• Nenhum resultado encontrado

Uma “quota de liberdade”: percalços e possibilidades do final de semana com a

3 A MEDIDA DE SEMILIBERDADE E AS EXPERIÊNCIAS VIVIDAS PELOS JOVENS

3.4 O S DESAFIOS DA EXPERIÊNCIA DE PRIVAÇÃO DE LIBERDADE

3.4.1 Uma “quota de liberdade”: percalços e possibilidades do final de semana com a

Outra dimensão que apareceu de modo significativo nas falas dos jovens foi a dimensão familiar, uma vez que a relação com a família, após a experiência de privação parcial, fica diretamente afetada, podendo, inclusive, sofrer mudanças. Conforme abordado anteriormente, a convivência familiar era um dos eixos norteadores da política de atendimento socioeducativo e, portanto, da MSE de semiliberdade. Sendo assim, na rotina vivenciada pelos jovens, durante o cumprimento da medida, era destinado um momento específico para se efetivar tal eixo. Esse era o momento das saídas externas para o final de semana. Após um período inicial, que variava de acordo com o processo de chegada; da adaptação do jovem e da sua família; da regularização de procedimentos legais e normativos, conforme a situação judicial em que se encontrava, o jovem era autorizado para realizar as saídas externas aos finais de semana. Para os jovens residentes no município de Governador Valadares, essa era uma rotina semanal. Já para os jovens residentes em outras cidades, a liberação era concedida quinzenalmente, devido ao custo do transporte, que ora era financiado pela Instituição, ora pela própria família.

A saída do final de semana, em geral, se iniciava no final da tarde de sexta-feira ou início da manhã de sábado e se encerrava no final da tarde ou noite do domingo. Em algumas situações houve a autorização de retorno na segunda-feira pela manhã. Além disso, a convivência familiar era oportunizada também no final do ano, período em que alguns jovens foram autorizados a passar as festas de Natal e Ano Novo junto com suas famílias. No aniversário, os pais e/ou responsáveis podiam buscar o jovem para passar o dia com eles. Porém, não foi possível presenciar ou conversar com os jovens sobre esse momento, pois nenhum dos jovens fez aniversário durante o período de trabalho de campo.

Uma vez que se tratava de uma medida de restrição de liberdade, e não privação total dela, passar o final de semana com a família era uma atividade inerente, pois através dela era possível garantir ao jovem sua parcela de liberdade. As saídas estavam condicionadas a uma autorização, ou seja, o jovem precisava “fazer por onde merecer” usufruir as possibilidades de semiliberdade ou “quotas de liberdade”. Isso indica que, embora a convivência familiar fosse um princípio incorporado na proposta político-pedagógica da medida de semiliberdade, e as saídas tivessem o objetivo claro de restabelecer a convivência e fortalecer os vínculos familiares, a sua efetivação dependia da avaliação positiva sobre o comportamento e postura

do jovem e o cumprimento das demais regras e normas da medida que compreendiam a rotina interna.

No entanto, a dimensão da família foi sendo reforçada e, mais uma vez, ressignificada pelos jovens como um aspecto positivo, um ponto de apoio, que ajudou a manter “firme” a decisão deles de cumprir a medida até o final, ao invés de optarem pelo abandono, ou, na fala deles, “meter o pé” e desistir da postura de compromisso e finalização desse processo judicial. Isso significa que o fato de poderem manter o contato com a família, a partir da saída externa, era inevitavelmente desafiador e tentador, mas principalmente, fortalecedor.

Independente do grau de referência, ou suporte que a família exercia de fato na vida dos jovens - nos seus processos de socialização e sociabilidade, de construção identitária, inserção sociocultural, proteção e garantia dos direitos básicos e vivência da sua condição juvenil -, ela ocupava um certo lugar de centralidade na reflexão sobre eles mesmos, especialmente sobre o contexto de vida específico que estavam vivenciando.

