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Variação das Ações em relação à Taxa CD

4. METODOLOGIA DA PESQUISA

4.3.2 Variação das Ações em relação à Taxa CD

Foram levantadas as cotações iniciais das ofertas, registradas na Comissão de Valores Mobiliários – CVM. Em seguida foram obtidas as cotações de fechamento de cada ação para os prazos de 1 (primeiro dia de negociação do papel na Bolsa), 30, 90, 180, 360 e 540 dias. A partir desses dados foram calculadas as

variações de cada papel para os referidos prazos. O mesmo procedimento, considerando-se os mesmos prazos, foi aplicado à taxa CDI, considerado o principal índice de referência para as aplicações de renda fixa.

Para entender o que representa e como funciona o CDI é importante conhecer o funcionamento do mercado interbancário, que é onde os bancos realizam operações de empréstimos entre si.

Para fazer face às diversas transações em que se envolvem, os bancos dispõem de recursos em ativos líquidos, como dinheiro, por exemplo. Estas instituições precisam ter estes recursos disponíveis para qualquer necessidade de liquidez que seus clientes possam ter. No entanto, apesar do planejamento existente, podem ocorrer situações de desequilíbrio de curto prazo.

Com o objetivo de facilitar o processo de troca destas reservas bancárias, foi criado o mercado interbancário, onde participam somente instituições financeiras, como bancos e corretoras, por exemplo. É neste mercado, sem a participação do governo e sem a cobrança de impostos, que as instituições financeiras equilibram sua liquidez de curto prazo.

De acordo com Fortuna (2008, p. 117), o Banco Central não tem acesso a este segmento do mercado, onde os preços estão livres da intervenção e, portanto, de balizamentos oficiais. Este mercado é privativo dos bancos e dos brokers, que fazem a ponte entre compradores e vendedores de dinheiro com lastro em títulos privados, porém, não está imune às influências sazonais do fluxo de recursos mantidos entre o sistema bancário e o governo.

Para lastrear este mercado, foi criado, em meados da década de 80, o CDI, ou Certificado de Depósito Interfinanceiro, atualmente mais conhecido como Depósito Interfinanceiro - DI. Suas características são idênticas às de um CDB – Certificado de Depósito Bancário, mas sua negociação é restrita ao mercado interbancário. Sua função é, portanto, transferir recursos de uma instituição financeira para outra.

A regulamentação atual do DI tem como referência básica a Resolução nº 3.399, de 29.08.06, onde o Banco Central autoriza os bancos múltiplos, os bancos comerciais, os bancos de investimento, os bancos de desenvolvimento, as caixas econômicas, as sociedades de crédito imobiliário, as associações de poupança e

empréstimo, as cooperativas de crédito e as sociedades de arrendamento mercantil a receberem depósitos interfinanceiros.

Antes de sua criação do CDI, as instituições financeiras monetárias e não- monetárias disputavam no mercado os recursos disponíveis para captação. Devido à volatilidade das taxas dos diferentes papéis em mercado, os recursos financeiros disponíveis procuravam as melhores aplicações, quer fossem em CDB, Letras de Câmbio ou Letras Imobiliárias. Naturalmente, existiriam, em diferentes momentos, perdas para uns e ganhos para outros. O CDI veio para garantir uma distribuição de recursos que atendesse ao fluxo de recursos demandado pelas instituições.

Assim como no caso do CDB, o CDI é uma modalidade de aplicação que pode render tanto uma taxa de juro fixa quanto variável. As transações são fechadas por meio eletrônico e registradas nas instituições envolvidas e nos terminais da CETIP S.A. – Balcão Organizado de Ativos e Derivativos. O prazo desses certificados pode variar, porém, a maioria das operações é negociada com prazo de um dia.

Como as mais usuais no mercado interbancário, as taxas registradas nas operações um dia servem de referência para o cálculo da taxa CDI Over. A taxa média diária do CDI de um dia é, portanto, calculada com base nas operações de emissão de Depósitos Interfinanceiros pré-fixados, pactuadas por um dia útil e registradas e liquidadas na CETIP, conforme determinação do Banco Central.

São selecionadas apenas as operações de um dia útil de prazo (conhecidas também como overnight), considerando somente as operações realizadas entre instituições de conglomerados diferentes, não sendo contabilizadas as taxas de transações dentro de um mesmo grupo financeiro.

Por representar as condições de liquidez do mercado, o CDI Over é uma média obtida e divulgada em termos anuais, no começo da noite de cada dia útil, após o fechamento do mercado. Com isso, esta taxa serve de referência para o custo de reservas da manhã seguinte, influenciando na formação da taxa Selic. Embora flutue em patamares próximos, esta taxa não é a Selic fixada pelo Comitê de Política Monetária - COPOM, que é referida no mercado como Selic Meta.

De acordo com Securato (2003, p. 110), a taxa CDI também tem características de taxa livre de risco, sendo que, embora acompanhe a taxa SELIC,

o mercado acabou elegendo a taxa CDI como taxa benchmark, pois ela é formada pelo próprio mercado. Dessa forma, as taxas SELIC e CDI são, em geral, muito próximas e até iguais quando o mercado não espera nenhum movimento (alta/queda) da taxa básica pela autoridade monetária.

Por ser uma taxa importante no mercado interbancário, o CDI acaba servindo de referencial para outras taxas praticadas pelos bancos. Por exemplo, um aumento no CDI pode indicar que o custo de captação dos bancos esteja crescendo, de forma que as instituições podem decidir pelo aumento nas suas taxas de empréstimos, tanto para pessoas físicas como jurídicas, para manter uma margem estável. As taxas do DI over, que representam o custo da troca de reservas interbancárias por um dia, estabelecem o parâmetro de taxas para as operações de empréstimo de curtíssimo prazo, o chamado Hot Money, que, normalmente, embute o custo do DI over mais um spread mínimo.

Além de patamar para outras taxas, o CDI também é utilizado como referencial para avaliar a rentabilidade das aplicações em fundos de investimento. Embora alguns analistas e instituições critiquem esta utilização, já que esta é uma taxa de curtíssimo prazo disponível apenas para instituições financeiras, este segue sendo o índice de referência mais popular para as aplicações de renda fixa.

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