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A Requerente solicita a antecipação de tutela para que seja a ré compelida a :

(i) cumprir, em todos os seus contratos de fornecimento de produtos e serviços, o prazo estipulado para a sua entrega;

(ii) abster-se de divulgar, em todas as suas ofertas publicitárias, sobretudo nos sites de venda, serviços e produtos que não estejam em estoque, ou quando divulgado nessas condições, fazer constar de forma clara e destacada tal informação, para que o consumidor possa fácil e imediatamente e identificar que o produto anunciado está indisponível no momento de sua oferta com fulcro no artigo 273 do Código de Processo Civil, vez que presentes todos os requisitos necessários para a concessão da tutela antecipatória. (art. 84, §§ 3º e 4º do CDC).

Com efeito, a antecipação de tutela depende da presença de dois requisitos para que seja concedida: a prova inequívoca da verossimilhança da alegação (fumus boni iuris) e o fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação (periculum in mora).

O fumus boni iuris configura-se, in casu, pela imposição legal, já que as atividades comerciais da empresa ré são estruturadas em dissonância aos ditames da lei de defesa do consumidor.

Isso fica nítido quando se observa as diversas e constantes reclamações de seus clientes feitas em fóruns virtuais voltados ao atendimento do consumidor.

Nesse sentido, as notícias queixosas demonstram métodos comerciais pautados na prática de publicidade enganosa, bem como na violação aos princípios da boa-fé objetiva, da transparência e do equilíbrio das relações de consumo, além de ser evidente o desrespeito aos direitos básicos dos consumidores à informação e à efetiva prevenção de danos morais e patrimoniais.

As inúmeras reclamações indicam, ainda, que a divulgação de prazos de entrega não respeitados é prática usual da empresa.

Verifica-se, portanto, que a demora de um provimento jurisdicional definitivo acerca da matéria em exame implica perigo de dano irreversível ao consumidor, pois, se subsistir vigente essa prática abusiva até o término desta ação, diversos consumidores serão logrados pela conduta lesiva da Requerida.

O periculum in mora, por sua vez, é evidente e reside na urgência da situação, principalmente ao considerar a proximidade do mês de dezembro, período no qual a economia tende a se aquecer com consumidores ávidos por presentes, nessa época há um “boom” de consumo.

Além disso, há necessidade de observar que as compras realizadas por meio da internet estão crescendo. Se mesmo as compras feitas por meios tradicionais já necessitam de cuidados, as feitas pela Internet pedem precauções redobradas, pois muitas vezes o usuário/consumidor não sabe

como preservar seus direitos ou não conhece o fornecedor, como no caso que se expõe.

Para evitar que outros consumidores influenciados pelas datas festivas não sejam igualmente lesados pela Requerida, de modo a ter suas expectativas e de parentes e amigos frustradas, é necessário clamar pela proteção ao consumidor vulnerável.

Requer-se, portanto, a concessão da antecipação de tutela para fazer cessar a conduta irregular e danosa da Requerida, bem como para evitar que existam novos consumidores prejudicados.

VI – PEDIDO

Por tudo quanto exposto, requer-se:

A concessão liminar da tutela pretendida, “initio litis”, nos termos do art. 84 e seus parágrafos do CDC e art. 461, §5º, da Lei 5.869, para que:

(i) suspenda todas as vendas de produtos através dos sites das lojas virtuais, sob pena de multa diária, de forma liminar, até que demonstre condições de cumprir com todas as obrigações assumidas, visando, principalmente, evitar que os consumidores, atraídos pelos preços supostamente baixos e pela praticidade prometida pela empresa, enfrentem problemas semelhantes aos relatados durante o período de festas de fim de ano, dirimindo a

possibilidade de aumentar o número de consumidores frustrados com a Requerida;

(ii) cumpra, em todos os seus contratos de fornecimento de produtos e serviços, o prazo estipulado para a sua entrega;

(iii) abstenha-se de divulgar, em todas as suas ofertas publicitárias, sobretudo nos sites de venda, produtos que não estejam em estoque, ou quando divulgados nessas condições, fazer constar de forma clara e destacada tal informação, para que o consumidor possa fácil e imediatamente identificar que o produto anunciado está indisponível no momento de sua oferta, sob pena de multa diária por ocorrência, sem prejuízo, em quaisquer das hipóteses acima, da faculdade outorgada ao consumidor no art. 35, I, II e III e art. 48 c/c art. 84, e seus respectivos parágrafos, todos do Código de Defesa do Consumidor (Lei nº. 8.078/90);

