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A variação diapsíquica

No documento QUIBONGUE Tese -19-12-2013.pdf (páginas 165-169)

LEXICOGRAFIA BILINGUE DE APRENDIZAGEM PORTUGUÊS KIKONGO

7. Considerando a organização macroestrutural, temos os dicionários semasiológicos, onomasiológicos; os primeiros têm as entradas classificadas

4.5.6. A variação diapsíquica

A variação diapsíquica ou diapique, segundo Á. Gomes (2000), designa estados de espírito que se reflectem na língua.

O termo foi criado em 1860 por E. Durand, na cidade de Gros, que lhe emprestou o sentido de sugestibilidade: a impressão que o pensamento, num terreno preparado pela sugestão, pode provocar no paciente.

166 4.6. Lexicografia de Aprendizagem e desenvolvimento de competências

Não há uma fronteira nítida entre dicionários pedagógicos e não pedagógicos. Os dicionários pedagógicos têm um carácter didáctico em maior ou menor grau, ou seja, uns são melhores, outros, menos adequados. Não há um consenso em todos os casos do que pode ser considerado um dicionário pedagógico. Qualquer dicionário tem sempre uma função pedagógica.

Mas não deve confundir-se lexicografia pedagógica com pedagogia lexicográfica (ou didáctica do uso de dicionários), embora as duas áreas estejam relacionadas, como admite Zofgen (1994: 8). Existe uma afinidade especial entre a pedagogia lexicográfica e aquilo que em inglês é denominado '(meta) lexicografia pedagógica'. Mas afinidade não significa inclusão.

Afinal, pode ensinar-se o uso de dicionários não pedagógicos, por exemplo, nos muitos países, onde ainda não foram publicados dicionários para aprendizes.

Por outro lado, há a possibilidade de se definir metalexicografia pedagógica de maneira mais ampla, não se restringindo a dicionários pedagógicos, mas simplesmente relacionando dicionários e pedagogia. Nesse caso, a didáctica do uso de dicionários estritamente pedagógicos faria parte da metalexicografia pedagógica.

Pelos inconvenientes mencionados, preferimos utilizar o termo Lexicografia de Apendizagem. Por outro lado este conceito privilegia a perspectiva da aprendizagem e a autonomia do aluno.

O uso pedagógico do dicionário visa destacar a sua importância, como um instrumento pedagógico, no ensino de línguas e apresentar orientações para o seu efectivo uso na aprendizagem da língua materna, da língua segunda ou estrangeira.

Com base em análises sobre vários aspectos linguísticos de dicionários de aprendizagem, o professor deverá desenvolver actividades aplicadas à aprendizagem da língua, as quais desenvolvem a competência lexical dos alunos, bem como as

167 habilidades de leitura e produção textual ou produção escrita. Metodologicamente, este tipo de trabalho oferece subsídios importantes para a didáctica do ensino da língua (perspectivas: materna, segunda e estrangeira).

Esta utilização por parte do professor visa, essencialmente, proporcionar conhecimentos específicos sobre o dicionário escolar, suas características e suas possibilidades de uso para a aprendizagem da língua (materna ou segunda e estrangeira), capacitar os participantes-alunos para um bom aproveitamento didáctico do dicionário, na sala de aula, conhecer os critérios de selecção de um dicionário adequado ao nível de aprendizagem do aluno, explorar convenientemente os dicionários e produzir material didáctico para a sua utilização em sala de aula.

O dicionário, sendo um instrumento indispensável na aprendizagem de uma

língua, é ainda pouco utilizado em sala de aula, no contexto angolano. A sua utilização eficaz assume um valor indiscutível para o ensino.

Neste sentido, a Lexicografia de Aprendizagem é um auxiliar dos docentes e discentes como parte importante da sua preparação formal, nos seus respectivos cursos profissionais e de formação. É necessário capacitar toda a classe docente da valiosa importância do estudo pleno dos dicionários.

Acreditamos que a Lexicografia de Aprendizagem pode contribuir para o bom desempenho dos professores e dos futuros profissionais da educação em Angola.

Os dicionários contemporâneos devem reflectir as mudanças observadas em todos os sectores da vida humana. Por essa razão, os dicionários são elaborados ou actualizados através da ajuda de corpora textuais volumosos, geridos por hipertextos e por softwares de estatística: “A primeira grande mudança do dicionário geral de língua tem a ver com a sua representatividade. Numa lexicografia baseada em corpora, as palavras não podem ser inseridas na nomenclatura do dicionário apenas com base na intuição do lexicógrafo, mas sim com base em critérios rigorosos que vão da frequência de ocorrência de um item no corpus, à sua representatividade no tipo de discurso cujo

168 vocabulário se pretende retratar. Deste modo e dado que o léxico é hoje claramente entendido como sendo impossível de descrever em extensão, um dicionário contemporâneo, por muito extenso que seja, não pode arrogar-se a capacidade de representar todo o léxico da língua…” Margarita Correia (2008: 8).

Concluindo, as teorias e as metodologias da Lexicografia de Aprendizagem podem ser abordadas em diferentes ópticas (monolingue, bilingue e contrastiva), contribuindo para os seguintes aspectos:

- alertar o professor para a importância do do dicionário dentro e fora da sala de aula, na aula de Português (língua segunda ou estrangeira ou eventualmente materna)

- a função do dicionário no ensino e na aprendizagem da língua (ou das línguas), em geral, e do léxico, em particular.

- contribuir para o desenvolvimento da competência lexical do indivíduo.

- contribuir para um melhor conhecimento da sua cultura e das culturas dos outros através dos fenómenos de lexicultura que podem ser observados de um modo contrastivo, servindo de motivação para a aprendizagem do léxico.

- contribuir para o desenvolvimento da leitura e da aquisição da língua escrita.

As contribuições da Lexicografia de Aprendizagem podem ser úteis nos vários níveis de ensino, não apenas apenas na aula de Português, mas também nas aulas de outras disciplinas, em que o dicionário de língua corrente ou o dicionário terminológico podem esclarecer dúvidas de vários tipos, ajudando o aluno a adquirir competências em língua e competências noutras disciplinas.

O professor tem que possuir uma formação especializada e estar consciente das funções desta disciplina que estabelece pontes entre várias áreas do conhecimento, no processo complexo de ensino-aprendizagem.

169 Por isso, a grande tarefa da formação de professores no nosso país, na nossa província e, em particular, na nossa instituição, deverá pensar a escola como “uma escola (ideia) pensada no plural, mais coesa, mais conhecedora do outro, mais capaz de construir pontes, pontes entre disciplinas, pontes entre níveis de formação/educação, pontes entre práticas curriculares, pontes entre línguas e linguagens”I. Alarcão (2001:3).

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