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A situação dos presídios brasileiros exige diversas mudanças a fim de que se concretize a efetividade de garantia e proteção aos direitos humanos. Tal dado já não se trata de novidade. Os noticiários nacionais e mesmo internacionais, dia após dia, retratam perfeitamente a real situação dos presídios e como os condenados estão cumprindo suas penas.

A Lei de Execuções Penais (LEP), em seu artigo 84 e seus parágrafos, traz sobre a separação dos condenados conforme sua sentença e crimes cometidos, ou seja, os presos temporários devem ficar em cela separada daqueles que já tiveram sua sentença transitada em julgado. Cabe observar de forma direta, que um “ladrão de galinhas”, por exemplo, não poderia ficar na mesma cela de um preso por homicídio, o que por sua vez, é o retrato vivo de que ao oposto de se tentar uma reeducação, acaba que o dito “ladrão de galinhas” saia pior do que entrou, pois antes de promover a reeducação do preso, estamos oportunizando a ele uma “faculdade para o crime” (SUZUKI; ARMOND, 2014).

Outra falha que encontramos dentre inúmeras delas que ainda veremos no decorrer do trabalho, é o artigo 85 da LEP, que versa acerca da lotação do estabelecimento penal, que deverá ser compatível com a estrutura e principalmente a finalidade, o que infelizmente está muito longe da realidade, uma vez que o limite máximo de cada estabelecimento, que será avaliado pelo Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária via de regra, é desobedecido (BRASIL, 1984).

Entre os mais variados problemas do caos no sistema carcerário brasileiro, a dificuldade na ressocialização do apenado, que atinge diretamente a sociedade, com a superlotação dos presídios, sendo esta a raiz das problemáticas enfrentadas, impedindo o controle, a organização, e contribuindo cada vez mais com a marginalização, formação de facções, sem contar com a estrutura cada vez mais precária, sem higiene e principalmente o grau elevadíssimo de epidemias pela dificuldade no acesso à saúde (DORNELLES, 2016).

Em março deste ano, os números apontados pela SUSEP são surpreendentes com um aumento de 12% na população carcerária, isso em menos de dois anos, sem contar que a média nos últimos três meses é de 20 presos por dia que dão entrada no presídio centra de Porto Alegre, e quem mais sofre com isso é a sociedade, pois o preso ao invés de sair ressocializado para viver em sociedade é mais provável que saia ainda mais perigoso e quem paga a conta novamente é a sociedade (DORNELLES, 2016).

O presídio central de Porto Alegre está diante da maior lotação da história, desde que foi inaugurado em 1959, com capacidade para 1.8 mil presos, em março de 2016, já contava com mais de 4.6 mil condenados. Mais precisamente sua capacidade é de abrigar 1.824 presos, e no mês de março está com 4.666 apenados. Conforme reportagem do G1 que também informou que de dezembro de 2015 até março de 2016, ingressaram 600 novos presos (PRESÍDIO..., 2016).

Cabe observar a postagem feita pelo juiz da Vara de Execuções Penais (VEC), e responsável pela fiscalização dos presídios Sidnei Brzuska (apud PRESÍDIO..., 2016):

Nunca tivemos tão poucos policiais nas ruas e nunca tivemos tantos presos nas cadeias. Nunca os juízes foram apontados com tanta veemência pela soltura de presos. Nunca se prendeu tanto e nunca nos sentimos tão inseguros, postou o magistrado.

Para tentar amenizar essa situação catastrófica de superlotação não só do presídio central, mas também de outras tantos estabelecimentos penais que sofrem com a superlotação, é que desde julho de 2013 está sendo construído o presídio de Canoas que terá um custo de quase R$ 18 milhões. O primeiro módulo foi inaugurado no dia primeiro de março de 2016, e irá receber 393 presos, em uma área de 5.302,28 m². Por óbvio que esta medida está longe de resolver o problema, mas já pode ser considerado um avanço na busca por melhorias (PRESÍDIO..., 2016).

Penitenciária de Canoas está situada na região metropolitana de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, contará em seu projeto um total de 2.8 mil vagas e conterá com um espaço de mais de 5.3 mil m². A principal finalidade da penitenciária é evitar o domínio de facções criminosas, diante disso a entidade divulgou em um trecho de seu comunicado que:

(...) deve seguir um modelo que não permita a instalação de agentes do crime organizado nessas unidades, a partir da priorização do ingresso de presos sem passagens anteriores pelo sistema penitenciário, diminuindo as chances de entrada de presos já comprometidos com facções criminosas. (PRESÍDIO..., 2016).

