• Nenhum resultado encontrado

“Energia é poder”, assim sempre afirmou o professor José Walter Bautista Vidal, secretário de Tecnologia Industrial do Governo Geisel e o principal mentor e executor do Pró-Álcool:

A energia produzida no núcleo do Sol se espalha em todas as direções no espaço e alcança, por dia, a superfície da Terra situada a 150 milhões de quilômetros do Sol numa proporção equivalente à energia produzida por todas as reservas de petróleo descobertas em todos os tempos. É esta energia produzida pelo Sol que se transforma em todas as formas energéticas usadas pelo homem e pela natureza, com as três exceções citadas.

O petróleo resulta do acúmulo no fundo de mares e lagos de hidratos de carbono formados nas plantas pela fotossíntese, a partir da radiação solar. Então, são submetidos à ação da fossilização em períodos geológicos de centenas de milhões de anos, quando perdem o oxigênio de suas moléculas e se transformam em hidrocarbonetos. Nesse longo processo de transformação, ele se contamina com componentes químicos do solo, como enxofre, fósforo, entre outros. Assim, cada depósito de petróleo tem ingredientes específicos do meio em que se formou. Ademais, o petróleo assim formado migra e termina localizado em rochas porosas, arenitos, de onde são depois retirados pela pressão do gás de petróleo para ser utilizado pelo homem. Suas reservas são portanto limitadas. Com sua extração, elas vão se reduzindo e tendem à exaustão. Ou seja, são não renováveis, ao contrário das energias que têm origem no sol e que não são submetidas à fossilização. As energias diretamente obtidas pela fotossíntese porém podem se renovarem de modo permanente, enquanto houver sol. Elas garantem a sustentabilidade.

As civilizações que dependem do petróleo exclusivo são não sustentáveis e tornam-se vulneráveis com o seu fim, levando a conflitos e tensões de toda ordem e os países que detêm forte poder militar e não dispõem de reservas de petróleo abundante, são levados a invadir outros países com ricas reservas, como é o caso dos EUA no Iraque, para garantir a continuidade de seus abastecimentos fósseis. (VIDAL, J.W. Bautista. A civilização da Fotossíntese II – Contribuição Brasileira para a Paz Mundial. Brasília, 1995. 16 p. Documento escrito não publicado).

O Brasil vive um momento absolutamente rico, em que todos os fatores econômicos e ambientais o coloca na posição de novo fornecedor da base de toda cadeia produtiva mundial, que é a energia líquida transportável e limpa. Só que agora uma energia proveniente de uma fonte inesgotável, que incide sobre nós com grande intensidade: o sol. Como se não bastasse a demanda mundial por uma fonte de energia que se esgota rapidamente (o petróleo) há a possibilidade real de que problemas de ordem ambiental decorrentes grandemente da emissão de gases tóxicos pela queima do próprio petróleo e seus derivados colocam na pauta do dia em todo o planeta a necessidade da produção de biocombustíveis:

    

EEUU y Europa, por ejemplo, responden por dos tercios de los gases causadores del cambio climático, mientras que los 840 millones de africanos, no llegan al 3%. Sin embargo, las sequías y las inundaciones resultantes del aumento de la temperatura castigarán mucho más a los africanos - y a los suramericanos - que a los occidentales, responsables históricos del calentamiento global (desde que la Revolución Industrial desencadenó el proceso, hace dos siglos y medio, con la exploración y quema del carbón mineral).

En ese escenario, complejo, existen felizmente opiniones y actitudes diferentes, como la de Kofi Annan, que como Secretario General de la ONU, advirtió: ‘la acción en el área del cambio climático es particularmente urgente, dadas sus profundas implicaciones en prácticamente todos los ángulos del bienestar humano, desde el empleo a la salud, al crecimiento económico y a la seguridad. Si continuamos tratando los cambios climáticos con una preocupación apenas ambiental – y en lugar de eso reconocemos la naturaleza amplia de esa amenaza - nuestra acción será insuficiente’.

Como respuesta concreta a este desafío, Jefes de Estado y de gobierno de la Unión Europea concordaron en reducir en 20% las emisiones de gases causadores del efecto invernadero hasta 2020, en relación a los valores de 1990. La Cúpula de la Primavera de la UE, realizada el 8 y 9 de marzo en Bruselas, estipuló también para 2020 el objetivo de utilizar 20% de la energía primaria total en la forma de fuentes renovables, entre las cuales y principalmente los biocarburantes, una vez que el desafío energético mayor está en torno de los combustibles líquidos (substitutos del gasóleo y de la gasolina, principalmente). Específicamente, los líderes europeos determinaron la meta común de utilizar 10% de etanol y de biodiésel en el sector de los transportes, hasta 2020. ‘Son metas ambiciosas,

pero podemos alcanzarlas... Esta fue la cúpula más significativa de la cual yo ya participé en términos de las conclusiones a que llegamos. Europa mostró al mundo que es posible tomar decisiones importantes’, asegura el presidente de la Comisión Europea (CE), José Manuel Durão Barroso.(ITURRA, Antônio René.Producción,

Uso y Comercialización de Biocarburantes: Una Oportunidad Singular para el Desarrollo Sostenible en América Latina. Madri,

Espanha: Casa da Améria, 2007. Disponível em <http://www.casamerica.es/>. Acesso em 22, mai. 2007).

     

  Como afirmamos ao longo do presente texto, a produção de biocombustíveis é complexa e repleta de nuances capazes de dar sentidos completamente diferentes a cada posicionamento tomado ou não. Diante desse imenso desafio, cabe a ação imediata do Estado Nacional como organizador e dinamizador desse imenso projeto.

Da mesma maneira que no passado a necessidade de sermos auto-

suficientes na produção de petróleo, fez com que brasileiros corajosos fossem

de encontro a relatórios internacionais forjados sobre a inexistência do “ouro

negro” em nosso território e fizeram a campanha do “petróleo é nosso”

determinante da criação da Petrobras (marco histórico do processo de

industrialização nacional), é chegada a hora de termos a coragem de assumir

os biocombustíveis a partir da vontade de potência única para o seu

desenvolvimento, não sucumbindo a pressões sejam elas quais forem, pois há

muito em jogo. Esta é a grande oportunidade histórica da saída do

subdesenvolvimento, pois torna potencialmente viável todo o nosso vasto

território como fornecedora de combustível renovável para um planeta em

guerra por petróleo, poluído por ele e ávido por mais consumo de energia.

Precisamos tornar a produção de biocombustíveis no Brasil também uma

questão de segurança nacional.