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CAPITULO II – PRÁTICA DE ENSINO SUPERVISIONADA EM CONTEXTO ESCOLAR

2. Supervisão da prática pedagógica

2.2. Caracterização das Turmas

2.2.1. Turma do 8ºC

A turma era constituída por dezassete alunos, seis raparigas e onze rapazes, sendo que a média de idades da turma estava situada nos treze anos. A nível de retenções ao longo do percurso escolar encontravam-se 4 dos 17 alunos que já tinham retenções. A maioria destes quatro alunos foi retida apenas uma única vez no 1ºciclo, tendo um deles sido retido duas vezes no 6ºano de escolaridade12.

O nível de conhecimentos dos alunos, no que se refere às tecnologias de informação e comunicação (dados do teste diagnóstico aplicado pela orientadora cooperante no início da lecionação da disciplina) situava-se maioritariamente no nível 2, como é visível no gráfico 1, que mostra um nível de conhecimentos negativo. Isso indicou que seria uma turma que necessitava de um trabalho afincado de forma a conseguirmos o sucesso.

Gráfico 1 - Nível de Conhecimentos Iniciais do 8ºC

No fim da lecionação da disciplina, todos superaram o nível em que se situavam inicialmente, tendo tido no geral classificações muito positivas, o que para um professor é muito enriquecedor. Embora a maioria se tenha situado num nível médio como nos mostra o gráfico 2, também o nível 4 nomeado como um nível bom teve também um expressivo número de alunos.

12 In Caracterização da Turma do 8ºC 0 5 10 1 2 3 4 0 10 5 2 Classificações

Gráfico 2 - Nível de Conhecimentos Finais do 8ºC

As habilitações dos pais centraram-se maioritariamente no 2ºCiclo de escolaridade, notando-se que entre as mães a escolaridade encontra-se num nível mais alto do que a escolaridade obtida pelos pais12. Sendo assim, talvez por possuírem baixas habilitações literárias as atividades profissionais dos pais pertenciam maioritariamente ao setor terciário. Ainda, quanto às habilitações dos pais, o fato de estas serem baixas como se pode constatar no gráfico 3, na nossa opinião não influenciou o desenvolvimento, a qualidade do trabalho e o esforço dos alunos na escola. Embora vários estudos apontem para que os alunos com baixas classificações provenham de famílias com baixo nível escolaridade, não acreditamos que esse fator de forma isolada tenha influência direta. Mas não deixa de ser um fator que nos coloca alerta acerca do acompanhamento escolar do aluno fora da escola.

Gráfico 3 - Habilitações dos Pais dos Alunos do 8ºC

De entre os 17 alunos existiam 6 que exigiam uma atenção redobrada.

Uma das alunas, segundo o documento da caraterização da turma, apresentava um défice de atenção e concentração, um fraca consciência fonológica e dificuldades em pensamento abstrato, tendo sido necessário trabalhar com esta aluna de forma a reforçar positivamente estas caraterísticas, pois possuía um baixo nível de autoestima12.

0 5 10 1 2 3 4 5 0 0 8 7 1 Classificações 0 5 10

1º ciclo 2º ciclo 9º ano 10º ano 11º ano Licenc. Mestr.

Habilitações

Pais Mães

Nível de Conhecimentos Finais

A autoestima entre os jovens por vezes pode levar a que estes percam a motivação para a escola além de que esta, quando em situações extremas, pode levar a problemas mentais mais sérios por vezes ignorados nestas idades.

Um dos alunos que se encontrava matriculado no 8ºano pela segunda vez, transitou para o 3ºciclo com mais de três negativas, por ter sido considerado, na altura, melhor para o aluno, continuar junto dos colegas que sempre o tinham acompanhado, para que este não se sentisse desintegrado noutra turma, caso ficasse retido no 2ºciclo12. Consideramos necessário que o aluno se sinta integrado na turma mas, neste caso, derivada à falta de motivação e concentração, o aluno teria ganho se tivesse ficado retido, pois acabou por efetuar uma nova retenção no 8ºano.

Achamos necessário, cada vez mais, hoje em dia, os alunos saberem integrar-se e adaptar-se a novos meios, de forma a prepararem-se para um futuro próximo e, como tal, e escola deve fomentar este tipo de aprendizagens para o bem destes. Para este aluno, da nossa perspetiva, seria um caso particular de forma a deixa-lo prosseguir quando as suas notas ditavam uma retenção no 2ºciclo, dado que quando frequentava o 4ºano de escolaridade, viu partir a figura paterna vítima de doença terminal, tendo ele acompanhado toda a situação ao nível das idas ao hospital, bem como a fase terminal da doença. Toda esta situação deixou-o muito fechado por não ter realizado o luto pela sua dura perda e nunca ter manifestado qualquer emoção. Por toda esta dura situação talvez tenha sido realmente a melhor decisão em deixar o aluno perseguir os estudos, embora tenha acabado por ter ficado retido mais tarde. É um aluno que revela pouca autonomia e uma fraca autoestima sendo porém um jovem muito afetuoso.

Com grande manifestação de uma perturbação a nível emocional e falta de concentração apresentava-se um dos alunos desta turma, associado a abandono pela parte paterna, desde cedo na sua infância12. Havia, ainda, o caso de um aluno que apesar de apresentar instabilidade a nível familiar, por os progenitores estarem longos períodos ausentes, possuía um problema relacionado com as emoções, tendo-lhe sido diagnosticado esquizofrenia12. Este aluno apresentou vários tutores ao longo do seu percurso educativo, tornando-se assim complicado estabelecer alguma metodologia entre a escola e o seu ambiente familiar. Por vezes, este aparentava comportamentos agressivos apesar de se encontrar medicado12.

Cabe à escola, professores e outros educadores estarem atentos ao ser individual que cada um transporta, pois é cada vez mais urgente que se dê importância a essas situações, porque são crianças e que estão em fase de crescimento e necessitam do apoio

de todos de forma organizada. Cada vez mais, os seus pais vivem ocupados com os seus mundos, com falta de tempo e por vezes esquecem-se que têm um ser em desenvolvimento dentro de casa e que precisa de todo o apoio.

Por último, de entre os alunos que necessitavam de mais atenção da nossa parte, existia um aluno que apresentava problemas mais evidentes em relação à aprendizagem. Este beneficiava, de um plano educativo individual usufruindo de condições especiais de avaliação, pois segundo o relatório de psicologia tinha uma deficiência mental moderada. Era acompanhado pela educação especial desde o seu percurso escolar inicial. Não efetuava nenhuma aquisição de leitura nem de escrita, a sua motricidade não se encontra afetada não necessitando de adaptações. Além das limitações referidas este, ainda, apresentava uma dificuldade ao nível das cores, sendo daltónico. Usava as cores de forma aleatória, com um predomínio na cor verde. Este encontrava-se integrado na turma de forma a desenvolver alguma autonomia e tentar com que, aos poucos, conseguisse integrar no conceito de turma. É de salientar não provocava qualquer perturbação na aula.

Assim pela descrição que acabamos de efetuar de alguns alunos que se encontram na turma, é constatável que um aluno com instabilidade familiar e com problemas emocionais terá uma dificuldade acrescida em se concentrar e encontrar motivação para realizar o seu percurso académico de modo saudável. No estado atual da nossa sociedade, é previsível que situações de perturbações a nível das emoções apareçam cada vez mais, cabendo à escola estar atenta a estes casos de forma a ser o apoio que muitas vezes estes jovens não têm no meio familiar.

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