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TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS

No documento EXEMPLAR DE ASSINANTE DA IMPRENSA NACIONAL (páginas 121-124)

V O TO

Nos termos do art. 535, do CPC, são cabíveis os embargos de de- claração para a modificação do julgado que se apresentar omisso, contraditório ou obscuro, bem como para sanar possível erro material existente na decisão.

Na vertente, esta Turma Nacional, à unanimidade, indeferiu limi- narmente a petição inicial da Reclamação interposta pelos autores dos processos originários na qual alegam que decisão da Turma Recursal do Rio Grande do Norte, em juízo de admissibilidade de vários Incidentes de Uniformização manejados pelos autores, sobre a mesma temática, reputou-os prejudicados ao fundamento de que o processo nº 0503027-21.2013.4.05.8400, selecionado por aquela Turma de ori- gem como representativo de controvérsia, não foi conhecido pela TNU.

A decisão desta Corte, resumidamente, ficou nas seguintes linhas: "[...] Em primeiro lugar, o procedimento de a Turma Recursal de origem remeter a esta Corte representativo de controvérsia, sobres- tando os processos análogos, realmente alinha-se a sistemática de recursos repetitivos, homenageando princípios processuais fundamen- tais, tais como o da economia processual. Em segundo lugar, a de- cisão alegadamente abusiva não revela qualquer ameaça de usurpação de competência desta Turma Nacional de Uniformização quando sim- plesmente entende "(...) não ser admissível o incidente de unifor- mização nos moldes apresentados, restando prejudicado o recurso interposto". Na hipótese de a prejudicialidade ser considerada pela Turma de origem decisão que não desafia recurso de Agravo à TNU - o que se admite por mera concessão à dialética - poder-se-ia - em tese- ser reconhecida a presente Reclamação para preservar a com- petência desta Corte Nacional (quanto ao juízo definitivo de ad- missibilidade daqueles Incidentes que estavam anteriormente sobres- tados). Mas não foi o caso. De fato, o que vemos nos autos em epígrafe é que os Reclamantes não esgotaram as vias recursais, na origem, de modo que pudesse ficar cabalmente caracterizada qualquer mácula à competência desta Turma Uniformizadora".

Os embargantes tecem, num primeiro momento, a existência de obs- curidade, porque não teria ficado esclarecido por qual motivo não há ameaça de usurpação de competência. Porém, do trecho destacado acima podemos claramente observar os fundamentos que levaram esta Turma a concluir naquele sentido (ênfase nos destaques).

Num segundo momento, os embargantes sustentam obscuridade e contradição sobre elemento factual - que dizem ter apresentado na Reclamação -, qual seja, de que a Turma Recursal do Rio Grande do Norte aplicou o juízo de prejudicialidade também nos processos que já tinham recursos de agravo de instrumento, cujo objetivo era de- safiar a inadmissão do incidente de uniformização de jurisprudência. A esse ponto tenho a dizer o seguinte:

1º- a decisão sobre a Reclamação foi relatada desta forma: Trata-se de Reclamação interposta pelos autores dos processos ori- ginários na qual alegam que decisão da Turma Recursal do Rio Grande do Norte, em juízo de admissibilidade de vários Incidentes de Uniformização manejados pelos autores, sobre a mesma temática, reputou-os prejudicados, ao fundamento de que o processo nº 0503027-21.2013.4.05.8400, selecionado por aquela Turma de origem como representativo de controvérsia, não foi conhecido pela TNU. Sustentam os Reclamantes que a decisão da Turma de origem usurpa a competência desta Turma Nacional de Uniformização.

Os Autores, ora Reclamantes, servidores públicos federais aposen- tados da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, pleitearam a manutenção do pagamento de horas extras de forma parametrizada, sob fundamento de que o ato revisor estaria decadente. Pedidos não acolhidos pelos magistrados sentenciantes, e cujos recursos tiveram seguimento negado pela Turma Recursal, porquanto, entendendo que o prazo teria iniciado-se na vigência da Lei 11.091/05, não teria ocorrido a decadência.

