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5. ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

5.8. ESPÉCIES DE ENRIQUECIMENTO ILÍCITO

5.8.2. VANTAGEM DECORRENTE DE NEGÓCIO SUPERFATURADOS

SUPERFATURADOS

A Lei n.8.429/92: artigo 9º, II menciona a contratação de serviços por preço superior ao valor de mercado e, percepção de vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitação de contratos de serviços, aquisição, permuta ou locação de bem móvel ou imóvel.

Haverá que se analisar a questão do superfaturamento se há demonstração de que o mesmo fornecedor em breve lapso de tempo praticou preços radicalmente diferentes para o mesmo bem ou serviço. Ou, o sobrepreço, bastando estabelecer, em relação ao mesmo bem ou serviço, diferenças consideráveis entre os preços praticados, também em período próximo, mas cotejando-se diversos fornecedores. Cabe ao agente público o dever jurídico (LIA, Artigo 4º), decorrente de seu cargo, de impedir negócios danosos ao erário.

O simples fato de não criar obstáculos recebendo por isso vantagens, configura a facilitação.

Caracteriza-se a facilitação pela ação de remover obstáculos, limpar o caminho, viabilizar, encaminhar, simplificar procedimentos, contornar exigências etc.

Para se caracterizar sobrepreço não basta apenas uma operação matemática. Necessita-se exame do negocio público por meio da análise de fatores que envolvem desde a qualidade do material ou natureza do serviço. Demanda procedimentos analíticos e de verificação de toda a contratação integralmente considerada.

Negócios- Bens e serviços previstos no inciso II, sem distinção, são negócios que envolvem contratos administrativos que depende de licitação. Busca-se o que melhor garanta vantagem pra a administração. Implica procedimento licitatório, (Lei n.8.666/93, artigo 89 ss.). A realização dos mesmos, por preços não compatíveis com o praticado no mercado, injustificadamente, envolve fraude na respectiva licitação.

Se o agente público, sem receber vantagem ilícita, propicia um negócio sem licitação, em detrimento do erário (dispensa indevida) ou mesmo sem retribuição, fraudar o procedimento licitatório, gerando danos ao tesouro público, não caracteriza enriquecimento ilícito, portanto não se filia a essa questão; mas, sim, ao ato de improbidade de acordo ao artigo 10, VIII, da Lei n. 8.429/92. Praticando ainda, crime licitatório (Lei n.8.666/93, artigo 89, SS.).

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5.8.3. VANTAGENS DECORRENTES DE NEGÓCIO

SUBFATURADO

Lei n.8.429/92; artigo 9º, III- perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a alienação, permuta ou locação de bem público ou o fornecimento de serviço por ente estatal por preço inferior ao valor de mercado.

Elementos- Para que configure essa espécie haverá que se considerar:

i- Ato: agente público receber direta ou indiretamente vantagem;

ii- Motivo: facilitação do agente público antes ou depois da alienação ou locação do bem móvel ou imóvel,

iii- Objeto: valor do bem ou serviço abaixo do preço de mercado; beneficiando terceiros em prejuízo do bem público.

Tanto o subpreço quanto o superfaturamento significa Coadjuvar, afastando ou deixando de criar obstáculos. Vale lembrar que tanto a alienação como a locação depende de processo licitatório.

Objeto- Em princípio, os bens públicos são inalienáveis, artigos 99 e 100 do Código Civil de 2002.

i) Os de uso comum do povo: rios, mares, estradas, ruas, praças.

ii) Os de uso especial: edifícios, terrenos a serviço dos estabelecimentos da administração federal, estadual, territorial, ou municipal, bem como o de suas autarquias,

iii) Os dominicais: que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal ou real, de cada uma dessas entidades.

Em casos excepcionais a alienação de bens deve observar os artigos 17 e 19 da Lei n.8.666/93, sobre licitação.

106 justificado e depende de processo licitatório, ou seja, concorrência.