Ainda em relação à saída do final de semana, era quase impossível não perceber a ansiedade dos jovens nas sextas-feiras. Mas, por diversas vezes, havia também semblantes tristes ou comportamentos irritados dos jovens que tiveram alguma punição que os impediria de sair. Todas as sextas-feiras, as atividades internas da Casa eram “interrompidas” pelo momento de feedback. Nesse momento, a equipe técnica entrava em contato com os pais ou responsáveis dos jovens para, entre outras coisas, autorizar e confirmar a vinda deles para buscar os jovens e levá-los para suas casas. Mas, a negativa também acontecia. Conforme a avaliação do comportamento dos jovens durante a semana ou quinzena, eram proibidos de sair, somente sendo permitido falar com seus pais ou responsáveis via contato telefônico. Havia também a punição através da perda do enaltecimento, o que acarretava na diminuição do tempo “livre” que o jovem poderia usufruir na sua saída externa, como, por exemplo, perder a ida na sexta-feira e ser liberado somente no sábado, ou retornar mais cedo no domingo. Esse era um momento de muita ansiedade e tensão, pois não ser liberado para essa saída era muito doloroso para os jovens, causava mais raiva e revolta, podendo gerar ainda mais conflitos e problemas no processo de avaliação, ao qual os jovens eram o tempo todo submetidos. Essa questão era tecida como um dilema e um desafio que os jovens enfrentavam e precisavam aprender a administrar.

A saída para o final de semana era como se fosse um prêmio após mais um período de privação de liberdade cumprida. Era extremamente valorizada pelos jovens, pois se tornou o momento em que eles podiam aliviar a carga da privação de liberdade, mesmo que de modo

restritivo e repleto de orientações, recomendações e regras impostas e acompanhadas pelos profissionais da unidade de medida socioeducativa. Contudo, os jovens também ressignificaram essa experiência: além de irem para casa para conviver com suas famílias, eles criaram estratégias para transformar esse tempo em tempo de viver a sua liberdade vigiada. Desse modo, davam seus “rolés”, namoravam, mantinham seus vícios lícitos e ilícitos ‒ especialmente o uso de entorpecentes –, administravam a relação com o universo de práticas ilícitas em que estavam inseridos antes da experiência da medida, mesmo que de maneira indireta, e, assim, lidavam com a sua dupla condição de privado e de “envolvido”, retomando a metáfora abordada na primeira seção pelos próprios jovens.

Às vezes ajuda e às vezes não ajuda, né? Às vezes, quando você sai daqui numa mente, né, você já vai, já vai nos trem errado, já. Agora, se você está de boa, você quer ficar só em casa. Mas quando alguma coisa me deixa bolado, assim, eu fico: “Ah não, vou ter que fumar um hoje”. Eu vou pra casa e já sumo. Mas quando eu estou de boa, eu nem saio de casa, não, eu fico só, só mexendo no wathsapp, face, meus irmão do lado, enchendo o saco [risos], trocando ideia, só isso (Marcos Hemrique, 17 anos).

Ah, eu tava revoltado, tava de “boassa”, tava estudando, tava passando final de semana só em casa, não podia dar um rolê, não podia conversar com meus amigo não podia, tipo assim, fumar meu cigarro de maconha que eu fumava de boa. Aí eu saía pra casa e ia para casa da minha namorada, nessa época eu tava namorando, tava namorando sério com uma menina. Ia pra casa dela e ficava lá de boa e lá da casa dela eu ligava e falava: “Ó pai”, ligava pro meu pai, “estou aqui na casa da Larissa. Pode ficar de boa que tô aqui, não tô fazendo nada. Nós tamo vendo um filme, beleza?” Ficava de boa, voltava, tomava banho e ficava de boa (Don Juan, 18 anos).