Suscitados os Incidentes, a Presidência das Turmas Recursais do Rio Grande do Norte admitiu um deles, como representativo de con- trovérsia, sobrestando os demais. Esta Corte Nacional, entrementes, não reconheceu a similitude entre o acórdão recorrido (o represen- tativo da controvérsia) e os paradigmas invocados, o que levou ao não conhecimento do mesmo. O Autor opôs embargos declaratórios ar- güindo contradição e requerendo efeitos infringentes, rejeitados por esta Turma. Os embargos foram reiterados, estando pendentes de julgamento.

Argumentam os Reclamantes que, mesmo os últimos Embargos de Declaração estando pendentes de julgamento, a Turma Recursal do Rio Grande do Norte, retirando os Incidentes análogos da suspensão, declarou-os prejudicados. A seu ver, a decisão de prejudicialidade prolatada pela Turma de origem obstaria (ou é indicativa) de que a Corte Reclamada não remeterá aqueles Incidentes de Uniformização à esta Turma Uniformizadora.

Em síntese, conforme relatado, os Reclamantes em nenhum momento declararam que chegaram a interpor agravo/pedido de submissão con- tra o juízo de prejudicialidade da Turma do Rio Grande do Norte. Para tanto, confira-se também o seguinte trecho da petição inicial da Reclamação (seção "DOS FATOS", onde não há informação da in- terposição de agravo/pedido de submissão):

2º - Ainda que tenhamos como certo - tal como os embargantes alegam - que em alguns dos processos afetados pelo juízo de prejudicialidade tenha havido a interposição de agravos/pedidos de submissão contra uma anterior decisão de inadmissão de Pedido, nem mesmo na petição dos aclaratórios consta informação a respeito de qual teria sido a res-

CORREGEDORIA-GERAL

TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO

DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS

REPUBLICAÇÕES

PROCESSO: 0009574-59.2008.4.03.6301

ORIGEM: Turma Recursal da Seção Judiciária de São Paulo REQUERENTE: UNIÃO

PROC./ADV.: ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO REQUERIDO(A): MARGARIDA MARIA GONCALVES PROC./ADV.: MARTINHO ALVES DOS SANTOS OAB: SP-73969

RELATOR(A): JUIZ(A) FEDERAL ITÁLIA MARIA ZIMARDI ARÊAS POPPE BERTOZZI

E M E N TA

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. DIREITO ADMI- NISTRATIVO. O PAGAMENTO DE VALOR REFERENTE À GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHO TÉCNICO-ADMINISTRATI- VA - GDATA, EM PONTUAÇÃO CORRESPONDENTE AOS SER- VIDORES EM ATIVIDADE NOS CARGOS DE NÍVEL SUPERIOR E COM O PAGAMENTO DOS VALORES EM ATRASO, COR- RIGIDOS MONETARIAMENTE. AUSÊNCIA DE DIVERGÊNCIA QUE JUSTIFIQUE A INTERPOSIÇÃO DE PEDILEF. NÃO OB- SERVÂNCIA DO ART. 14,2.º DA LEI 10259/01. DECISÃO RE- CORRIDA PROLATADA COM BASE NA SÚMULA VINCULA N.º 20. RECURSO AO QUAL SE NEGA SEGUIMENTO. A parte recorrente houve por bem oferecer pedido de uniformização nacional, alegando o desacordo do acórdão recorrido com a juris- prudência das Turmas Recursais do Distrito Federal, nos termos do art. 14, §2º da Lei 10.259/01.

A União aduz em seu recurso que a decisão recorrida não reconheceu a limitação temporal quanto ao pagamento da GDATA, bem como a pontuação que deverá receber e a sua cota-parte.

Inicialmente, transcrevo o art. 14 e parágrafo 2.º da Lei n.º 10259/2001.

