1. ECOTURISMO
1.3 Área de Proteção Ambiental
A criação das Áreas de Proteção Ambiental no Brasil iniciou-se com a lei 6.902/81, que dispõe sobre a criação de Estações Ecológicas e Áreas de Proteção
Ambiental. Esta categoria segundo Camargo apud Cardoso (1999) “foi a primeira proposta brasileira de unidades de conservação que considerou compatível manter a população residente e as atividades econômicas na área”, devendo conter estudos detalhados das Zonas de Manejo e buscando identificar suas principais fragilidades ambientais.
Hoje APAS são normalmente áreas extensas, com pouca alteração e não fazem parte dos processos de desenvolvimento humano. Com essa dissociação homem natureza, a preferência foi a de proteger áreas extensas, não se discutindo a maneira com que será feita a proteção e ao mesmo tempo incluir o desenvolvimento humano (CARDOSO, 2003).
Segundo a Resolução CONAMA no 10/88, artigo 1o, as Áreas de Proteção Ambiental são unidades de conservação destinadas a proteger e conservar a qualidade ambiental e os sistemas naturais ali existentes, visando a melhoria da qualidade de vida da população local e também objetivando a proteção dos ecossistemas regionais.
Segundo Cabral e Souza (2002, p. 35) em relação a Unidades de Uso Sustentável, o SNUC em seu art. 15 define categoria de Área de Proteção Ambiental (APA) como:
Área em geral extensa, com certo grau de ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem estar das populações, constituídas por terras publicas ou privadas, podendo ser estabelecidas normas e restrições para a utilização de uma propriedade privada localizada no interior dessa área, dispondo de um conselho gestor presidido pelo órgão responsável por sua administração e constituído por representantes de órgãos públicos, organizações da sociedade civil e população residente.
Costa (2002) afirma que cada categoria de Unidade de Conservação tem características e objetivos próprios, respeitando assim as prioridades e necessidades de cada região.
A Área de Proteção Ambiental (APA) é uma Unidade de Conservação de Uso direto dos recursos naturais, segundo categorização da IUCN1 (quadro 03) e Unidade de Conservação de Uso Sustentável para o Brasil, que tem como características e objetivos de “compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais”, conforme expresso no SNUC (CORTE, 1997).
A inserção do ser humano no processo de planejamento para o estabelecimento de áreas de proteção ambiental, é importante uma vez que há envolvimento em todas as etapas com o meio ambiente. O conhecimento das comunidades nativas em relação aos atributos ambientais da área protegida implica em ganhos significativos tanto na definição da área como no estabelecimento dos critérios de gestão (SOUZA, 2005).
Embora existam critérios de gestão nas APAs baseadas na legislação, nem sempre o cuidado com a conservação dos recursos naturais são levados em consideração, o que compromete a qualidade dos ambientes e da vida para gerações futuras. Há também falta de envolvimento político. O engajamento por parte da população, somente se processará quando a questão da conservação dos recursos naturais se tornarem significantes para as pessoas. Para muitos e parte da sociedade, a questão da conservação fica relegada a segundo plano (FONSECA, 2006).
1 União Internacional para Conservação da Natureza
Quadro 03. Definições das Categorias UICN de Manejo de Áreas Protegidas
CATEGORIA TIPO DESCRIÇÃO
Categoria Ia. Reserva Natural Estricta: área protegida manejada
principalmente con fines científicos
Area terrestre y/o marina que posee algún ecosistema, rasgo geológico o fisiológico y/o especies destacadas o representativas, destinada principalmente a actividades de investigación científica y/o monitoreo ambiental.
CATEGORIA
Ib. Area Natural Silvestre: área protegida manejada principalmente con fines de protección de la naturaleza
Vasta superficie de tierra y/o mar no modificada o ligeramente modificada, que conserva su carácter e influencia natural, no está habitada de forma permanente o significativa, y se protege y maneja para preservar su condición natural.
CATEGORIA
II. Parque Nacional: área protegida manejada principalmente para la conservación de ecosistemas y con fines de recreación
Area terrestre y/o marina natural, designada para a) proteger la integridad ecológica de uno o más ecosistemas para las generaciones actuales y futuras, b) excluir los tipos de explotación u ocupación que sean hostiles al propósito con el cual fue designada el área, y c) proporcionar un marco para actividades espirituales, científicas, educativas, recreativas y turísticas, actividades que deben ser compatibles desde el punto de vista ecológico y cultural.
CATEGORIA
III. Monumento Natural: área protegida manejada principalmente para la
conservación de características naturales específicas
Area que contiene una o más características naturales o naturales/culturales específicas de valor destacado o excepcional por su rareza implícita, sus calidades representativas o estéticas o por
importancia cultural.
CATEGORIA
IV. Area de Manejo de
Hábitat/Especies: área protegida manejada principalmente para la conservación, con intervención a nivel de gestión
Area terrestre y/o marina sujeta a intervención activa con fines de manejo, para garantizar el
mantenimiento de los hábitat y/o satisfacer las necesidades de determinadas especies.
CATEGORIA
V. Paisaje Terrestre y Marino Protegido: área protegida manejada principalmente para la conservación de paisajes terrestres y marinos y con fines recreativos
Superficie de tierra, con costas y mares, según el caso, en la cual las interacciones del ser humano y la naturaleza a lo largo de los años ha producido una zona de carácter definido con importantes valores estéticos, ecológicos y/o culturales, y que a menudo alberga una rica diversidad biológica. Salvaguardar la integridad de esta interacción tradicional es esencial para la protección, el mantenimiento y la evolución del área.
CATEGORIA
VI. Area Protegida con Recursos Manejados: área protegida manejada principalmente para la utilización sostenible de los ecosistemas naturales
Area que contiene predominantemente sistemas naturales no modificados, que es objeto de actividades de manejo para garantizar la protección y el mantenimiento de la diversidad biológica a largo plazo, y proporcionar al mismo tiempo un flujo sostenible de productos naturales y servicios para satisfacer las necesidades de la comunidad.
Fonte: União Internacional para Conservação da Natureza
Segundo Souza (2005) o procedimento metodológico de delimitação de uma APA, apresentado na figura 03, permite a constante retro alimentação do processo de delimitação de perímetro, fazendo com que a decisão seja tomada em conjunto e de forma participativa pelo poder público e sociedade civil.
Os critérios de delimitação do instrumento de gestão político-ambiental deverão estar de acordo com as especificidades locais e o grau de proteção dos atributos ambientais, nos aspectos físicos, bióticos e antrópicos.
Sistema em estudo
Critérios: participação da
sociedade e do poder publico. identificação dos fatores
ambientais para
conservação
Ponderação dos fatores ambientais
Confecção dos mapas temáticos de cada atributo ambiental com respectivas ponderações
Metodologia de analise
integrada de recursos/SIG Analise/sobreposição das informações ambientais, por meio do procedimento de interseção
Cenários ambientais com identificação das áreas de ocorrência de interseção dos atributos ambientais
Atributos físicos:
• Recursos hídricos
superficiais e
subterrâneos;
• Áreas frágeis;
• Formações Geológicas relevantes para garantir a função ambiental; relevo;
• Suscetibilidade e restrições impostas pelos tipos de solos; clima.
Atributos biológicos:
• Diversidade e integridade biológica de fauna e flora;
• Ecossistemas.
Atributos antrópicos:
• Social, político, arqueológico e cultural.
Tomada de decisão Participação da sociedade e do poder publico.
Traçado do perímetro da Área de Proteção Ambiental
Figura 03 - Procedimento metodológico de delimitação da categoria APA.
Fonte: Souza, 2005