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CAPÍTULO 3..................................................................................................... 64

3.2 AÇÃO CIVIL PÚBLICA

não se confundindo com o interesse público, uma vez que aquele é mera subespécie do ultimo.

Mais acertadamente, quando dispôs sobre a defesa em juízo desses mesmos interesses transindividuais, o Código de Defesa do Consumidor preferiu a denominação ação coletiva, da qual as associações civis, o Ministério Público e outros órgãos são co- legitimados.

Importante ressaltar que a Lei 7.347/85 faz menção a utilização dos artigos do Código de Defesa do Consumidor, onde se encontra de forma mais detalhada e específica os conceitos dos diferentes interesses transindividuais como já citado. Assim, cumpre citar o artigo 21 da Lei nº.

7.347/85: “Aplicam-se à defesa dos direitos e interesses difusos, coletivos e individuais, no que for cabível, os dispositivos do Título III da lei que instituiu o Código de Defesa do Consumidor” 83.

Doutrinariamente, os autores chamam de ação civil pública a ação, proposta pelo Ministério Público, que verse sobre interesses transindividuais, e de ação coletiva a proposta pelos demais co-legitimados.

Nesse sentido ensina Hugo Nigro Mazzili84:

Como denominaremos, pois, uma ação que verse a defesa de interesses difusos, coletivos ou individuais homogêneos? Se ela estiver sendo movida pelo Ministério Público, o mais correto, sob o prisma doutrinário, será chamá-la de ação civil pública. Mas se tiver sido proposta por associações civis, mais correto será denominá-la ação coletiva.

Porém a diferença legal é somente a fonte uma vez que a ação civil publica é a movida com base na Lei nº. 7.347/85 para a defesa dos direitos transindividuais, não importando o autor, e a ação coletiva é qualquer ação fundada nos artigos 81 do Código de Defesa do Consumidor, que verse a defesa de interesses transindividuais.

83 BRASIL. Lei nº. 7.347, de 24 de julho de 1985. Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio-ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico (VETADO) e dá outras providências.

84 MAZZILLI, Hugo Nigro. A Defesa dos Interesses Difusos em Juízo: Meio Ambiente, Consumidor, Patrimônio Cultural, Patrimônio Público e outros interesses. 19ª ed. rev., ampl. e atual. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 68.

Vê-se assim que o elo quanto à terminologia doutrinária e legal está no objeto de defesa da ação, porquanto ambas versem sobre a defesa de interesses transindividuais.

No entanto, deve-se atentar para a ação popular, descrita no artigo 5º, inciso LXXIII, da Constituição Federal, na questão de essa também ser uma ação coletiva, nos mesmos termos, porém, apesar do fim de interesse da coletividade é chamada de ação popular, quando proposta por individual.

3.2.1 Do foro competente

Nos critérios de competência, em suma, por meio da competência territorial, repara-se na medida da extensão do dano como competência absoluta, onde abragem mais de um foro, mas não chegarem a ter o caráter estadual, a ação civil pública deve ser proposta seguindo os critérios da prevenção, onde como já supra citado, tem o caráter do foro, onde a coisa julgada tem seu limite na competência do órgão prolator. Se os danos se estenderem ao território estadual, ou nacional, a ação civil pública deverá ser proposta na respectiva Capital.

Porém, vale destacar o disposto no artigo 101, inciso I do Código de Defesa do Consumidor que dispõe: “a ação pode ser proposta no domicílio do autor” 85.

Embora em regra a competência para as ações civis públicas e coletivas seja absoluta, e venha determinada pelo local do dano, em algumas hipóteses, o Código de Defesa do Consumidor admite critérios de competência territorial ou relativa, para fixar a competência nas ações coletivas, no domicilio do autor.

85 BRASIL. Lei nº. 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências.

3.2.2 Da coisa julgada

Nas ações civis públicas, quando versar de tutela coletiva, não poderá alcançar danos individuais diferenciados, pois nesses o interesse deve ser buscado por meio de ação individual, os sujeito são determináveis e embora compartilhem da mesma situação jurídica, não incorrem no mesmo dano, assim pretendendo cada um a realização de seu determinado direito.