Administrar a liberdade estando em restrição de liberdade não era uma tarefa simples para os jovens, ao contrário, recorrentemente nas suas falas ecoavam frases e expressões que remetiam ao desafio de lidar com a condição da privação, na perspectiva da semiliberdade. Isso implicava construir uma nova relação com a sua liberdade, ou melhor, com seus novos tempos de liberdades, que não eram mais coordenados por eles mesmos, e sim pelas normas judiciais demarcadas pela MSE, na qual estavam inseridos. Sendo assim, visitar a família foi o momento que mais marcou os relatos dos jovens, no que diz respeito ao desafio de lidar com toda a complexidade que era, para eles, conviver com doses fragmentadas de uma liberdade restrita.

A saída externa se ressignificou, na percepção dos jovens, como o momento da medida para vivenciar muitas coisas, entre elas, e não como o principal foco, a convivência familiar, que foi perdendo centralidade nos relatos dos jovens. Nesse sentido, com certa frequência, a prioridade dos jovens nas saídas externas acabou se voltando mais para os

momentos de lazer e curtição, que conseguiam aproveitar com os seus grupos de amizade, na sua quebrada. Outros relataram que aproveitavam para rever suas companheiras, acessar as redes sociais, ficar na rua, entre outras atividades que não necessariamente estavam ligadas à convivência familiar.

A dimensão da família, na relação entre jovens e MSE de semiliberdade, em diferentes momentos, se reconfigurou a partir de variados episódios de tensão e conflito. Esses episódios foram perceptíveis durante a observação, especialmente nos momentos de feedback realizados com as famílias após o retorno dos jovens do final de semana; nas conversas informais com a equipe técnica e alguns agentes socioeducativos, que sempre me davam uma notícia ou outra sobre o comportamento deles, como, por exemplo, o não cumprimento do horário de retorno para a Casa de Semiliberdade; e na observação mais a distância de alguns momentos de atendimento individual realizado com os jovens - tanto pela equipe técnica, quanto pela equipe de segurança -, para chamar a atenção sobre algum comportamento ou necessidade de registrar uma “comissão” e medida punitiva frente à transgressão de alguma norma ou regra.

A figura da família nos episódios citados acabava sendo essencial, pois o seu relato sobre o comportamento do jovem durante o final de semana repercutia diretamente na avaliação deles. Nesse aspecto, a família poderia interferir de modo negativo na experiência de privação dos jovens, o que para eles se tornava sempre desafiador, quase que inconcebível. Eles expressavam muita indignação, nos momentos em que analisavam que a própria família poderia estar do outro lado da situação, “do lado” da MSE.

3.4.2 A escola na semiliberdade

Outra dimensão que apareceu nos relatos dos jovens sobre as experiências estava ligada ao eixo da escolarização. A dimensão da escola apontou elementos importantes para esta análise. Todos os jovens pesquisados ao se inserir na MSE de semiliberdade tiveram a sua relação com a escola restabelecida. Essa relação, inicialmente, se dava por se tratar de uma das regras formais da própria política, a qual concebia o acesso à escola como um direito a ser garantido para os jovens acautelados. Antes da experiência da MSE, a relação que os jovens estabeleceram com a escola, no “mundão”, foi marcada por algumas incertezas, interrupções, ausência de objetivos e sentidos. Eles não viam a escola como um lugar que iria lhes render algum retorno mais concreto. A escola não se colocava como lugar de valorizar a sua formação, projetar a vida e o futuro. Nos relatos dos jovens, a experiência escolar não ia “dar em nada”. O que atribuía algum significado a ela eram as relações de sociabilidade como

a zoeira29, a bagunça, as brigas e disputas de grupos, mais do que pelo objetivo da instrução formal, ou de estudar propriamente dito. Isso mostrou que na relação com a escola no “mundão”, estudar não era o foco. Na trajetória escolar de todos os jovens pesquisados, em algum momento, a ausência de sentido entrou em cena e ocasionou algum tipo de distanciamento da escola, seja pela desmotivação, desinteresse, infrequência, escolha de sair da escola e assumir o abandono.

