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4 AS INTERAÇÕES EXISTENTES ENTRE AS CRIANÇAS COM SÍNDROME DE DOWN E SEUS

TURMA DE NÍVEL

SOCIOGRAMA - 1

Na turma do nível III, onde está incluída Iz, de 6 anos de idade, pudemos observar, através do Sociograma 1, que, na escolha de colegas para estudar, ela foi escolhida como primeira opção por Ad, que justificou gostar de estudar com Iz, pois isto lhe possibilita uma oportunidade de ajuda à colega, ao afirmar:

- Gosto, porque eu ajudo a ela (Ad).

Diante de nossas observações, evidenciamos que Ad tenta manter uma proximidade, no entanto, Iz dificilmente mantém vínculos com colegas por muito tempo, preferindo a companhia das professoras. Acreditamos, que este fato decorre da sua vivência maior com adultos na sua vida familiar. Por sua vez, Iz escolheu Ad como segunda opção, evidenciando uma reciprocidade na escolha.

De escolheu com primeira opção Ad, que, por sua vez, escolheu Iz como segunda opção. Percebemos que, tanto Ad quanto De, os colegas escolhidos por Iz para estudar, eram crianças que quase sempre estavam juntas na mesma mesa, durante as atividades em classe.

Outro aspecto que nos chama a atenção é que Ad é uma das crianças mais escolhidas pelos integrantes da classe. Ela se destaca pelo temperamento, pois, apesar de se mostrar um tanto tímida, apresenta um certo espírito de liderança e de organização.

Das crianças que não escolheram colegas com quem estudar, apenas La e Li foram escolhidas como primeira opção. A escolha de Re por La se deu pelo fato destas crianças apresentarem um certo afeto uma pela outra, de buscarem estar juntas sempre. E a escolha de Mo por Li, percebemos que decorreu do fato deles se sentar juntos na classe, pois, durante nossa estada na classe, não os vimos realizar atividades juntos, no sentido de trocas e/ou de ajuda mútua.

As crianças Ro, So e Na foram escolhidas, apenas, como segunda opção. A escolha de So por Re deve-se, ao fato de estarem juntas desde o nível I. Vo escolheu Ro por esse compartilhar materiais com ele e estabelecerem uma ajuda mútua durante as atividades em classe.

Com relação a Lu, Ma, Gi e Ni, observamos que não escolheram, nem foram escolhidos pelos colegas. Acreditamos que isso se justifica, também, pela ausência constante de algumas dessas crianças na classe.

Uma outra criança que julgamos relevante situar é Pe, que escolheu como primeira opção Mo e, como segunda opção, escolheu todos os colegas. No entanto, a escolha não foi recíproca. Pe não foi escolhido por nenhuma das crianças da classe. Vale destacarmos que Pe não apresenta nenhuma deficiência e também não apresentava comportamentos considerados indesejáveis na classe. No entanto, ele não é um caso isolado, pois Ra, também não foi escolhida por nenhum dos colegas. Buscando analisar estes fatos, podemos atribuir essas não escolhas à timidez evidenciada pelas crianças Ra e Pe, que raramente opinavam no grupo, mas sempre faziam o que os outros ditavam.

Aluna com SD Meninas Meninos

Alunos-2º escolha optou por todos os colegas 1ª escolha 2ª escolha

At

Ab

Bi

Hu

Am

Co

Tu

Ju

Fe

Je

Ja

Pu

Va

Vo

Po

Ba

Li

La

Lu

Bo

Fi

Ti

Da

Di

Jo

- TURMA DE NÍVEL V

SOCIOGRAMA - 2

Ao observamos o Sociograma 2 visualizamos um grupo de meninas e um grupo de meninos, separadamente, como é comum nesta faixa etária. No grupo das meninas observamos que as mais escolhidas foram Fe e Ju, em decorrência de exercerem uma grande liderança neste grupo. No grupo dos meninos, os mais escolhidos foram Fi e Ti, que se destacaram por ajudar aos demais nos momentos da resolução de atividades.

Observamos neste Sociograma, que At escolheu Ab e Bi, sendo escolhido apenas por Ab, que justifica sua escolha, dizendo:

- Gosto, ensinando a ela, ela vai fazendo as letras, At vai fazendo as letras, enquanto eu estou te ensinando (Ab).

At escolheu Ab, justificando a sua escolha ao afirmar:

- Porque ela é minha amiga (At).

At, também, escolheu Bi, e acreditamos que essa escolha seja fruto do fato

quando ela solicita algo, como por exemplo, um lápis, uma borracha, ele atende sem oferecer grandes resistências.

As crianças Di e Va escolheram como segunda opção todos os colegas da classe, justificando:

- Eu gosto de estudar com qualquer um [...].(Di)

-Todos são meus colegas, qualquer um, gosto de todos (Va).

As crianças La, Da, Po, Jo e Li escolheram e não foram escolhidos. Acreditamos que alguns desses crianças não foram escolhidas também porque faltavam constantemente às aulas e, assim não conseguiam estabelecer tantos vínculos afetivos e sociais.

Percebemos que algumas escolhas ocorrem, principalmente, na turma do nível V, onde se enfatiza mais a aprendizagem de conteúdos, em função de algumas crianças se destacarem na classe, como as que melhor realizam as atividades, como as que terminam em menor tempo e colaboram com os colegas, tal como ocorre com Fe, Ju, Fi e Ti.

Observamos, porém, que no nível III as crianças fazem suas escolhas, utilizando como critério, principalmente, a proximidade física, o fato de sentarem juntos.

- Colegas com quem gosta de brincar

Segundo Lima (2005, p.1), “a criança brinca para conhecer-se a si própria e aos outros em suas relações recíprocas, para aprender as normas sociais de comportamento, os hábitos determinados pela cultura, [...] para desenvolver a linguagem”. Uma das funções do brincar é o exercício do movimento que possibilita à criança se relacionar com o outro, explorando o espaço, bem como o seu próprio corpo.

Conforme esse mesmo autor (2005, p.18) “o brincar tem dupla utilidade, por um lado funciona como estratégia para a construção da individualidade e, por outro, como situação para compreensão e inserção da criança no mundo a que pertence”.

Brincando, a criança reproduz, na maioria das vezes, as ações que observa em seu meio, e à medida que cresce, incorpora a representação que faz do real, os conhecimentos adquiridos, os desejos e os sentimentos. É no próprio jogo que a criança manifesta sua independência, tendo, muitas vezes, que negociar, argumentar as propostas e/ou submetê-las à aprovação ou modificações.

No ato de brincar cada criança é desafiada a superar seus limites e a avançar em sua aprendizagem e desenvolvimento. Nessa atividade, a criança realiza, constrói e se apropria de diversos conhecimentos, normas e atitudes. Segundo Vygotsky (1997b) a criança apresenta um nível de desempenho quando realiza alguma atividade sozinha, mas, quando interage com outra criança, o seu nível de desempenho se torna complexo e mais rico em experiência. Portanto, é “através da colaboração entre os pares que a criança pode construir e ampliar seus conceitos, os quais ela não teria condições de realizar sozinha naquele momento de seu desenvolvimento” (LIMA, 2005, p. 24).