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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. Usos da terra no Município de Ponte Nova, MG

Através do presente estudo, foi possível mapear 1.432 unidades dos seguintes usos da terra: 533 unidades de mata, 411 de capoeira, 161 de capoeirinha, 58 de pasto sujo, 202 de mata ciliar, 62 de corredor, 4 de área urbana e 1 de pastagem/agricultura, totalizando-se uma área mapeada de 47.033,00 ha, ou seja, a área total do Município de Ponte Nova (Quadro 5 e Figura 7). A área de pastagem/agricultura foi considerada como uma unidade porque é a matriz contínua.

Quadro 5 – Usos da terra do Município de Ponte Nova, MG.

Usos da Terra Número de Unidades Mapeadas

Área Total da Classe (ha) Mata 533 6.213,71 (13,21)1 Capoeira 411 2.388,24 (5,08) Capoeirinha 161 334,04 (0,71) Mata ciliar 202 760,63 (1,62) Pasto sujo 58 253,89 (0,54) Corredor 62 102,56 (0,22) Pastagem/agricultura 1 36.285,10 (77,14) Área urbana 4 694,83 (1,48)

Área total mapeada 1.432 47.033,00 (100,00)

Figura 7 – Mapa dos usos da terra do Município de Ponte Nova, MG.

As unidades com mata, capoeira, capoeirinha, pasto sujo, corredor e mata ciliar foram caracterizadas mais detalhadamente, por serem consideradas de maior interesse para o presente estudo. As unidades denominadas pasto sujo, em sua maioria, representam áreas abandonadas que anteriormente foram plantadas com café ou cana - de-açúcar e que, em 1987, continham árvores esparsas sobressaindo em meio à

vegetação rasteira, quase sempre uma pastagem degradada. É possível que, desde a obtenção das fotografias utilizadas neste estudo, essas áreas tenham evoluído para outras classes de uso da terra, uma vez que os incentivos para manutenção de pastagens de qualidade reduziram-se substancialmente. Considerou-se como corredores, neste estudo, as unidades lineares e estreitas da paisagem que podem ou não estar interligando fragmentos distintos. Essas feições são importantes porque facilitam a migração de plantas e animais entre duas áreas distintas da paisagem, possibilitando preservar a diversidade biológica, principalmente, em habitats isolados. Muitos fragmentos de corredores delimitam propriedades rurais, sendo muitos deles constituídos de touceiras de "bambu", o que é uma peculiaridade na paisagem do Município de Ponte Nova.

As áreas de pastagem, em conjunto com as de cultivo agrícola, constituem a feição denominada matriz, não havendo unidades distintas que as representem. A área da matriz foi determinada, subtraindo-se da área total do município as feições digitalizadas (mata, capoeira, capoeirinha, pasto sujo, mata ciliar, corredor e áreas urbanas). É importante denotar que a área correspondente à rede hidrográfica do município está contida também dentro da matriz, com a ressalva de que o rio Piranga corta todo o Município de Ponte Nova e chega a apresentar largura de até 427,13 m. A área considerada como matriz era constituída, no passado, por denso maciço florestal, cujas ações antrópicas, principalmente o cultivo da cana -de-açúcar e do café, aceleraram o processo de fragmentação florestal. No final da década de 80, a área plantada com essas duas culturas era de 5.500,00 e 5.000,00 ha, respectivamente. Também constituindo a matriz está o milho, que tem sido cultivado em pequenas áreas, geralmente planas e ribeirinhas. Essa cultura tem contribuído para a eliminação das matas ciliares e, portanto, sido responsável também pelo processo de fragmentação florestal. As culturas do feijão e arroz também foram contempladas na matriz e atendiam ao consumo familiar e, assim como o milho, eram cultivadas em áreas planas, ribeirinhas, de pequenas propriedades rurais onde, no passado, havia mata ciliar. O plantio de frutíferas (maracujá e goiaba, dentre outras) tem sido realizado em áreas próximas a fragmentos florestais, em razão da existência de polinizadores dessas culturas em seu habitat. Na pecuária, predomina a bovinocultura de leite extensiva, representando extensas áreas de pastagem, em sua maioria, muito degradadas e de manejo inadequado (EMATER-MG, s.d.).

A área total dos remanescentes florestais do Município de Ponte Nova (mata, capoeira, capoeirinha e mata ciliar) equivale a 9.696,62 ha, representando 20,62% da área do município (Quadro 5). Considerando-se cada uma dessas classes separadamente,

os remanescentes de mata constituem 13,21%, os de capoeira 5,08%, os de capoeirinha 0,71% e, os de mata ciliar, 1,62% da área total do município.

A Organização das Nações Unidas (ONU) recomenda uma cobertura com florestas nativas equivalente a 25,00% da área total do município (Wolski, 1991, citado por PEREIRA, 1999). Dessa forma, a área com remanescentes florestais no Município de Ponte Nova (20,62%) se encontra aquém do recomendado, especialmente se se considerar que no presente trabalho foram mapeados fragmentos inferiores a 5,00 ha, que usualmente não são computados em outros trabalhos.

O percentual de cobertura florestal do Município de Ponte Nova foi inferior ao obtido por PEREIRA (1999), que mapeou os fragmentos florestais do Município de Viçosa, Minas Gerais, utilizando como base de dados, também, ortofotocartas da CEMIG, da mesma data, ou seja, 1987. Esse autor obteve 26,20% de área coberta com remanescentes de mata, capoeira e capoeirinha, sendo 20,10% correspondentes a fragmentos de mata, 2,85% de capoeira e 3,34% de capoeirinha, incluindo-se fragmentos com área inferior a 5,00 ha. Segundo PEREIRA (1999), 10,00% da cobertura florestal de Viçosa localiza-se nas áreas de domínio da Universidade Federal de Viçosa (UFV), ou seja, essa maior cobertura vegetal em relação à de Ponte Nova deve-se à influência conservacionista da UFV. A cobertura vegetal do Município de Ponte Nova, incluindo apenas remanescentes de mata e capoeira, é de 8.955,41 ha, representando 19,0%1 do total da área do município, de acordo com levantamento realizado pelo IEF-MG, trabalhando com imagens do satélite TM/Landst, o que não difere do resultado encontrado neste estudo, que, inclusive, contempla a capoeirinha, que recobre 0,71% da área total do município e a mata ciliar, recobrindo 1,62%. Porém, quando foi analisado, separadamente, o percentual da cobertura florestal, verificou-se, naquele levantamento, que a mata representa 1,35% do total e a capoeira, 17,69%. Essa diferença em relação ao presente estudo se deveu, possivelmente, à metodologia utilizada para diferenciação desses dois tipos de fragmentos. No presente trabalho, considerou-se como mata as áreas que apresentavam textura uniforme e compacta, que, na região de estudo, são constituídas basicamente de mata secundária em estádio avançado de sucessão.

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