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3 METODOLOGIA DA PESQUISA

3.6 DESENHO EXPERIMENTAL

3.6.1 Variáveis e medidas

Foram abordadas duas variáveis independentes e 12 variáveis dependentes (medidas). As variáveis independentes são as condições às quais foram manipuladas as legendas: a velocidade das legendas (145ppm e 180ppm) e a segmentação linguística nas legendas de duas linhas.

As variáveis dependentes são as medidas geradas pelo rastreador relacionadas diretamente ao foco do olhar dos participantes. Por meio delas, podemos ter uma ideia da influência das variáveis independentes. Essas variáveis foram observadas por meio da ferramenta GazePlot, conforme a figura 6.

Figura 6 – Variáveis dependentes

Fonte: Captura de tela do Tobii Studio 3.2. Elaborado pela autora a partir do vídeo 4 – LBS.

A figura 6 é uma interface do software Tobii. Nela, os círculos verdes numerados representam a sequência da fixação do olhar. Por esse caminho, traçado pelo olhar, calculamos as variáveis dependentes analisadas neste estudo: número de fixações, duração média das fixações, duração da primeira fixação na legenda, deflexões, regressões, releituras, atraso da primeira fixação nas legendas, número de fixações na quebra de linhas (no fim da primeira linha e início da segunda), duração média das fixações na quebra de linhas, tempo

excedente da legenda, perda do todo ou de parte da legenda e encapsulamento. A seguir, discorreremos sobre cada medida:

1. Número de fixações: essa medida apresenta o número de fixações dos participantes nas duas áreas de interesse: legenda e imagem, tanto do vídeo todo como por legenda. Na figura 6, cada círculo representa uma fixação. 2. Duração média das fixações: cada fixação apresenta uma duração em

milissegundos. Para obtermos a média de duração das fixações, somamos a duração das fixações em cada legenda, a partir do momento em que o participante começa a ler a legenda, e depois dividimos pelo número de fixações na área da legenda. Quando o participante não fixava na área da legenda ou fazia fixações na área, mas não lia a legenda, os dados daquela fixação não eram usados para efeito de cálculos.

3. Duração da primeira fixação nas legendas: em cada legenda, anotamos a duração da primeira fixação no momento em que os participantes começavam a lê-la.

4. Deflexões: durante o momento em que o participante está lendo as legendas, ele pode fazer dois caminhos. No primeiro, ele pode fazer uma abrupta parada na leitura da legenda e levar os seus olhos a uma rápida passagem pela imagem. No segundo, quando as legendas são consideradas lentas para o participante, ele pode terminar de ler a legenda, ir à imagem e voltar à legenda. Essa medida é importante para ver o movimento que o participante faz entre a legenda e a imagem no momento em que está lendo a legenda. Na figura 6, acima, o participante começa a ler a legenda (fixação 1), sai da área da legenda e vai para a imagem fazendo duas deflexões (fixações 3 e 4), depois volta a ler a legenda (fixações 5 e demais).

5. Regressões: também pelo caminho do olhar, analisamos o número de vezes que os participantes fizeram movimentos oculares regressivos à esquerda da última fixação em uma palavra anterior ou na parte inicial da mesma palavra, ou ainda em parte de um sintagma ou na quebra da primeira para a segunda linha. Geralmente, as regressões correspondem a uma lacuna na informação durante a leitura que perturbou o participante e que ele busca preencher via regressão. Na figura 6, a regressão ocorreu na fixação 10, em que o participante fez um movimento regressivo para o fim da primeira linha.

6. Releituras: essa medida nos revelou a quantidade de vezes que o participante voltou a ler a mesma palavra na legenda. Diferentemente da regressão, a releitura só ocorreu quando a legenda já tinha sido lida e o participante ficou relendo palavras ou a legenda toda.

7. Atraso da primeira fixação nas legendas: por essa medida, procuramos observar se os participantes demoravam a iniciar a leitura da legenda seguinte. Ou seja, em cada legenda de duas linhas, observamos se os atrasos de fixação na área da legenda se tornavam constantes nas mal segmentadas e se também ocorriam nas legendas bem segmentadas. Para calcular essa medida, subtraímos o tempo em que a legenda apareceu do tempo da primeira fixação na legenda.

8. Número de fixações entre a quebra de linhas: anotamos o número de fixações na quebra de linha da legenda para calcular a média de tempo gasto nessa região em todas as condições. Nas legendas, o fim da primeira linha e início da segunda é exatamente onde ocorre a segmentação.

9. Duração média das fixações entre a quebra de linhas (no fim da primeira linha e início da segunda): para obter essa medida, somamos a duração da fixação na quebra de linha e dividimos pelo número de fixações ocorridas nessa área para termos uma média da duração da fixação em todas as condições.

10. Tempo excedente da legenda: por essa medida, calculamos o tempo em que a legenda continuou exposta no vídeo, mesmo depois de os participantes já terem lido. Para calcular esse tempo, subtraímos o tempo da última fixação e o tempo restante em que a legenda ficou exposta.

11. Perda do todo ou de parte da legenda: em cada legenda analisada, calculamos o número de vezes que os participantes não conseguiram ler a legenda toda ou perderam parte dela.

12. Encapsulamento: por essa medida, procuramos observar se a duração da última fixação em cada legenda era influenciada pela segmentação indevida ou pela velocidade.

A seguir, detalhamos os instrumentos utilizados nesta pesquisa e os procedimentos de coleta dos dados.