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CAPÍTULO IV- DADOS, VARIÁVEIS E MODELO ECONOMÉTRICO

4.2. Variáveis Empíricas

Para responder ás questões de investigação, é necessário explicar quais as variáveis empíricas a serem inseridas. Assim, no presente estudo podemos distinguir três tipos de variáveis. Primeiramente as variáveis de desempenho ou também chamadas de dependentes e as variáveis de controlo, em que ambas influenciam o desempenho nas empresas, e por fim a variável associada ao facto da empresa ter ou não certificação, segundo a norma internacional de qualidade ISO 9001:2015, sendo esta a variável de interesse para o presente estudo.

Relativamente ás variáveis de desempenho, a nossa atenção irá recair sobre a rentabilidade, nomeadamente a partir do indicador rentabilidade dos ativos, também conhecido como ROA. Uma outra variável de desempenho que estará presente no estudo de investigação será o volume de negócios. Considerou-se importante colocar esta variável de cariz económico pois as variáveis

financeiras, como é o caso da rentabilidade dos ativos, são fortemente influenciadas pela politica fiscal.

A rentabilidade dos ativos é um indicador que permite observar quão a empresa gera lucro relativamente ao seu total de ativos. Este indicador é analisado como um indicador de desempenho em estudos como o de Ehiedu (2014) e Afonina e Chalupsky (2014). Também estudos como o de Mokhtar e Muda (2012) assim como Corbett et al. (2003), entre outros que podemos ver no capitulo 3, que consideram que as empresas após a certificação de qualidade, apresentam melhorias na rentabilidade dos ativos. Demonstrando uma relação positiva entre certificação e

desempenho a partir do indicador ROA. No estudo, criou-se a variável ROA que consiste no rácio

utilizando o resultado líquido de cada uma das empresas no ano de 2018. A sua formula é dada por:

O volume de negócios, permite conhecer a receita que é gerada pela empresa a partir das suas atividades principais. Este indicador é muito importante pois permite revelar a produtividade em termos de vendas de uma empresa. O estudo de Furtado (2003) é um dos exemplos que conclui que esta variável é uma medida de desempenho. E ainda estudos como o de Sharma

(2005), Vannunci (2004), Aba et al. (2015), Heras et al. (2002) e Buttle (1997) concluem que

após a certificação as empresas apresentam um aumento das vendas o que era influenciar o volume de negócios . No estudo criou-se a variável VN em logaritmo. A formula da variável é dada por:

Para além destas variáveis de desempenho, uma vez que o principal objetivo da presente dissertação é o impacto da certificação de qualidade nas empresas portuguesas, é necessário definir a variável de interesse, ou seja, aquela que irá permitir distinguir se a empresa é ou não certificada. Essa variável será denominada como ISO, variável dummy. Esta variável mostra-se

segundo as normas internacionais de qualidade ISO 9000, influencia no seu desempenho. Se a empresa for certificada assume o valor de 1, caso contrário assume o valor de 0. No capitulo 3 foram apresentados inúmeros estudos que defendem um efeito positivo desta variável com o

desempenho das empresas. Nomeadamente, Simmons e white (1999), Lima et al. (2000), Heras

et al. (2002), Corbett et al. (2003), Furtado (2003), Vannucci (2004), Ruzevicius et al. (2004), Sharma (2005), Ribeiro (2006), Mokhtar e Muda (2012), Psomas e Kafetzopoulos (2014). Por

outro lado, estudos como o de Lai e Cheng (2005), Ilkay e Aslam (2012) e Candido et al. (2016)

chegaram a conclusão que após a certificação não há um impacto significativo no desempenho das empresas observadas. Contudo, nesta presente dissertação, espera-se obter um efeito positivo entre certificação da qualidade e desempenho das empresas.

No capitulo 3, foram analisados e discutidos as determinantes do desempenho das empresas que serão também importantes para o presente estudo sendo estas denominadas como variáveis de controlo. Foram determinadas duas vertentes que determinam o desempenho das empresas, os fatores internos sendo estes baseados no comportamento da empresa como é o caso da dimensão, idade e localização. E os fatores externos que se relacionam com o mercado onde a empresa está inserida, como é o caso do setor de atividade. Desta forma, no presente estudo é possível enunciar como variáveis de controlo a dimensão da empresa, idade, localização, bem como o setor de atividade onde a empresa se insere, como possíveis variáveis que influenciam e explicam o desempenho das empresas.