(iv) especifique os valores de cada produto, inclusive, quando existir a possibilidade de se realizar compra parcelada, destacar os juros e demais encargos que incidirão sobre os preços, respeitando o princípio da informação e evitando que os consumidores sejam induzidos a erro no momento da compra;

(v) a citação dos atos processuais nas pessoas dos sócios da Requerida, utilizando-se do instituto da desconsideração da personalidade jurídica.

Ainda, requerer como pedido principal da presente Ação Civil Pública:

1) a condenação da Requerida, em definitivo, aos pedidos formulados no pleito de antecipação de tutela, na forma acima descrita, quais sejam, a cumprir, em todos os seus contratos de fornecimento de produtos e serviços, o prazo estipulado para a sua entrega e a se abster de divulgar, em todas as suas ofertas publicitárias, sobretudo nos sites de venda, serviços e produtos que não estejam em estoque, ou quando divulgados nessas condições, fazer constar de forma clara e destacada tal informação, para que o consumidor possa fácil e imediatamente identificar que o produto anunciado está indisponível no memento de sua oferta, bem como divulgar com clareza o valor dos produtos disponibilizados em seus sites, inclusive em caso de compras parceladas, de modo que conste de maneira destacada a incidência de encargos sobre o valor do bem.

2) a manutenção do serviço de atendimento ao cliente gratuito, funcional, eficiente e célere, de modo que seu funcionamento se adéque ao que dispõe o Código de Defesa do Consumidor, utilizando-se de todos os veículos de comunicação necessários para tal, inclusive e-mail;

3) que seja decretada a inversão do ônus da prova, nos termos do inciso VIII do art. 6º do mesmo diploma legal;

4) em caso de produto viciado que, dentro do prazo legal exposto no art. 26 do Código de Defesa do Consumidor, faça-se a reparação do vício no prazo de 30 dias e, não o fazendo, que se confira ao consumidor a escolha de uma das opções contidas no art. 18, §1º do mesmo diploma legal, sendo vedado à empresa investigada a imposição ao consumidor lesado de impedimentos ou obstáculos para o integral cumprimento do dispositivo legal.

5) a condenação ao pagamento, a título de danos morais coletivos, do valor mínimo de R$1.000.000,00 (um milhão de reais), corrigidos e acrescidos de juros, cujo valor reverterá ao Fundo de Reparação de Direitos Difusos, mencionado no art. 13 da Lei n° 7.347/85.

6) que a Requerida seja compelida a divulgar em seus sites a parte dispositiva de eventual sentença condenatória, com o escopo de que os consumidores dela tomem ciência, para exercício de seus direitos individuais.

7) a concessão da dispensa do pagamento de custas, emolumentos e outros encargos, desde logo, à vista do que dispõem o artigo 18 da Lei nº 7.347/85 e o artigo 87 da Lei nº 8.078/90;

8) a citação da Requerida para, se o desejar, apresentar resposta, sob pena de produção dos efeitos da revelia;

9) sejam determinadas, ex ofício e nos termos dos arts 1º e 84, caput e § 5º do CDC, quaisquer outras medidas que, em substituição ou em complemento as aqui pleiteadas, assegurem o resultado prático da demanda;

10) a condenação da Requerida ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, estes no percentual máximo previsto em lei em favor do Fundo da Escola da Defensoria Pública do Estado de São Paulo, FUNDEPE;

11) a intervenção do Ministério Público para acompanhar o presente feito na condição de custos legis, sem prejuízo de eventual interesse em atuar na qualidade de assistente litisconsorcial.

12) que sejam as intimações dirigidas ao NUDECON – Núcleo Especializado de Defesa do Consumidor, com endereço na Av. Liberdade,

32, sala 01/02, Centro, São Paulo, pessoalmente e mediante a entrega dos autos com vista;

13) por fim, a produção de prova documental, documental suplementar, testemunhal, depoimento pessoal e pericial, se necessária.

Dá à causa o valor de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais).

São Paulo, 12 de dezembro de 2011.

HORÁCIO XAVIER FRANCO NETO

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