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Uma preta velha "metida" a psicóloga das almas

No documento Ramatís Diário Mediúnico Volume 2 (páginas 42-44)

Filho meu, aqueles que não se encontraram com a serenidade são como árvores ocas na floresta, vistosos nos galhos e folhagens, mas com grande sofrimento interior. Com a mais breve ventania da vida, podem rachar no meio.

Todo homem sábio inevitavelmente é sereno. Observem quantos são de grande conhecimento intelectual e são extremamente ansiosos. Conhecimento em si não é passaporte para a sabedoria, mas sim, como ele é usado. A boa semente no solo fofo, se destituído do jardineiro fiel, perecerá na aridez dos descompassos climáticos.

A serenidade é alcançada com árduo esforço pessoal e gradativamente, qual formiga que trabalha no verão causticante.

Desafios diários superados; irritação contida; distúrbios emocionais desfeitos; vontade bem dirigi da, submetendo os desejos à razão; maus hábitos bloqueados pelo poder do "não quero"; ambição desmedida controlada, esses são alguns exemplos de esforços no dia a dia do ser em busca da aquisição da serenidade.

Aquele que já se encontrou consigo e escalou as montanhas do egoísmo de seu "eu" interior sabe exatamente o que quer da vida, tendo a vontade livre para impor seu ideal e se diferenciar em uma sociedade automatizada, que sofre da síndrome de exteriorização coletiva: todos iguais a produtos pasteurizados de uma fábrica, em que se impõe o império das aparências externas, tal qual embalagens chamativas em vitrines vistosas.

São hostes de "escravos", não mais das senzalas, pela subjugação da mão de obra, mas deles mesmos, pela fraqueza mental diante da mídia, das telenovelas, das modas urbanas e dos maneirismos condicionantes, para serem aceitos em grupos que se unem pelo interesse do momento, nos centros de compras, praças de alimentação, festas, bares e encontros sociais perfumados e fugazes, movidos a quitutes saborosos e drinques etílicos inebriantes das ansiedades diárias.

A consciência serena se dá com aqueles que já subjugaram a vontade inferior que jazia sepultada pelos desejos mundanos. Consciente e serenado é o ser que sabe que ultrapassou as provas dentro de si mesmo em favor do semelhante, anulando seu ego e deslocando do centro para a periferia de seu "eu" sua área de interesse pela vida em coletividade.

A serenidade harmoniza, exteriorizando-se do interior do ser, agradavelmente e com mansidão, para os circunstantes periféricos, em seu raio de magnetismo pessoal; assim, o indivíduo não se influencia por apelos de consumo; inspira a confiança sem medo de traição; acalma as mentes agitadas e oferece afeição e amor.

O homem elevado e sereno já venceu grande parte da luta contra as ilusórias paixões materiais que arrebatam os instintos e exaurem as capacidades sensórias do cidadão comum, em busca dos prazeres fugazes, embotando-o para as percepções duradouras da verdadeira e perene realidade do espírito imortal.

"Filho meu, não fique sentado no toco esperando ele brotar, faça você mesmo; plante a semente no solo e cuide dela até virar árvore frondosa." A decadência de uma sociedade começa quando o homem pergunta a si próprio: "O que irá acontecer?", em vez de inquirir: "O que posso eu fazer?".

A falta de progresso e prosperidade, seja em uma coletividade mais ampla, seja em outras instâncias, como a família, o trabalho, uma religião ou agrupamento mediúnico, principia quando o imperativo ético da ação é substituído pelas soluções externas que dispensem o esforço interno da

René Descartes, em sua obra As Paixões da Alma, afirma que a vontade é tão livre por natureza que jamais pode ser coagida. Se corrompida por outro é porque o corruptor encontrou aprovação.

É preciso deixar nascer a vontade de uma vida melhor e guiá-la nos primeiros passos da ação todos os dias.

Acomodação, principalmente em remover as montanhas que jazem dentro de cada indivíduo, é se acovardar diante dos imperativos da vida, como descansadas vítimas diante das fraquezas da alma, que imobilizam o espírito em sua evolução.

Não se coloque como perfeito e conviva harmoniosamente com seus defeitos, reconhecendo-os, como o bom cão reconhece o dono. Todavia, urge e é intransferível a mudança dos pensamentos que o fazem agir como autômato, repetindo velhos erros do passado, que estão registrados no inconsciente milenar e o impulsionam em atitudes egoístas na atual personalidade transitória.

Tenha coragem, tire suas máscaras e se olhe no espelho que reflete seu verdadeiro ser. Enfrente, no mais recôndito de sua alma, suas disposições mórbidas e imorais, com o maior afinco de sua vontade soberana, e não se aflija com culpas descabidas, uma vez que o tempo é seu incansável aliado.

Como sempre nos diz o infatigável amigo, caboclo Pery: "A vitória da vida se dará você vencendo a você mesmo". Se cair frente ao mundo interior que o afronta diariamente, é porque vergou diante de si mesmo.

Por mais amor que tenha por meus aparelhos, a derrota ou a vitória é somente deles. Independentemente disso, estarei abraçando-os, incondicionalmente, pelo amor que sinto por eles, no momento em que retomarem do transitório vaso de carne; seja nas profundezas do umbral lamacento, seja nos píncaros celestiais, lá estarei para esse abraço e aconchego desses filhos desgarrados, em meu coração espiritual.

Saravá, zi fios meus,

Vovó Maria Conga, uma preta velha "metida" a psicóloga das almas. Abre esta terreira

Abre este congá Chegou Maria Conga Que veio trabalhar,

Alinhando na linha de Congo. É Congo, é Congo arure. Alinhando na linha de Congo, Agora que eu quero ver...

No documento Ramatís Diário Mediúnico Volume 2 (páginas 42-44)