Ah, estudar é ruim porque você mosca muito. Aí você tá bem, saindo da porta da escola para ir pra sua casa, aí vem uma guerra30 sua e mata você.

Sabe que você tá estudando lá e mata você… Que nem o Carlos que tava preso aqui, não tem? Saiu da escola, tomou tiro. Só tô na escola mesmo porque eles obriga eu, senão… É que não pode ficar aqui dentro, senão tira minha sexta-feira, senão eu não ia, não. Você tá doido! (Kleiton, 16 anos). Não estava estudando, parei de estudar, menina, no primeiro ano, foi ano retrasado? [...] Foi, isso mesmo, ano retrasado. Eu tava no Hélvecio Dahe [escola estadual situada em Governador Valadares]. E eu tava nessa vida aí. Para que eu vou estudar, estudar para quê? Depois abandonei. Aí tava até agora sem como estudar. Mas estudar é bom demais é bom que você conhece mais gente, amizade nova, aprende também, né? (Ronan, 17 anos).

Na experiência da semiliberdade, a relação estabelecida com a escola ganhou outros aspectos. O primeiro deles era o aspecto da liberdade, mesmo que parcial. Estar matriculado em uma escola significava que todos os dias o jovem tinha garantidos alguns minutos de liberdade no trajeto entre a Casa de Semiliberdade e a sua escola. Outro aspecto apontado pelos jovens foi o de ressignificação do espaço da escola como lugar de “esfriar a cabeça”, espairecer e sair um pouco da rotina da medida e da sua situação de privação, além de dar a eles uma sensação de que, assim, o tempo da medida passava mais rápido. Apontavam ainda em seus relatos sobre não faltar às aulas, tentar ficar mais quietos, prestar atenção, fazer algumas tarefas, de modo que isso pudesse ser reconhecido na avaliação do cumprimento da medida.

A escola também foi ressignificada na experiência da semiliberdade como lugar no qual os jovens pesquisados puderam vivenciar outras dimensões da sua condição juvenil, a partir das relações de sociabilidade que foram estabelecidas, mesmo que de maneira mais ou

29 A dimensão da “zoação” está referenciada em duas teses que tratam muito bem essa questão nos processos

de escolarização de jovens. São elas: NOGUEIRA, P. H. Q. Identidade juvenil e identidade discente: processos de escolarização no terceiro ciclo da escola plural. 2006. Tese (Doutorado), Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006, e PEREIRA, A. B. "A

maior zoeira": experiências juvenis na periferia de São Paulo. 2010. (Tese) Doutorado. Belo Horizonte,

Universidade Federal de Minas Gerais, 2010.

30 O momento em que os jovens se referiam à sua “guerra” era no sentido de demarcar o conflito existente

entre os grupos (gangues, turmas) no seu local de moradia. Aqui especificamente, tratava-se de uma pessoa pertencente ao grupo rival ao seu.

menos frágil. Os jovens relataram que o tempo-espaço da escola na “semi” foi também tempo-espaço de poder se relacionar, construir outras relações de amizade, afetividade, namoro, se integrar e se afirmar em novos e outros grupos de jovens.

Ah, no mundão você não fica preso dentro de casa, você já pode sair para qualquer lugar, não dá vontade de estudar. Aqui, você dá vontade de estudar porque você está preso, né? Você pode olhar aí, todo mundo que tá aqui não gostava de estudar, não. [...] Mãe me acordava pra ir pra escola: “Mãe, não quero ir pra escola, não”. Aqui dá a hora de ir para escola, você até pula da jega31 para ir pra escola. Quando não tem aula, fica reclamando. No mundão

não era desse jeito, não, duvido que era (Ronan, 17 anos).

A única hora [o período que estava na escola] que eu fico longe da casa, com a mente tranquila, sabe? A única hora… (Don Juan, 18 anos).

É, nós [o jovem e a namorada] tamo entrando e nos encontramo. Aí, quando tá na hora do recreio, eu passeio com ela, sento em um lugar com ela… Aí na hora de ir embora eu levo ela na casa dela (Heitor, 13 anos).

