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A USINA HIDRELÉTRICA DE AIMORÉS (UHE-AIMORÉS) E O DESLOCAMENTO DA POPULAÇÃO DE ITUETA

CAPÍTULO 3: CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

3.4 A USINA HIDRELÉTRICA DE AIMORÉS (UHE-AIMORÉS) E O DESLOCAMENTO DA POPULAÇÃO DE ITUETA

ITUETA

3.4.1. Breve histórico da UHE- Aimorés

A UHE-Aimorés se constitui num empreendimento localizado na cidade mineira de Aimorés, próximo à divisa com o estado do Espírito Santo, situado no trecho médio do rio Doce. A UHE-Aimorés é formada pelo Consórcio estabelecido entre a Companhia Vale do rio Doce – CVRD32, com 51% de participação de capital e a Companhia Energética de Minas Gerais – CEMIG, com 49% da participação.

Foram realizadas pesquisas de campo na região, desde 1997, o que fica constatado no Estudo de Impacto Ambiental – EIA, para estudo da viabilidade de implantação do empreendimento. No entanto, a UHE-Aimorés teve sua obra iniciada em 2001 e concluída em 2004 quando do enchimento do reservatório de água formado pelo represamento das águas do rio Doce na cidade de Aimorés.

A área de influência da UHE-Aimorés, além de Aimorés, compreende os municípios mineiros de Resplendor e Itueta, localizados a montante da barragem, como pode ser visualizado através da Figura 18. A sede do município de Baixo Guandu, no Espírito Santo apesar de não ter sido incluída na área de influência do empreendimento foi incluída nos estudos ambientais

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pela proximidade com o empreendimento. A casa de força da UHE-Aimorés foi construída no distrito de Aimorés, Santo Antonio do Rio Doce, que faz divisa com Baixo Guandu, ES.

Figura 18: Área de influência da UHE-Aimorés.

Fonte: RIMA, 1998. Org. COELHO, (2011).

A UHE-Aimorés, além de sua área de influência, também delimitou uma área intitulada ADA - Área Diretamente Afetada, que compreendeu a antiga sede do município de Itueta e uma parte da sede municipal de Resplendor, MG, conforme apontado no EIA (1998). Em relação aos municípios apontados na área de influência da UHE-Aimorés, ficou definido pelo EIA (1998) que critérios foram levados em conta para a definição dessa área de influência. Dessa forma, o EIA (1998) estabeleceu que:

Para o Meio Socioeconômico e Cultural, a delimitação da Área de Influência segue os procedimentos usuais em estudos ambientais de empreendimentos hidrelétricos, sendo definida como o conjunto dos municípios que terão parte de seu território afetado pela formação do reservatório ou localização das obras de engenharia – áreas de empréstimo, acampamentos, canteiro de obras, canal de adução, diques, casa de força, entre outras (EIA, 1998, p. 4.1).

Segundo informativos produzidos pelo próprio Consórcio, a produção de energia da UHE-Aimorés contribuiria para a redução da carência do sistema elétrico brasileiro. Ironicamente, esses informativos intitulam a UHE-Aimorés como promotora do “progresso” na região afetada pelo empreendimento. Dessa maneira, os referidos prospectos enfatizam que a energia gerada pela UHE-Aimorés forneceria “condições” para que pequenas e médias empresas se instalassem na região, além de garantir “energia de qualidade” para a comunidade.

O processo de licenciamento ambiental da UHE-Aimorés teve início no ano de 1997, tendo a Fundação Estadual de Meio Ambiente de Minas Gerais – FEAM, dado os primeiros passos para a orientação e concretização do Estudo de Impacto Ambiental – EIA e seu respectivo Relatório de Impacto Ambiental – RIMA.

Esse processo foi direcionado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais – IBAMA, pelo fato da UHE-Aimorés se situar num rio que abrange mais de um estado da federação, nesse caso, Minas Gerais e Espírito Santo.

Recebidos os documentos para análise, o IBAMA procedeu a uma fiscalização em campo. Em seguida, efetuou a programação para a realização da Audiência Pública conforme previsto na Legislação Ambiental pertinente. Com isso, em

fevereiro do ano 2000, foram realizadas as duas reuniões, uma em Itueta, em primeiro de fevereiro, e a outra no dia dois, do mesmo mês, ocorreu em Baixo Guandu. Depois da realização da Audiência, o IBAMA reuniu as informações coletadas nas reuniões e deu encaminhamento aos estudos conclusivos sobre a análise do EIA e do RIMA, para em junho de 2000 conceder a Licença Prévia do empreendimento.

