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2.1 Caracterização geral

2.1.3 Zonas Protegidas

A Rede Natura 2000 é um conjunto de áreas que constituem a rede ecológica para a preservação de habitats naturais, da fauna e flora tendo em consideração as exigências económicas, sociais e culturais, criadas a nível Europeu a partir de uma listagem (IGEO, 2012). É constituída por Zonas Especiais de Proteção em que se pretende a conservação de habitats de grande valor ecológico, bem como a determinação de zonas de proteção específica (Sítios de Interesse Comunitário) relativos à conservação das aves selvagens. A criação da Reserva Ecológica Nacional [REN] através do Decreto-Lei 321/83 de 5 de Julho, revogado pelo Decreto-Lei 93/90 de 19 de Março, tem contribuído para a proteção dos recursos naturais (água e solo), salvaguardando processos indispensáveis para a boa gestão do território e conservação da natureza e da biodiversidade. A REN é constituída por um conjunto de áreas que, pelo valor e sensibilidade ecológicas ou pela exposição e susceptibilidade perante riscos naturais, são objecto de proteção especial. O Decreto-Lei 166/2008 de 22 de Agosto, estabele o novo regime jurídico da REN e clarifica as tipologias de áreas integradas na REN estabelecendo, critérios para a sua delimitação, prevendo que esta ocorra em dois níveis: nível estratégico (nacional e regional) e nível operativo (municipal). A REN tem como finalidade contribuir para a ocupação e uso sustentável do território: proteger os recursos naturais (água e solo) e salvaguardar o sistema e processos biofísicos associados ao litoral e ao ciclo hidrológico terrestre (que asseguram bens e serviços ambientais indispensáveis ao desenvolvimento das atividades humanas); prevenir e reduzir os efeitos da degradação da recarga dos aquíferos, dos riscos de inundação marítima, de cheias, de erosão hídrica do solo e contribuir para e utilização sustentável dos recursos hídricos em coerência com os instrumentos de planeamento e ordenamento e as medidas de proteção e valorização, nos termos do artigo 17º da Lei da Água.

A bacia hidrográfica do Ardila encontra-se parcialmente integrada, nas seguintes zonas de proteção: Rede Natura 2000; Reserva Ecológica Nacional [REN]; Zonas de Conservação da Natureza (CMMoura, 2009); Zona de Proteção Especial [ZPE] de Moura/Mourão/Barrancos (PTZPE0045) (Decreto-Lei 384-B/99 de 23 de Setembro, alterado pelo Decreto-Lei 141/2002 de 20 de Maio; Decreto-Lei 49/2005 de 24 de Fevereiro e ainda pelo Decreto-Lei 59/2008 de 27 de Maio); Zona de Protecção Especial

para as Aves [ZEPA] (ADL, 2007; ICNB in CMMoura, 2008); Sítios de Interesse para a Conservação de Moura/Barrancos (Resolução do Conselho de Ministros 142/97 de 28 de Agosto), classificado como Sítio de Importância Comunitário [SIC] Moura-Barrancos (PTCON0053).

Com base na cartografia digital extraída dos sites da Comissão de Coordenação da Região Alentejo [CCDR Alentejo], construiu-se a Fig 3, onde se apresenta a REN que incide na bacia hidrográfica do Ardila.

Fig. 3 Localização da Reserva Ecológica Nacional (REN) na bacia hidrográfica do Ardila.

A ZPE representa uma área muito importante para numerosas aves dependentes dos agrossistemas ibéricos de feição estepária, (como o corvo, callandra-real, cortiçol-de barriga preta, abetarda, entre outros) e diversas aves de rapina (CM Barrancos, 2011; PGBHIRH7, 2012) e mamíferos (morcego) (TTerra, 2010).

Com base no mapa de Rede Natura 2000 de Espanha (Extremadura: ES0000330 - Embalse de Valuengo; ES4310004 - Dehesas de Jerez e na Andalucía: ES0000051 - Sierra de Aracena y picos de Aroche) identificaram-se as zonas de proteção especial para as aves, adiante designada ZPE Espanha (Fig. 4).

Com base na cartografia digital extraída dos sites da CCDR Alentejo (PTZPE0045 - Moura/Mourão/Barrancos) e da Confederación Hidrográfica del Guadiana [CH Guadiana]

(2011) e do Ministerio de Agricultura, Alimentación y Medio Ambiente [MAAMA] (2011) construiu-se a Fig. 4, onde se apresenta a Zona de Proteção Especial.

Fig. 4 Localização da Zona de Protecção Especial (ZPE) na bacia hidrográfica do Ardila.

