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CAPÍTULO 1..................................................................................................... 17

1.5 FIGURAS DA RELAÇÃO DE CONSUMO EXPOSTAS NA LEI

1.6.1 Conceito de produto

A lei define produto, em seu artigo 3º, parágrafo 1º:

“Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial”.

21 Código brasileiro de Defesa do Consumidor: Comentado pelos autores do anteprojeto/

Ada Pellegrini Grinover...[et al.]. – 8ed – Rio de Janeiro: Forense Universitária. 2006. pag. 43.

22 Código brasileiro de Defesa do Consumidor: Comentado pelos autores do anteprojeto/

Ada Pellegrini Grinover...[et al.]. – 8º ed – Rio de Janeiro: Forense Universitária. 2006. pag. 43

Ressalta-se que, embora não esteja exposto no texto do parágrafo 1º, existem ainda duas espécies de produtos, os duráveis e os não duráveis, que serão vistos adiante. Para melhor entender cada espécie de produto, partiremos ao estudo dos bens móvel.

1.6.1.1 Produto/bem móvel.

É considerado produto/bem móvel, aqueles que são dotados de movimento próprio ou de remoção por força alheia, porém, tal definição não consta em específico na lei 8.078/90, tendo assim que ser buscado tal conceito no Código Civil, em específico no art. 82. 23: “São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social”.

O Código Civil trata de relacionar alguns bens a classe dos bens móveis, como por exemplo, a energia elétrica que tem valor econômico ou então os direitos reais sobre bens móveis. Outros bens incorporam a presente definição, como os contidos nos artigos 83 e 84, ambos do código civil, ou então os contidos no artigo 3º da lei 9610/98, lei de direitos autorais ou 5º da lei 9.279/96, lei dos direitos e obrigações relativos à propriedade industrial.

1.6.1.2 Produto/bem imóvel.

Busca-se o conceito de bens imóveis no código civil brasileiro já que o CDC não é claro quanto ao termo. Em seu artigo 79, o Código Civil conceitua: “São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente”.24

23 Vade Mecum/ Obra coletiva de autoria da editora Saraiva. – 4 ed. Atual. E ampl. – São Paulo:

Saraiva 2007. pg 176.

Um exemplo de bem imóvel é a residência de uma pessoa.

Se ela possuir uma piscina, também será incorporada ao bem imóvel. Em seus artigos seguintes (art. 80 e 81), o Código Civil trata de majorar o rol de bens imóveis, incluindo alguns bens jurídicos à classe de bens imóveis.

O Código de Defesa do Consumidor inova o conceito, incluindo, quatro novas classes de bens, os produtos materiais e imateriais e os produtos duráveis e não duráveis.

1.6.1.3 Produto/bem material

Embora não esteja conceituado na legislação pátria, essa classe de bens é muito genérica. Enquadram-se como bens materiais, tudo aquilo que tenha materialidade, que seja “sólido”, dentre esses estão alguns bens móveis e imóveis, por exemplo, um saco de cimento ou uma casa é bem material.

1.6.1.4 Produto/bem imaterial.

Adverso ao conceito de bem material, os bens imateriais não possuem forma física, não são materializados. Rizzato Nunes25 escreve sobre o tema:

Diga-se em primeiro lugar que a preocupação da lei é garantir que a relação jurídica de consumo esteja assegurada para toda e qualquer compra e venda realizada. Por isso fixou conceitos os mais genéricos possíveis (‘produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial’). Isso é que é importante. A pretensão é que nada se lhe escape. Assim, a designação

‘produto’ é utilizada, por exemplo, nas atividades bancárias

24 Vade Mecum/ Obra coletiva de autoria da editora Saraiva. – 4 ed. Atual. E ampl. – São Paulo:

Saraiva 2007. pg 176.

25 NUNES, Rizzato. Comentários ao Código de Defesa do Consumidor. 2ª ed. reform. São Paulo: Saraiva, 2006. p. 106.

(mútuo, aplicação em renda fixa, caução de títulos etc.) Tais

‘produtos’ encaixam-se, então, na definição de imateriais.

É evidente que a intenção do legislador é envolver todas as possibilidades, para tanto, elaborou um conceito genérico e amplo.

1.6.1.5 Produto não durável.

A classificação pela durabilidade do produto está no artigo 26 inciso I e II do Código de Defesa do Consumidor. Não é um feito exclusivo da lei, a criação do conceito de não durável, pois o Código Civil já trabalhava com termo semelhante “bens consumíveis”. Entretanto a divisão de acordo com a durabilidade do produto se faz necessário e é muito útil.

Como conceitua Hélio Zaghetto Gama26: “Os bens que são considerados “não duráveis” são aqueles que o uso importa na destruição do bem, bens que acabam com pouco tempo de uso, por exemplo: remédios ou sabonete”.

Lembra-se que aqui não está especificado o desgaste eventual relacionado aos “anos de uso” de um produto, portanto, um carro, com passar do tempo, desgasta, mas para fim de classificação este não é um produto

“não durável”, pois a chave é a extinção do produto pelo consumo imediato ou de pouco tempo.

1.6.1.6 Produto durável.

O produto durável é aquele que, como próprio nome diz,

“dura” após o uso, se desgastando apenas com o passar do tempo, pois seu uso

26 GAMA, Hélio Zaghetto. Curso de direito do consumidor. 3ª ed. rev. atul. de acordo com o

novo Código Civil. Rio de Janeiro: editora Forense, 2006. pág. 50.

não o extingue. É importante dizer, que nenhum produto é eterno, sendo assim, os produtos duráveis também se desgastam ao decorrer do tempo.

Após analisados os produtos sobre seus aspectos de durabilidade, há uma espécie do mesmo de fora, são eles os produtos descartáveis. Cria-se uma questão quanto a serem duráveis ou não duráveis. Se não fizermos uma análise minuciosa, acabaríamos por errar tal resposta classificando-os como “não duráveis”, pois são descartados após seu uso.

Os produtos descartáveis não estão definidos na lei, sendo assim uma criação do mercado contemporâneo. Analisando pelas características dos produtos descartáveis, entende-se que estes são produtos de natureza

“durável”, mas com uma durabilidade menor, destinados ao uso único, mas isso não implica em sua “consumação” imediata ou em pouco tempo de uso como acontece com os produtos não duráveis.

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