"Caberá pedido de uniformização de interpretação de lei federal quan- do houver divergência entre decisões sobre questões de direito ma- terial proferidas por Turmas Recursais na interpretação da lei. § 2o O pedido fundado em divergência entre decisões de turmas de diferentes regiões ou da proferida em contrariedade a súmula ou jurisprudência dominante do STJ será julgado por Turma de Uni- formização, integrada por juízes de Turmas Recursais, sob a pre- sidência do Coordenador da Justiça Federal." Grifei.

Contudo, não vislumbro a divergência suscitada. Tenho que a decisão recorrida julgou procedente o pedido nos termos do Enunciado da Súmula vinculante n.º 20, cuja parte dispositiva ora transcrevo. "...julgo parcialmente procedente o pedido, com resolução do mérito, nos termos do artigo 269, inciso I, do Código de Processo Civil, para condenar a ré à obrigação de fazer consistente em incorporar à re- muneração da parte autora a GDATA - Gratificação de Desempenho Técnico-Administrativa, em pontuação correspondente aos servidores em atividade, conforme estabelece a Súmula Vinculante n.º 20 do Supremo Tribunal Federal, bem como para condená-la ao pagamento das diferenças atinentes às prestações vencidas, observada a pres- crição qüinqüenal e o limite de 60 salários mínimos na data do ajuizamento da ação."

Tenho que o Enunciado da Súmula Vinculante n.º 20 é claro em todos seus termos.

"A Gratificação de Desempenho de Atividade Técnico-Administrativa - GDATA, instituída pela Lei nº 10.404/2002, deve ser deferida aos inativos nos valores correspondentes a 37,5 (trinta e sete vírgula cinco) pontos no período de fevereiro a maio de 2002 e, nos termos do artigo 5º, parágrafo único, da Lei nº 10.404/2002, no período de junho de 2002 até a conclusão dos efeitos do último ciclo de ava- liação a que se refere o artigo 1º da Medida Provisória no 198/2004, a partir da qual passa a ser de 60 (sessenta) pontos."

Este documento pode ser verificado no endereço eletrônico http://www.in.gov.br/autenticidade.html , Documento assinado digitalmente conforme MP no-2.200-2 de 24/08/2001, que institui a

COMERCIALIZAÇÃO PROIBIDA POR TERCEIROS

posta jurisdicional conferida pela Turma Recursal de origem àqueles recursos de agravo, se é que houve a prolação de alguma decisão a tal respeito ao tempo da interposição da Reclamação. Vide que a decisão de prejudicialidade afeta os Pedidos de Uniformização, mas não os recursos de agravo postulando à submissão da questão de direito ma- terial a esta Turma Nacional. Bastava então que naqueles processos cujo agravo/pedido de submissão já havia sido interposto, os autores atravessassem simples petitório à Turma Recursal postulando a apre- ciação do agravo interposto antes mesmo do juízo de prejudicialidade. Novamente aqui não temos nenhuma informação que algum pedido de submissão tenha sido julgado e negado.

3º- Além disso, considerando que os próprios embargantes admitem que em apenas alguns processos (quais?) o recurso de agravo havia sido interposto, mostra-se processualmente inviável a procedência da Reclamação para determinar a Turma Recursal de origem encaminhar a esta Corte os Pedidos de Uniformização inadmitidos ou preju- dicados nos outros processos nos quais sequer houve o pedido de submissão.

Por último, os embargantes aduzem a existência de omissão, por- quanto não teria sido apreciada a alegada inconstitucionalidade da Resolução nº 163/2011, do CJF. Ora, o órgão julgador não tem a obrigação de responder a consultas formuladas pelo embargante, sen- do suficiente a manifestação sobre o fundamento jurídico utilizado na solução do caso concreto. De mais a mais, a insistência na declaração de inconstitucionalidade da Resolução n. 163/2011, do CJF, não guar- da mais sentido, porque ao tempo da interposição dos Embargos aqui apreciados o ato normativo em questão já havia sido revogado pela Resolução n. 345, de 02/06/2015.