O secretário de Segurança do Rio Grande do Sul, Wantuir Jacini, afirmou que a Penitenciária está 99% concluída, faltando apenas alguns ajustes para inaugurar as outras três unidades, que pretendem concluir até o final de 2016 ou no mais tardar no início de 2017, estes módulos irão conter 805 vagas cada um (PRESÍDIO..., 2016).

Quanto a transferências dos presos para a Penitenciária de Canoas, a diretora da SUSEP, Marli Ane Stock, afirma que serão feitas de 15 presos por dia. Apenas serão aceitos presos que oferecem menor periculosidade, não permitindo a entrada de facções. Jacini colocou ainda, que o presídio irá promover um tratamento

penal aos detentos, proporcionando um ambiente mais humanizado aos presos (MAIS..., 2016).

Em 2008, em uma investigação que foi direcionada pela Câmara de Deputados dentro da CPI do Sistema Carcerário, o presídio central de Porto Alegre – RS foi considerado o pior do país, e a causa de toda problemática, diga-se de passagem, que se dá mediante a superlotação, a falta de infraestrutura adequada para abrigar tantos criminosos, gera diversas outras situações catastróficas, principalmente no que se refere a proteção dos direitos humanos dos presos. A violação desses direitos é diária e está longe de ter uma solução (PRESÍDIO..., 2016).

Sem esquecer da ressocialização, que é tão ineficaz nos presídios, pois esses detentos que hoje estão presos, amanhã podem voltar a sociedade, e sem um trabalho de reeducação para a volta deles ao seio da sociedade, não há dúvidas que irão retornar aos presídios. A sociedade em si já os condena, que por terem cometido um delito devem pagar na mesma moeda, pois assim se faria justiça, o ditado “olho por olho dente por dente” que era muito utilizado na época do Código de Hamurabi, não se acabou, pois a grande maioria da sociedade ainda tem esse pensamento, o que podemos observar com relação a isso é a citação de Grotius (apud SUZUKI; ARMOND, 2014):

Não é naturalmente injusto que cada um sofra tanto mal quanto ele praticou, seguindo o princípio que chamamos de o direito de Radamanto “Se cada um sofrer o que fez sofrer aos outros, isso seria obra de justiça e de equidade.” Sêneca, o pai, reproduz essa frase desse modo: “é considerada retribuição muito justa que cada um pague com seu suplicio o mal que fez a outrem”.

O sistema penitenciário não reabilita o preso, perdendo o caráter ressocializador da pena privativa de liberdade, tendo em vista, a situação atual dos nossos presídios, que humilham os presos, violando sua dignidade e seus direitos humanos, o que acontece é que aquele preso que deveria voltar à sociedade ressocializado, acaba voltando pior do que saiu, pela revolta causada dentro das prisões, que na verdade deveriam ressocializar o detento (SANTOS, 2010, p. 18-23).

O encarcerado perde sua identidade, privacidade e principalmente sua autoestima, o que contribui significativamente com a criminalidade e principalmente com a reincidência. O ambiente em que vivem no cárcere desestrutura o estado emocional e psicológico do apenado, causando inúmeros efeitos negativos no preso, como ressalta Cezar Roberto Bitencourt (apud SANTOS, 2010, p. 18-23): “Considera-se que a prisão, em vez de frear a delinquência, parece estimulá-la, convertendo-se em instrumento que oportuniza toda espécie de desumanidade”.

Conforme a afirmação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ):

O Brasil tem 260 estabelecimentos penais destinados ao regime fechado, 95 ao regime semiaberto, 23 ao regime aberto, 725 a presos provisórios e 20 hospitais de custódia, além de 125 estabelecimentos criados para abrigar presos dos diversos tipos de regime, de acordo com os últimos números do Depen, referentes a junho de 2014. O levantamento revela, no entanto, que a separação dos presos por tipo de regime de pena prevista em lei não está sendo cumprida. Das 260 penitenciárias, por exemplo, que deveriam abrigar exclusivamente condenados ao regime fechado, somente 52 seguem a LEP. (CONHEÇA..., 2015).

