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Para compreender as primeiras intervenções do que viria a ser o FNDC, é necessário, antes, fazer um apanhado, ainda que breve, do que foi o processo da Constituinte de 1988 (no que diz respeito à comunicação social) – desde a queda do regime militar até a promulgação em si da nova Constituição, até a primeira grande reformulação do CBT, em 1997, quando é aprovada a Lei Geral de Telecomunicações (LGT), durante o primeiro governo Fernando Henrique Cardoso e dois anos após a chegada e regulamentação da televisão segmentada pela chamada Lei do Cabo. A mudança no mercado publicitário, provocada pela chegada da TV a cabo, aliás, seria a única que traria mudanças para o setor de radiodifusão aberta (rádio e televisão). No campo da regulação, mais uma vez o setor passou ao largo de ser submetido a uma legislação que pudesse limitar os interesses comerciais dos conglomerados de mídia, como veremos adiante.

Como vimos, a implantação da comunicação eletrônica de massa no Brasil seguiu a via do uso privado desde sua implantação, passando ao modelo comercial poucos anos depois da inauguração da primeira estação de rádio. Além disso, em todos os momentos em que algum tipo de regulamentação foi proposto, houve uma grande pressão por parte das empresas de radiodifusão sobre as instâncias legislativas, tensionando-as cada vez que se propunham limites para a sua atuação, expansão ou monopolização dos meios de comunicação. Já durante os períodos ditatoriais, com o fechamento das casas legislativas e a regulamentação concentrada nas mãos dos regimes, as empresas comerciais já estabelecidas encontraram terreno fértil para expandir seus domínios.

Vimos ainda que o modelo comercial de comunicação de massa que se desenvolveu no Brasil teve grande importância para a expansão da acumulação de capital em todos os períodos pós-crise do Séc. XX. Foi assim que, pela via da publicidade, a Indústria Cultural e o Capitalismo Monopolista puderam se desenvolver mutuamente e avançar em relação à crise da década de 1960 e iniciar uma nova etapa de acumulação de capital. Ao final do regime militar no país, a Indústria Cultural brasileira estava plenamente implantada e em fase ascendente.

pelo fim das restrições aos meios de comunicação – restrições que, como dissemos acima, não impediram a expansão da Indústria Cultural, embora houvesse atuado fortemente no controle das mensagens veiculadas e imposto pesadamente a censura. Isto quer dizer que era preciso afirmar o reconhecimento do direito à informação, mesmo diante de uma estrutura fortemente consolidada como a da Indústria Cultural e, é bom que se lembre, no Capitalismo Monopolista.

A partir da década de 1980 temos, no Brasil, a produção de uma grande quantidade de documentos que tratam da questão específica do setor das comunicações. São propostas de políticas públicas tanto oficiais, produzidos por organismos internacionais (por exemplo, o Relatório Macbride, produzido por uma comissão da Unesco), quanto proposições de partidos políticos e entidades representativas. Pereira (1987, p. 13) observa que, nesse período, “há propostas objetivas de várias instituições, todas procurando resgatar práticas de efetiva democracia política a partir ou com a democratização da comunicação”.

O autor faz um levantamento das principais propostas elaboradas no período pré- constituinte e destaca dois documentos produzidos por iniciativa da Federação Nacional dos Jornalistas (Frente Nacional de Luta por Políticas Democráticas de Comunicação, em julho de 1983 e; Propostas para uma Política Democrática de Telecomunicações, apresentada ao presidente Tancredo Neves); um documento produzido a partir do encontro de intelectuais e artistas com Tancredo Neves, em 1984 (Encontro com Tancredo pela

Democracia); um documento produzido pelo Centro de Comunicação e Cultura (CEC), de

Brasília, em 1984, solicitado pelas lideranças políticas que assessoravam Tancredo (A

Transição Política e a Democratização da Comunicação Social: Alternativas para Ação de um Governo Democrático); um documento redigido pela Conferência Nacional dos

Bispos do Brasil (CNBB), divulgado em 1986, com o título Exigências Cristãs de uma Nova

Ordem Constitucional; e três documentos produzidos pelo Partido do Movimento

Democrático Brasileiro (PMDB) entre os anos de 1983 e 1984 (Proposta de Governo –