A licitação só será dispensada quando for:

i) Dação em pagamento;

ii) Doação ou venda para outro órgão ou entidade da administração pública, ou qualquer esfera do governo;

iii) Permuta ou outro imóvel, sendo motivada pelas necessidades de localização ou instalação. Observa-se ai o preço compatível com o mercado.

iv) Investidura: a investidura é a alienação, aos legítimos possuidores diretos, ou, na falta destes ao poder público, de imóveis para fins residenciais construídos em núcleos urbanos anexos à Usinas Hidrelétricas, desde que considerados dispensáveis na fase de operação dessa unidades e não integrem a categoria de bens reversíveis ao final da concessão.153

v) Alienação, concessão de direito real de uso, locação, permissão de uso dos bens imóveis construídos e destinados ou efetivamente utilizados em programas habitacionais de interesse social; desde que criado pelo poder público.

Os bens móveis também por regra geral terão previa avaliação e licitação exceto:

i) Doação por interesse social,

ii) Permuta entre órgãos ou entidades pública,

iii) Venda de ações, observando-se legislação específica para negociações em bolsa,

iv) Venda de título, na forma da lei específica,

v) Venda de bens produzidos ou comercializados por órgãos em virtude de suas finalidades e,

vi) Venda de materiais e equipamentos para outros órgãos públicos ou entidades, sem utilização previsível por quem deles dispõe.

Na concorrência para venda de bens imóveis, a fase de habilitação resume-se à

153 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Improbidade administrativa: doutrina, legislação e jurisprudência. 3. Ed. São

107 comprovação do recolhimento de quantia correspondente a cinco por cento (5%) do valor da avaliação.

No artigo 12 estão previstas sansões àquele que se beneficia do ato de improbidade quando adquire os serviços da administração pública, pagamento, valor menor do que o de mercado, ou dela adquiriu bens em idêntico contexto; inclusive nas modalidades de permuta.

5.8.4. USO DE BENS PÚBLICOS E PESSOAL ADMINISTRATIVOS

A lei n.8.429/92 no seu artigo 9º, IV- proíbe a utilização, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza, bem como o trabalho de servidores públicos, empregados ou terceirizados pela entidade.

No artigo 9º XII, proíbe ainda o uso em proveito próprio de bens, rendas, veras ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no seu artigo 1º.

Utilização particular de equipamentos e pessoal- É proibido o desvio de função de coisas e pessoas para proveito particular. O agente público é considerado gestor e não proprietário.

Quando age com proveito o núcleo verbal é utilizar. Utilizar é direito do proprietário. E o agente público não é dono. Toda utilização legal de coisas públicas deve ser precedida de autorização de uso.

Uso de bens, rendas, verbas ou valores públicos- Juridicamente os bens são objetos de direito sem valor patrimonial. As coisas pertinem com sua utilidade econômica. O Código Civil intitula bem jurídico para compreender tanto bens como as coisas, isto é, os bens incorpóreos e as coisas.

O estatuto civil considera bens públicos, coisas, verbas ou valores; sendo o acervo patrimonial um complexo de bens públicos para Lei n.8.429/92. O patrimônio público econômico é a representação econômica do acervo confiado à administração pública.

Não se podem usar indevidamente valores públicos, por exemplo, o agente público transferir eletronicamente à sua conta corrente bancaria parcelas da receita tributária, para transitoriamente, cobrir saldo negativo, devolvendo, posteriormente, aos

108 cofres públicos, as importâncias “emprestadas”.

Determinar realização de obras públicas sem proveito para a população, com o intuito de valorizar propriedade imóvel sua ou de terceiro.

A lei eleitoral n.9.504/1997 proibi no seu artigo 73, I, o uso de seus agentes públicos, ceder ou usar bens móveis ou imóveis pertencentes à administração direta ou indireta, salvo para realizar convenção partidária.

Configura lesão ao erário, conforme estabelecido na Lei n. 8.429/1992, artigo 10, XII, o uso de bens e valores públicos em favor de terceiro.