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Comércio exterior

No documento da indústria brasileira (páginas 46-51)

2. COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE MÓVEIS

2.2. Desempenho Recente da Indústria de Móveis

2.2.4. Comércio exterior

2.2.4.1. Exportações de móveis

Apesar de possuir algumas vantagens comparativas significativas em relação aos principais países exportadores - matéria-prima e mão-de-obra barata - , a indústria brasileira de móveis tem uma posição insignificante no comércio mundial de móveis. O grande crescimento observado no comércio internacional de móveis dos últimos 20 anos não foi acompanhado pelas empresas brasileiras. Em parte, isto se deve à tradicional hegemonia dos países desenvolvidos neste mercado como é o caso da Itália e da Alemanha. Contudo, mais recentemente, tem havido, por parte de

alguns países em desenvolvimento - Taiwan - um crescimento significativo de suas exportações para os países desenvolvidos que representam quase que a totalidade do mercado mundial.

O Brasil, contudo, não tem acompanhado este movimento. Em parte isto se deve ao ciclo de modernização ocorrido nesta indústria e, em decorrência, das estratégias comerciais adotadas pelas empresas brasileiras. Na década de 70, muitas empresas se modernizaram ao mesmo tempo em que se deu um grande crescimento do mercado interno de móveis. Em decorrência, as empresas destinaram sua produção a atender primordialmente o mercado interno em rápida expansão e menosprezaram as vendas externas. Com a retração dos anos 80, as empresas depararam-se com uma redução do mercado interno, com dificuldades para modernizar suas instalações industriais e, em decorrência, tornaram-se incapazes de sustentar uma posição mais agressiva e competitiva no mercado mundial. Somente as empresas mais modernas perseguiram e conseguiram direcionar parcela de sua produção para o mercado externo. Foi somente na década de 80 que as vendas para o mercado externo foram incorporadas às estratégias comerciais de muitas empresas.

De 1970 a 1980, as exportações brasileiras atingiram US$ 142,7 milhões com uma média anual de US$ 13,0 milhões (Tabela 12).

TABELA 12

EVOLUÇÃO DO COMÉRCIO EXTERIOR DE MÓVEIS

(em US$ mil FOB) Ano X M X-M

1970 1512 146 1366 1971 2793 267 2526 1972 4136 630 3506 1973 10317 544 9773 1974 13488 1610 11878 1975 13083 1972 11111 1976 14643 1448 13195 1977 16445 1672 14773 1978 18087 3464 14623 1979 20977 2617 18360 1980 27236 3121 24115 1981 30944 1892 29052 1982 22150 2147 20003 1983 19422 2773 16649 1984 26927 2985 23942 1985 34844 7101 27743 1986 42312 6374 35938 1987 39260 7712 31548 1988 45523 7837 37686 1989 56413 7013 49400 1990 47512 8598 38914 (1) Corresponde ao capítulo 94 da NBM.

Fonte: CTIC, p.25

Já no período de 1981 a 1990, as exportações elevaram-se a US$ 365,3 milhões com uma média anual de US$ 36,5 milhões. Houve um crescimento de 181,4% das exportações médias

anuais num período de significativa redução do crescimento interno (Gf2)13. Este crescimento das exportações é extremamente significativo após o ano de 1986 se levarmos em consideração a grande redução da produção interna ocorrida até o ano de 1990. As exportações médias, no período de 1987 a 1990, atingiram US$ 47,2 milhões. Em parte, este resultado deve-se ao fato de que as empresas mais modernas destinaram parcela de sua produção ao mercado externo num momento de profunda contração da demanda interna.

As exportações de móveis de madeira, metal e plástico - estofados, móveis para escritório, residenciais e outros - atingiram uma média de US$ 47,3 milhões no período de 1989 a 1990. As exportações de móveis de madeira atingiram pelo menos US$ 22,3 milhões constituindo-se no principal item das exportações brasileiras (Tabela 13).

