• Nenhum resultado encontrado

A pesquisa cujos resultados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a primeira, por sinal, em que a instituição mediu o grau de sobrevivência empresarial, comprovando o alto índice de mortalidade, especialmente das empresas de médio e pequeno porte, e revelando que quase metade das empresas criadas no Brasil em 1997 havia fechado as portas em 2004, converte-se em documento útil à melhor e mais ampla compreensão de uma realidade que precisa ser compreendida em seu real alcance e em todo o espectro de suas causas e conseqüências, em função dos variados fatores que nela se projetam.30

Mais de 45% das empresas abrangidas pela pesquisa não completaram sete anos de funcionamento, e 20% sequer conseguiram sobreviver por um ano. O maior número de fechamentos ocorreu justamente nas menores empresas, que empregam menos. Assim, depois de sete anos da abertura, 46,1% das empresas com até quatro pessoas ocupadas não funcionavam mais. Já na faixa de 500 empregados ou mais, a não sobrevivência no período foi de 19,9%. No ano de 2004, por exemplo, para cada grupo de dez empresas criadas no País, sete foram fechadas. Os números do Cadastro Central do IBGE indicam que, naquele ano, surgiram 716,6 mil novas empresas e 529,6 mil foram extintas, com um saldo de 187 mil empresas.31

Por setores, constata-se que o comércio, que já apresentava os maiores números absolutos de criação de empresas, registrou também as maiores taxas de mortalidade. Desta forma, foi responsável pela criação e extinção do maior número de empresas, tendo, em 2004, surgido 387.275 novas empresas no setor e extintas 292.557 (75,54%). Por outro

29 SEBRAE DE NOTÍCIAS. Os pequenos negócios em pauta) jornal do comércio, RJ. 16/10/2002. 30 Idem.

44

lado, exigências burocráticas excessivas retardam e estorvam, acentuadamente, a criação de pequenas e microempresas, como demonstrou uma vez mais, ainda recentemente, pesquisa realizada pelo Sebrae.32 (DADOS REPETIDOS)

A expectativa a esta altura - observa a propósito o diretor-superintendente do Sebrae/RJ, Sérgio Malta - é a da aprovação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, o que já ocorreu na Câmara dos Deputados e que se espera venha a ser votada proximamente no Senado (ver se essa Lei já foi aprovada): "Se aprovada, permitirá a desburocratização do processo e vai reduzir em até 20% os impostos. Com a Lei, 100 mil novas empresas poderão se formalizar, em um ano.33

Muitas da empresas de sucesso que estão surgindo são praticamente um prolongamento do trabalho que os novos empresários executavam quando eram empregados. Já conhecem o mercado e suas dificuldades, facilitando o gerenciamento do negócio. A consolidação de uma empresa ocorre quando a mesma atinge mais de cinco anos no mercado.34

As incubadoras (infraestrutura física e de informação para auxiliar empresas iniciantes e consolidar seus negócios, ligadas as universidades, prestando assistência técnica, jurídica e administrativa de que precisam para entrar nos trilhos da estabilidade e do crescimento) também agregam elevada importância nos casos de sucesso. Pode-se identificar alguns requisitos para o negócio ser bem sucedido, como podemos ver a seguir:

 Conhecer o mercado em que pretenda atuar;  Planejar gastos e estratégias de marketing;  Conhecer o perfil do cliente;

 Não subestimar o concorrente, mantendo-se sempre informado sobre os seus movimentos;

 Ter uma experiência profissional anterior na área, que ajude na condução de seu empreendimento; Investir constantemente no negócio, muitas vezes em detrimento da aquisição de bens pessoais;

 Trabalhar, trabalhar e trabalhar.35

Souza (2000) apud Oliveira36 aponta os dez erros gerenciais mais comuns cometidos por microempresários:

32 SEBRAE DE NOTÍCIAS. Os pequenos negócios em pauta. Jornal do Comércio, RJ. 16/10/2002. 33 Idem.

34 BILESSIMO, L. D. Instrumentos para diagnósticos da expectativa de sucesso da micro e pequena empresa

brasileira, 2006.

45

Ser centralizador em demasia; usar mal o tempo; ter visão fragmentada do negócio; pensar na empresa olhando só para o seu passado; achar que pode ter sucesso sozinho; dedicar muitas horas a tarefas operacionais; misturar interesses familiares com os da firma; desviar atenção, tempo, esforço e dedicação do foco principal de seu negócio; acreditar que já sabe tudo; imaginar que dá para construir uma empresa sem paixão.

Importa, de fato, aperfeiçoar os instrumentos de apoio às unidades empresariais de pequeno porte, seja na esfera do crédito, da assistência técnica, do treinamento gerencial e da redução das exigências fiscais e burocráticas que nelas repercutem desfavoravelmente, buscando-se fortalecê-las e valorizar a função econômica e social que lhes é reservada no universo das atividades empresariais.37

3.3.1 Em busca da imortalidade empresarial38

O número de micro e pequenas empresas brasileiras (cerca de 4 milhões) tem muito espaço e oportunidade para crescer neste início do século XXI. As oportunidades podem aumentar com a expansão do mercado e o incremento das parcerias entre pequenas e grandes organizações. Mas é preciso investir em informação e capacitação para reduzir a elevada taxa de mortalidade; cerca de 80% dos novos negócios não passam do primeiro ano de vida. Parece um jogo de azar, onde algumas poucas empresas estariam predestinadas ao sucesso. Mas um olhar bem detalhado mostra que não é necessariamente assim. Quais seriam os fatores determinantes da longevidade empresarial?

Um certo número de empresas, a minoria, naturalmente, têm se mostrado predestinadas a fugir da morte. A idéia dos economistas foi sempre de que a morte além de inevitável seria uma necessidade. Era preciso que as empresas cansadas e claudicantes dessem lugar a outras mais jovens. Estas novas, na visão deles, devem ser mais capazes e os gerentes, agora, mais eficientes. Assim, o ciclo nascimento, juventude empreendedora, maturidade estável e então o declínio no caso da vida, seria um ciclo determinístico.

Documentos relacionados