• Nenhum resultado encontrado

USO E OCUPAÇÃO DO SOLO E EVOLUÇÃO POPULACIONAL

A análise de uso e ocupação do solo no município de Flores adentra ao contexto do prognóstico como ferramenta para definição dos cenários de demanda dos serviços de saneamento. Tal análise foi pautada nos levantamentos de campo, nos documentos de gestão e planejamento territorial, incluindo a Lei Orgânica, o Código de Obras, o Plano Diretor Participativo e a Lei nº 876/2007 que dispõe, especificamente, sobreo uso e a ocupação do solo do município de Flores e no reconhecimento da dinâmica demográfica de ocupação do solo, obtido através de imagens de satélite (Google Earth) e dados das séries históricas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O município de Flores está localizado na parte setentrional da microrregião Pajeú (nº 178), porção norte do Estado de Pernambuco, limitando-se geograficamente, ao norte, com o Estado da Paraíba e o município de Quixaba ao sul, com Betânia, a leste com Carnaíba e Custódia e, a oeste, com Triunfo e Calumbi.

A área municipal ocupa 963,8km², inseridos nas folhas Afogados da Ingazeira (SB.24-Z-C-VI), Serra Talhada (SB. 24-Z-C-V), Custódia (SC.24-X-A-III) e Betânia (SC.24-X-A-II) editadas pelo MINTER/SUDENE.O acesso ao município é efetuado, principalmente, através da rodovia federal BR-232 que interliga Recife à Parnamirim.

Partindo-se do Recife percorre-se cerca de 515 km nesta estrada até atingir a cidade de Serra Talhada. Nesta localidade toma-se a rodovia estadual PE-365, percorrendo-se então 38 km até chegar a cidade de Flores.

Administrativamente, o município é composto pelos distritos Sede, Sítio dos Nunes e Fátima e pelos povoados de São João dos Leites, Tenório, Santana de Almas, Saco do Romão, Barragem do Mel e Matolotagem.

De acordo com o IBGE (2010), a população residente do município de Flores era de 22.169 habitantes, sendo que destes, 9.364 (42,2%) residem em área urbana e os demais 12.805 (57,8%), em área rural. A densidade demográfica de Flores é de aproximadamente 22,27 hab/km². O IBGE ainda apresenta a estimativa de

Produto 3 – Plano Municipal de Saneamento Básico

37

crescimento populacional na ordem de 0,48%, por ano, dessa forma a população estimada para 2014 foi de 22.599hab.

O município de Flores encontra-se inserido na região fisiográfica do Submédio Curso da Bacia do Rio São Francisco dentro da Unidade de Planejamento Estadual São Francisco 4. O Submédio do Vale do São Francisco abrange áreas dos Estados da Bahia e Pernambuco, estendendo-se da cidade de Remanso até a cidade de Paulo Afonso, ambas no Estado da Bahia drenando uma área de 155.637 km². A região é composta pelas sub-bacias dos rios Pontal, Garças, Brígida, Pajeú, Moxotó e Xingú, pela margem esquerda. A margem direita fica a sub-bacia de Tourão, Salgado, Vargem, Curaça, Macuru e Poço Comprido. No contexto Estadual Flores insere-se na bacia hidrográfica do rio Pajeú.

Conforme dados apresentados pelos Censos Demográficos, 1970, 1980, 1991, 2000, 2010 do IBGE, Flores registrou um incremento populacional de 6,9% de seu contingente populacional entre as décadas de 1970 e 1980. Já nas décadas de 1980-1991 e 1991-2000 houve registros consecutivos de perda populacional, da ordem de 2,66% e 4,5%, respectivamente. Observa-se que entre 1991-2000 a perda populacional foi mais significativa. No entanto, entre 2000 e 2010 houve um registro de incremente populacional que chegou a 6,4%, quase equiparando o contingente populacional registrado entre 1970 e 1980. Tais estimativas são apresentadas na Figura 2. Vale acrescentar que entre 2000 e 2010, a população de Flores teve uma taxa média de crescimento anual de 0,12%. Na década anterior, de 1991 a 2000, a taxa média de crescimento anual foi de -0,67%. Nas últimas duas décadas, a taxa de urbanização passou de 22,70% para 37,14% entre 1991 e 2000 e de 37,14% para 42,24% entre 2000 e 2010. Tais estimativas são apresentadas na Tabela 1.

No Estado, estas taxas foram de 1,01% entre 2000 e 2010 e 1,01% entre 1991 e 2000. No país, foram de 1,01% entre 2000 e 2010 e 1,02% entre 1991 e 2000.

Produto 3 – Plano Municipal de Saneamento Básico

38

Figura 2: Evolução da taxa de crescimento populacional anual, 1970 e 2010.

Fonte: IBGE, 2010 (série histórica).

Tabela 1: População Total, por Gênero, Rural/Urbana e Taxa de Urbanização.

População População

Fonte: Pnud, Ipea e FJP, 2010 (série histórica).

A Figura 3 apresenta o quantitativo populacional do município, em valores absolutos entre os anos de 1970 e 2010. Observa-se uma queda significativa entre os anos 1980 e 2000, no entanto a partir de 2000 registrou-se um incremento em níveis compensatórios da perda do contingente populacional registrado nas duas décadas anteriores.