Com esse levantamento podemos perceber que o déficit de vagas sobe a cada instante, colocando o Brasil na terceira posição da maior população carcerária do mundo. Temos meios degradantes de encarceramento, ou seja, tratamentos que estimulam a reincidência, condições precárias de infraestrutura, sem qualquer sugestão de transformação para quem está ali cumprindo com sua pena, pois, com tratamento digno, humanitário e com respeito para com aqueles que um dia vão retornar a sociedade, seria um importante passo para uma civilização mais respeitada e principalmente a diminuição da população carcerária (CONHEÇA..., 2015).

São criadas e modificadas leis diversas vezes, mas a dificuldade na sua aplicação é fato concreto, sendo que as leis estão aí para serem respeitadas e obedecidas, independente de quem irá beneficiar, se é o preso ou o governante, a igualdade é assegurada na Constituição Federal de 1988, bem como todos os direitos e garantias fundamentais nela abordados, sendo que de nada adianta criar ou melhorar leis se estas não estão sendo aplicadas corretamente, pois se fossem

respeitadas com rigidez certamente o índice de criminalidade e o cenário da sociedade seria outro (CONHEÇA..., 2015).

Como podemos observar durante o presente estudo, o sistema penitenciário é falho, dentre tantos outros desafios enfrentados dentro do cárcere, a pena não exerce a sua principal finalidade, que é ressocializar para reintegrar o apenado ao convívio familiar e social. A pena deve ter caráter humanitário, tendo em vista, que apesar de um indivíduo cometer um delito não exclui o seu direito a dignidade, consagrado na Constituição Federal de 1988, como princípio fundamental (SANTOS, 2010, p. 18-23).

Nesse sentido, cabe observar a colocação de Luiz Flávio Gomes (apud SANTOS, 2010, p. 38) o qual fala, “que os presos são tratados, nos estabelecimentos prisionais, como animais, inclusive, menciona que a situação dos encarcerados hoje é mais degradante do que dos escravos na época da escravidão”.

Conforme o site da Superintendência dos Serviços Penitenciários (SUSEP), no Rio Grande do Sul até a data de 08 de junho de 2016, o total da população prisional no nosso Estado é de 34.199 presos, entre eles 32.271 são homens e outros 1928 são mulheres. Entre as estatísticas trazidas pelo site, 69,22% dos presos não é a primeira vez (SUPERINTENDÊNCIA..., 2016).

A situação precária mencionada, fez com que o Estado brasileiro figurasse no sistema regional de proteção aos direitos humanos do qual faz parte, qual seja, o sistema interamericano, na condição de estado violador, com relação às condições dos apenados no Presídio Central de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Após denúncias, representantes da Comissão Interamericana de Proteção aos Direitos humanos se fizeram presentes nas dependências do Presídio, para averiguar a eventual ocorrência de violações aos direitos humanos naquele ambiente.

Convém ressaltar que, segundo o artigo 41 da Convenção Americana de Direitos Humanos, a Comissão tem a função principal de promover a observância e a defesa dos direitos humanos, além de estimular a proteção aos direitos humanos,

recomendar aos Estados que adotem medidas de prevenção, atender as consultas que os Estados formulam, atuando com respeito às petições e a realização de relatórios anuais emitidos à Assembleia Geral(CONVENÇÃO..., 1969).

Dentre outras funções e competências que estão elencadas no Regulamento da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, o qual afirma ainda que quando necessário a Comissão poderá realizar as investigações “in loco”, para repreender e buscar soluções, com o apoio e o consentimento do Estado cujo direito foi violado para realizar estas visitas, mediante apresentação de petição ou até comunicação, reunindo todos os requisitos necessários (CONVENÇÃO..., 1969).

Importante destacar que “desde 2008, a OAB/RS vem realizando vistorias e denunciando as condições degradantes de detentos do Estado e as estruturas precárias dos presídios – em especial o Central, considerado um dos piores do país” (FÓRUM..., 2014).