GRÁFICO 2

EVOLUÇÃO DAS EXPORTAÇÕES DE MÓVEIS - BRASIL (1973/90)

50 150 250 350 450 550

1973 1977 1981 1985 1989

Exportações Produção de móveis

(Base 1973 = 100)

Fonte: SRF/CIEF; FIBGE.

As exportações brasileiras de móveis no período de 1989 a 1991, concentraram-se em estofados (28,1%) e móveis para residência (29,5%) - cozinhas, dormitórios e cadeiras - e outros tipos de móveis 20,4%14. No total, estes três itens responderam por 76,7% do total das exportações de móveis. Como se pode observar, o principal item das exportações são os móveis residenciais - incluindo-se os estofados - (57,6%) sendo pequena a participação de móveis para escritório (8,2%).

A principal matéria-prima das exportações brasileiras é a madeira que responde pelo menos por 65,6% do total das exportações15. Nos móveis residenciais, a madeira representa

13 Até aqui a análise das exportações corresponde ao capítulo 94 da NBM.

14 Inclui balcões, vitrinas, displays, arcas, oratórios, cômodas etc.

15 Excluindo-se os estofados do total.

76,6% do total e nos móveis para escritório 67,1%. O principal item das exportações de móveis residenciais são os dormitórios que representam 60,1% das exportações totais de móveis residenciais e as cadeiras 22,7%. Apesar de suas insignificantes exportações, a indústria de móveis de madeira possui um potencial de exportação muito grande, principalmente no segmento de móveis torneados de madeira - dormitórios, salas de jantar etc. Mais recentemente, devido às mudanças ocorridas na Europa Oriental, muitas empresas brasileiras passaram a exportar móveis de madeira maciça de Pinus para os países europeus, onde existe uma tradição estabelecida no consumo deste tipo de madeira.

TABELA 13

EXPORTAÇÕES DE MÓVEIS DE MADEIRA, METAL E PLÁSTICO SEGUNDO O TIPO DE USO

(MÉDIA DO PERÍODO 1989/91)

(em US$ mil) Tipo Valor % 1. Estofados (1) 13316282 28.1 2. Moveis para escritório Assentos Giratórios 784004 1.7 Moveis de metal 509760 1.1 Moveis de madeira 2581727 5.5 Total 3875491 8.2 3. Moveis para residência Moveis e cadeiras de plástico 306729 0.6 Moveis e cadeiras de metal 2953335 6.2 Moveis e cadeiras de madeira 10683845 22.6 Cozinhas 1012917 2.1 Dormitórios 6481059 13.7 Cadeiras 3189869 6.7 Total 13943908 29.5 4. Outros moveis de madeira 9022245 19.1 5. Outros moveis de metal (2) 594151 1.3 6. Partes (3) 6574873 13.9 Total Geral 47326950 100.0 (1) Exclui assentos giratórios e cadeiras de madeira, metal e plástico.

(2) Inclui balcões, vitrinas e displays, arcas, oratórios, cômodas e outros.

(3) De madeira, metal e plástico.

Fonte: SRF/CIEF.

São móveis torneados de madeira de alto padrão. Os móveis de mogno representam, também, parcela importante das exportações de móveis de madeira.

Já no segmento de móveis retilínios de madeira, o potencial de exportação é muito pequeno devido ao elevado preço alcançado no mercado interno pela madeira aglomerada, sua principal matéria-prima. Mesmo possuindo plantas industriais razoavelmente modernas, as exportações deste segmento são insignificantes. No segmento de móveis para escritório, as exportações são, também, muito pequenas. Em geral, são móveis que envolvem uma maior densidade tecnológica - reunião da marcenaria, metalurgia e tapeçaria. Neste segmento, a desatualização tecnológica das empresas brasileiras é mais acentuada.

2.2.4.2. Exportações de madeira bruta, serrada e folheada.

Apesar de possuir na madeira de lei uma fonte potencial de vantagem comparativa na competitividade em relação aos demais países, o Brasil tem aberto mão desta vantagem através de suas exportações crescentes de madeiras de lei sob a forma, principalmente, de madeira serrada e folheada.

