• Nenhum resultado encontrado

Este filme, na verdade foi feito para ser estreado um ano antes, mas houve uma crise no cinema sueco, em 1950, porque o governo estava cobrando altas taxas de impostos para tudo que se relacionava ao entretenimento.

Nenhum filme foi lançado este ano.

15 A história foi escrita no período em que a Segunda Guerra Mundial era eminente. Bergman escreve que diante

conheceram durante o período em que Marie visitava seu tio Erlands, em sua casa de verão. Henrik acaba por sofrer um acidente fatal no final daquele verão. Erlands acolhe a sobrinha e fez com que ela foque no trabalho como bailarina, para esquecer o ocorrido com seu amado. Marie, tomada pelas lembranças do seu relacionamento, decide visitar a casa de verão do seu tio. Lá descobre que foi ele quem mandou o diário e se sente traída por não tê-lo recebido antes. Marie volta para o teatro e encontra seu atual namorado David (relação esta que parece desgastada) a quem mostra o diário. David o lê e passa a compreender melhor Marie que depois desta “volta ao passado” aparenta mais jovialidade.

Imagem 05. Cartaz de “Juventude” ou Summer Interlude.

Fonte:http://s3.amazonaws.com/criterion-production/release_boxshots/3903- b59ca916af4bb65842bdeeb608491e67/613_box_348x490_original.jpg

Seus próximos filmes contam histórias com fortes personagens femininas como protagonistas que possibilitam algum tipo de mudança no enredo, personas mais hábeis de compreender e lidar com as emoções e a vida. São eles: “Enquanto as mulheres esperam” (1952), “Noites de circo” (1953), “Monika e o Desejo” (1953), “Uma lição de Amor” (1954), “Sonhos de Mulheres” (1955), “Sorrisos de uma noite de amor” (1956).

Bergman possuía um grande talento para descobrir novas atrizes de sucesso, geralmente jovens e belas. A atriz Harriette Andersson, com quem teve um affair, trabalhava posando para revistas. Ela foi escalada para fazer o papel principal em “Monika e o Desejo”

(1952). Esse filme teve grande repercussão pela temática, mostrando uma jovem mulher, Monika, e seu namorado, Henrik, fogem num pequeno barco do pai deste para passar os dias do verão em uma pequena ilha. Monika descobre que está gravida e Henrik decide que devem voltar para a cidade para se casar e voltar a trabalhar e estudar para poder sustentar a filha do casal. Depois do nascimento da filha, Monika se mostra cada vez mais descontente com a rotina do casal e deixa o marido e a filha para viver seu sonho de liberdade que não envolvia nenhuma daquelas responsabilidades.

Todos esses filmes exploram, de uma maneira ou de outra, as dificuldades das relações de um casal, desde o descortinar da ideia da fidelidade à dificuldade de comunicação entre os dois. Bergman, em 1952, já havia se separado de Gun e passara a viver com Harriette Andersson, em Mälmo. Lá ele se torna chefe executivo e consultor artístico do Teatro Municipal de Mälmo, produzindo 19 peças em seis anos.

Imagem 06. Cartaz de “Monika e o Desejo”.

Fonte: http://ecx.images-amazon.com/images/I/81nb9zPwkrL._SL1500_.jpg

Mas foi com “Sorrisos de uma noite de amor” (1955) que Ingmar conseguiu chegar ao sucesso como cineasta. Este filme foi o divisor de águas, conforme relata no documentário “A ilha de Bergman” (2006). A película foi premiada em Cannes, e com o seu sucesso, Bergman ganha liberdade artística para os próximos trabalhos. Ele conta que quando soube da premiação em Cannes, pegou dinheiro emprestado com Bibi Andersson, com quem ele mantinha uma relação amorosa no período, e foi para França encontrar com Carl Anders, que já se encontra no festival para vender o filme. Chegando lá, ele entregou o roteiro do “Sétimo Selo” (1957) para que o mesmo fosse aprovado (roteiro este que já havia sido rejeitado

anteriormente). Anders, empolgado com o sucesso de “Sorrisos de uma noite de amor”, acabou concordando em financiar o filme

