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2.3 O CAMPO – CONTEXTOS E SUJEITOS DA PESQUISA

2.3.3 Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA

A Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) nasceu como Fundação Municipal na Cidade de Sobral, no estado do Ceará, através da Lei nº214 de outubro de 1968. Tendo sido encampadas pelo governo do estado do Ceará, suas faculdades foram transformadas em autarquia pela Lei nº10.933, de 10 de outubro de 1984, e em 5 de outubro de 1989, após promulgação da Constituição do estado do Ceará, passou a ser Fundação. Por meio da Portaria Ministerial nº 821 de 31 de março de 1994 foi finalmente reconhecida a Fundação de Universidade Vale do Acaraú. Sua sede encontra-se na cidade de Sobral, no estado do Ceará, mas seus cursos estão em funcionamento em outros estados brasileiros das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, entre os quais o Maranhão.

No estado do Maranhão, sua história iniciou no ano de 2000, com o apoio técnico e administrativo do Instituto de Desenvolvimento Educacional do Maranhão (IDEM), momento no qual são criados alguns cursos. O primeiro a ser implementado foi o curso de Licenciatura em Pedagogia, que teve início no ano 2003. No ano seguinte, o curso de Bacharelado em Ciências Contábeis, e em 2006 tiveram início os demais cursos de Graduação Tecnológica em Processos Gerenciais; Graduação Tecnológica em Recursos Humanos e Graduação Tecnológica em Marketing.

O curso de Pedagogia, na capital São Luís, funciona nos três turnos. Para quem ingressou até o segundo semestre de 2010, a sua duração era de 3 anos e meio. Somente a partir de 2011 a duração passa para 4 anos.

De acordo com o documento de orientação para os alunos ingressantes na instituição (UVA), o qual nos foi fornecido para retirar tais informações, o curso de Licenciatura em Pedagogia tem como função primordial promover a formação de docentes

para atuar na Educação Infantil e anos iniciais do ensino fundamental, nos cursos Normal com disciplinas pedagógicas, supervisão escolar, Inspeção Escolar e Orientação Educacional.

No que se refere à alfabetização, o curso oferece uma disciplina – Métodos e Técnicas da Alfabetização – com carga horária de 40 horas. De acordo com o Plano de Ensino da referida disciplina que nos foi repassado pela Instituição, os temas de alfabetização presentes na ementa são os seguintes: Estudo da Alfabetização: história, métodos e técnicas que envolvem o processo de construção e aquisição da leitura e da escrita. Análise das estruturas materiais para o processo de alfabetização (Plano de ensino da disciplina métodos e técnicas da alfabetização).

Na Universidade Vale do Acaraú (UVA), ligada ao Instituto de Desenvolvimento Educacional do Maranhão (IDEM) com sede em São Luís - MA, o curso de Pedagogia oferece em sua estrutura curricular uma disciplina com carga horária de 40 horas para tratar da especificidade da alfabetização.

Definido o campo-contexto, as instituições com seus cursos de Pedagogia, os sujeitos de nossa investigação foram definidos considerando serem professores-formadores que atuam nos cursos de Pedagogia das instituições descritas anteriormente, com disciplinas que tematizam, de modo específico, o processo de alfabetização.

Em que pese termos três instituições, os sujeitos de nosso estudo são em número de 4 (quatro), tendo em vista que na Universidade Federal do Maranhão (UFMA) há duas professoras que trabalham diretamente com as disciplinas de alfabetização, uma com turmas do turno vespertino e outra com turmas no noturno, conforme esclareceremos a seguir.

O quadro abaixo apresenta as principais informações referentes ao perfil dos entrevistados. Essa síntese foi elaborada a partir do quadro referente ao perfil dos entrevistados conforme exposto no Apêndice 2.

Quadro 2 – Perfil dos Sujeitos – Professores Formadores Formadores Idade/ Sexo Regime de trabalho Formação inicial Continuada Tempo de experiência com docência Tempo de docência na IES Tempo de Experiência na disciplina Alfabetização Formadora 1 (UEMA) 43 anos (Fem) 40h Pedagogia Mestrado Educação Educação Básica – 14 anos 13 anos 9 anos Formadora 2 (UFMA) 45 anos (Fem) Dedicação Exclusiva Pedagogia Doutorado Educação Educação Básica – 9 anos 15 anos 10 anos Formadora 3 (UFMA) 58 anos (Fem) Dedicação Exclusiva Pedagogia Doutorado Educação Educação Básica – 16 anos 23 anos 21 anos Formador 4 (UVA) 36 anos (Mas) 20h Letras e Pedagogia Especialista em alfabetização

6 anos 6 anos 6 anos

Fonte: Elaborado pela autora

De acordo com as informações no quadro acima, é importante destacar que dos quatro sujeitos entrevistados apenas um é do sexo masculino e os demais são do sexo feminino. A designação simplificada dos sujeitos por número, além de obedecer a lógica de execução das entrevistas, os próprios sujeitos foram favoráveis a essa forma de designá-los no trabalho. Assim, o formador 1 refere-se ao primeiro que foi entrevistado. Vale ressaltar que os nomes reais dos entrevistados foram omitidos para fins de preservação de suas identidades.

