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Dimensão Social

No documento dirajaia esse pruner - Univali (páginas 75-82)

INTRODUÇÃO

CAPÍTULO 1 A SUSTENTABILIDADE

1.5 AS DIMENSÕES DA SUSTENTABILIDADE

1.5.3 Dimensão Social

O Modelo Standard de sustentabilidade tem, como já abordado neste trabalho, o foco de acabar com a pobreza, grande causadora da degradação

208 RASKIN, Paul; BANURI, Tariq; GALLOPÍN, Gilberto; GUTMAN, Pablo; HAMMOND, Al; KATES, Robert; SWART, Rob. La gran transición: la promesa y la atracción del futuro. CHILE: CEPAL, Global Scneario Group, Stockholm Environment Institute, Disponível:

<http://repositorio.cepal.org/handle/11362/4143>. Acesso em: 16 de janeiro de 2016. p.52-53.

209 RASKIN, Paul; BANURI, Tariq; GALLOPÍN, Gilberto; GUTMAN, Pablo; HAMMOND, Al; KATES, Robert; SWART, Rob. La gran transición: la promesa y la atracción del futuro. p.52-53.

210 RASKIN, Paul; BANURI, Tariq; GALLOPÍN, Gilberto; GUTMAN, Pablo; HAMMOND, Al; KATES, Robert; SWART, Rob. La gran transición: la promesa y la atracción del futuro. p.52-53.

211 RASKIN, Paul; BANURI, Tariq; GALLOPÍN, Gilberto; GUTMAN, Pablo; HAMMOND, Al; KATES, Robert; SWART, Rob. La gran transición: la promesa y la atracción del futuro. p.53.

212 FERRER, Gabriel Real. Del derecho ambiental al derecho de la sostenibilidad. Material disponível para os alunos do Curso de Doutorado em Ciências Jurídicas da Universidade do Vale do Itajaí em convênio de dupla Titulação com a Universidade de Alicante na Espanha. p.10.

ambiental e social nos dias de hoje. Para isso, o crescimento feito por meio das empresas e dos mercados é tido como a solução para os problemas. E, nesse meio, o capital humano deve ser protegido, cuidando-se da saúde, das habilidades e da educação do trabalhador. Além disso deve-se investir na proteção e manutenção do capital social (entendido como a confiança que a sociedade tem nos negócios, por serem eles honestos, fazerem bem à sociedade, etc.). 213

Desta forma, a transição até uma sociedade sustentável, conforme o Modelo Standard, preocupa-se com as pessoas que o compõe e com o grau de confiança que seus parceiros lhes depositam.

Para o modelo do Capitalismo Natural o desperdício dos recursos naturais, do dinheiro, e da mão de obra leva à precarização da sociedade. Assim, em uma sociedade sustentável, que se organiza tomando por base a proteção, a manutenção e a expansão do capital natural, existem mais recursos naturais e, portanto, empresas e poder público podem se preocupar menos com poluição e com a destinação de detritos, dando mais atenção aos trabalhadores e à sociedade. A existência de recursos naturais em larga escala leva os homens à segurança, à felicidade e ao trabalho.214

O modelo da Economia Verde, pretende, por meio da melhoria do meio ambiente, proporcionar bem-estar e igualdade social a toda a humanidade.

Segundo o PNUMA a pobreza está diretamente ligada a exclusão de determinadas camadas da sociedade que não têm acesso, ou têm acesso precário, à educação, saúde, trabalho, crédito, etc., e a Economia Verde tem como objetivo gerar oportunidades sem reduzir os estoques de recursos naturais. Desta forma, o programa tem como estratégias: a) investir em pequenos agricultores, orientando-os a produzir protegendo o capital natural e assim aumentar a produção de alimentos para atender aos mais necessitados; b) investir na conservação e limpeza da água e no desenvolvimento de solo fértil, usando a própria comunidade carente para trabalhar de forma remunerada na manutenção de água limpa e solo fértil, assim, os

213 BOFF, Leonardo. La sostenibilidad: Que es y qué no es. p.31-36.

214 HAWKEN, PAUL; LOVINS, Amory; LOVINS, L. Hunter. O Capitalismo natural. Revista Exame de 30 de abril de 2000. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/revista- exame/edicoes/715/noticias/o-capitalismo-natural-m0053454>. Acesso em: 10 de janeiro de 2016.

p.1.

mais necessitados podem usar estes bens básicos para seu sustento; c) melhorar a qualidade da água e o acesso a serviços sanitários pois, em populações miseráveis gasta-se muito tempo e dinheiro para conseguir água limpa e muito dinheiro para curar doenças que poderiam ser evitadas com adequação sanitária; d) proporcionar a energia limpa para pessoas de baixa renda que ainda precisam do carvão, da querosene ou de outras formas de energias que são caras e sujas. Tais energias além de terem o custo alto, às vezes, como é o caso da querosene e do carvão, trazem perigos de acidentes domésticos e de doenças respiratórias; e) desenvolver o turismo como atividade geradora de renda.215

Ainda cabe destacar que a Economia Verde pretende gerar empregos verdes.