Com o “Sétimo Selo” começa uma série de filmes em que o tema da religião e o silêncio de Deus se tornam mais evidentes, os quais se tornam uma espécie de catarse da sua relação com a religião. No livro “Imagens”, ele registra o seguinte a respeito:

Naquele tempo eu ainda vivia com uns restos estiolados de uma fé de criança, a ideia absolutamente ingênua de que se poderia chamar uma possibilidade de salvação para além deste mundo. Minha convicção atual começava também a se manifestar. Segundo ela o ser humano tem dentro de si sua própria Santidade, que é deste mundo e não tem explicação fora dele. Daí haver no filme esse resto de uma fé sincera, infantil, isenta de neurose, conjugando-se com uma concepção mordaz e racional da realidade BERGMAN, 1996, p. 235).

Imagem 07. Cena do filme "Sétimo Selo" em que o cavaleiro joga xadrez com a morte.

Fonte: http://www.ufla.br/ascom/wp-content/uploads/2011/08/setimo_selo.jpg

O filme se passa na Idade Média e mostra o desiludido cavaleiro Antonius Blok, voltando das cruzadas na Terra Santa para uma Suécia, devastada pela Peste Negra, com seu escudeiro Jöns. Blok duvida da existência de Deus e procura provas da sua existência na Terra. Acaba por encontrá-la na inocência e pureza de uma família de artistas itinerantes. Durante sua jornada para casa, Blok distrai a Morte com um jogo de xadrez.

A concepção da morte sempre foi algo assustador para Bergman. Algo que ele não poderia controlar ou prever. É interessante perceber neste filme sua representação como um homem vestido de preto com o rosto pintado de branco que joga xadrez e conversa com o cavaleiro. Então, como ele mesmo explica: “Tinha tido a coragem de dar à Morte a figura de um palhaço branco, personagem essa que conversa, que joga xadrez e não arrasta consigo quaisquer segredos, foi o primeiro passo para a minha luta contra o horror que sentia da morte” (BERGMAN, 1996, p. 239).

Barreira Júnior (2014) percebe como o filme, mesmo sendo ambientado na Idade Média, desnuda as angústias e temores como o medo da morte do homem moderno. O autor analisa o ambiente sociocultural vivido por Bergman. Isto inclui sua formação protestante luterana, e como sua relação com o teatro e o cinema geram a forma como a morte é tematizada no filme. Barreira Júnior (2014, p. 9-10) analisa o silêncio de Deus, a questão da humilhação no cristianismo, que Bergman traz para seu filme:

Bergman despreza a Deus e recusa esse cristianismo que valoriza a humilhação, bem como a Teologia que exige do fiel uma constante confissão de culpa. Ele põe na boca de Block toda recusa a essa forma de religiosidade, quando diz: “Por que ele vive em mim de uma forma tão humilhante apesar de amaldiçoá-lo e tentar tirá-lo do meu coração? [...] Block angustia-se por não ouvir nenhuma resposta de Deus às suas súplicas. No confessionário, o cavaleiro reconhece sua indiferença ao próximo. O retorno para casa tem-no levado a refletir e constatar que se excluiu, deliberadamente, da vida social, ignorando os outros. Onde está a raiz desta indiferença? É provável que, ao passar mais de dez anos convivendo com a guerra, em que o outro não é o próximo, mas o inimigo, ou, como disse Sartre, “o inferno são os outros”, Block, aos poucos, foi perdendo o fervor da vida comunitária e se fechando em suas fantasias. O cavaleiro, no entanto, não tenta resolver a indiferença ao próximo, mediante o debate social, mas no interior da igreja, por meio da confissão.

Nesta última citação é possível perceber como Bergman se relacionou com seus “demônios”, durante boa parte da sua vida, ou até poder dar vida a eles através da arte. Ele se tornou recluso, submerso nas suas fantasias. A religião, assume um papel importante, pela própria figura do pai que era pastor. E no seu próximo filme “Morangos Silvestres” (1957) que ele parece enfrentar mais claramente sua relação com a família.

