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4. A COMUNIDADE DE SANTA LEOPOLDINA

4.2 BREVE HISTÓRICO: DIAS DE GLÓRIA E DE ESQUECIMENTO DE

4.2.1 A vida na zona rural leopoldinense

Segundo estatísticas do Incaper (2011), o setor primário sustenta 80% da economia de Santa Leopoldina. Sendo 73% da população colaboradora desse setor, é possível considerar que esse dado “corresponde a aproximadamente 70% dos domicílios do município, e destes 94% são compostos por minifúndios e pequenas propriedades” (p. 01).

Ainda de acordo com dados do Incaper, por meio do Programa de Assistência Técnica e Extensão Rural (PRONATER/ 2011-2013), Santa Leopoldina tem um total de 2.605 propriedades, sendo dessas: 1.383, minifúndios; 1.067, pequenas; 143, médias; 12, grandes. Diante disso, observa-se que a estrutura fundiária de Santa Leopoldina é constituída predominantemente por pequenas propriedades, de base familiar, sendo os trabalhos produtivos realizados, portanto, pela própria família ou no sistema de parcerias agrícolas.

Santa Leopoldina possui uma produção diversificada de produtos agrícolas. Planta-se várias espécies de verduras, frutas e legumes. Entretanto, os produtos bases do comércio são banana e café, que ocupam juntos 5.545 hectares (ha) da área total de plantio 6.762 ha – sendo a banana ocupante de 1.215 ha; e café, de 4.330 ha. Os demais produtos dividem-se em: gengibre, inhame, laranja, feijão, etc. que são destinados ao consumo familiar ou a atividades comerciais menores.

No período que permanecemos na comunidade, pudemos comprovar a veracidade dos dados veiculados pelo Incaper. Em grande parte das entrevistas que fizemos, perguntávamos como era a rotina do entrevistado e da família. A divisão das tarefas, em quase todas as famílias entrevistadas, se faz da seguinte maneira: o pai trabalha arduamente na roça e é o responsável pela comercialização dos produtos na Central de Abastecimento do Espírito Santo (CEASA); a mãe trabalha na manutenção do lar, e algumas trabalham na roça nas épocas de colheitas, principalmente na do café, em que a quantidade de serviço aumenta consideravelmente; os filhos estudam em um período do dia (matutino ou vespertino), e, no outro período, ajudam a mãe nos afazeres domésticos, em especial, as meninas, ou auxiliam aos pais no plantio dos alimentos.

Ao serem questionados sobre a qualidade da vida que levavam e os planos para o futuro, grande parte dos entrevistados expôs que gosta de viver em Santa Leopoldina e que não pretendia deixar a zona rural do município. Área muito citada como precariedade do município foi a da saúde. Segundo nossos informantes, Santa Leopoldina conta com poucos médicos, por isso, os cidadãos precisam de longas horas de esperas nas filas de atendimento para consulta. Em algumas regiões interioranas, em que o acesso à Sede do município é mais difícil, há a visita mensal de um médico clínico geral para atender às necessidades mais essenciais, como aferir pressão, controle de diabetes, etc. Os moradores afirmam ainda que os postos de saúde, mesmo da Sede, considerada perímetro urbano da região, não contam com especialistas, como cardiologistas, psiquiatras, ortopedistas. Dessa forma, os pacientes têm que se deslocar até a Grande Vitória para atendimento de especialidades. É válido destacar que a prefeitura disponibiliza alguns carros de transporte para conduzir os pacientes aos hospitais da capital.

Quanto à educação, não tivemos muitas reclamações. Segundo nossos informantes, as crianças e jovens adultos têm acesso ao ensino fundamental 01 (1ª a 4ª série ou 1º ao 5º ano) ainda na zona rural. Conforme informação obtida junto ao site da Secretária de Educação (Sedu), a rede municipal oferece o ensino público pré-escolar e fundamental por meio de 27 escolas.

Dessas, 02 estão localizadas no perímetro urbano e são centros municipais de ensino infantil (CEMEI), as outras 25 estão localizadas no interior do município. A distribuição das escolas na zona rural é da seguinte forma: (i) 01 centro municipal de ensino infantil; (ii) 10 escolas unidocentes de ensino fundamental; (iii) 14 escolas pluridocentes de ensino fundamental, sendo que dessas 02 atendem até o segundo. Na esfera estadual, o município conta ainda com 02 escolas que recebem alunos do ensino fundamental e médio, uma situada em Holanda - na zona rural leopoldinense - e outra no Centro, ou seja, na Sede - na zona urbana.

Alguns jovens cursam o ensino médio na região de Santa Teresa, no Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes – Campus Santa Teresa). Segundo informações de alguns pais de alunos, os discentes recebem auxílio do governo, em forma de hospedagem e alimentação. Para isso, devem manter boas notas e disciplina adequada aos padrões do regime interno do Ifes. O ensino médio é integrado a cursos técnicos, direcionados à agricultura, como técnico em meio ambiente integrado e técnico em agropecuária integrado. Os cursos pós-médio, que têm como público alvo pessoas que já concluíram o ensino médio, também são direcionados ao setor agrícola. Nessa modalidade, o Ifes oferta técnico em agroindústria, agropecuária, meio ambiente, segundo informações do site da instituição.

Quanto ao transporte rodoviário de passageiros, há apenas duas viações: Pretti e Lírio dos Vales. Os trechos atendidos são: Santa Leopoldina para Vitória; Santa Leopoldina para Santa Maria de Jetibá; e Santa Leopoldina para Santa Teresa. Os horários dos ônibus encontram-se expostos no site da prefeitura do município, juntamente com vários nomes e contatos de taxistas locais.

No relatório do PROATER (2011 – 2013) consta um diagnóstico elaborado conjuntamente por vários agricultores que identificaram como principais problemas do setor primário no município: dificuldade na comercialização dos produtos; falta da aplicação efetiva de linhas de crédito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF); falta de eventos técnicos relacionados ao meio rural, dificuldade no escoamento da produção; carência

de Selo de Inspeção Municipal; falta de estabilidade no preço dos produtos agrícolas, carência de técnicos na agricultura; falta de cooperativa de comércio de raízes; baixo incentivo ao turismo rural; falta de câmara de climatização em algumas comunidades; falta de disponibilidade de mudas de qualidade com preços subsidiados. Entre as potencialidades econômico-produtivas, têm-se: aperfeiçoamento dos produtores de mudas cítricas; criação do Polo de Citrus; implementação do Programa de Alimentação Escolar; aumento da produtividade agrícola; proximidade com o centro consumidor; cultivo de plantas resistentes a pragas e doenças.

Ao longo deste trabalho destacaremos, oportunamente, outras particularidades vivenciadas pelos moradores da zona rural de Santa Leopoldina.

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