Produto 3 – Plano Municipal de Saneamento Básico

39

Figura 3: Quantitativo Populacional entre 1970 e 2010.

Fonte: IBGE, 2010 (série histórica).

Após a leitura e interpretação das informações gráficas, observa-se que o município não registrou evolução positiva no seu contingente populacional. O maior quantitativo registrado foi em 1980, logo após a manutenção foi negativa e só voltou a se igualar positivamente a esse quantitativo registrado em 1980, já em 2010, mesmo assim 0,98% a menos. Indo a favor do fenômeno exacerbado da urbanização, sentido em um grande número de municípios brasileiros, mesmo que de forma moderada, o município vem registrando a partir de 1991 taxas positivas de urbanização chegando a 42,24% em 2010.

Diante deste contexto, a Figura 4 apresenta para os anos de 1970 a 2010, a distribuição da população de Flores nas áreas urbana e rural. Acompanhando uma tendência nacional de urbanização, a população urbana de Flores apresenta um crescimento contínuo nas últimas décadas enquanto há a redução da população rural no mesmo período. Tal condição atua como fator condicionante no uso e ocupação do solo pela população.

No entanto, tal redução não é tão expressiva, quanto registrado em centros urbanos de maior infraestrutura econômica. Entre os anos de 1970 e 1981 a população urbana registrou crescimento na ordem de 8,3%, em detrimento da população rural na mesma proporção. Já entre 1980 e 1991 registra-se um crescimento de 30,4% da população urbana em detrimento da população rural. No período entre 1991 e 2000

20000 20500 21000 21500 22000 22500 23000

1970 1980 1991 2000 2010

Habitantes

Anos

Produto 3 – Plano Municipal de Saneamento Básico

40

registrou-se as maiores perdas de população rural para o meio urbano, intensificado pelos processos de migração, cerca de 54%. Já entre 2000 e 2010 a população urbana volta a crescer, mas de forma menos significativo sendo o registro da ordem de 15%.

Figura 4: População Urbana e Rural de Flores entre 1970 e 2010.

Fonte: IBGE, 2010.

Uma análise comparativa entre imagens Google Earth 2011 / 2014, apresentadas nas Figuras 5 e 6, permite evidenciar que o perímetro de adensamento urbano da Sede Municipal no referido período, sofreu alterações significativas. Observa-se à formação de novos núcleos de adensamento/parcelamento de solo para fins de ocupação urbana promovendo a expansão do núcleo urbano consolidado. Conforme evidenciado in loco, pela equipe técnica do PMSB, tais empreendimentos imobiliários não atende à requisitos básicos previstos pela legislação de Parcelamento do Solo vigente. O município não possui uma rotina de acompanhamento dos processos de parcelamento do Solo. Desta forma, observa-se

17,8% 18,1%

Exponencial (% Urbana) Exponencial (% Rural)

Produto 3 – Plano Municipal de Saneamento Básico

41

a abertura de loteamentos que não oferecem infraestrutura adequada de saneamento.

Dentro do núcleo urbano consolidado observa-se a pavimentação de poucas vias, no entanto percebe-se a construção de novas edições, que também são evidenciadas nos arredores do núcleo urbano consolidado, contribuindo para sua expansão. Tal análise afirma à tendência apontada pelos cenários de estimativas históricas dos Censos IBGE, descritas anteriormente.

Produto 3 – Plano Municipal de Saneamento Básico

42

Figura 5: Imagem Google Earth – 2011.

Fonte: Gesois, 2015.

Produto 3 – Plano Municipal de Saneamento Básico

43

Figura 6: Imagem Google Earth – 2014.

Fonte: Gesois, 2015.

Produto 3 – Plano Municipal de Saneamento Básico

A partir das análises apresentadas anteriormente, buscou-se no presente documento identificar uma metodologia para estimar as projeções das demandas para o setor de abastecimento de água, esgotamento sanitário, resíduos sólidos e drenagem pluvial, que contemplasse a realidade dos sistemas de saneamento já existentes, assim como as necessidades prementes da população. Tal metodologia e resultados são apresentados na sequência.

Na elaboração de PMSB é condição indispensável à elaboração de Estudo Populacional, o qual possibilitará a estimativa de evolução populacional do município no horizonte de Plano. Com base na estimativa de evolução populacional no horizonte do Plano é possível estabelecer as demandas futuras do município no que diz respeito ao abastecimento público de água, esgotamento sanitário, resíduos sólidos, limpeza pública e manejo águas pluviais e drenagem.

A metodologia desenvolvida para a elaboração dos estudos populacionais do município de Flores fundamenta-se em dados populacionais oficiais do IBGE referentes a recenseamentos, contagens e estimativas populacionais. Além dos dados IBGE também foram compilados as informações do Plano Estadual de Resíduos Sólidos de Pernambuco (2012), Plano de Gestão Consorciada e Integrada de Resíduos Sólidos de Pernambuco – Prognóstico (2013).