Segundo o EIA (1998), a resolução CONAMA nº 006 estabelece os critérios que formalizam todo o processo de licenciamento ambiental de empreendimentos como esse da UHE-Aimorés. Dessa forma, em seu artigo 4º determina que a obtenção da Licença Prévia ocorrerá a partir dos encaminhamentos feitos com base nos estudos de viabilidade, o Estudo de Impacto Ambiental – EIA e seu respectivo RIMA. Portanto, após o cumprimento de todas as ações estabelecidas em lei, o IBAMA concedeu a licença de instalação da UHE- Aimorés em junho de 2001.

Em seguida, o consórcio empreendedor deu início à elaboração do Plano de Controle Ambiental (PCA), documento que detalha os planejamentos previstos para serem desenvolvidos durante as fases de implantação e operação da Usina. De acordo com o EIA (1998), tem-se 27 (vinte e sete) diferentes programas ambientais destinados a minimizar e compensar os impactos decorrentes da Usina. Estes programas e seus respectivos custos de implantação podem ser visualizados na Tabela 11.

Tabela 11: Programas Ambientais da UHE-Aimorés

PROGRAMAS AMBIENTAIS VALOR (R$)

1. Gerenciamento Ambiental 2.865.720,00 (1) 2. Comunicação Social 86.460,00 3. Educação Ambiental 137.500,00 4. Relocação de Itueta 5.864.480,00 5. Relocação Parcial de Resplendor 6.296,206, 00 6. Negociação com os Proprietários e Famílias Residentes na área

Rural

2.439,190, 00

7. Recomposição da Infra-Estrutura Econômica e Social 23.860.682,90

8. Apoio aos Núcleos Urbanos de Aimorés, Baixo Guandu e Santo Antonio do Rio Doce

PROGRAMAS AMBIENTAIS VALOR (R$)

9. Implantação da Infra-Estrutura de Saneamento no Canteiro de Obras (2) 10. Salvamento do Patrimônio Arqueológico 168.960,00 11. Vigilância Epidemiológica e Saúde Pública 410.000,00 12. Avaliação de Taludes Marginais e Controle de Processos Erosivos 24.118,00 13. Apoio ao Produtor Rural 177.534,50 14.Minimização dos Efeitos Hidrológicos e Ambientais no Trecho de

Vazão Reduzida 41.488,00

15. Recuperação de Áreas Degradadas 187.580,00 (3) 16. Detalhamento da Influência da Elevação do Lençol Freático em

Resplendor

46.083,00 17. Definição de Fontes de Abastecimento de Água para a População

Rural

27.445,00 18. Monitoramento do Uso do Solo e da Cobertura Vegetal 40.260,00 19. Limpeza da Área do Reservatório 30.697,00 20. Vertimentos Controlados 61.089,00 21. Conservação da Ictiofauna 1.447.775,00 22. Monitoramento liminológico e de Qualidade das Águas 79.501,00 23. Monitoramento da Fauna de Vertebrados Terrestres e Alados 219.040,00 24. Conservação da Flora e da Cobertura Vegetal 232.886,00 25. Monitoramento de Insetos com Potencial Vetorial nas Áreas

Diretamente Afetada e de Entorno

94.296,00

26. Criação e Implantação da Unidade de Conservação 1.306.016,00 27. Resgate de Fauna 233.050,00

Custo Total 47.618.017,40

(1) Inclui o custo de Consultoria Externa no que se refere ao Projeto Básico e Executivo (2) Esta infra-estrutura constitui uma parte inerente à engenharia do projeto

(3) Estes custos contemplam a recomposição vegetal das áreas de bota-fora, jazidas de empréstimo, canteiro e acampamento

Fonte: EIA, 1998.

Org. Priscila Costa, (2010).

Após ser analisado o PCA, o IBAMA concedeu a Licença de Instalação (LI), tendo sido iniciadas as obras em junho de 2001, como já citado.

A UHE-Aimorés teve um potencial instalado de 330 Megawatts divididos em três turbinas geradoras. Segundo o Relatório de Impacto Ambiental da UHE- Aimorés, RIMA, o barramento do rio provocado pelo empreendimento elevou sete metros o nível natural do Rio Doce gerando um ‘lago’ com área de superfície de 2.586 hectares e um volume de água de 100.000.000 m³ (cem milhões de metros cúbicos).

CAPÍTULO 4: AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DOS