As exportações de madeira - capítulo 44 da TAB - atingiram, no período de 1989 a 1991, uma média de US$ 425,9 milhões (Tabela 14). Os principais itens das exportações brasileiras são, por ordem decrescente de importância, a madeira serrada (33,6%), a madeira compensada (24,3%), os painéis de fibra (18,1%) e a madeira folheada (7,6%). No total, estes itens totalizam 83,6% do total das exportações de madeira.

As exportações de madeira serrada e folheada atingiram, no período de 1989 a 1991, US$

175,3 milhões que representa 41,2% do total. Quase que a totalidade destas exportações são constituídas de madeiras de lei. Nas exportações de madeira serrada, predominam o mogno (35,1%), Virola (16,0%), Araucária (8,0%) e Jatobá (7,7%). Nas exportações de madeira folheada, predominam o mogno (24,8%), o carvalho (13,1%) e a imbuia (5,0%). O mogno é a principal espécie exportada. Suas exportações atingiram US$ 58,2 milhões que representa 33,2%

do total das exportações de madeira serrada e folheada.

TABELA 14

VALOR DAS EXPORTAÇÕES DE MADEIRA (MÉDIA DO PERÍODO 1989/91)

(em US$ mil) Tipo Valor % 1. Madeira serrada 142920 33.6 Mogno 50220 11.8 Virola 22833 5.4 Araucária 11465 2.7 Jatobá 10944 2.6 Imbuia 4248 1.0 Outras 43210 10.1 2. Madeira compensada 103663 24.3 3. Painéis de fibra 77139 18.1 4. Madeira folheada 32353 7.6 Mogno 8028 1.9 Carvalho 4243 1.0 Imbuia 1620 0.4 Outras 18462 4.3 5. Artefatos diversos 60571 14.2 6. Outras 9335 2.2 Total 425981 100.0 Fonte: SRF/CIEF (Cf. Tabelas 2, 3, 4, 5)

Se o total das exportações de madeira serrada e folheada fosse internalizado e utilizado na produção de móveis, as exportações da indústria moveleira poderiam elevar-se substantivamente

em relação ao volume atual de exportações. Para que se tenha noção da irrelevância das exportações de móveis, basta mencionar que as exportações de móveis de madeira atingiram uma média de aproximadamente US$ 22,3 milhões no período de 1989 a 1991. Ou seja, exporta-se oito vezes mais madeira bruta do que móveis.

Estas exportações de madeiras de lei constituem uma fonte importante de competitividade da indústria de móveis nos principais países desenvolvidos. Como já foi observado, a grande vantagem comparativa de países como a Itália e a Alemanha reside, principalmente, no grau de modernização de suas máquinas e equipamentos e nas estratégias de suas empresas para as quais a demanda externa é um componente importante. Portanto, a indústria de móveis nestes países pode manter-se moderna tecnologicamente a um custo muitíssimo mais baixo do que em países como o Brasil. Mesmo com custo de mão-de-obra mais elevada e adquirindo a madeira bruta a um preço mais elevado do que nos países em desenvolvimento, os países desenvolvidos detém a hegemonia no comércio mundial de móveis baseando-se na tradição exportadora de suas empresas, no moderno design de seus móveis e, principalmente, na modernização tecnológica de suas empresas e em sua organização industrial pouco verticalizada.

Alguns países asiáticos que, mais recentemente, passaram a exportar móveis para os países desenvolvidos adotaram inúmeras medidas proibindo suas exportações de madeira bruta como é o caso da Indonésia e Filipinas. Além disso, muitos destes países têm desenvolvido um grande esforço de modernização de suas plantas industriais com a introdução de máquinas e equipamentos de última geração.

Portanto, os países em desenvolvimento deveriam inibir suas exportações de madeira bruta para os países desenvolvidos como forma de reter uma importante fonte de competitividade neste mercado. Já que não contam com uma indústria de máquinas e equipamentos moderna como na Itália e Alemanha, poderiam homogeneizar a concorrência elevando o custo de importação de madeira bruta pelos países desenvolvidos.

No documento da indústria brasileira (páginas 46-51)