Acrescento, ainda, que os Embargos de Declaração reiterados no processo selecionado pela Turma de origem como representativo/pa- radigma da controvérsia (PEDILEF nº 0503027-21.2013.4.05.8400) e encaminhado a esta Casa também já foram julgados, sendo, inclusive, aplicada ao embargante multa de 1% sobre o valor da causa em razão da procrastinação do desfeito da lide.

Enfim, a decisão atacada demonstra claramente os motivos e fun- damentos que propiciaram o INDEFERIMENTO LIMINAR DA PE- TIÇÃO INICIAL DA RECLAMAÇÃO, revelando linguagem per- feitamente compreensível, indene de qualquer conduta omissiva ou obscura e inapta a levar o intérprete à perplexidade diante de fun- damentos não muito claros, incompatíveis ou omissos. O que se verifica é o evidente escopo de modificação do julgado, inadmissível pela via estreita dos embargos declaratórios.

Destarte, CONHEÇO e NEGO PROVIMENTO aos embargos de de- claração.

Publique-se. Registre-se. Intime-se. Brasília, 20 de julho de 2016.

WILSON WITZEL

Juiz Federal Relator ACÓRDÃO

A Turma Nacional de Uniformização, por unanimidade, CONHECEU E NEGOU PROVIMENTO aos presentes Embargos de Declaração, nos termos do voto-ementa do Juiz Federal relator.

Publique-se. Registre-se. Intime-se.

WILSON WITZEL

Juiz Federal Relator PROCESSO: 0000017-68.2015.4.90.0000

ORIGEM: CONSELHO DA JUSTIÇA FEDERAL IMPETRANTE: MARIA DA CRUZ OLIVEIRA PROC./ADV.: JOÃO PAULO DOS SANTOS MELO OAB: RN-5291

IMPETRADO(A): PRESIDENTE DA TNU

PROC./ADV.: PROCURADORIA-GERAL DA UNIÃO

RELATOR(A): JUIZ(A) FEDERAL MARIA LÚCIA GOMES DE SOUZA

E M E N TA

MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA ATO DO MINISTRO PRESIDENTE DA TNU. DECISÃO IRRECORRÍVEL. AUSÊNCIA DE TERATOLOGIA. NÃO CABIMENTO DO MANDAMUS. PE- TIÇÃO INICIAL INDEFERIDA.

Trata-se de Mandado de Segurança impetrado em face de ato do Excelentíssimo Ministro Presidente da Turma Nacional de Unifor- mização, o qual negou provimento ao agravo interposto pelos Im- petrantes.

Segundo relato, os autores, militares da reserva remunerada, pro- puseram ação objetivando que a contribuição previdenciária, por for- ça do Ec 41/2003, deveria atingir apenas os valores que ultrapas- sassem o teto da previdência social.

O Juiz sentenciante julgou improcedente o pedido, tendo a Turma Recursal negado provimento ao recurso inominado. O pedido de uniformização foi inadmitido na origem. Interposto agravo de ins- trumento, este foi improvido pelo Presidente desta Corte, nos termos dos arts 14, § 2º, da Lei nº 10.259/01.

Aduzem os Impetrantes o cabimento do Mandado de Segurança, tendo em vista a previsão de irrecorribilidade da decisão atacada. Afirmam haver sido violado o seu direito líquido e certo e postulam o conhecimento do PUIF com o fito de obter tutela jurisdicional que declare inexigível a contribuição previdenciária incidente sobre os valores que não ultrapassam o teto da Previdência Social, nos moldes do Art.40, §18, da CF.

Ora, consoante o art. 7º, inciso VII, letra "c", do RITNU, na redação dada pela Resolução nº. 163, de 9 de novembro de 2011, então vigente, o que se manteve no novo regramento, compete ao Presidente da TNU, antes da distribuição, obstar a tramitação de Incidente de Uniformi- zação manifestamente inadmissível ou em confronto com súmula ou jurisprudência dominante da Turma Nacional de Uniformização, do Superior Tribunal de Justiça ou do Supremo Tribunal Federal.

