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5. DA ANÁLISE DOS PADRÕES ESPACIAIS DOS DISPENSÁRIOS DE TUBERCULOSE

5.1 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE

5.2.2 VISIBILIDADE

Vistas as características da estrutura espacial dos dispensários tipo do SNT, segundo os seus graus de acessibilidade, parte-se para uma análise da sua configuração a partir das propriedades visuais no atendimento aos preceitos da profilaxia da tuberculose. Esta segunda dimensão será avaliada de forma comparativa com os resultados já encontrados para acessibilidade, a fim facilitar o entendimento de como uma e outra variável se configuram nos sistemas, atendendo em maior ou menor medida aos princípios de separação categórica e controle, essenciais na profilaxia da doença (ver tabela 1). É importante ressaltar que controle visual também está associado às noções de vigilância e supervisão, neste caso, para evitar contatos indesejados entre indivíduos de classes distintas, que possibilitem o contágio da doença.

A análise de visibilidade dos exemplares em estudo, segundo seus valores globais, revela grandes diferenças daqueles encontrados para acessibilidade. A profundidade dos sistemas, a partir da visibilidade, se apresenta de forma mais rasa em todas as situações, sendo o menor valor encontrado para o dispensário Tipo IIB, que precisa apenas de dois níveis, a partir do exterior, para compreender ou controlar, visualmente, o edifício como um todo. O maior valor encontrado é cinco, para o dispensário Tipo III, consequência da sua disposição em dois pavimentos. Os dispensários Tipo I e Tipo IIA apresentam o resultado três de profundidade.

É ainda interessante notar que todos os exemplares apresentam uma profundidade visual que corresponde a exatamente dois níveis a menos do que os seus valores encontrados para a mesma propriedade, a partir da acessibilidade. Este resultado já é um indicativo que, do ponto de vista do controle visual, princípio da profilaxia da tuberculose, os edifícios se apresentam de forma bastante transparente.

Os valores de integração média, ou seja, ainda considerando cada edifício como um todo, reforçam esta particularidade, já que são bem mais altos do que os encontrados para a acessibilidade, indicando sistemas mais integrados do ponto de vista visual. A variação encontrada é de 3.34, no dispensário Tipo IIB, a 1.41

 

ARQUITETURA ANTITUBERCULOSE EM PERNAMBUCO:

Um estudo analítico dos dispensários de tuberculose (1950-1960) como instrumentos de profilaxia da peste branca  168 no dispensário Tipo III. Este valor mínimo, contudo, é mais uma vez decorrente da disposição do dispensário Tipo III em dois pavimentos e se distancia bastante dos demais resultados, já que a média das médias é de 2.67.

O cálculo do Fator Básico de Diferenciação (F.B.D.) revela resultados ainda mais distintos daqueles encontrados para a acessibilidade. Enquanto na análise anterior os dispensários apresentaram uma diferenciação relativamente baixa, agora, a partir da visibilidade, os resultados indicam uma diferenciação muito alta, com os valores que se aproximam de zero: 0.31 para o dispensário Tipo I, 0.19 para o dispensário Tipo IIA e 0.05 para o dispensário Tipo IIB. O dispensário Tipo III, contudo, diferencia-se deste padrão, pelo motivo já exposto, apresentando 0.80 como resultado.

Os valores baixos encontrados para o F.B.D. ressaltam a heterogeneidade dos espaços segundo suas condições de visibilidade, sugerindo a existência de espaços bastante integrados e outros, contrariamente, muito segregados. Ou seja, existem espaços que têm pouca relação visual com seus espaços vizinhos, enquanto que outros são altamente visíveis.

O melhor entendimento desta estrutura se dá, portanto, através da análise de espaço a espaço, já que alguns deles se apresentam como muitíssimo integrados visualmente, contribuindo para a forte diferenciação. Cabe, então, entender qual o papel e posição destes ambientes no espaço, tendo em vista os princípios da profilaxia da tuberculose, considerados, neste caso, através da vigilância dos usuários de categorias distintas nos equipamentos, como forma de evitar contatos indesejados e, portanto, o contágio da doença.

A análise destes espaços cujo valor de integração visual é muito alto revela condições semelhantes para todos os sistemas, com exceção do dispensário Tipo III, que devido às suas particularidades será analisado isoladamente.

Em todas as situações, os espaços mais integrados visualmente correspondem aos halls de espera dos pacientes, triagem e circulação do setor de apoio e atividades médico-administrativas (HH), portanto, restrita aos habitantes, apresentando este último os maiores valores encontrados para integração visual em todos os dispensários e, consequentemente, os maiores resultados de conectividade visual54. Para este espaço de índices máximos, os resultados de integração visual atingem os valores de 10.15 e 10.62, nos dispensários Tipo I e Tipo IIA, respectivamente, e chega a 17.78, no dispensário Tipo IIB, o que revela de forma bem acentuada a distinção deste ambiente a partir da visibilidade, já que, como visto, a média dos valores médios de integração visual é de 2.67. Os valores de conectividade acompanham estes resultados,       

54 É importante ressaltar que no dispensário Tipo I existem quatro corredores de circulação no setor de apoio e atividades médico- administrativas, todos eles com alta integração visual. O espaço que apresenta o valor máximo, contudo, é o de número 3.    

revelando que a circulação restrita aos habitantes está conectada, visualmente, a 34, 24 e 28 espaços convexos, nos dispensários Tipo I, Tipo IIA e Tipo IIB, respectivamente. É importante ressaltar que nos dispensários do Tipo II, que apresentam um corredor adjacente ao hall dos doentes e suspeitos, este espaço também assume valores altos de integração visual.

O dispensário Tipo III, como já dito, apresenta resultados distintos dos encontrados para o restante da amostra, porque se encontra disposto em dois pavimentos. Como o intuito é identificar os princípios de controle e separação categórica nesta estrutura e o pavimento superior é totalmente destinado ao setor de apoio e atividades médico-administrativas, sendo interligado desde o térreo por ambientes exclusivos para esta categoria, uma forma de aproximar os resultados deste dispensário para uma comparação com os demais é através da análise apenas do térreo, já que os espaços mais importantes a serem controlados e os limites entre setores encontram-se neste nível.

Tomando o dispensário Tipo III a partir de seu pavimento térreo, observa-se, então, que os espaços de maior integração e conectividade visual correspondem aos mesmos encontrados nos demais exemplares: halls de espera dos pacientes, incluindo o corredor adjacente ao hall do setor dos doentes e suspeitos, triagem e circulação do setor de apoio e atividades médico-administrativas (HH), sendo este último também de maior valor. Os resultados encontrados para esta circulação, contudo, são menores, já que ela se conecta a menos ambientes do que nas outras situações, pois os demais espaços deste setor estão no pavimento superior. O valor de integração deste ambiente é, portanto, de 6.68 (se considerados os dois pavimentos este valor diminui para 2.66) e a sua conectividade visual, em ambas as situações é de 19.