Quanto á dimensão da empresa, será denominada como DIM.EMP sendo o logaritmo do

número de trabalhadores de cada empresa no ano de 2018. Esta variável irá permitir averiguar se as empresas de maior dimensão apresentam desempenho superior face às de menor dimensão. Como vimos pela revisão de literatura da secção 3.2. existem explicações para que isto seja verdade pois, as empresas de maior dimensão, apresentam uma maior facilidade em entrar em mercados internacionais, maior capacidade de investir e incorporar inovação. Por outro lado, as empresas de pequena dimensão podem apresentar maior desempenho face ás de maior dimensão pelo facto que as empresas de maior dimensão apresentam dificuldades devido ás suas estruturas menos flexíveis. Assim, a dimensão é uma variável de desempenho tida em consideração por muitos autores como é o caso de Barbosa e Louri (2005), Serrasqueiro e Nunes (2008), Eickelpash e Vogel (2011), e Hunjra et al. (2014) que estabelecem uma relação positiva entre dimensão da empresa e desempenho. Por outro lado o estudo realizado por Hall (1987) e Moreno e Casillas (2007) conclui não existir uma relação positiva entre dimensão e desempenho pois as

empresas de menor dimensão tendem apresentar taxas de crescimento maiores face ás de maior dimensão. Face ás conclusões controversas, no presente estudo, existe uma indeterminação quanto ao efeito desta variável no desempenho das empresas. Foi ainda criada a variável ISOxDIM.EMP para perceber o impacto da dimensão das empresas certificadas no desempenho, comparativamente às não certificadas. Esta variável é utilizada no estudo de Ullah et al. (2014) que concluíram existir uma relação negativa entre dimensão das empresas certificadas e o seu desempenho.

Quando á idade da empresa, será denominada como IDAD.EMP sendo o número de anos da empresa ao serviço. Esta variável irá permitir analisar se a idade tem um efeito positivo com o desempenho das empresas, ou seja, se ao longo do tempo as empresas adquirem melhores resultados. Como vimos na secção 3.2. as empresas ao longo do tempo adquirem maior conhecimento o que irá permitir adquirir maior crescimento e por isso maior desempenho ao longo do tempo. Além disto as empresas tendem a adquirir uma maior reputação ao longo da sua idade o que irá ter repercussões no seu desempenho. Por outro lado, alguns autores concluem que são as empresas com mais idade apresentar menores taxas de crescimento e por isso menor desempenho ao longo do tempo. Uma das justificações para este acontecimento, é o facto de nos primeiros anos as empresas crescem e após atingir a sua mínima eficiência as suas taxas de crescimento começam a diminuir, pelo que se observa um menor desempenho. Assim, esta variável é tida em consideração por muitos autores como é o caso de Glancey (1998) e Barbosa e Louri (2005) que estabelecem uma relação positiva entre idade e desempenho. Ou seja, quanto mais antiga for a empresa maior será o seu desempenho. Por outro lado, Serrasqueiro et al. (2010) e Coad et al. (2013) consideram que as empresas mais antigas apresentam menor desempenho fase ás mais recentes. Face ás conclusões controversas, no presente estudo, existe uma indeterminação quanto ao efeito desta variável no desempenho das empresas. Foi criada também a variável ISOxIDAD.EMP com o objetivo de perceber qual o impacto da idade das empresas certificadas no seu desempenho, comparativamente às empresas não certificadas. Esta variável foi utlizada em estudos como o de Ullah et al. (2014) que sugere existir uma relação positiva entre idade das empresas certificadas e o seu desempenho.

Quanto ao setor de atividade, será denominado como SETOR.EMP sendo uma variável dummy de acordo com o NACE Revisão 2. Assumirá o valor 1 caso a empresa pertença ao setor e 0 caso não pertença. Esta variável irá permitir analisar se a estrutura de mercado onde a empresa se

atividade onde a empresa se insere não tem qualquer tipo de influencia sobre o desempenho das empresas e por isso uma relação negativa entre ambas. Assim, estudos como Spanos et al. (2004) e Barbosa e Louri (2005) consideram que a estrutura de mercado onde cada empresa se insere irá

influenciar o seu desempenho. Por outro lado, Ochieng et al. (2015) considera que não existem

diferenças no desempenho das empresas de diferentes setores. Posto isto, no presente estudo, existe uma indeterminação quando ao efeito desta variável no desempenho das empresas devido ás conclusões controversas.

Por fim, quanto à localização, será denominada como LOC.EMP sendo uma variável dummy de acordo com as NUT2. A variável assume o valor 1 caso a empresa pertença a essa localização e 0 caso não pertença. Esta variável permitirá analisar se a região onde a empresa se encontra influencia o seu desempenho. Estudos como o de Cainelli (2008), Barbosa e Eiriz (2011) e Giner et al. (2017) consideram que a localização influencia positivamente o desempenho das empresas. Estudos como o de Acs e Armington (2004) e Audretsch e Dohse (2007) e consideram que a localização de empresas em regiões com elevado capital humano potenciam maior crescimento das empresas e por isso maior desempenho. Posto isto, no presente estudo, espera-se que esta variável tenha um efeito positivo no desempenho das empresas.

De seguida, na tabela 4, foram realizadas algumas estatísticas descritivas, como a média, mediana, desvio-padrão, mínimo e máximo com o objetivo de conhecer as variáveis e a amostra e ainda conseguir retirar as primeiras conclusões.

Tabela 4: Estatísticas descritivas

Fonte: Elaboração própria com recurso ao spss

Nota: Valores da variável volume de negócios encontra-se em milhares de euros.

