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Obstáculos e Oportunidades para o Aumento da Competitividade

No documento da indústria brasileira (páginas 60-63)

2. COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE MÓVEIS

2.5. Obstáculos e Oportunidades para o Aumento da Competitividade

A indústria brasileira de móveis possui um potencial muito grande de elevar a sua competitividade em relação aos principais países exportadores, em particular, no segmento de móveis torneados de madeira. O país possui uma oferta bastante elástica de madeiras de lei a custos menores do que nos demais países. Para reter esta importante fonte de competitividade para a indústria de móveis, é necessário inibir de alguma forma as exportações desenfreadas de madeira bruta, serrada e folheada. Além disso, é necessário que haja uma exploração racional das reservas existentes e uma política de reflorestamentos adequada.

Em relação à madeira de Pinus, muito demandada pelos países europeus, o Brasil possui condições excepcionais de clima e de solo que lhe permitem um crescimento muito mais rápido desta espécie do que nos países europeus. Trata-se de uma fonte importante de competitividade e que deve ser perseguida pelas empresas deste segmento. O estabelecimento de reflorestamentos homogêneos de Pinus especificamente direcionados para a indústria de móveis deveriam ser desenvolvidos.

O país retém, também, uma outra fonte importante de competitividade que é a sua mão- de-obra abundante e barata relativamente aos principais países exportadores. Mesmo com a introdução de máquinas informatizadas, a indústria de móveis é relativamente mais intensiva em mão-de-obra do que os demais segmentos da indústria de transformação. As maiores dificuldades referem-se à disponibilidade de mão-de-obra especializada com formação adequada.

A defasagem tecnológica de suas empresas líderes poderia ser corrigida a partir de investimentos que não envolveriam vultosos recursos. Trata-se de um segmento em que a montagem de uma moderna planta industrial não ultrapassa o montante de US$ 20 milhões. Além disso, o investimento é divisível permitindo que a modernização se faça por etapas em relação às

instalações atualmente existentes. Devido à defasagem tecnológica da indústria brasileira de máquinas, a modernização da indústria de móveis só se viabilizaria pela importação de máquinas e equipamentos de última geração de países como a Itália e a Alemanha que são líderes tanto na indústria de móveis quanto na produção de máquinas e equipamentos para a produção de móveis.

Esta seria a única forma de elevar a sua competitividade no curto prazo e de torná-las capazes de competir com sucesso no mercado internacional.

Seria necessário, também, reduzir o grau de verticalização das empresas como forma de aumentar a sua eficiência e a escala de produção. Apesar das dificuldades inerentes a um projeto deste tipo devido ao caráter disperso desta indústria, algum avanço poderia ser conseguido principalmente junto a alguns pólos da indústria de móveis já existentes e que congregam, numa mesma região, uma multiplicidade de empresas que se dedicam a produzir o mesmo tipo de mobiliário sem nenhuma divisão de trabalho entre elas. As maiores empresas normalmente sofrem uma concorrência muito grande de um grande número de pequenas e microempresas que lhes copiam o design e trabalham com uma estrutura de custos diferente pois muitas delas pertencem ao setor informal da economia. A cooperação entre elas permitiria potencializar a competitividade da produção de móveis com benefícios para o setor como um todo e, principalmente, para os consumidores. Um exemplo de integração a ser estudado talvez seja o da indústria de calçados femininos da região do Vale dos Sinos do Rio Grande do Sul.

No segmento de móveis retilínios, apesar das empresas serem mais atualizadas tecnologicamente e mais especializadas, as dificuldades de exportação são maiores devido ao elevado preço alcançado pela madeira aglomerada no Brasil relativamente aos demais países.

Apesar das condições excepcionais que o país oferece para o plantio de Pinus, o elevado preço da madeira aglomerada explica-se pela defasagem tecnológica das empresas produtoras e pelo seu reduzido número que lhes confere um imenso poder de mercado. Neste caso, somente a modernização deste setor e o aumento de seu grau de concorrência poderiam contribuir para elevar a competitividade da indústria de móveis retilínios. O recurso às importações, neste caso, poderia ser estimulado apesar das imensas dificuldades existentes para as empresas de móveis garantirem um abastecimento seguro das fábricas.

No segmento de móveis para escritório, as necessidades de modernização para tornar mais competitiva esta indústria são maiores devido ao grau mais acentuado de verticalização da produção e devido à maior defasagem tecnológica de suas máquinas e equipamentos. Neste segmento, as vantagens comparativas potenciais são bem menores pois a madeira figura ao lado de outras matérias-primas igualmente importantes como são o poliuretano, o aço e os tecidos. Ou seja, a competitividade deste segmento é muito mais dependente da competitividade de outros segmentos da indústria brasileira do que os segmentos de móveis torneados e retilínios em que a madeira é principal matéria-prima.

O fraco desempenho externo da indústria de móveis deriva da desatualização tecnológica de suas empresas mas, principalmente, da sua falta de tradição exportadora. O Mercosul representa uma oportunidade muito grande de exportações para as empresas brasileiras devido ao caráter artesanal da indústria de móveis na Argentina, Uruguai e Paraguai. Da mesma forma, os outros países da América Latina representam uma oportunidade de exportações muito grande e que deveria ser perseguida pelas empresas brasileiras. Mesmo os países europeus e, principalmente, os EUA representam oportunidades de exportações muito grandes principalmente para os móveis torneados de madeira maciça de Pinus ou revestidos com folhas de madeiras de lei como o mogno, o jatobá etc. O estabelecimento de canais adequados de comercialização parece ser o maior obstáculo que as empresas brasileiras enfrentam nas exportações. Algumas empresas entrevistadas revelaram experiências frustrantes no comércio exterior que as desestimularam deste intento. Contudo, há casos de empresas brasileiras com sucesso nas exportações que inclusive possuem lojas próprias no exterior para a distribuição de seus produtos.

Apesar das vantagens comparativas da indústria nacional em relação aos países do Mercosul, é necessário prepará-la para esta integração. Neste sentido, a indústria brasileira deverá procurar acordar o registro de normas bem como estabelecer normas para o certificado de origem.

Estes procedimentos são indispensáveis para proteger a indústria nacional de uma eventual concorrência predatória.

No documento da indústria brasileira (páginas 60-63)