Esta Corte adotou o entendimento de que as decisões proferidas pelo Presidente desta Turma Nacional de Uniformização que negavam seguimento ou não conheciam o incidente manifestamente inadmis- sível em confronto com Súmula ou jurisprudência dominante da TNU, STJ e STF, eram irrecorríveis, na forma do inciso §1º do Art.7º do mesmo RI desta TNU, depois alterado pela Resolução nº CLF- RES-2015/00345 de 2 de junho de 2015, admitindo a utilização excepcional do mandado de segurança quando caracteriza a tera- tologia ou a negativa de prestação jurisdicional, sem o que seria caso de indeferimento da inicial (Precedentes: PEDILEF 00000635720154900000, PEDILEF 00000826320154900000). Em análise de possível teratologia, deve ser rechaçada tal hipótese, não restando configurado ato abusivo apto à impetração do Mandado de Segurança, dado que a decisão agravada deu-se em observância aos requisitos de admissibilidade previstos no Regimento Interno des- ta Corte.

Ademais,"o Regimento Interno da TNU (elaborado mediante Re- soluções do Conselho da Justiça Federal) tem plena aplicabilidade, considerando-se que o CJF (órgão coordenador da TNU, nos termos do art. 105, parágrafo único, II, da CF/88 c/c art. 14, § 2º, parte final, da Lei nº 10.259/2001) tem competência constitucional para a ela- boração do Regimento Interno deste Colegiado (art. 96, I, da Cons- tituição Federal " (PEDILEF 00000566520154900000, Relator Juiz Federal Sérgio Murilo Wanderley Queiroga) .

Ante todo o exposto, tenho inexistente violação a direito líquido e certo e, da mesma forma, não se afigurando a decisão do Presidente da TNU teratológica, voto por INDEFERIR A PETIÇÃO INICIAL DO MANDADO DE SEGURANÇA.

ACÓRDÃO

Acordam os membros da Turma Nacional de Uniformização por INDEFERIR A PETIÇÃO INICIAL DO MANDADO DE SEGU- RANÇA, nos termos do voto-ementa da Juíza Federal Relatora. Brasília/DF, 17 de agosto de 2016.

MARIA LÚCIA GOMES DE SOUZA

Juíza Federal Relatora PROCESSO: 0000061-90.2010.4.03.6303

ORIGEM: Turma Recursal da Seção Judiciária de São Paulo REQUERENTE: YOLANDA FLORIAN DAL BO

PROC./ADV.: MARIA CRISTINA PEREZ DE SOUZA OAB: SP-131305

REQUERIDO(A): INSS

PROC./ADV.: PROCURADORIA-GERAL FEDERAL

RELATOR(A): JUIZ(A) FEDERAL FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

E M E N TA

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL INADMITIDO. PREVIDENCIÁRIO. REEXAME DE MATÉRIA DE FATO. INCIDENTE NÃO CONHECIDO.

1. A parte autora interpõe Pedido de Uniformização de Interpretação da Legislação Federal contra acórdão prolatado pela Quarta Turma Recursal da Seção Judiciária de São Paulo, que reformou a sentença que julgou procedente em parte o pedido, com base no princípio da fungibilidade, para condenar o INSS a conceder à parte autora be- nefício de auxílio-acidente e, manteve a sentença que julgou im- procedente o pedido para concessão do benefício de auxílio-doença com a conversão em aposentadoria por invalidez. O acórdão recorrido considerou que a incapacidade parcial e permanente da parte autora não decorre de acidente e ressaltou que o auxílio-acidente não é devido ao segurado facultativo. Consignou, ainda, que a parte autora não preencheu os requisitos para concessão dos benefícios de auxílio- doença ou aposentadoria por invalidez. Nas suas razões recursais, a parte autora afirma que o acórdão adotou interpretação divergente daquela acolhida pelo Superior Tribunal de Justiça (REsp n. 501.267/SP), pela Turma Nacional de Uniformização (PEDILEF n. 0505181-76.2008.4.05.8500 e 2002.70.09.006464-0), pela Turma Re- cursal da Seção Judiciária do Distrito Federal (processo n. 2006.83.02.50.3177-8) e súmula n. 25, da AGU, no sentido de que a incapacidade parcial deve ser analisada sob o ponto de vista social. Aduz que foi vítima de atropelamento, conforme laudos médicos anexados aos autos. Sustenta que o auxílio-acidente é devido nas hipóteses de acidente de qualquer natureza. Aponta acórdão proferido pelo TRF da 3ª Região, a título de paradigma.