“Morangos Silvestres” assim como “Fanny e Alexander” trata das lembranças da infância de Bergman. Mas o primeiro, mesmo sendo anterior possui um tom mais reflexivo sobre seu pai e sobre si mesmo. Bergman, nesse período, continuava sem falar com o pai, tinha conflitos com a mãe, sua relação com Bibi Andersson estava se deteriorando: “Eu, com trinta e sete anos, privado de relações humanas, com necessidade de me impor, introvertido, e

não apenas relativamente, mas sim bastante fracassado. Apesar dos sucessos, de ser um bom profissional, cumpridor e disciplinado” (BERGMAN, 1996, p. 20).

O filme começa com Isak Borg se apresentando. Ele tem 78 anos, é viúvo e tem um filho que está casado há vários anos. Naquele momento, está prestes a receber o jubileu da universidade na cidade de Lund. Na noite anterior à viagem para receber o prêmio, Isak tem um sonho confuso em que vê um homem sem rosto e depois vê a si mesmo num caixão. Quando acorda, muda seus planos de viagem, que a princípio seria de avião e decide ir de carro. Sua nora, Marianne, o acompanha. Durante a viagem, Isak decide parar na casa onde costumava passar os verões na juventude.

Durante esta paragem, relembra sua infância e encontra Sara, uma moça muito parecida com seu amor de juventude. Sara e mais dois rapazes que a disputam, pedem carona para Isak e embarcam na viagem para Lund. Na estrada, um casal que acabara de sofrer um acidente de carro junta-se ao grupo. Mas por não pararem de brigar acabam ficando pela estrada. Marianne consegue ter uma conversa com seu sogro sobre seu relacionamento. Ela está grávida e o filho de Isak não deseja ser pai por se sentir frio e morto, exatamente como Borg se descrevera. Ele então, reexamina sua vida através de lembranças da infância e sonhos durante o trajeto. Isak percebe o quanto foi frio e distante durante sua vida e que isso acarretou numa velhice solitária. O filme acaba com mais um sonho onde o protagonista reencontra seus pais na ilha onde costumavam passar o verão na sua juventude.

Bergman, deixa claro o que mais o impulsionou para realizar este filme:

a força motora de Morangos Silvestres é, por conseguinte uma tentativa desesperada de me justificar perante meus pais que me voltaram as costas e a quem eu dera dimensões desproporcionadas, míticas, tentativa essa que estava condenada a falhar. Só muitos anos depois é que minha mãe e meu pai se transformaram em seres de proporções normais, só muitos anos depois é que a criancice do ódio profundo se desvaneceu até se apagar, para enfim, nos encontrarmos com dedicação e compreensão mutuas (BERGMAN,1996, p. 22).

Personagens como Isak Borg, que se mostram distantes e frios no seu trato com as pessoas que lhe rodeiam, podem ser vistos em outros filmes, como David na película “Através do espelho” (1961). Este filme compõe, o que posteriormente ficou conhecido como “A Trilogia do Silêncio”, que inclui “Luz de Inverno” (1962) e “O Silêncio” (1962).

O filme “Através do Espelho” trata das relações entre Karin e Martin. Ela sofre de esquizofrenia e acredita em um deus-aranha que fala com ela através do papel de parede. Seu marido Martin é médico e tenta, ao máximo, ajudar sua mulher. Mas é o irmão mais novo

dela, Minnus, o único que consegue se aproximar mais dela, porque entra na lógica da sua loucura. David, pai de Karin e Minnus, se mostra distante e frio diante da doença da filha e da carência do filho mais novo. Cada personagem vive no seu próprio universo e não parece conhecer os meios para alcançar uns aos outros. Porém, cada tentativa de aproximação traz transformações em toda trama para o bem ou para o mal.

Imagem 08: Karin no filme “Através do Espelho”.

Fonte: Print Screen do filme “Através do Espelho” (1961)

“Luz de Inverno” não se afasta disso. A história se desenrola nas relações de Tomas e Marta. Ele é pastor de uma pequena vila e possui sérias dúvidas sobre a existência de Deus. Marta, uma professora do vilarejo, é apaixonada por Tomas que a rejeita. Karin, esposa de Jonas, pede ajuda ao pastor, pois seu marido estava muito angustiado. Tomas conversa com Jonas mas acaba deixando transparecer suas próprias angústias o que acaba resultando no suicídio de Jonas. Tomas, mesmo com a morte de Jonas, não se comove. Ele confessa para Marta que só se tornou pastor, porque seus pais assim queriam. O filme acaba com Tomas celebrando uma missa com a igreja quase vazia.

