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Capítulo II: Planificação, condução de aulas, avaliação de aprendizagens e análise da

3. As turmas de Português

3.1. O 7.º E - 3.º Ciclo do EB

A turma era constituída por 17 alunos (9 raparigas e 8 rapazes), com idades compreendidas entre os 11 e os 14 anos, quatro dos quais com retenções anteriores. No presente ano letivo, ficaram retidos três alunos. Todos tinham naturalidade portuguesa. Residiam, maioritariamente, em Reguengos de Monsaraz e uma minoria habitava em freguesias limítrofes (Outeiro, Vendinha e Aldeias de Montoito). Apenas um aluno apresentava Necessidades Educativas Especiais [NEE], em conformidade com o DL n.º 3/2008, de 7 de janeiro39. Este aluno beneficiava da medida educativa de adequação no processo de avaliação (alínea d do referido DL). Todos os alunos dispunham de computador e tinham acesso à internet em casa, exceto uma aluna. A totalidade dos alunos respondeu que gostava da turma à qual pertencia. A disciplina preferida era a Educação Física e aquela de que menos gostavam era a Matemática. Relativamente aos alunos mais populares nas três áreas diferenciadas, encontramos dois alunos do sexo masculino que se destacam, seguidos de um pequeno conjunto de 3 alunos que é escolhido para as 3 áreas mencionadas, uma rapariga e dois rapazes. Salientamos, igualmente, que um aluno não foi escolhido por nenhum elemento da turma na primeira questão40. Gostaríamos de referir, com grande pesar, que no decorrer deste ano letivo, este aluno deixou de frequentar a escola (desde janeiro de 2016), pois foi vítima de

39 Define os apoios especializados a prestar nas escolas públicas, privadas e cooperativas, do ensino pré- escolar, básico e secundário, podendo beneficiar de adequações no processo curricular e de avaliação. 40Indica o nome de 3 colegas da turma com quem gostes de sair (cinema, jardim, café,…)

bullying, segundo informações fornecidas pela DT. Segundo nos foi reportado, esta

estabeleceu contactos regulares com o EE, para que o aluno voltasse à escola, disponibilizando os meios necessários/disponíveis (a psicóloga e uma docente do ensino especial para ser sua tutora). O EE identificou os alunos implicados, o Conselho de Turma considerou que o caso deveria ser averiguado, estando ainda a decorrer. A Escola Segura promoveu uma sessão de sensibilização à turma, sendo os alunos visados identificados pelos pais apenas no final do ano letivo. Apesar do processo não estar concluído, foi elaborado um plano estratégico para o próximo ano letivo que prevê que o aluno volte à escola gradualmente, tenha um/a tutor/a e consultas de pedopsiquiatria. As informações sobre este e todos os alunos são confidenciais. Duas alunas não foram selecionadas na segunda questão41 por nenhum aluno da turma.

Relativamente aos conhecimentos e às competências dos alunos no que diz respeito à disciplina de Português, a turma era heterogénea. No entanto, podemos afirmar que a maior dificuldade de quase todos os alunos residia no domínio da escrita, segundo nos foi dito pela professora cooperante. A percentagem de bons alunos superava a dos alunos com dificuldades. De um modo geral, eram alunos interessados, com alguma autonomia, participativos, mas faladores. Revelavam também, na generalidade, alguma dificuldade em argumentar e contra-argumentar sobre temas da atualidade. A maioria era pouco responsável, não apresentava os TPC ou não concluía os trabalhos de expressão escrita, solicitando o alargamento do prazo. Mesmo sendo alargado o prazo, muitos deles não os entregavam. Em termos de comportamento, alguns alunos eram bastante conflituosos, trazendo disputas exteriores para o contexto da sala de aula, não se respeitando enquanto turma/grupo. Houve, de facto, um longo caminho a percorrer para que estes comportamentos melhorassem, nomeadamente na identificação do líder do grupo e atuação assertiva e rápida por parte da professora cooperante. Pelas razões expostas, uma das nossas prioridades foi construir um clima de trabalho propício, por exemplo, criando um maior envolvimento nas aprendizagens, desenvolvendo atividades variadas, motivadoras e que fossem ao encontro das necessidades dos alunos. Tentámos variar os modelos de interação, potenciando os estilos de aprendizagem de cada um e

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Indica o nome de 3 colegas com quem gostes de realizar trabalhos escolares, dentro e fora da sala de aula.

apoiando os alunos com mais dificuldades na realização das tarefas, dando-lhes oportunidade de trabalhar com alunos/grupos diferentes, contribuindo, assim, para a construção de um ambiente colaborativo. Em termos de avaliação, no final do ano letivo, apenas um aluno reprovou a Português, por apresentar diversas dificuldades nos vários domínios.

