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3.4 Variáveis Analisadas

3.4.2 Variáveis Independentes

Em pesquisa realizada pela ONU em 2003 (Global E-Government Survey 2003), verificou-se que o progresso geral de uma nação, no que se refere às políticas de governo eletrônico, está associado à sua situação social, política e econômica. Assim, o estágio de implementação do governo eletrônico em um país é reflexo de seus níveis de desenvolvimento econômico, tecnológico e de recursos humanos, de modo que nações com melhores indicadores sociais geralmente possuem resultados mais consistentes em termos de governo eletrônico (UNITED NATIONS, 2004). De forma similar, Pinho (2006) e Cruz (2010) também assumiram em seus estudos o pressuposto de que nos municípios mais desenvolvidos encontram-se as melhores condições (econômicas, sociais, políticas, tecnológicas) para implantar melhores portais eletrônicos; portanto, estes tendem a apresentar maior evidenciação e maior transparência de informações acerca da gestão pública. Nesse cenário, tendo em vista que pesquisas anteriores encontraram relações positivas entre os níveis de evidenciação em portais eletrônicos e indicadores socioeconômicos, foram selecionados neste estudo os seguintes indicadores para refletir as condições econômicas e sociais dos municípios pesquisados: receita orçamentária, transferências de recursos da União para os Municípios, PIB per capita, IDH-M, taxa de alfabetização e IFDM.

Adicionalmente, optou-se por incluir nesta pesquisa variáveis que representassem características pessoais dos gestores municipais, baseando-se na hipótese levantada por Loureiro, Teixeira e Prado (2008) de que variáveis políticas (comprometimento do chefe do executivo com a transparência, por exemplo) teriam mais a ver com o grau de transparência das entidades públicas do que as variáveis socioeconômicas. Desse modo, foram selecionadas, além dos indicadores socioeconômicos, as seguintes variáveis: gênero e escolaridade do(a) prefeito(a), com vistas a verificar se estas exercem influência no nível de divulgação de informações voluntárias.

As demais variáveis analisadas no presente estudo são: filiação partidária do(a) gestor(a) municipal, população, Índice Firjan de Gestão Fiscal (IFGF) e participação no Programa de Fiscalização de Recursos Federais (CRUZ, 2010; FIRJAN, 2011; CGU, 2012b).

Na sequência, são apresentadas as variáveis independentes selecionadas e as respectivas

proxies que foram utilizadas.

I) Gênero do(a) gestor(a) municipal (GEN): variável qualitativa de natureza dicotômica, sendo 1 para gênero feminino e 0 para gênero masculino.

II) Filiação partidária do(a) gestor(a) municipal (PMDB, PR, PSDB e PT): variável de natureza qualitativa; foi coletada na homepage do TRE-MG. Divide a filiação partidária do(a) gestor(a) municipal em cinco categorias: PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro), PR (Partido da República), PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira), PT (Partido dos Trabalhadores) e Outros Partidos. Como proxies para representar a variável em questão, foram utilizadas quatro dummies (PMDB, PR, PSDB e PT), sendo PMDB = 1 se o(a) gestor(a) municipal encontra-se filiado ao PMDB e = 0, caso contrário; PR = 1 se o(a) gestor(a) municipal encontra-se filiado ao PR e = 0, caso contrário; PSDB = 1 se o(a) gestor(a) municipal encontra-se filiado ao PSDB e = 0, caso contrário; PT = 1 se o(a) gestor(a) municipal encontra-se filiado ao PT e = 0, caso contrário. Desse modo, a categoria Outros Partidos foi considerada a referência.

III) Escolaridade do(a) gestor(a) municipal (ESC1 e ESC2): variável de natureza qualitativa; foi coletada na homepage do TSE. Divide os gestores municipais em três níveis de escolaridade: nível fundamental ou inferior, nível médio e formação superior. Como

proxies para representar a variável em questão, foram utilizadas duas dummies (ESC1 e

ESC2), sendo ESC1 = 1 se o grau de escolaridade do(a) gestor(a) municipal refere-se ao nível fundamental ou inferior e ESC1 = 0, caso contrário; ESC2 = 1 se o(a) gestor(a) municipal possui ensino médio completo e ESC2 = 0, caso contrário. Dessa forma, o nível superior foi considerado a categoria de referência.

IV) PIB per capita (PIB): variável de natureza quantitativa; foi obtida no banco de dados do IBGE, referente ao ano de 2009 (Censo Demográfico 2010).

V) Receita orçamentária (REC): variável de natureza quantitativa; foi obtida no banco de dados Finanças do Brasil (FINBRA), disponível no portal eletrônico da Secretaria do Tesouro Nacional (STN), referente ao exercício de 2010.

VI) População (POPUL): variável de natureza quantitativa; foi obtida no banco de dados Finanças do Brasil (FINBRA), disponível no portal eletrônico da Secretaria do Tesouro Nacional (STN), referente ao exercício de 2010.

VII) Transferências de recursos da União para os Municípios (TRANSF): variável de natureza quantitativa, disponível no Portal da Transparência do Governo Federal, referente ao exercício de 2010.

Salienta-se que, em relação às variáveis PIB per capita, receita orçamentária, população e transferências de recursos da União para os Municípios, optou-se por utilizar o logaritmo natural (ln) de tais indicadores, haja vista que o uso do logaritmo permite compactar a informação (CASAS, 2006) e, portanto, comprimir escalas quando a faixa de variação de valores é muito ampla. Adicionalmente, a transformação mencionada permitiu reduzir a concentração de valores à esquerda, possibilitando uma aproximação da curva de distribuição normal.

VIII) Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M): variável de natureza quantitativa; foi obtida no Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil (PNUD, 2012a), referente ao ano de 2000.

IX) Taxa de alfabetização (ALF): variável de natureza quantitativa; foi obtida no banco de dados do IBGE, referente ao ano de 2010 (Censo Demográfico 2010).

X) Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM): variável de natureza quantitativa; foi obtida na homepage da Firjan (http://www.firjan.org.br), referente à edição 2011, ano base 2009.

O Sistema Firjan estipulou as seguintes classificações para o índice em questão: a) municípios com IFDM entre 0 e 0,4: baixo estágio de desenvolvimento; b) municípios com IFDM entre 0,4 e 0,6: desenvolvimento regular;

c) municípios com IFDM entre 0,6 e 0,8: desenvolvimento moderado; d) municípios com IFDM entre 0,8 e 1,0: alto estágio de desenvolvimento.

XI) Índice Firjan de Gestão Fiscal (IFGF): variável de natureza quantitativa; foi obtida na

homepage da Firjan (http://www.firjan.org.br), referente à edição 2012, ano base 2010.

De forma equivalente ao IDH e IFDM, o IFGF também varia entre 0 e 1, sendo que, quanto mais próximo de 1, melhor a gestão fiscal do município no ano em observação. Com base nessa metodologia, o Sistema Firjan estipulou as seguintes classificações:

a) resultados superiores a 0,8 pontos: conceito A (Gestão de Excelência); b) resultados compreendidos entre 0,6 e 0,8 pontos: conceito B (Boa Gestão);

c) resultados compreendidos entre 0,4 e 0,6 pontos: conceito C (Gestão em Dificuldade); d) resultados inferiores a 0,4 pontos: conceito D (Gestão Crítica).

XII) Participação no Programa de Fiscalização de Recursos Federais a partir de Sorteios Públicos (PFRF): variável qualitativa de natureza dicotômica, sendo 1 para os municípios que já foram sorteados pelo programa, conforme informações disponíveis na

homepage da CGU (http://www.cgu.gov.br) e 0 para os demais.