Fonte: Print Screen do filme “Luz de Inverno” (1962).

Outro enredo do cineasta é o foco do filme o “Silêncio”, que conta a história de duas irmãs Anna e Ester que estão viajando e param numa cidade desconhecida, onde se fala uma língua que nenhuma das irmãs conhecem. Elas levam consigo o pequeno filho de Anna, Johan. É possível perceber que no filme, que a princípio focava num silêncio divino, volta-se para um silêncio humano. Bergman divide as personagens em dois polos. Ester, a mais velha, é intelectualizada e tradutora de livros. Anna é uma bela mulher que parece querer viver sua sexualidade ao máximo. Ester e Anna não conseguem se comunicar uma com a outra. Ester percebe o mundo ao seu redor de forma fria e racional e Anna quer experimentar o mundo do seu corpo e sentimentos. Quando Anna exibe um jovem amante para Ester, esta tem um colapso nervoso. Ester busca se aproximar de Anna fisicamente, mas ela a rejeita e a deixa sozinha no hotel onde estavam hospedadas. Um funcionário do hotel aparece no quarto de Ester que está deitada na cama. Ela, como conhecedora de várias línguas, tenta se comunicar com ele, mas ele nada entende. Passam, então, a recorrer a gestos para se comunicar.

Fonte: https://culturavisualqueer.files.wordpress.com/2010/07/silencio.jpg

Outra coisa que me chama atenção é o que diz respeito à forma com que Bergman lida com a realidade e a fantasia. Ele parece ter achado uma fórmula para si mesmo em relação a esta dicotomia. Se Deus não responde ou não existe, é preciso buscar outras formas de se relacionar com o universo. O racionalismo puro não acaba com as angústias da alma. Mas as fantasias, mesmo sendo fantasias, parecem trazer um pouco de conforto. De um menino que vivia no seu mundo de fantasias, criando histórias que contava para os outros a um grande cineasta, Bergman percebeu a propensão das pessoas ao seu redor a se permitirem e até desejarem serem enganadas para viverem a fantasia. Com o tempo essas se tornam as máscaras usadas no dia-a-dia.

A “Trilogia do silêncio” abre uma série de filmes que expõem as dificuldades humanas de se comunicarem, desde as relações amorosas, os familiares até as do próprio diretor com seus críticos. Para não me alongar tanto escolhi os filmes: “Persona” (1966), “O rito” (1967) e “Cenas de um Casamento (1972) para exemplificar as dificuldades de comunicação entre as personagens.

Em uma viagem com a companhia de Teatro para Orebro, em 1964, os atores ficaram muito doentes e alguns morreram graças às gripes endêmicas, comuns no norte. O próprio Bergman adoeceu gravemente, passando um longo período hospitalizado. Naquele momento, Bergman começou a questionar sua função como artista e da arte. Era, na verdade, uma tradução de um sentimento de futilidade quanto à sua função como diretor de cinema a qual se sentia preso, no tocante à sua criatividade, a uma forma de narrativa que a indústria exigia.

Assim expressa:

Literatura, pintura, música, cinema e teatro são artes que se geram e se nutrem de si próprias. Mutações, novas combinações aparecem e desaparecem, o movimento, visto de fora, mostra uma vitalidade constante. É o entusiasmo grandioso dos artistas que, para eles mesmos e para um público cada vez mais distraído, projetam a imagem de um mundo que já não pergunta o que é que eles acham ou pensam. Em alguns países, os artistas são castigados, e a arte, neles é vista como qualquer coisa de perigoso que vale a pena sufocar ou dirigir. No entanto, a arte é, de modo geral, livre, atrevida, irresponsável e, como disse: o movimento é intenso, quase febril, se assemelha, me parece, a uma pele de cobra repleta de formigas. A cobra já está morta há muito tempo, comida, desprovida de seu veneno, mas a pele mexe, cheia de uma vida misteriosa (BERGMAN, 1996, p. 50).