Ao longo do ano letivo, houve, de facto, um crescente gosto e interesse pela disciplina que se devem a diversos fatores, nomeadamente, às relações interpessoais e motivacionais desenvolvidas que condicionaram a aprendizagem dos alunos, conforme já havíamos referido.

3.2. O 10.º F – ESV

Esta turma era formada por 8 alunos (2 raparigas e 6 rapazes), com idades compreendidas entre os 16 e os 18 anos. Todos tinham retenções anteriores por absentismo e falta de interesse pela escola, segundo nos foi reportado. Ao questionário apenas responderam 6 alunos, uma vez que dois deles faltavam muitas vezes. Todos tinham naturalidade portuguesa. Apenas um residia em Reguengos de Monsaraz e a maioria vivia em localidades limítrofes (S. Marcos do Campo, Granja, Montoito e Campinho). Nenhum aluno apresentava NEE, de acordo com o DL n.º 3/2008, de 7 de janeiro. Todos os alunos possuíam computador em casa, exceto uma aluna, e a totalidade tinha acesso à internet em casa. Cinco alunos responderam que gostavam da turma à qual pertenciam, exceto um aluno. A resposta deste aluno deve-se ao facto de ter tido conflitos com outros elementos da turma no ano transato, segundo nos foi reportado pela professora cooperante. Apesar disso, durante o ano letivo não se verificou qualquer animosidade nem conflitualidade nas aulas de Português. A disciplina preferida era Agricultura e a de que menos gostavam era Inglês. Relativamente aos alunos mais populares nas três áreas referenciadas, encontramos um aluno do sexo masculino que se destaca, seguido de um outro do mesmo sexo. As duas raparigas são as menos votadas nas três áreas. O aluno que respondeu anteriormente que não gostava da turma, não foi selecionado por qualquer dos colegas para a primeira questão, o que indicia a sua fraca popularidade entre os colegas. O mesmo aluno não respondeu às últimas três questões. Perante estes dados e as informações reportadas pela professora cooperante, mantivemo-nos atentas durante o ano letivo a qualquer sinal que pudesse indiciar eventuais conflitos entre estes alunos. Ressalvamos que nestes cursos não há retenções por falta de aproveitamento, apenas por falta de assiduidade. No final

do ano letivo, um dos alunos ficou retido devido ao seu absentismo, contudo, foi-lhe dada a oportunidade de repetir os módulos referentes ao 10.º ano (175 h), apesar de já ter 18 anos de idade. Os alunos tinham necessidades de acompanhamento para realizar as tarefas, facilmente se distraíam, estavam pouco motivados, no entanto, aderiam às atividades propostas. Revelavam muitas dificuldades, principalmente, no domínio da escrita. Ao longo do ano letivo, revelaram alguns progressos. Julgamos que essa evolução se deve ao esforço empreendido pelos diversos professores, com o fim de motivar a turma para a aprendizagem do Português, levando alguns materiais audiovisuais autênticos (trailer de filmes, vídeos do Youtube) para o contexto de sala de aula, indo ao encontro dos seus interesses pessoais, experiências anteriores ou das necessidades que iam revelando42 e procurando que fossem tratados de modo significativo para si. Foram utilizados todos os modelos de interação, com o intuito de potencializar os vários estilos de aprendizagem dos alunos (individual, a pares e em grupo). Procurámos dar ânimo constante aos alunos que trabalhavam individualmente, a pares ou em grupo, tentando perceber as suas dificuldades, sempre que sentíamos que a motivação estava a diminuir, dialogando e vendo como os poderíamos ajudar. Mais uma vez, cremos que o relacionamento interpessoal desenvolvido entre professora(s)-alunos e alunos-professora(s) facilitou o processo de ensino-aprendizagem e favoreceu o ambiente e as relações interpessoais em contexto de sala de aula. Apesar das expetativas relativamente a esta turma serem diminutas, pois reportamo-nos a alunos, geralmente, pouco motivados, com hábitos de estudo e de trabalho inexistentes ou muito incipientes, com falta de assiduidade; consideramos que o trabalho desenvolvido e a recetividade dos alunos ao mesmo foi positiva.