Através da análise das estatísticas descritivas apresentadas na tabela acima descrita, é possível observar a existência de diferenças entre as diferentes empresas que constituem a amostra, nomeadamente nas variáveis volume de negócios e rentabilidade dos ativos. A partir desta pequena

VARIÁVEL MÉDIA MEDIANA DESVIO-

PADRÃO MINÍMO MÁXIMO VOLUME NEGOCIOS(VN) 3525.55 333.42 67736.53 -16.92 9803155 RENTABILIDADE DOS ATIVOS(ROA) 4.47 2.92 12.54 -99.92 96.76700 ISO 0.08 0 0.27 0 1 IDAD.EMP 19.48 17 15.03 1 115 ISOX IDAD.EMP 1.72 0 8.07 0 111 LOG(DIM.EMP) 23.30 7 82.36 1 5884

ISOXLOG(DIM.EMP) 5.17 0 46.81 0 3244

SETOR.EMP INFORMÁTICO PRODUÇÃO MADEIRA E CORTIÇA, EXCETO MÓVEIS TEXTIL ALIMENTAR 0.006 0.063 0.102 0.120 0 0 0 0 0.076 0.243 0.303 0.323 0 0 0 0 1 1 1 1 LOC.EMP NORTE CENTRO LISBOA ALENTEJO ALGARVE REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA REGIÃO AUTÓNOMA DOS AÇORES 0.54 0.25 0.13 0.05 0.02 0.009 0.009 1 0 0 0 0 0 0 0.50 0.43 0.34 0.21 0.13 0.09 0.09 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 1 1 1

análise, podemos constatar a existência de empresas muito distintas em termos de desempenho. Algumas apresentam valores muito elevados e outras valores muito baixos e até alguns negativos.

Em relação à variável dummy ISO, é possível verificar que apenas 8% das empresas da amostra apresentam certificação de qualidade, e os restantes 92% correspondem a empresas que não adotam a certificação da qualidade. Estes valores parecem pouco favoráveis relativamente à certificação da qualidade adotada pelas empresas Portuguesas, uma vez que, são poucas as empresas que a adotam. Uma justificação para estes valores poderá ser pelo facto do ano de 2018 ser um ano de transição relativamente às normas ISO, deixando de existir a ISO 9001:2008 e existindo apenas a ISO 9001:2015. E ainda, apesar da certificação da qualidade ser uma realidade que cresceu muito nos últimos anos, ainda existem poucas empresas certificadas em Portugal derivado do nosso tecido empresarial ser constituído essencialmente por micro e pequenas empresas, em que a certificação da qualidade ainda é uma estratégia pouco seguida.

Quanto às variáveis de controlo, nomeadamente idade, dimensão, setor de atividade e localização das empresas, podemos retirar algumas conclusões relevantes através da amostra utilizada. Começando pela variável idade, podemos verificar que, em média, na amostra as empresas apresentam 19 anos de idade. As empresas da amostra apresentam, no mínimo 1 ano de idade e no máximo 115 anos de idade. Podemos ainda concluir que mais de metade das empresas na amostra tem uma idade igual ou inferior a 17 anos de idade. Ou seja, a amostra é constituída por empresas mais antigas no mercado. Quando analisamos a idade nas empresas certificadas, verificamos que, em média, na amostra as empresas certificadas apresentam 2 anos de idade. Sendo que, no máximo, as empresas certificadas apresentam 111 anos de idade.

Em relação à variável dimensão, medida por número de trabalhadores ao serviço, na amostra estão incluídas todo o tipo de empresas: microempresas, pequenas e médias e grandes empresas. Assim, analisando a variável, é possível constatar que, no máximo, na amostra existem empresas com 5884 trabalhadores e que, no mínimo, na amostra existem empresas apenas com 1 trabalhador. Em média, as empresas tem 23 pessoas ao serviço. Através da análise á mediana, podemos verificar que metade da amostra tem 7 ou menos pessoas ao serviço. Este resultado demonstra que a amostra é constituída, maioritariamente, por microempresas. Quando analisamos a dimensão nas empresas certificadas, verificamos que, em média, na amostra as empresas certificadas tem ao serviço 23 empregados. Ou seja, em média, na amostra as empresas certificadas são de pequena dimensão.

Quanto ao setor de atividade, podemos verificar que 0.6% das empresas pertencem ao setor de produtos informáticos e eletrónicos, o que apresenta menor representatividade daqueles que são

apresentados. Podemos observar que 6.3% das empresas da amostra pertencem ao setor da madeira e produtos de madeira e cortiça, exceto móveis. Ainda podemos verificar que, 10.2% das empresas da amostra pertencem ao setor têxtil. Por fim, 12% das empresas da amostra pertencem ao setor alimentar, o que apresenta maior representatividade na amostra face aos outros setores apresentados. Relativamente à localização das empresas, analisando a representatividade por região, é possível observar que o Norte de Portugal apresenta maior percentagem de empresas, correspondendo a 54% da amostra. De seguida, a região do Centro representa 25% da amostra, Área metropolitana de Lisboa a representar 13% da amostra, o Alentejo com 5% e Algarve com 2%. Por fim, com menor representatividade, surge as Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores, com 0.9% cada uma.

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