Em janeiro de 2013, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), recebeu uma solicitação de medidas cautelares, enviadas com a finalidade de requerer que a Comissão solicite a República Federativa do Brasil que proteja a integridade dos presos no Presídio Central de Porto Alegre, sendo que estes estão vivendo em condições totalmente desumanas, precárias e em situações de riscos. No mês seguinte a Comissão já havia encaminhado essa solicitação para o Estado, o qual pediu uma prorrogação de prazo, e posteriormente enviaram seu relatório (COMISSÃO..., 2013, p. 1-7).

Os solicitantes da medida cautelar sustentaram que desde sua inauguração em 1959, já estariam com lotação extrema, que desde então estariam organizados em galerias, assim as portas das celas teriam sido removidas, sendo utilizado o corredor de acesso como dormitório dos presos. Afirmaram ainda, que as instalações elétricas, de esgoto e hidráulica, estavam causando infiltrações, e nas galerias não tinham abastecimento de água e nem prevenção contra incêndio. Com relação à prevenção contra incêndio, que mesmo que existisse em virtude da lotação, o órgão competente não aprovaria (COMISSÃO..., 2013, p. 1-7).

Também ressaltaram as condições precárias principalmente de higiene, manutenção, superlotação, risco a saúde com falta de assistência médica pela ausência de profissionais suficientes para atender a demanda, o que causa maléfica e proliferação de doenças, se contar que pelo sistema de galerias, quem comanda são os chefes das organizações criminosas, que deveriam passar pela sua autorização para tratamento médico, dentre outras situações catastróficas existentes (COMISSÃO..., 2013, p. 1-7).

Os solicitantes também afirmaram que desde 1995 a situação do PCPA (Presídio Centra de Porto Alegre) está precária, e alegam que já foi levado ao conhecimento do Estado, mas apesar de inspeções e recomendações o Estado não conseguiu minimizar a situação. Mas enviou à Comissão que teriam melhorado as questões do lixo que ficava exposto, construção de cozinhas e pavilhão exclusivo para detentos transexuais, compra de equipamentos médicos e entre outras melhorias. Essa afirmação do Estado não foi do agrado dos solicitantes, os quais declararam que essas melhorias relatadas pelo Estado seriam anteriores a inspeção que fora realizada (COMISSÃO..., 2013, p. 1-7).

A Comissão e a Corte Interamericana de Direitos Humanos, estabeleceram que a medida cautelar tem caráter cautelar (preservar a situação jurídica) e tutelar (evitar um dano), que permitem ao Estado, cumprir a decisão final estabelecida. A Comissão considera que o requisito de risco foi cumprido, tendo em vista as situações apresentadas pelos solicitantes, principalmente pela superlotação, falta de infraestrutura e profissionais que atendem à demanda, considerando que os direitos à vida e integridade física se encontram em risco (COMISSÃO..., 2013, p. 1-7).

Com respeito aos esforços das autoridades para se chegar a um controle efetivo, com observância aos direitos humanos das pessoas privadas de liberdade, buscando primeiramente reduzir a superlotação. Assim sendo, a Comissão considera de extrema necessidade a adoção de medidas efetivas para se buscar melhorias(COMISSÃO..., 2013, p. 1-7).

Tanto a Corte Interamericana quando a CIDH, de maneira consistente, assinalaram que o Artigo 1.1 da Convenção estabelece

as obrigações gerais que têm os Estados parte de respeitar os direitos e liberdades nela reconhecidos e de garantir seu livre e pleno exercício a toda pessoa sujeita à sua jurisdição. [...] O Sistema Interamericano manifestou a pertinência e necessidade, para proteger a vida e integridade pessoal de pessoas privadas de liberdade, de que as condições dos centros penitenciários se encontrem ajustadas ás normas internacionais de proteção dos direitos humanos aplicáveis à matéria (COMISSÃO..., 2013, p. 1-7).

A Comissão, após observar as alegações, concluiu que as pessoas privadas de liberdade no presídio central de Porto Alegre se encontram em uma situação de extrema gravidade e urgência. Sendo assim, em concordância com o artigo 25 do regulamento da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), solicita ao Brasil que:

a) adote as medias necessárias para salvaguardar a vida e a integridade pessoal dos internos do Presídio Central de Porto Alegre; b) assegure condições de higiene no recinto e proporcione tratamentos médicos adequados para os internos, de acordo com as patologias que estes apresentem; c) implemente medidas afim de recuperar o controle de segurança em todas as áreas do PCPA, seguindo os padrões internacionais de segurança internos e, em particular, garantindo que sejam os agentes das forças de segurança do Estado os encarregados das funções de segurança interna e assegurando que não sejam conferidas funções disciplinares, de controle ou de segurança aos internos; d) implemente um plano de contingência e disponibilize extintores de incêndio e outras ferramentas necessárias; e) tome ações imediatas para reduzir substancialmente a lotação no interior do PCPA. (COMISSÃO..., 2013, p. 1-7).