Colhe-se da lição de Hugo Nigro Mazzilli86: “A tutela coletiva não poderá alcançar danos individuais diferenciados e variáveis caso a caso, de individuo para individuo (por exemplo, danos emergentes e lucros cessantes)”.

Ainda, há na questão da coisa julgada, sob o aspecto da indenização, em que quando se tratar de interesses difusos, o produto da indenização irá para o Fundo previsto no artigo 13 da Lei nº. 7347/85, pois os danos são indivisíveis, alem de serem os indivíduos indetermináveis. Já nos casos de interesses individuais homogêneos, os sujeitos são determináveis, e o dano divisível, portanto o produto da indenização pode ser dividido aos lesados individuais que se habilitarem, onde somente no caso de falta da determinada habilitação que o produto da indenização irá para o Fundo.

Nesse sentido indica a lição de Hugo Nigro Mazzilli:

Nas ações civis públicas e coletivas, se os danos forem indivisíveis porque difusos, o produto da indenização irá para o fundo previsto no art. 13 da LACP, mas, nas lesões a interesses individuais homogêneos, será oportunamente levantado pelos prejudicados, se for o caso; somente se os lesados individuais não se habilitarem no processo coletivo é que o produto da indenização irá para o fundo.

Vale a nota, que a ação civil pública tem com o decorrer de sua sentença civil, no que tange a coisa julgada o efeito erga ommes, em atento aos limites de competência territorial do órgão prolator, isto é em via do critério de prevenção quanto à competência.

86 MAZZILLI, Hugo Nigro. A Defesa dos Interesses Difusos em Juízo: Meio Ambiente, Consumidor, Patrimônio Cultural, Patrimônio Público e outros interesses. 19ª ed. rev., ampl. e atual. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 157/158.

Nesses termos é citado o artigo 16 da Lei nº. 7.347/85:

Art. 16 - A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova.

Assim dispõe a Lei nº. 7.347/85, quanto à função e a extensão da coisa julgada nas ações coletivas.

3.2.3 Legitimidade ativa

A legitimação ativa para a devida propositura da Ação Civil Pública ou Coletiva, deriva do artigo 5º da Lei nº. 7.34787, onde outorga poderes de ingresso primeiramente ao a) Ministério Público; e a diante para b) Defensoria Pública; c) Administração Direta, ou seja, União, Estados, Municípios e Distrito Federal; d) Administração Indireta - autarquias, empresas públicas, fundações (públicas e privadas) e sociedades de economia mista; e) Associações civis; onde podem propor a Ação Civil publica de forma concorrente e disjuntiva.

Na Lição de Marcos Paulo Cardoso Starling88:

Por fim, urge consignar que a solução pluralística, de co- legitimidade ativa entre várias entidades e o indivíduo, na qual um não exclui o outro, restou acolhida expressa e peremptoriamente pela Carta Republicana de 1988, ao estabelecer em seu artigo 129, §1º, que a legitimação do Ministério Público para as ações civis coletivas não impede a atuação de terceiros, nas mesmas hipóteses.

Ainda, o Código de Defesa do Consumidor89 por força do artigo 82, inciso III, acrescentou a ordem dos legitimados as: “Entidades e órgãos

87 BRASIL. Lei nº. 7.347, de 24 de julho de 1985. Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio-ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico (VETADO) e dá outras providências.

88 STARLING, Marcos Paulo Cardoso. Ação Civil Pública: Doutrina e Jurisprudência; O Direito e o Processo na Interpretação dos Tribunais Superiores. Belo Horizonte: Del Rey, 2001, p.

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da Administração Pública, direta ou indireta, ainda que sem personalidade jurídica, especificamente destinados à defesa dos interesses e direitos protegidos por este Código”.

Cumpre colacionar importante lição de Marcos Paulo Cardoso Starling90:

Relativamente à defesa do consumidor, é pública a atuação como órgão co-legitimado dos Procons, os Conselhos de Defesa do Consumidor, cuja atuação encontra-se na disposição do artigo 82, III, do Código de Defesa do Consumidor.

Quanto à legitimação das associações civis, para ingresso em juízo com uma ação civil pública, há exigência legal de preenchimento de dois requisitos, sendo eles: a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil e; b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.

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