turismo. Este fato, por si só (nomenclatura), acarreta um primeiro problema, que é saber exatamente a qual das áreas será dada prioridade. No exemplo supra-mencionado será que a Secretaria Municipal atenderá à educação? Ou

atenderá primeiro à cultura? Nesta confusão, a atividade turística sempre ficou relegada a um plano inferior.

Outro fator complicador é o que diz respeito à descontinuidade política em nosso país, pois a cada quatro anos ocorrem eleições, sejam elas majoritárias ou proporcionais, o que impede que se tracem metas a médio e longo prazo para a atividade turística.

Não se pode esquecer que, normalmente, as pessoas que ocupam os cargos de chefia na área do turismo público, na maioria dos casos, não possuem formação acadêmica na área, o que resulta, muitas vezes, em gestões catastróficas, não só para o turismo, mas também geralmente para o meio ambiente.

Mesmo tendo em mente que a atividade turística no nosso país é extremamente recente (a criação do Instituto Brasileiro de Turismo – EMBRATUR - deu-se somente em 1966), que o único Ministério do Turismo (sem estar atrelado ao da Indústria e Comércio, por exemplo) ocorreu em 1989 durante o governo do presidente Fernando Collor e que a primeira instituição de nível superior abriu suas portas em 1970 (Faculdade de Turismo Anhembi-Morumbi em São Paulo) e ainda que os discursos políticos enfatizem a necessidade de se profissionalizar a atividade turística, sabe-se que no Brasil isto não é ainda uma atividade expressiva em termos econômicos.

Muito é preciso ainda ser feito em termos de criação de infra-estrutura (rodovias, saneamento básico, comunicações, eletricidade, etc) e também no que se refere à preparação de uma mão-de-obra qualificada para poder atender a uma demanda que tende a crescer nos próximos anos.

Não existe em nosso país ainda uma “massa crítica” formada em nível superior, na área turística/hoteleira, capaz de suprir a demanda do mercado de trabalho, que paulatinamente demonstra vontade em absorver estes profissionais.

A despeito de o Brasil possuir ecossistemas únicos tais como a Amazônia, o Pantanal, o Cerrado e a Caatinga, oito mil quilômetros de litoral, serras e inúmeros parques nacionais e belezas naturais únicas espalhadas por todo o território, não existe ainda uma política nacional de turismo clara, muito menos um incentivo para se criar infra-estrutura.

Existe ainda um longo caminho a ser percorrido para que se possa atingir o patamar vislumbrado por uma vasta maioria engajada na atividade turística/hoteleira, no que concerne a receitas e, principalmente, à eficiência na prestação de serviços.

O Brasil registra hoje a passagem efetiva de um turismo empresarial tímido e desarticulado para uma produção mais estruturada e de qualidade. Isto porque a política de desenvolvimento do Governo Federal tem adotado o fomento ao turismo doméstico e internacional (inter-regional e intercontinental) como estratégia de crescimento econômico, mesmo que de forma ainda acanhada.

As ações resultantes de programas específicos como qualificação de mão-de-obra, financiamento a empresas prestadoras de serviços turísticos e investimentos em infra- estrutura incentivaram o aumento de produtos regionais competitivos.

De acordo com o presidente do Instituto Brasileiro de Turismo (EMBRATUR), Caio Luiz de Carvalho, em artigo divulgado na sua página oficial na internet, diz que:

O aumento da competitividade de nossos produtos nos mercados mundiais tem sido uma tônica permanente nas políticas adotadas pela Embratur junto ao trade e seus órgãos representativos, propiciando uma sempre maior descentralização e auto- regulação dos serviços. As parcerias por meio de convênios com instituições de idoneidade comprovada e voltadas para o desenvolvimento da pesquisa em turismo também permeiam as ações da Embratur num contexto de busca por idéias e soluções que aprimorem nossa vantagem comparativa em relação às demais destinações turísticas internacionais. Atingimos a marca de 5 milhões de visitantes estrangeiros e 40 milhões de brasileiros viajando pelo nosso país ao final da década passada. Estamos trabalhando para proporcionar um crescimento médio anual de 10% para conseguirmos, ao final da próxima década, dobrar tais cifras e colocar o Brasil entre os principais destinos preferidos, nacional e internacionalmente. As estratégias adotadas buscam, pelo lado da oferta, um constante aperfeiçoamento do produto que apresente qualidade e preços compatíveis com o mercado. É necessário fortalecer o conceito e a prática do Sistema Produtivo em Turismo, que representa um funcionamento integrado de toda a cadeia produtiva, com um moderno processo de planejamento e gestão competente junto aos mercados consumidores. (EMBRATUR - Instituto Brasileiro de Turismo, acessado dia 22/01/2001). No que tange ao conhecimento da demanda, a Embratur tem realizado estudos e pesquisas para identificar e consolidar os segmentos turísticos consumidores de nossos produtos.

Mesmo tendo o anteriormente mencionado como referência, pode-se dizer que o nosso país ainda padece de investimentos significativos na área de turismo, que possam torná-lo definitivamente como uma destinação turística internacional consolidada.

A falta de objetividade e o discurso barato proferido por nossos políticos têm sido um grande entrave para o desenvolvimento pleno da atividade turística no Brasil. Para que se tenha uma idéia, abaixo se destaca parte de um artigo escrito pelo Ministro dos Esportes e Turismo, Carlos Melles, divulgado através da home page da Embratur pela Internet:

A crescente importância do turismo na economia cada vez mais globalizada e competitiva evidencia-se neste início de milênio, quando a sociedade busca alternativas e soluções para elevar o nível de bem-estar da população mundial em face do risco da degradação total do meio-ambiente e da exclusão econômica e social de parcela significativa da humanidade. O que se almeja é a harmonia de interesses com o equilíbrio de poder voltado para a sobrevivência do homem no planeta, assim como a utilização responsável dos recursos naturais ainda existentes em nosso espaço. O Brasil está inserido nesse processo e sua política de desenvolvimento privilegia a redução da pobreza, o aumento do emprego e da renda, a modernização tecnológica do nosso parque industrial, a geração de divisas pelas exportações e investimentos externos e o fortalecimento das atividades que atuem como vetores indutores da geração de riquezas. Nesse sentido, o turismo aparece como uma das atividades a serem fomentadas pela política econômica tendo em vista sua importância e abrangência regional no espaço geopolítico nacional. Estamos falando de uma atividade que gera anualmente U$ 4,0 trilhões e aproximadamente 280 milhões de empregos em todo o mundo. O Ministério dos Esportes e do Turismo, em parceria com as demais áreas do governo e por intermédio da Embratur, vem desenvolvendo esforços no sentido de incrementar o turismo doméstico e internacional, que apresente características de sustentabilidade econômica e social. (EMBRATUR - Instituto Brasileiro de Turismo, acessado dia 22/01/2001).