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1 INTRODUÇÃO

2.3 UMA ANÁLISE DO PAPEL DAS ENTIDADES HOSPITALARES

Com a nova realidade apresentada no ambiente de prestação de serviços da saúde, com o aumento da demanda por serviços de qualidade a baixo custo, os gestores precisam apoiar-se em novas metodologias de ação, envolvendo processos administrativos e organização de equipes voltadas para resultados e objetivos específicos, conforme suas finalidades de empresas hospitalares com ou sem fins lucrativos.

Afirma, Martins (2001:13), se referindo aos hospitais:

Hospitais são recursos necessários à comunidade e devem ser administrados, para gerar os serviços que ela necessita, com o menor custo possível, e nível de qualidade máximo para que se perpetuem e remunerem adequadamente os fatores de trabalho e capital.

Tal ambiente permite inferir, que a idéia de controle também desejada neste estudo, pressupõe um processo onde se procura otimizar uma decisão no âmbito das entidades hospitalares beneficentes com vistas a obtenção do equilíbrio dos gastos em relação à disponibilidade de recursos financeiros, que são escassos, através da utilização eficaz e eficiente dos recursos representados por equipamentos, infra-estrutura e conhecimento técnico especializado.

O hospital, na Europa, inicialmente, tinha o objetivo de atender pessoas carentes e soldados feridos de guerra. Sob uma visão predominantemente religiosa, estava associado ao controle social, oferecendo assistência para aqueles indivíduos desprovidos de meios de acordo com o ponto de vista religioso.

Almeida (1987: 51 apud ABBAS, 2003:8) referindo-se às entidades hospitalares, diz:

A diferença entre empresas hospitalares com fins lucrativos e sem esta finalidade reside no fato de que a performance da administração das primeiras é avaliada pela capacidade de remunerar a uma taxa ótima o capital investido, em hospitais. Quanto as segundas, procuram manter os serviços dentro de padrões razoáveis na comunidade, sem a preocupação de remunerar o capital investido, mas desejando um crescimento satisfatório para a melhoria dos serviços dentro de padrões razoáveis na comunidade.

O hospital beneficente, portanto, está associado ao controle social, favorecendo aqueles indivíduos oriundos de comunidades desprovidas de meios da mesma forma que funcionou o hospital durante a idade média na Europa, como estabelecimentos que se destinavam ao atendimento de doentes, com base em uma visão predominantemente religiosa e de uma ideologia caritativa.

Os cenários do mercantilismo, e da revolução industrial mudaram completamente o papel do hospital, na medida em que o aceleramento do processo produtivo cobrava níveis de produtividade do trabalho cada vez maiores, ao mesmo tempo em que as precárias condições de trabalho afetavam a saúde dos trabalhadores (RIBEIRO FILHO, 2002:50).

A questão abordada aponta, portanto, para a necessidade de um ambiente de prestação de serviços de saúde do qual façam parte de forma efetiva essas entidades sem fins lucrativos que além de desempenhar seu papel social, possam contribuir para o desenvolvimento das ciências médicas no país.

Sobre o assunto, a Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (2004)2, sociedade civil de direito privado, de âmbito nacional, sem finalidade lucrativa e apolítica, com sede em Brasília, Capital da República do Brasil, relata:

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2 CONFEDERAÇAO DAS SANTAS CASAS DE MISERICÓRDIAS, HOSPITAIS E ENTIDADES FILANTRÓPICAS. Dados do SUS. Bsb. Disponível na internet em:

Em nosso País, as Santas Casas surgiram logo após o seu descobrimento, precedendo, portanto, a própria organização jurídica do Estado brasileiro. Braz Cubas, em 1543 fundou a primeira delas em Santos, São Paulo. Uma vez criadas, passaram a se dedicar ao atendimento aos enfermos e, em alguns casos, em mais de uma direção, ou seja, no amparo à velhice, à criança, aos hansenianos, à educação, entre outras atividades. Somam, hoje, mais de duas mil e quinhentas em todo o território nacional. Responsáveis por cerca de 50% dos leitos hospitalares existentes no País, muitas vezes constituindo-se em Centros Regionais de Referência e Excelência Médica. Há que se destacar, ainda, o papel histórico que essas instituições cumpriram e cumprem na formação de Recursos Humanos para a saúde, a começar pela criação das primeiras Escolas de Medicina e de Enfermagem. Desnecessário enumerar, uma a uma, todas aquelas que tem contribuído para o desenvolvimento da ciência médica e outras, mantendo hospitais-escolas, residência médica, ou mesmo campo de estágio e aplicação dos conhecimentos adquiridos. Os quase 500 anos de existência das Santas Casas, Hospitais Beneficentes e Filantrópicos no Brasil são suficientes para bem entender o papel, a missão e o desempenho dessas instituições na preservação da saúde e da vida da sociedade. ALGUNS INDICADORES

Os hospitais filantrópicos e os sem fins lucrativos foram responsáveis por: 37,4% de todas as internações realizadas no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS o decorrer de 2001, perfazendo 4.396.329.

Em termos de valor, receberam por esses serviços R$ 1.927.414.765,00, numa média de R$ 438,41 por internação. Entre essas internações destaca-se 767.339 partos e cesarianas, 38,5% de todo o movimento desses procedimentos no âmbito do SUS.

Setor filantrópico, para a consecução dos seus objetivos institucionais, é responsável por: 450.000 empregos diretos, 140.000 médicos autônomos. Quanto aos atendimentos ambulatoriais, produz cerca de: 9.500.000 atendimentos ambulatoriais/mês a pacientes do SUS; 900.000 consultas e procedimentos ambulatoriais/mês; 250.000 exames complementares de diagnósticos/mês.

A visão colocada anteriormente reforça a necessidade de se conhecer os aspectos gerenciais específicos relacionados à implantação e implementação de ações de controle interno nessas entidades hospitalares beneficentes integrantes do sistema de serviços de atenção à saúde, que favoreçam a obtenção de seus objetivos com efetividade.

Dessa forma, serão garantidos, conseqüentemente, a continuidade e um melhoramento permanente que favoreça uma integração harmônica das áreas administrativas, econômicas, tecnológicas, medicas e assistenciais, dada a sua missão em favor da coletividade.