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O bom desempenho de qualquer técnica analítica depende crucialmente de dois parâmetros: a qualidade das medidas instrumentais e a confiabilidade estatística dos cálculos envolvidos no seu processamento. Uma forma de assegurar a aplicabilidade e o alcance de um método durante as operações de rotina de um laboratório é estabelecendo os limites destes parâmetros por meio da estimativa das figuras de mérito, numa etapa conhecida como validação (RIBEIRO et al., 2008).

A validação de determinado procedimento analítico objetiva demonstrar que o mesmo é adequado aos objetivos propostos, ou seja, que os parâmetros de desempenho avaliados atendem aos critérios de aceitação preconizados. Trata-se de um estudo experimental e

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integralmente documentado. Além disso, visa garantir a qualidade metrológica dos resultados analíticos, conferindo-lhes rastreabilidade, comparabilidade e confiabilidade para a tomada de decisões (MAPA, 2011).

Segundo Ribani e colaboradores (2004) existem dois tipos de validação: a validação no laboratório, que consiste das etapas de validação realizadas dentro de um laboratório; e a validação completa, cujo estudo é realizado interlaboratorial. Para a validação no laboratório, a IUPAC (International Union of Pure and Applied Chemistry) confeccionou um guia denominado Harmonized guidelines for single-laboratory validation of methods of analysis (THOMPSON, M. et al., 2002), o qual foi selecionado para a validação do método proposto neste trabalho, sendo tomadas as devidas adequações de acordo com o ambiente operacional. Os parâmetros a serem utilizados no decorrente trabalho seguem abaixo:

 Aplicabilidade

Um protocolo deve ser elaborado com identificação dos analitos, a faixa de concentração utilizada durante a validação, bem como a matriz estudada. Deve estar descrito todo o aparato experimental utilizado desde o armazenamento das amostras até a análise das mesmas, deixando claro qualquer cuidado especial que se deve ter.

 Seletividade

É a garantia de que o método analítico é capaz de quantificar com precisão os analitos de interesse na presença de interferentes. No entanto, quando se utiliza o espectrômetro de massas como detector, este garante a seletividade.

 Curva analítica e linearidade

A linearidade corresponde à capacidade do método em fornecer resultados diretamente proporcionais à concentração da substância em exame, dentro de uma determinada faixa de aplicação. No entanto, apenas o coeficiente de correlação não indica a qualidade de ajuste. Pode-se avaliar a linearidade também por meio da distribuição do ruído (que é o valor do erro entre o valor estimado e o medido). Sendo a distribuição deste ruído homogênea, pode-se afirmar que o método tem homocedasticidade, ou seja, que a distribuição dos seus erros é homogênea. Caso a distribuição seja heterogênea, afirma-se que os dados de calibração são heterocedásticos e, portanto, devem ser analisados por uma regressão ponderada para garantir uma redução do erro na faixa baixa de concentração.

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Para a construções da curva analítica são necessários:  Seis ou mais níveis de calibração

 Os níveis de calibração devem estar uniformemente espaçados na faixa de concentração

 A faixa de concentração deve ser de 0 a 150% ou de 50 a 150% do valor de concentração esperado em amostras reais, e

 Os níveis de calibração devem ser analisado em, no mínimo, duplicatas e preferencialmente em triplicatas ou mais números de repetição.

A quantificação do composto de interesse em validação pode ser obtida através dos métodos de padronização externa; padronização interna; superposição de matriz; adição padrão. Neste trabalho foi utilizado o método de padronização interna que consiste na preparação das soluções padrão de concentrações conhecidas da substância de interesse, às quais se adiciona uma quantidade conhecida de um composto chamado padrão interno (PI). Após análise dessas soluções, constrói-se um gráfico, relacionando a razão de áreas dos picos cromatográficas (área da substância/área do padrão interno, que tem concentração constante) com a concentração (variada) da substância. A amostra também é analisada após a adição da mesma quantidade conhecida do padrão interno. Idealmente, a substância usada como padrão interno deve ser similar à substância a ser quantificada, ter tempo de retenção próximo a esta substância, não reagir com a substância ou outro componente da matriz, não fazer parte da amostra e, quando cromatografada, ficar separada de todas as demais substâncias presentes na amostra. Porém, quando se trata de uma análise de múltiplos compostos, o uso de um PI por analito é muitas vezes inviável, ainda mais levando em consideração que o PI ideal para este tipo de amostra é o padrão deuterado do analito em estudo e, este tipo de PI tem custo elevado (RIBANI et al, 2004).

 Efeito matriz

Adicionam-se os compostos de interesse em uma matriz, de preferência ausente destes compostos, e analisa-a para verificar o comportamento das respostas dos analitos na mesma em relação aos padrões em solvente.

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 Exatidão

Para verificar se o método é capaz de quantificar a concentração real presente na amostra, realiza-se a verificação da sua exatidão. Esta confirmação pode ser realizada de três maneiras:

 análise de material certificado, o qual contém uma concentração definida dos analitos de interesse e se compara a resposta obtida pelo método em validação com os valores naturais;

 uma amostra pode ser analisada pelo método em processo de validação e seu resultado comparado com a análise da mesma amostra por outro método de referência; e

 quando não há disponível um material certificado, nem um método de referência, pode-se mensurar a exatidão realizando a adição de uma concentração conhecida em uma amostra e verificando se o método é capaz de retornar o resultado com o valor verdadeiro adicionado. Esta técnica de conferência também é denominada de “adição e recuperação”.

 Precisão

Esta característica confere a proximidade entre as medições realizadas pelo método. O valor que indica uma maior ou menor precisão é o desvio padrão ou o desvio padrão relativo (também conhecido como coeficiente de variação (C.V.)). A ratificação desta figura de mérito deve ser calculada das seguintes maneiras: repetitividade ou precisão intra-dia: observa-se a variação (C.V.) em replicatas de amostra analisada no mesmo dia.

 Limite de detecção (LDM) e Limite de quantificação (LQM)

O limite de detecção do equipamento (LD) refere-se à menor concentração do analito que pode ser distinguida do zero (ou do branco); enquanto o limite de quantificação (LQ) do equipamento indica a menor concentração que pode ser analisada com uma precisão e exatidão dentro dos limites aceitáveis.

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 método visual: soluções padrão diluídas são injetadas e visualmente observa-se e constata-se como LD a menor concentração que pode ser detectada e que se difere do sinal analítico ruído, e o LQ como a menor concentração quantificável;

 método da relação sinal-ruído: é aplicado para procedimentos que possuam ruído na linha de base. Sua estimativa é feita analisando injeções de amostra branco, e admite- se o LD como tendo uma relação sinal-ruído de 3:1 ou 2:1, e o LQ com relação de 10:1; e

 método baseado em parâmetros da curva analítica: neste caso o LD será 3,3 vezes o desvio padrão / coeficiente angular da curva analítica, enquanto o LQ será 10 vezes. Para definir os limites de detecção (LDM) e quantificação (LQM) do método é necessário considerar o fator de concentração do procedimento de extração e o índice de recuperação da extração, o LD e LQ do equipamento e o efeito matriz.

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