Comunicações, trata-se do capítulo XII do documento A Nova República, apresentado por

um grupo de parlamentares do PMDB, no final de 1984; Política de Comunicação e

Democracia, traz as conclusões do Seminário organizado pela Comissão de Divulgação e

Propaganda do PMDB de São Paulo, em dezembro de 1985 e; Por uma comunicação

democrática, que é parte do relatório final do 1º Congresso Nacional do PMDB, em agosto

Analisando os documentos, Pereira (idem, p. 14) observa que

Há um traço comum nestas proposições; a necessidade de modificação do atual modelo, considerado concentrador, monopolista e anti-popular, voltado unicamente para o econômico, sem considerar o poder de desenvolvimento nacional, a partir de acesso e democratização concretos.

A resposta do Estado para essas propostas só viria a partir da Constituição de 1988 e, posteriormente, com novos decretos presidenciais modificando a regulamentação do setor, até a promulgação da LGT em 1997. A Assembléia Constituinte, no entanto, pouco avançou em relação à legislação já em vigor, ao passo que a LGT deixou de fora a regulamentação dos setores de rádio e televisão abertas, tendo englobado somente as telecomunicações e a televisão segmentada (TV a cabo). Em ambos os casos, a atuação dos empresários de mídia foi decisiva para manter seus domínios à margem de uma intervenção legal minimamente democratizante.

Vale lembrar, como já dissemos, que as restrições impostas pelos regimes ditatoriais brasileiros do século XX (Era Vargas, de 1937-45; ditadura militar, de 1964-85) não impuseram qualquer limitação para o desenvolvimento comercial privado da Indústria Cultural – ao contrário, proporcionaram a conjuntura perfeita para sua instalação, uma vez que qualquer possibilidade de debate a esse respeito estava interditado pela ação repressora do Estado.

Assim, é importante salientar que, embora tenha havido, ao longo do século XX, um certo tensionamento entre o Estado e as empresas de comunicação (marcadas por períodos alternados de censura e restrição aos meios por um lado e liberação da livre iniciativa por outro)29, o que se vê a partir da reabertura política é uma cumplicidade entre Estado e Indústria Cultural no tocante à regulamentação que seria adotada a partir de então.

A partir de 1991, as entidades participantes das frentes de luta pela democratização da comunicação se reúnem sob o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, numa tentativa de convergir e organizar a intervenção sobre as políticas de comunicação que se haviam mantido ao longo do século XX. Entre as ações do FNDC, constam a produção e divulgação de documentos (cartilhas, cartas abertas, resoluções, revistas etc.), ora mais

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simples, ora mais robustos, que sintetizam a concepção de políticas de comunicação democráticas das entidades que o compõe.

Em linhas gerais, o desenvolvimento desse capítulo nos permitiu situar o domínio de memória (DMem) das Condições de Formação da FD de referência, conforme indicamos no início do capítulo. A importância desse desenvolvimento está em que se trata de um corpus dissimétrico, conforme pontuamos no capítulo anterior, que comporta sequências discursivas de uma FD com a qual a FDR se contrapõe.

No próximo capítulo, faremos a análise da sequência discursiva de referência (sdr)30 e ainda daquelas sequências que complementam o corpus de nossa pesquisa, para compreender os efeitos de sentido produzidos pelo DDCom nessa conjuntura sócio-histórica em que é produzido, bem como da polissemia de seu programa e de como esses efeitos de sentido são apropriados e ressignificados pelos movimentos sociais no começo do século XXI, com a ascensão do Partido dos Trabalhadores ao governo federal, produzindo deslocamentos na posição sujeito da referente à formação discursiva de referência.

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3 O DISCURSO DA DEMOCRATIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO: LIMITES, CONTRADIÇÃO E EFEITOS DE SENTIDO

Há uma infinidade de discursos das mídias circulando. Discursos produzidos pelos meios de comunicação de massa (MCM) e pelas pequenas mídias, discursos sobre as mídias e suas implicações no desenvolvimento histórico da humanidade, partindo de uma infinidade de formações ideológicas e materializados no funcionamento de outra infinidade de formações discursivas. Praticamente todas as esferas da atividade humana têm algo a ver ou algo a dizer sobre as mídias.

