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2.3 RECURSOS HÍDRICOS – ALEMANHA

2.3.3 Leis e normas a nível federal – Alemanha

2.3.3.3 Wasserhaushaltgesetz (WHG)

A Wasserhaushaltgesetz (WHG) é a Lei da Gestão Hídrica da Alemanha e

foi promulgada em 1957, como instrumento político para regular o uso da água no

país, considerando o bem estar nacional e a proteção ambiental (AMARAL, 2008).

Essa Lei foi reeditada em 19 de agosto de 2002, baseando-se, no entanto,

naquele momento, na Diretiva 2000/60/CE

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(UNIÃO EUROPÉIA, 2000b).

Entretanto, a partir de 01 de março de 2010, entrou em vigor a nova WHG

(BMU, 2010a).

A principal diferença da versão 2010 para a de 2002 é que pela primeira vez

na legislação alemã, para se proteger a gestão sustentável da água, este recurso

natural é considerado como parte integrante do equilíbrio ecológico, para

subsistência dos seres humanos, animais e plantas, bem como um recurso utilizável,

conforme estabelece § 1 da WHG (BUNDESREPUBLIK DEUTSCHLAND, 2010).

Essa nova Lei criou condições para uma aplicação mais uniforme da

legislação comunitária sobre a água no país e pode-se citar outras alterações

quando comparadas com a versão de 2002 (BMU, 2009b; BMU, 2010a):

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As Diretivas, por definição (vide item 2.3.2), não são diretamente executáveis, tornando-se

necessário que sejam transladadas na forma de legislação nacional de cada Estado-Membro. No

caso da WHG, padrões e métodos próprios foram adotados pela Alemanha, contudo seguindo os

-

Mais detalhes quanto à gestão da água;

-

Princípios gerais da gestão da água voltados para evitar as possíveis

conseqüências da mudanças climáticas;

-

Melhorou a clareza jurídica dos direitos da água;

-

A Lei normalizou os princípios centrais referentes às propriedades das águas;

-

As condições para a conceder a permissão e a autorização do uso de água

serão adaptados aos padrões da legislação ambiental moderna;

-

Pela primeira vez contém disposições sobre os princípios da água para

abastecimento público e proteção de nascentes;

-

Ampliou significativamente a abordagem no que diz respeito à proteção

contra inundações;

-

As disposições legais para lidar com substâncias nocivas devem ser

racionalizadas. Mais detalhes sobre a determinação de substâncias poluentes

na água, bem como os requisitos de segurança das instalações permanecem

reservados por um regime de regulamentação federal.

Segundo § 2 da WHG, esta Lei aplica-se às águas: superficiais, costeiras e

subterrâneas, conforme definidas no § 3 da WHG (BUNDESREPUBLIK

DEUTSCHLAND, 2010).

As águas superficiais e subterrâneas fluentes na Alemanha são de domínio

público, conforme ressalta § 4 (2) da WHG (BUNDESREPUBLIK DEUTSCHLAND,

2010).

No que se refere aos instrumentos para o direito de uso da água, a WHG

(BUNDESREPUBLIK DEUTSCHLAND, 2010, tradução nossa) destaca no seus § 8 e

10 dois deles:

-

Erlaubnis (permissão): a) Uso da água permitido para uma determinada

finalidade, de acordo com regras quanto à forma e medida do uso; b) Pode

ser revogável a qualquer instante e possui um tempo determinado de validade

(geralmente com prazo máximo de 15 anos, menor que a Bewilligung); c)

Comumente utilizada para permitir lançamentos de efluentes tratados;

-

Bewilligung (direito de uso): a) Uso da água autorizado para uma determinada

finalidade, porém consiste num direito subjetivo; b) Geralmente, concedido

para usos de interesse público de grandes companhias; c) Pode ser

revogável somente se considerar certas condições, conforme estabelece §18

da WHG; d) Validade mais longa se comparada com a Erlaubnis (em

situações específicas, não pode exceder 30 anos, segundo determina §14);

Comumente utilizada para autorizar captação de água por empresas de

abastecimento público.

Os principais usos, para fins da WHG, conforme especifica § 9 são

(BUNDESREPUBLIK DEUTSCHLAND, 2010, tradução nossa e grifo nosso):

-

Remoção e lançamento de águas provenientes de águas superficiais;

-

Represamento e redução de águas superficiais;

-

Remoção de sólidos de águas superficiais, na medida em que isso afeta as

comunidades aquáticas;

-

Lançamento de substâncias em águas

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;

-

Remoção, bombeamento e descarga de águas subterrâneas.

Por definição, segundo § 54 da WHG (BUNDESREPUBLIK

DEUTSCHLAND, 2010, tradução nossa), efluente é toda água com suas

propriedades alteradas que são oriundas do uso doméstico, comercial, agrícola ou

outros, como também de águas pluviais drenadas de áreas impermeabilizadas ou

construídas. Além disso, é considerado como efluente as águas poluídas conduzidas

juntamente com efluente doméstico, comercial, agrícola ou outros em dias não

chuvosos.

No § 57 da nova WHG (que substitui o § 7a da antiga WHG) estabelece

algumas condicionantes, visando a concessão de permissões para lançamento de

efluentes diretamente em águas.

A principal delas trata-se da adoção de critérios de acordo com Stand der

Technik

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pelos geradores de efluentes, com o objetivo de lançá-los tanto sob o

aspecto qualitativo como quantitativo de maneira mais baixa e satisfatória possível,

assegurando, portanto, o cumprimento de todos os procedimentos pertinentes no

âmbito do Stand der Technik.

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O uso deste termo se refere o lançamento de efluentes na água que são compostos por várias

substâncias.

30

Expressão utilizada para definir o “Estado da Arte” de um determinado processo produtivo seja

industrial e/ou agrícola.

O termo Stand der Technik é definido, conforme § 3, n° 11 da WHG

(BUNDESREPUBLIK DEUTSCHLAND, 2010, tradução nossa):

Desenvolvimento de processos avançados, equipamentos ou métodos de

exploração que demonstrem aptidão prática de medidas para limitar as

emissões ao ar, água e solo, para garantir a segurança de instalações e

assegurar uma gestão ambientalmente correta, evitando ou reduzindo os

impactos prejudiciais ao meio ambiente, a fim de se atingir um alto nível de

proteção ambiental.

No Apêndice 1 da WHG estão elencados os critérios para determinação de

um Stand der Technik. Alguns deles são: uso de substâncias menos perigosas;

avanços na implementação de tecnologias e nos conhecimentos científicos;

consumo e forma de aproveitamento de matérias-prima (incluindo a água) e

eficiência energética; entre outras.

É possível padronizar, portanto, o Stand der Technik, para os setores

industriais e/ou agrícolas, através de documentos denominados BREFs, definindo

quais são as MTD

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que podem ser implementadas por elas, para alcance de um

elevado nível de proteção ambiental (AMARAL, 2008), conforme já mencionado no

item 2.3.2.3.