O método utilizado para definição dos contingentes populacionais estimados, no material compilado foi definido pelo modelo adotado para estimar os contingentes populacionais dos municípios brasileiros emprega metodologia desenvolvida pelos demógrafos Madeira e Simões, onde se observa a tendência de crescimento populacional do município, entre dois Censos Demográficos consecutivos, em relação a mesma tendência de uma área geográfica hierarquicamente superior (área maior) (IBGE, 2015).

Neste caso, a população da área maior considerada para a utilização do método foi a do Brasil, observada em 2000 e 2010, e a população das áreas menores, foram as populações dos municípios, observadas nos mesmos anos. Considere-se, então,

Produto 3 – Plano Municipal de Saneamento Básico

uma área maior cuja população estimada em um momento t é P(t). Subdivida-se esta área maior em n áreas menores, cuja população de uma determinada área i, na época t, é

Dessa forma tem-se que:

Decomponha-se, por hipótese, a população desta área i, em dois termos: aiP(t), que depende do crescimento da população da área maior, e bi. O coeficiente ai é denominado coeficiente de proporcionalidade do incremento da população da área menor i em relação ao incremento da população da área maior, e bi é denominado coeficiente linear de correção.

Como consequência, tem-se que:

Para a determinação destes coeficientes utiliza-se o período delimitado por dois Censos Demográficos. Sejam t0 e t1, respectivamente, as datas dos dois Censos. Ao substituir-se t0 e t1 na equação acima, tem-se que:

Através da resolução do sistema acima, tem-se que:

Produto 3 – Plano Municipal de Saneamento Básico

No caso das estimativas de população referentes ao ano de 2014, para os municípios em que o método foi aplicado, deve-se considerar nas expressões anteriores:

Época t0: 1º de agosto de 2000 (Censo Demográfico) Época t1: 1º de agosto de 2010 (Censo Demográfico)

Época t: 1º de julho de 2014 (ano de referência da estimativa)

A Tabela 2 apresenta uma comparação das taxas de evolução populacional e do contingente obtido nos estudos anteriormente especificados. As taxas de evolução populacional foram definidas por taxa geométrica de crescimento médio anual, através de dois pontos conhecidos. Para isto foram calculadas as taxas geométricas de crescimento anual através do uso da seguinte fórmula: ‘r = (P2/P1) ^ (1/n) – 1’, onde r é a taxa geométrica de crescimento populacional anual, P1 é a população inicial e P2 é a população final e n corresponde à diferença entre ano inicial e ano final. Estas estimativas se tornam muito úteis para o cálculo de índices e taxas de crescimento populacional para um determinado período, no caso do presente plano, num horizonte de 20 anos (2014-2034).

Tabela 2: Projeção Populacional

FONTE

Plano Estadual de Resíduos Sólidos de Pernambuco. Instituto de Tecnologia de Pernambuco-ITEP - 2012.

Município

Ano / População Taxa de Evolução 2014 2034 (%)

Flores 22.600 25.964 0,69

FONTE

Plano Estadual de Gestão Consorciada e Integrada de Resíduos Sólidos de Pernambuco.

Produto 3 – Plano Municipal de Saneamento Básico Município

Ano / População Taxa de Evolução 2016 2032 (%)

Flores 23.018 25.444 0,62

FONTE

Instituto de Geografia e Estatística - IBGE

Município

Ano / População Taxa de Evolução 2010 2014 (%)

Flores 22.169 22.599 0,48

Fonte: IBGE (2015), ITEP (2012-2013) - Adaptação GESOIS, 2015

Frente ao prospecto de taxas de incremento populacional disponíveis nas publicações anteriormente dispostas, a equipe técnica do PMSB avaliou a média entre tais índices e alicerçaram a estes as percepções de campo evidenciadas pelas visitas técnicas durante os estudos de diagnóstico do PMSB adotando a taxa de evolução populacional de 0,62% para o horizonte do plano (2014 – 2034).

Neste relatório metodologicamente adotou-se para o cálculo de projeção populacional um horizonte de 20 anos. Para tanto se utilizou da projeção geométrica cujas estimativas de crescimento da população são realizadas pelo método geométrico, ou seja, em termos técnicos, o método considera a mesma porcentagem de aumento da população para iguais períodos de tempo, conforme fórmula a seguir:

Os resultados obtidos considerando-se a taxa de crescimento definida para o Cenário Tendencial, ou seja, 0,62% são apresentados na Tabela 3. Tais estimativas,

Produto 3 – Plano Municipal de Saneamento Básico

bem como os resultados e discussões serão aprofundados no Produto 3 – Prognóstico.

Tabela 3: Evolução Populacional

Ano População (hab) Ano População (hab)

2014 22.169 2025 23.729

2015 22.306 2026 23.876

2016 22.445 2027 24.024

2017 22.584 2028 24.173

2018 22.724 2029 24.323

2019 22.865 2030 24.473

2020 23.007 2031 24.625

2021 23.149 2032 24.778

2022 23.293 2033 24.931

2023 23.437 2034 25.086

2024 23.582

Fonte: Gesois, 2015.

Produto 3 – Plano Municipal de Saneamento Básico