Retomando o pensamento de Pêcheux, quando se refere ao conjunto complexo dos aparelhos ideológicos de Estado (2009, p. 131), vemos que o autor afirma que se trata de um conjunto complexo em que uma formação ideológica sempre exerce a condição de dominante em uma relação de contradição-desigualdade-subordinação com as demais formações ideológicas de uma dada formação social. Daí a caracterização de todo complexo com dominante das formações ideológicas (idem, p. 134). A partir disso, pensamos ser válido apontar que, atualmente, o aparelho ideológico dominante é a mídia31.

Ressaltamos que não fazemos este apontamento como uma exaltação ao campo das mídias – para isto já circulam por aí estudos de uma infinidade de entusiastas, maravilhados com o desenvolvimento tecnológico dos meios de comunicação, como se, ao contrário de reforçar a concentração dos meios de produção (o que é um fato, basta verificar a quantidade de fusões e aquisição entre empresas do setor de comunicações, por exemplo) e a propagação da ideologia dominante, tal desenvolvimento tecnológico viesse a ser o elo perdido que faltava à emancipação humana.

Ao contrário, queremos com isso frisar a importância de produzir estudos que permitam desvelar a atuação dos meios de comunicação e suas consequências na sociedade capitalista contemporânea, apontando os limites e possibilidades de efetivação das propostas existentes, dessa forma contribuindo para o aperfeiçoamento da atuação dos movimentos sociais pautados nas mudanças do campo da comunicação no Brasil.

31 Nos Capítulo 1 e 2, esclarecemos os motivos que nos levam a afirmar que a mídia tem um duplo caráter, de

É com esse intuito que optamos por construir um corpus dissimétrico (ou com dominante), onde verificaremos os efeitos de sentido produzidos pelo Discurso da Democratização da Comunicação (DDCom) e as relações de construção de sentido que decorrem da relação de contradição-desigualdade-subordinação entre a FDR e a Formação Discursiva dos Media32 – uma relação em que a FD dos Media é dominante em relação à Formação Discursiva da Democratização da Comunicação. A escolha da forma de corpus dissimétrico se deve à nossa avaliação de que, entendida a relação com o discurso dominante, poderemos avançar com maior clareza no entendimento do discurso dos movimentos sociais pela democratização da comunicação, seus avanços, limitações e possibilidades de efetivação.

Para tanto, consideramos válido iniciar este capítulo fazendo a análise do discurso sobre o controle público da comunicação, uma das principais plataformas de luta para se atingir a democratização da comunicação no país, segundo o FNDC, mas que, no discurso dos

Media, representa uma forma de censura à liberdade de expressão e imprensa. No decorrer

das análises, abordaremos também as possibilidades de escolha dos interlocutores do discurso midiático (os telespectadores, leitores, ouvintes etc.) como decorrência de uma determinada concepção de controle sobre a produção midiática.

Analisaremos o discurso a respeito da democracia e sua radicalização, plataforma central do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), além de tocar na problemática da centralidade da comunicação/mídia/linguagem na organização da sociabilidade contemporânea – tese amplamente defendida pela quase totalidade das teorias da comunicação, inclusive aquelas que se colocam como pertencentes ao campo da teoria crítica e que servem também como base teórica para os movimentos de democratização da comunicação.

Seguindo o que afirmamos sobre a constituição de um corpus dissimétrico ou com dominante, o nosso corpus está constituído por duas cartas-programa e uma cartilha produzidas pelo FNDC33 e por uma peça publicitária de um canal televisivo do Brasil.

32 Em nosso trabalho, optamos por utilizar a palavra mídia, em português, para nos referirmos à totalidade dos

meios de comunicação. A FD dos Media (em latim) se refere à formação discursiva dos grandes meios de comunicação, isto é, conglomerados midiáticos de rádio, televisão, impressos e internet. No decorrer do capítulo explicaremos nossa opção por essa diferenciação e denominação das respectivas formações discursivas.

33 Os três documentos constam nos anexos 2, 3 e 4. Estão disponíveis também no site do Fórum Nacional pela

Os documentos do FNDC são 1) Bases de um programa para a democratização da comunicação no Brasil, de 1994, apresentado e aprovado na V Plenária do Fórum; 2) Programa do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação por uma Política Pública de Comunicação Social e; 3) Democratização da Comunicação, cartilha nº 3.

