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Utiliza ou já utilizou diclofenac?

No documento O uso de Diclofenac no desporto (páginas 86-88)

Através da análise das respostas dadas nos inquéritos, verificou-se, que dos 208 atletas inquiridos, aproximadamente 74% (figura 6), dos quais 40 atletas femininas e 113 atletas masculinos, utilizam ou já utilizaram diclofenac, abrangendo todas as faixas etárias.

Destes, 96 inquiridos são atletas federados (63%), dos quais 28 atletas femininas e 68 atletas masculinos. Desta forma, tendo em conta que, na amostra, 136 inquiridos eram atletas federados, verifica-se que a maioria destes (71%) já utilizou esta molécula, constatando-se, assim, um predomínio dos atletas federados como utilizadores de diclofenac. Relativamente aos atletas não federados, 57 (12 atletas femininas e 45 atletas masculinos) já utilizaram ou ainda utilizam diclofenac, de maneira que, de um total de 72 atletas não federados, 80% já utilizou esta molécula, verificando-se, igualmente, um predomínio dos atletas utilizadores de diclofenac.

Figura 6 – Distribuição dos inquiridos que acordo com a utilização de diclofenac.

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Utiliza ou já utilizou diclofenac?

Sim Não

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No que diz respeito à idade, verificou-se que os inquiridos entre os 18 e os 20 anos têm menor tendência para utilizar diclofenac (51% destes indicia nunca ter utlizado diclofenac), ao contrário do verificado nas restantes faixas etárias, nas quais as percentagens de inquiridos utilizadores de diclofenac verificaram ser superiores a 80%, em cada uma delas. Estes dados poderão indicar que além da prática física influenciar o aumento da utilização desta molécula, também a idade, fator que influencia as capacidades físicas do individuo e desempenha um papel relevante no desenvolvimento de lesões nos atletas, poderá contribuir para este efeito, neste caso, o aumento da mesma e respetivos efeitos no desempenho físico dos atletas.2Por outro lado, com o avançar da idade, também haverá contacto, mais cedo ou

mais tarde, com conhecimento sobre os fármacos disponíveis neste contexto.

Relativamente à frequência de treinos, em qualquer das hipóteses apresentadas no inquérito verifica-se que o número de atletas que já utilizou diclofenac é superior ao número de atletas que nunca utilizou, não se verificando qualquer relação aparente entre a frequência da prática desportiva e o consumo de diclofenac, ao contrário de outros estudos que indicam que o esforço acrescido associado a prática física conduziria a um maior consumo de fármaco, como o diclofenac.14 Esta situação pode estar relacionada com a dimensão

reduzida da amostra.

Quanto às modalidades, os inquiridos consumidores de diclofenac praticam, principalmente, futebol (49%), futsal (34,6%) ou atletismo (19%). Neste sentido, poderá indagar-se sobre a relação da modalidade desportiva em equipa com bola e a sua influência sobre o consumo de diclofenac. De facto, não só esta aparente relação, como a prevalência do consumo deste fármaco no atletismo, vai de encontro com os dados apresentados num estudo sobre a prevalência do uso de medicação em campeonatos de futebol profissional que relata esta prevalência tanto a nível futebolístico como em provas de atletismo durante os Jogos Olímpicos de 2000 em Sidney.6

De que forma lhe foi indicado o diclofenac?

Após avaliação das respostas dos atletas inquiridos que utilizam ou já utilizaram diclofenac, verificou-se que a maioria, cerca de 44%, consumiu diclofenac por iniciativa própria. Ainda neste contexto, observou-se que 32% utilizou esta molécula por indicação de um familiar ou amigo. Ao nível dos profissionais de saúde, o diclofenac foi indicado em 22% dos casos por farmacêuticos, cerca de 28% dos inquiridos identificaram o médico como o profissional que indicou a molécula e aproximadamente em 18% dos casos, foram outros profissionais de saúde, sendo referidos massagistas e fisioterapeutas. Relativamente aos meios de comunicação, a Internet foi identificada em 2,6% casos, tal como a televisão, enquanto que as revistas e jornais foram identificados em apenas 1,9% das respostas dos inquiridos (figura 7). Verificou-se, ainda, que em 57 das respostas efetuadas, os atletas identificaram mais do que um elemento da lista, sendo que em 11% das associações constavam as opções “iniciativa própria” juntamente com “familiar ou amigo”. Neste âmbito,

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curiosamente, verificou-se a existência de 1 caso de utilização da forma farmacêutica injetável do diclofenac, cuja indicação envolvia a associação “iniciativa própria” juntamente com “familiar ou amigo”, sem referência a qualquer profissional de saúde. Este resultado não era esperado, uma vez que esta forma farmacêutica apenas pode ser dispensada perante a apresentação de uma receita médica, pelo que, se equaciona em que termos o inquirido adquiriu e utilizou este produto. Nas restantes respostas, os inquiridos indicaram utilizar as formas farmacêuticas comprimidos, gel e spray, sendo que para estas formas farmacêuticas, de acordo com a dosagem, poderão não necessitar de receita médica, a indicação, mesmo que não feita por profissionais de saúde, poderá ser adequada e segura.

Figura 7 – Distribuição dos inquiridos utilizadores de diclofenac de acordo com a forma de indicação para a utilização de diclofenac.

Numa análise comparativa entre as respostas dos atletas federados e os atletas não federados, verificou-se que 61% e 40% dos atletas não federados selecionaram as opções “iniciativa própria” e “familiar ou amigo”, respetivamente, enquanto que apenas 33% e 25% dos atletas federados selecionaram exatamente as mesmas opções. Neste contexto, apesar de em ambos os casos a maioria das respostas incidir sobre estas duas opções, no caso dos atletas federados, cerca de metade dos 33% e 25% acima referidos, selecionaram em simultâneo as opções “médico”, “farmacêutico” e “massagista”. Além disso, verificou-se que, nos atletas federados, aproximadamente 32%, 22% e 17% selecionaram a opção “médico“, “farmacêutico” e “massagista”, respetivamente, e foram os únicos a indicar a opção “fisioterapeuta”. No caso dos atletas não federados apenas 18%, 21% e 4% selecionaram exatamente as mesmas respostas. Estes dados indicam que os atletas federados poderão ter maior acesso a recursos de saúde, possivelmente providenciados pelo clube ao qual estão associados, e /ou terão maior responsabilidade e cuidado em relação aos tratamentos farmacológicos a que se submetem, devido à exigência a que são sujeitos, não só pelos

28 42 33 4 3 4 49 67 0 10 20 30 40 50 60 70 80 Outro profissional de saúde

Médico Farmacêutico Televisão Revistas/Jornais Internet Familiar ou Amigo Iniciativa Própria Número de Inquiridos

No documento O uso de Diclofenac no desporto (páginas 86-88)