2. O MM. Juiz Federal Presidente das Turmas Recursais da Seção Judiciária de São Paulo proferiu decisão admitindo o Pedido de Uni- formização.

3. Os autos foram-me distribuídos por decisão do MM. Ministro Presidente da Turma Nacional de Uniformização.

4. Em análise do recurso, observo que a hipótese é de incidência da orientação do enunciado n. 42, da súmula da jurisprudência da TNU, uma vez que o acórdão prolatado, em julgamento de recurso ino- minado, aplicou o princípio do livre convencimento do magistrado diante das provas apresentadas e concluiu pela ausência incapacidade decorrente de acidente, tendo consignado que o auxílio-acidente não é devido ao segurado facultativo. No que atine ao pedido de concessão de benefício de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez, o acórdão concluiu pela ausência da incapacidade laborativa, uma vez que o laudo pericial teria constatado incapacidade parcial e per- manente para "caminhar, permanecer em pé por períodos

prolongados e movimentos de flexão com o joelho". A propósito, transcrevo o voto-ementa do julgado:

II - Voto

Os benefícios pretendidos têm previsão nos artigos 59 e 42 da Lei nº 8.213/91 sendo que ambos são devidos ao segurado que, no caso do auxílio doença, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias con- secutivos, sendo que para a aposentadoria por invalidez, uma vez

cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for con- siderado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

Todos os benefícios postulados apresentam como principal requisito a existência de incapacidade para o trabalho e para as atividades ha- bituais (ou a sua redução, no caso de auxílio-acidente), o que somente pode ser comprovado por meio de laudo de exame médico pericial. Por outro lado, o benefício do auxílio-acidente é concedido "como pagamento de indenização mensal, quando, após a consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultar sequelas que impliquem a redução da capacidade de labor do segurado" (Co- mentários à Lei de Benefícios da Previdência Social, Daniel Machado da Rocha e José Paulo Baltazar Junior, Livraria do Advogado, 2ª edição, Porto Alegre, 2002, p. 255).

O artigo 86 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991 dispõe: "Art. 86. O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao segurado quando, após consolidação das lesões decorrentes de aci- dente de qualquer natureza, resultarem sequelas que impliquem re- dução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia." No caso dos autos, a parte autora (84 anos, com quadro clínico de sequela de fratura do joelho direito) não preencheu todos os requisitos exigidos para concessão dos benefícios pretendidos.

Realizada perícia por determinação deste Juízo, o Senhor Perito, em resposta aos quesitos apresentados, tanto por este Juízo quanto pelas partes, concluiu pela incapacidade parcial e permanente para "ca- minhar, permanecer em pé por períodos

prolongados e movimentos de flexão com o joelho".

Considerando que a incapacidade parcial e permanente não decorre de acidente, a parte autora não faz jus à concessão do auxílio-acidente. Neste sentido:

PREVIDENCIÁRIO. FUNGIBILIDADE PARA CONHECER CO- MO EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO, CONTRADI- ÇÃO OU OBSCURIDADE DO ACÓRDÃO. NÃO CARACTERI- ZAÇÃO. EFEITOS INFRINGENTES. IMPOSSIBILIDADE. - De início, é de se aplicar, in casu, o princípio da fungibilidade recursal,

No documento EXEMPLAR DE ASSINANTE DA IMPRENSA NACIONAL (páginas 121-124)