Para os fins desse trabalho de análise, como já dissemos, selecionaremos nesses documentos uma série de sequências discursivas que nos permitam alcançar os efeitos discursivos produzidos pelas propostas do Discurso da Democratização da Comunicação. Vale lembrar que, em Análise do Discurso, a constituição do corpus e a seleção das SDs constituem já a primeira etapa da análise, como uma pré-seleção daquilo que deverá possibilitar o desvelamento dos sentidos produzidos por tal discurso.

Completando o nosso corpus, trabalhamos com uma peça publicitária que tem como signatária a Rede Globo de Televisão, cuja afiliada, em Alagoas, é a TV Gazeta (Organização Arnon de Melo). O anúncio trata do índice de audiência dos programas humorísticos da referida empresa de comunicação no período de 12 a 18 de outubro de 2009 e foi veiculada no dia 28 de outubro de 2009, na página A8 do jornal Gazeta de Alagoas. O jornal que veicula a propaganda é do mesmo grupo da TV Gazeta (Organização Arnon de Melo), afiliada da Rede Globo de Televisão.

Investigamos e esclarecemos também, a partir da análise dessa peça publicitária, o funcionamento do discurso dos MCM a respeito das reivindicações feitas pelos movimentos sociais de luta pela democratização da comunicação. Demonstramos também como o discurso dos MCM, além de se posicionar no confronto ideológico sobre o controle público dos meios de comunicação, trabalha com os sentidos de controle e de qualidade, a partir de uma pesquisa de audiência sobre programas humorísticos na televisão brasileira, para arregimentar anunciantes para o horário de tais programas.

Abaixo trazemos o quadro das 37 sequências discursivas analisadas nesse capítulo, organizadas e numeradas na ordem em que são analisadas.

SD1

A luta pela democratização da comunicação passou a ser encarada como um esforço que deve ser permanente, como uma atitude a ser despertada nos cidadãos, estimulada na sociedade, compreendida no setor privado e impulsionada pela ação do Estado, de

modo que, com esse enfoque, se tem uma única certeza: nunca teremos uma plena democratização da comunicação. (FNDC, 1994, p. 3)

SD2

O alcançável é um determinado grau de democratização que será, permanentemente, recorrente ao estágio de desenvolvimento tecnológico, e ao conflito entre as distintas vontades. (FNDC, 1994, p. 3 – grifo dos autores)

SD3

A singela novidade do Fórum é a compreensão de que estes objetivos podem ser alcançados de muitas maneiras, inclusive diferentes das propostas iniciais. Isto é, um programa é um todo que tenta ser completo, mas sem deixar de ser flexível. Propõe o novo e se abre para novas possibilidades. Um programa é um meio condutor de

finalidades estratégicas que, entretanto, pode igualmente se realizar de muitos

modos, sem deixar de alcançar suas finalidades. (FNDC, 1994, p. 3 – grifo dos autores)

SD4

Eram formulações imbuídas, principalmente, de um enfoque meramente contrapositivo, oposicionista e "negativo", privilegiando as denúncias em detrimento das proposições e identificação de novas possibilidades. Prevalecia, entre setores de esquerda - e mesmo entre setores liberais que se preocupavam com as questões da comunicação no Brasil - a concepção de que, em última instância, só a "conquista do Estado" proporcionaria os meios necessários para a profundidade das transformações pretendidas que, aliás, nunca eram claramente formuladas. A luta precedendo a "conquista do Estado", portanto, era caracterizada como um simples momento de contraposição. (FNDC, 1994, p. 2)

SD5

Para se constituir como uma nação substantivamente democrática, para caminhar no sentido da humanização, o Brasil deve deflagrar um processo civilizatório a partir do controle público dos meios de comunicação de massa. (FNDC, 1994, p. 4)

SD6

Parece mágica, mas é compromisso: com os telespectadores, os anunciantes, o país. (GAZETA DE ALAGOAS, 2009, p. A8)

SD7

O telespectador se diverte. Mas, para conseguir a qualidade que ele exige, a Globo trabalha sério. (GAZETA DE ALAGOAS, 2009, p. A8)

SD8

O telespectador escolhe o HUMOR da Globo porque a Globo escolhe sempre a qualidade. (GAZETA DE ALAGOAS, 2009, p. A8)

SD9

O telespectador está no controle: e ele quer qualidade. (GAZETA DE ALAGOAS, 2009, p. A8)

A8)

SD11

Cabe ressaltar que um dos principais objetivos, que perpassa toda esta elaboração, é a construção do controle público sobre o conjunto dos sistemas de comunicação. (grifo dos autores)

SD12

Para se compreender o conceito que se quer constituir é preciso superar o sentido adjetivo e o uso vulgar da palavra controle no senso comum, seguidamente usada com uma conotação negativa e associada a autoritarismo. (FNDC, 1994, p. 4 – grifo dos autores).