Na ZPE são aplicadas medidas para a manutenção e restabelecimento do estado das populações de espécies selvagens e dos seus habitats (Decreto-Lei 140/99 de 24 de Abril), como por exemplo a existência de vários projetos para recuperar o habitat do lince Ibérico em Portugal e para fomentar a densidade das suas presas (coelho bravo) (TTerra, 2010). A área ocupada pela ZPE (PTZPE0045 - Moura/Mourão/Barrancos) (CCDRA, 2011b), atrás designada ZPE Portugal (Fig. 4) é heterogénea, com áreas agrícolas abertas, em que predominam a cerealicultura extensiva, e áreas ocupadas com montados de azinho (maioritariamente) e de sobreiro. As pastagens permanentes, e algumas áreas de vinha e de olival, integram também o mosaico agrícola (PGBHIR7, 2012). Na ZPE Portugal, inserem- se as freguesias de Sobral da Adiça, Santo Aleixo da Restauração, Santo Amador (do concelho de Moura) freguesia de Barrancos (freguesia e concelho de Barrancos) e ainda a freguesia de Granja do concelho de Mourão (Fig. 4). O concelho de Mourão apresenta características biofísicas que potenciam a ocorrência de espécies vegetais e animais, por isso, integra-se na área prioritária para a conservação do Lince-Ibérico (MOT, 2010) e coelho-bravo, na ZPE Portugal.

No concelho de Mourão, a agricultura apresenta maior expressividade comparativamente com a pecuária. Na freguesia de Granja destacam-se povoamentos abundantes de azinheiras (TTerra, 2010).

A ZPE na bacia hidrográfica do Ardila ocupa uma área total de cerca de 1314 km2, correspondendo a 35,4 % do total da área da bacia hidrográfica do Ardila.

A delimitação do sítio de importância comunitária (SIC), na bacia hidrográfica do Ardila, foi efetuada com base na cartografia digital do Sítios de Interesse para a Conservação de Moura/Barrancos (Resolução do Conselho de Ministros 142/97 de 28 de Agosto), PTCON0053- Moura/Barrancos, classificado como Sítio de Importância Comunitário [SIC] (CCDRA, 2011b), adiante designado SIC Portugal, e com base na cartografia digital dos Lugares de Interesse Comunitário [LIC] de nível europeu, adiante designado SIC Espanha.

A cartografia de Espanha é relativa à: Extremadura, Badajoz: ES4310019 - Rio Ardila bajo; ES4310020 - rio Ardila alto; ES4310004 - Dehesas de Jerez; Andalucía, Huelva: ES0000051 - Sierra de Arecena y Picos de Aroche (MAAMA, 2011) (Fig. 5).

Fig. 5 Localização do Sítio de Interesse Comunitário (SIC) de nível europeu na bacia hidrográfica do Ardila.

O SIC encontra-se parcialmente integrada na bacia hidrográfica do Ardila, ocupando uma área de 1094 km2, correspondendo a cerca de 29,5% do total da área da bacia hidrográfica do Ardila.

Por sobreposição da informação constante nas Fig. 4 e Fig. 5, observou-se que na área de influência da bacia hidrográfica do Ardila a ZPE Espanha é coincidente com o SIC Espanha. Contudo, o mesmo não acontece em território português. Assim, neste trabalho considera-se como condicionante territorial a área relativa ao SIC, por esta área ser mais restritiva.

De acordo com o Anexo XI, da DQA 2000/60/CE a bacia hidrográfica do Ardila, pertence à Região Hidrográfica do Guadiana (RH7), inserindo-se na ecorregião Ibérico- Macaronésica.

A Reserva Agrícola Nacional [RAN] é um conjunto de terras que apresentam maior aptidão para a atividade agrícola. Relativamente à RAN não foi possível identificar na área em estudo. Contudo, de acordo com a informação contida no Plano Diretor Municipal de Moura [PDM Moura] atualmente em vigor (Resolução de Conselho de Ministros 15/96 de 23 de Fevereiro), constatou-se que 25% da área do concelho total de Moura está classificada como RAN. No entanto, de acordo com a proposta de revisão do PDM Moura (CM Moura, 2008), cerca de 50 % da área total do concelho de Moura reúne condições para fazer parte da RAN, particularmente as freguesias de Amareleja, Póvoa de São Miguel (lado Este), Santo Amador, Safara, Santo Agostinho, Sobral da Adiça por apresentarem continuidade de solos de apreciável valor ecológico.

De acordo com o Plano Hidrológico [PH] (2009) no território Espanhol, a bacia hidrográfica do Ardila apresenta poluição difusa de origem agropecuária e o tratamento das águas residuais dos diferentes aglomerados que drenam para o rio Ardila é deficiente. Por outro lado, a extração de abusiva de areias e, consequentemente, a destruição de vegetação ripícola, a destruição do canal do rio, a existência de barragens/açudes e o desenvolvimento da atividade agropecuária promovem alterações na morfologia dos canais associado aos riscos de erosão e a contaminação (pontual e difusa) de origem agropecuária (ADENEX, 2003; PH, 2009) favorecendo a proliferação de espécies como a Azolla

filiculoides. Tal constitui um problema ambiental grave, pois, o crescimento explosivo da Azolla pode provocar problemas a nível ecológico, social e económico, nomeadamente a

navegação e atividades piscatórias, impactes sobre a fauna e flora e problemas na saúde pública (IA, 2001).