A finalidade agora é que a medida cautelar 08/2013 deferida no dia 30 de dezembro de 2013 pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) seja cumprida pela União e implique na melhoria dos presídios. “Entendemos que a concessão da medida liminar foi um grande avanço para os direitos humanos. É preciso, agora, que os governos federal e estadual demonstrem o cumprimento das medidas cautelares”, destacou o vice-presidente da Ajuris Gilberto Schäfer (FÓRUM..., 2014).

Sendo que, no dia 2 de abril de 2014, foi emitido uma análise da Resposta da República Federativa do Brasil a respeito das Medidas Cautelares deferidas pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos, o qual teve a finalidade de criticar o

Estado brasileiro por não cumprir a medida cautelar imposta e assim solicitar à Comissão o seguinte:

Diante disto, reafirmamos a posição de descumprimento das medidas cautelares por parte do Estado Brasileiro, bem como dos outros pontos já mencionados na representação. É imperioso, por esse cenário de vexatória recalcitrância do Estado Brasileiro, a presença in loco de membros da CIDH para que possa ser construída uma solução que contemple os pontos denunciados na representação, mormente aqueles que já são objeto das desatendidas cautelares em vigor. (AO SR. SECRETÁRIO..., 2014). Como podemos observar as visitas “in loco” da Comissão, objetivam avaliar a situação dos direitos humanos, buscando também a mobilização pública. Salienta-se ainda que as visitas in loco viabilizam as questões domésticas, como por exemplo, a situação em que o Estado não consegue pôr fim ao conflito e a função da Comissão busca conciliar e agradar ambas as partes (CARVALHO, 2002).

No exercício de sua função, de proteção aos Direitos Humanos, a Comissão recebe, analisa e investiga as petições individuais que violem esses Direitos, caso existam tais violações, será remetido à jurisdição da Corte Interamericana, atuando assim a frente da Corte em determinados litígios. Visitações “in loco” para observações e investigação, resultando em diversos relatórios (PIOVESAN, 1997, p. 229-230).

Como podemos observar, as visitas “in loco”, detém o poder de investigações as violações dos direitos humanos, são uma forma de contribuição para a proteção e repressão a esses direitos, fazendo assim com que sejam obedecidos e principalmente respeitados, sem levar em conta o delito cometido e sim, o indivíduo como ser humano e detentor destes direitos, cabendo à Comissão Interamericana de Direitos Humanos realizar essas visitas com mais frequência, mas principalmente com a contribuição do Estado.

CONCLUSÃO

Na busca por uma construção de um Direito Internacional dos Direitos Humanos, com o fim da Segunda Guerra Mundial, que se teve a consolidação de um novo ramo do Direito, onde vários fatores vieram a contribuir para o fortalecimento do processo de internacionalização dos direitos humanos, um deles, como sendo o mais importante foi a expansão de organizações internacionais. Ainda, a criação da Carta das Nações Unidas de 1945, a partir do consenso de Estados promovendo o propósito e a finalidade das Nações Unidas.

A formação do Sistema Global de Proteção teve como seu marco histórico a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a qual foi aprovada pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em 1948, que aprovou o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais os quais entraram em vigor, no ano de 1976. Assim, com esses três documentos que se formou o Sistema Global.

Com a preocupação de se obter uma maior efetivação na proteção aos Direitos Humanos, a Assembléia Geral da ONU incentivou a criação de Sistemas Regionais de Proteção, sendo o interamericano, o sistema europeu e o africano, os quais configuram os três Sistemas Regionais de Proteção aos Direitos Humanos.

Através da criação dos sistemas regionais, criou-se dois órgãos, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos é um órgão pertencente à Organização dos Estados Americanos (OEA) e tem sua sede em Washington e passou a ser um dos principais órgãos da OEA. A Comissão é regida pela Convenção Americana, a qual

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