SD13

No que se refere aos sistemas de comunicações, o principal objeto do controle

público será o seu conteúdo, a essência do que os meios produzem e veiculam.

(FNDC, 1994, p. 5 – grifo dos autores)

SD14

Sejam estes submetidos a formas privadas, estatais ou mistas, os meios de comunicação sempre cumprem funções que são objeto de interesse público. E o

controle público deve ser um fator de configuração desta natureza pública. (FNDC,

1994, p. 5 – grifo dos autores)

SD15

Estabelecer formas de controle público sobre os meios de comunicação de massa - sendo controle aqui entendido como um processo eminentemente político, não burocrático, formalista ou censório - como condição para orientar as decisivas determinações do conteúdo destes meios no desenvolvimento da cultura e da democracia no país. (FNDC, 1994, p. 8 – grifo dos autores)

SD16

Estas novas relações pretendem revolucionar as bases do poder real, neste país, com a

superação da mistificação do Estado como encarnação onisciente e onipotente da

universalidade e detentor exclusivo do monopólio da representação do Público. (FNDC, 1994, p. 9 – grifo dos autores)

SD17

Estas transformações serão buscadas com o estabelecimento de relações multilaterais, nas quais se destaca um sistema de mediações institucionais que deverá permitir a

interação da sociedade com o Legislativo, com os órgãos administrativos do

Governo Federal, com as "entidades pensantes" do Estado, com a representação do setor privado e com as massas de consumidores de meios de comunicação. (FNDC, 1994, p. 9 – grifo dos autores)

SD18

Estão obstruídas as instituições mediadoras - como o Conselho de Comunicação Social, órgão auxiliar do Congresso Nacional, previsto na Constituição - que poderiam tornar sistemáticas as relações entre o Estado, o setor privado e a sociedade

na abordagem de questões sobre a área das comunicações, de modo a tornar democrática e legítima a formulação de políticas públicas. (FNDC, 1994, p. 7)

SD19

O Brasil, quarto maior país do mundo em população, quinto maior em área, a décima economia do mundo, precisa, urgentemente, dos meios de comunicação de massa para desenvolver uma cultura nacional, recuperar sua auto-estima, impulsionar sua economia e serviços de interesse público, superar seus desequilíbrios e projetar-se como potência mundial. (FNDC, 1994, p. 1)

SD20

Só com premissas revolucionárias o Brasil alcançará a condição de enfrentar um contexto internacional adverso e ir mais longe do que o levaram os impulsos desenvolvimentistas iniciados nas décadas de 30 e 60, que adotaram premissas conservadoras. (FNDC, 1994, p. 1)

SD21

As transformações que se impõem, na área da comunicação – com uma recomposição do papel do Estado, da sociedade e do setor privado – são necessidades estratégicas para o desenvolvimento do país. (FNDC, 1994, p. 1)

SD22

As entidades integrantes do Fórum Nacional pela Democratização da

Comunicação, reunidas de 29 a 31 de julho de 1994, em Salvador, aprovaram este

documento para servir como referência na interlocução junto ao Estado, aos partidos políticos e à sociedade civil. (FNDC, 1994, p. 1)

SD23

A abordagem desenvolvida nesta proposta de programa procura sistematizar criticamente o acúmulo produzido na trajetória dos movimentos pela democratização da comunicação. Também busca assimilar inúmeras elaborações da área acadêmica e absorver elementos do conhecimento que se gera no mercado. Estas duas fontes de contribuição, até agora, têm sido pouco usadas na fundamentação da luta pela democratização da comunicação. Combinou-se formulações mais abstratas com a indicação de medidas concretas para alcançar os objetivos. O resultado desta