Ao mesmo tempo, manteve-se na experiência escolar vivida na medida de semiliberdade um aspecto que foi mais fortemente expressado nos relatos dos jovens sobre a sua trajetória escolar de antes da MSE. Trata-se de uma relação de risco e tensão vivida com a escola, que se deu tanto pela relação intermediada entre jovens, escola e medida socioeducativa, quanto pela relação mais direta entre os jovens pesquisados e a própria escola. No primeiro caso, os jovens relataram sobre o estigma de “ser preso”. Ser o aluno que está preso e é exposto diante dos outros estudantes e na relação com os gestores e professores. Episódios de escolta dentro da escola, por um agente socioedcuativo, chacota dos outros estudantes para com eles e de atitudes violentas (verbais, ou até mesmo físicas) dos jovens pesquisados para com outros jovens estudantes e professores, fizeram também parte da experiência escolar, como forma de lidar com essas situações de constrangimento, raiva e revolta vividas durante a medida de semiliberdade.

Outra tensão vivida por eles estava relacionada aos novos sentidos que o trajeto para a escola foi ganhando durante a experiência da medida. O trânsito entre Casa de Semiliberdade- escola e escola-Casa de Semiliberdade se tornou o espaço-tempo para poder fazer “as coisas” que eram proibidas dentro da Casa, como, por exemplo, fazer uso de drogas lícitas e ilícitas. Mas, também era o momento de manter minimamente os seus vínculos externos, os vínculos do “mundão”. A expressão “trombar alguém” utilizada pelos jovens, ao contarem sobre esse tempo do trajeto, se mostrou, na análise, uma indicação de que a relação com a escola foi ressignificada. A partir desse tempo do trajeto, os jovens pesquisados conseguiram criar

estratégias para cumprirem, bem como possibilitou administrar seus pequenos períodos de liberdade cotidiana, mantendo, assim, suas redes de contato e algumas práticas ilícitas ligadas ao contexto social em que estavam inseridos, caracterizado nesta pesquisa pela metáfora “envolvido” - abordada na seção anterior.

No segundo caso apontado, que diz respeito à relação direta entre jovens e escola, o aspecto da tensão e do conflito também foi expresso, porém, através das dificuldades que os jovens relataram em relação aos estudos ‒ de gostar de estudar e perceber o estudo como algo importante para a vida deles. Assim, também contaram sobre as dificuldades para aprender sobre algumas “matérias” dadas na escola, de conseguirem realizar as tarefas solicitadas. Em alguns momentos, falaram sobre a relação distante e tensa com a maioria dos professores, muito embora não se possa afirmar que esse era o único aspecto vivido na relação jovem- professor. Nesse sentido, foi possível inferir que havia uma precariedade no atendimento da política socioeducativa em relação ao acompanhamento e desenvolvimento escolar dos jovens pesquisados.

Assim, a dimensão da escola na experiência da Casa ganhou novos sentidos e significados, a partir da visão dos jovens entrevistados, mas, continuou se constituindo como uma relação de risco e incerteza na vida dos jovens, uma vez que o sentido do estudo e as possibilidades concretas para a construção de novas perspectivas de vida a partir da trajetória escolar ainda permaneceram frágeis, duvidosas e distantes da realidade desses jovens. A relação com a escola na experiência dos jovens foi, mais uma vez, reforçada como um mecanismo de controle do Estado, aqui representado pela MSE de semiliberdade. Qualquer deslize de conduta e moral que o jovem tivesse durante a medida, poderia transformar o direito à escola em uma punição para os jovens, reforçados nas estratégias de exclusão convencionalmente aceitáveis – como a suspensão, expulsão, mudança do jovem para outra escola –, que realimentavam a relação de descrença no jovem e do jovem para com a escola, bem como deixava falar mais alto novamente a perspectiva moralizante da experiência da medida, no âmbito da dimensão escolar.