Como podemos observar, o grupo apresenta uma faixa de idade compreendida entre 36 e 58 anos, correspondendo ao que poderíamos identificar como maturidade etária e possível maturidade profissional, o que observamos também nos dados relativos à formação e ao tempo de exercício de docência e, especificamente, na disciplina, fatores que podem configurar-se como determinantes importantes na constituição de seus sentidos relativos à formação de professores alfabetizadores em cursos de Pedagogia.

Sobre o regime de trabalho, alguns indícios apontam para refletirmos sobre as condições em que realizam suas atividades docentes, pois essa variável tem fortes relações com a qualidade do trabalho desenvolvido e seus desdobramentos. Há um elemento importante de ser analisado, pois apenas duas professoras entrevistadas trabalham em regime de dedicação exclusiva (Universidade Federal). Os outros dois, além de não terem dedicação

exclusiva, exercem outras funções docentes na educação básica – como coordenador pedagógico e outro como gestor de escola. Portanto, precisam conciliar a docência em curso superior como Formadores de Professores em Curso de Pedagogia com atividades profissionais na Educação Básica, em cargos de gestão. Tal fato pode sugerir, ainda que não de modo determinista, menores possibilidades de inserção na prática e aprofundamento de questões relativas à alfabetização e, consequentemente, referentes à docência para alfabetizar. Do mesmo modo, a condição apontada por dois de nossos professores pode indicar impossibilidades de inserção e aprofundamento de conhecimentos em relação ao campo- temática – a alfabetização – visto que as outras ações que realizam, concomitantemente, demandam tempo e esforço em focos diferenciados.

Dentre outros aspectos, questionamos o fato do tempo ser restrito para desenvolver atividades para além de sala de aula, as quais envolvam ensino, pesquisa e extensão, o tripé de sustentação do ensino superior. Sabemos que atuar nesse nível de ensino envolve especificidades definidas por sua natureza e finalidade social: a formação de profissionais pelos sujeitos que atendem: jovens e adultos em formação para o trabalho; pelos conteúdos e procedimentos-estratégias pedagógicos e didáticos diferenciados em função da etapa, dos sujeitos e dos conteúdos.

Sobre a formação inicial, todos os entrevistados possuem formação em Pedagogia e um deles possui formação também em Letras (sendo este último o formador 4). Dois deles, os mesmos que trabalham em regime de dedicação exclusiva, têm doutorado (Formadoras 3 e 4). Os outros dois, no caso a formadora 1 tem formação em nível de mestrado e o formador 4 tem especialização. Assim, vemos que, enquanto a formação inicial é comum a todos, a formação em nível de pós-graduação, fator que também podemos relacionar às condições em que o docente realiza suas funções pedagógicas em nível superior, é bem diferenciada, sobretudo quando relacionamos a formação, o regime de trabalho e a concomitância de funções em instituições e etapas diferenciadas. Tais especificidades podem trazer diferenças na prática, ainda que não determinado de modo exclusivo, visto que há uma multiplicidade de fatores que interagem em dinâmica complexa e, por vezes, contraditória, no desenvolvimento da prática pedagógica e, mais ainda, em seus desdobramentos. Assim, se sabemos que a titulação não é garantia de práticas efetivas e consequentes, sua ausência não deixa de dar indícios de possibilidades diferenciadas de atuação.

Com relação ao tempo de experiência com a docência, vemos, de início, que um dos professores tem seis anos de atuação no Ensino Superior, sendo que os outros têm acima de treze e até vinte e um anos de serviço nessa etapa. Já com relação ao tempo na disciplina, dois deles atuam há seis anos, enquanto os outros têm mais de uma década de experiência com a disciplina, inclusive um com mais de 21 anos. Esse tempo indicia experiência e inserção na área e possíveis diferenças não apenas vinculadas ao tempo, como categoria isolada, visto que o tempo em diferentes experiências pode articular-se de modo diferente. Enquanto uns revelaram que a atuação na Educação Básica – Educação Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental – era decisiva para o desempenho na disciplina no Ensino Superior, isso pode não ser válido para outros.

Sobre outras atividades exercidas atualmente na instituição superior onde atuam, de um modo geral, todos os Professores apontaram que desenvolvem atividades em grupos de estudo voltados para a área de alfabetização e, mais especificamente, uma das entrevistadas afirmou que desenvolve atividades em um projeto de extensão com foco nessa área.

Portanto, trabalhamos com 4 professores-formadores, sendo 3 do sexo feminino e 1 do sexo masculino. Todos com formação em Pedagogia e desenvolvendo estudo e atividades na área de alfabetização, nas IES em que atuam.

Definido o campo-contexto e os sujeitos, o movimento de construção conduziu- nos a estabelecer os instrumentos condizentes com a abordagem de pesquisa que definimos com a orientadora desse trabalho, os quais devem, acima de tudo, possibilitar a produção de situações de interações em que os sujeitos possam enunciar seus sentidos acerca das temáticas que focalizamos como objeto de nosso estudo.