O argumento do filme “Persona” (1966) surge nesse momento. Foi durante a filmagem que Bergman começou a se relacionar com Liv Ullmann. Eles foram casados por cinco anos e tiveram uma filha juntos. Liv se tornou sua musa a partir desta produção. Foi também neste período que Bergman se apaixonou pela ilha de Färo, onde se passa o filme e onde ele decidiu passar o resto da sua vida.

A SF precisava de um filme para fechar a lacuna do seu programa e Bergman assumiu a responsabilidade de realizá-lo. “Persona” abriu espaço para experimentar novas formas de enredo. Para focar no que era importante, como ele mesmo expressou, “uma composição de várias vozes, um concerto grosso no interior de uma mesma alma” (BERGMAN, 1996, p. 55), procura deixar o tempo e o espaço como elementos secundários. Os atores se deslocam de um lugar para outro sem que se veja o deslocamento.

“Persona” conta a história da atriz Elisabet Vogler, que deixa de falar após uma apresentação no teatro. Seu mutismo em relação aos que a rodeiam é total. É então internada numa clínica. Não está doente, mas escolheu o silêncio. Em companhia de uma enfermeira, Alma, vai viver em uma ilha. As duas mulheres enfrentam situações várias, sendo a intimidade entre elas cada vez maior. Com isso, elas estabelecem uma troca constante de identidades.

Na trama, a personagem Elisabet Vogler é significativamente uma atriz de teatro que se cala para parar de representar papéis. Isto é explicado no diário da personagem, feito para a construção do filme:

Então achei que cada tonalidade da minha voz, cada palavra em minha boca, era uma mentira, um jogo para encobrir o vazio e o tédio da existência. Para fugir ao desespero e ao colapso, só havia uma salvação: não dizer uma palavra. Chegar a uma conclusão quanto ao que estava atrás do meu silencio ou, pelo menos, tentar reunir os recursos que ainda estavam à minha

disposição (BERGMAN, 1996, p. 60).

Em conversa (monólogo) com Elisabet, Alma revela fatos que ocorreram na sua vida. Um deles foi uma aventura sexual com uma amiga e dois garotos em uma praia que resultou no aborto. A própria Alma questiona como aquilo poderia estar relacionado com a pessoa que ela imagina ser. Ela tinha uma imagem de si mesma que não se encaixava com aqueles eventos. O primeiro conflito do filme surge quando Alma lê uma carta que Elisabet escreveu contanto sobre os segredos revelados em um momento de confiança. Alma, então, torna-se distante e angustiada em relação a Elisabet, tentando confrontá-la e fazê-la falar. Elisabet permanece em silêncio. Depois de uma briga violenta, a personagem de Alma parece está se fundindo com a de Elisabet.

Imagem 11: Fusão dos rostos de Alma e Elisabet.

Fonte: Print Screen do filme “Persona” (1966).

Em “Persona”, as máscaras estão sendo construídas. As fachadas (GOFFMAN, 2011) das personagens Alma e Elisabet estão se construindo e sendo postas em xeque. Alma reavalia e transforma seu personagem diante da presença de Elisabet. Esta escolha uma máscara, decide parar de falar, achando que assim, pararia de representar, mas ela continua, como fazia na sua profissão como atriz a analisar o “Outro”, buscando no “Outro” reações e emoções verdadeiras. Como num workshop, ela estuda Alma, absorve tudo que pode como se para compor uma personagem futura a ser representada. Como atriz, ela pode no palco mudar constantemente de identidades. Mas como mulher e mãe, ela está presa a esses papéis. Parar

de falar lhe coloca num estado diferente do comum que é entendido como uma crise pelos outros. Isso lhe deu uma chance de se isolar. E nesse estado de suspense ela pode reavaliar com a presença de Alma esses papéis que lhe prendem.

Pensando na questão da performance artística, entramos no filme “O Rito” (1967). Era, como já salientei, um período em que Bergman estava questionando o seu papel como artista e o da própria arte. Além disso, estava recebendo severas críticas tanto no teatro (foi um momento em que ele deixou o teatro de Mälmo), como no cinema.

Este filme foi concebido para a televisão sueca e se trata de um grupo de teatro que