Assim sendo, a transição para a Economia Verde faria deixar de existir os empregos ligados ao uso e extração de energias caras e não renováveis ao mesmo tempo que criaria novos empregos ligados à geração e transmissão de energia mais barata e renovável. 216

Para o Ecossocialismo a sociedade deveria ter direito a participar ativamente das decisões políticas sobre investimentos, podendo opinar sobre quais tipos de investimentos devem ser realizados e quando devem ser realizados. Além disso, deveriam ser considerados direitos básicos de todo cidadão a água pura, o solo fértil, o ar limpo, os alimentos orgânicos, etc.. 217

Para o Ecodesenvolvimento, conforme já exposto em outros momentos deste trabalho, a preocupação de Sachs, defensor do modelo, é a sobrevivência do homem. A todo momento o autor lembra que a discussão de sustentabilidade não pode se perder em radicalismos ecologistas e, portanto, o homem é a peça central disto tudo, é para ele que se pensa a teoria. Assim, o Ecodesenvolvimento deve se preocupar em levar o homem à realização, com emprego, saúde, segurança, respeito às diferentes culturais, etc.. 218

215 PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O MEIO AMBIENTE – PNUMA. Caminhos para o desenvolvimento sustentável e a erradicação da pobreza. Síntese para tomadores de decisão. p.9-12

216 PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O MEIO AMBIENTE – PNUMA. Caminhos para o desenvolvimento sustentável e a erradicação da pobreza. Síntese para tomadores de decisão . p.12

217 LOWY, Michael; KOVEL, Joel & ANGUS, Ian. Declaração ecossocialista de Belém. p.1-4.

218 SACHS, Ecodesenvolvimento: crescer sem destruir. p.29.

Ainda, na transição até a sociedade sustentável socialmente, deve-se dar atenção às pessoas do lugar, buscando a solução para problemas sociais dentro da comunidade, levando em consideração sua história, sua cultura, e envolvendo a comunidade nas decisões.219

Desta forma, é necessário:

[...] um grande conhecimento das culturas e dos ecossistemas, sobretudo como as pessoas se relacionam com o meio ambiente, como elas enfrentam seus dilemas cotidianos, quais são suas ecotécnicas para a produção de alimentos. [...] o envolvimento dos cidadãos no planejamento das estratégias é fundamental, pois eles são os maiores conhecedores das realidades locais, além de serem os maiores interessados em identificar suas necessidades e transmitir o saber acumulado na comunidade. 220

Somente adotando estas práticas a sociedade pode vislumbrar o “[...] alcance de um patamar razoável de homogeneidade social; a distribuição de renda justa;

emprego pleno e /ou autônomo com qualidade de vida decente; igualdade no acesso aos recursos e serviços sociais.221

Assim, ao propor a homogeneidade social para uma sociedade sustentável está se propondo a igualdade social. Esta igualdade seria gerada por uma série de ações as quais passariam pela distribuição de renda, acesso ao emprego pleno (o qual pudesse trazer qualidade de vida ao trabalhador) e ainda e igualdade de acesso aos serviços sociais. 222

Na Economia Solidária, ser sustentável socialmente é aproximar o capital do trabalho. Os meios de produção deveriam ser de propriedade dos trabalhadores e assim, não haveria diferença de classes sociais pois todos seriam donos do capital e trabalhadores.

Sendo o trabalhador o dono do meio de produção, conforme já abordado neste trabalho, algumas condições se destacariam: a) o trabalhador se sentiria mas

219 LAYRARGUES, Philippe Pomier. A cortina de fumaça: o discurso empresarial verde e a ideologia da racionalidade econômica.p.138-143.

220 LAYRARGUES, Philippe Pomier. A cortina de fumaça: o discurso empresarial verde e a ideologia da racionalidade econômica.p.138-143.

221 SACHS, Ignacy. Caminhos para o desenvolvimento sustentável, p.85.

222 Parágrafo retirado de artigo publicado pela autora desta tese. PRUNER, Dirajaia Esse; KOOL, Solange Lúcia Heck. Desenvolvimento sustentável: a importância das empresas na promoção do trabalho decente. Revista Eletrônica Direito e Política, 2013, v.8, n.1. Disponível em:

<www.univali.br/direitoepolitica>.Acesso em: 10 de janeiro de 2016.

responsável pela atividade que ele realiza; b) o trabalhador entenderia que o seu ganho depende apenas do seu trabalho, sem empregadores para intermediar; c) os trabalhadores seriam empoderados, pois teriam saído da condição de marginalizados pela sociedade para a condição de donos da produção; d) o incremento da solidariedade entre os trabalhadores os quais perceberiam que trabalhando em conjunto haveria benefício para todos; e) os trabalhadores se gerenciariam colocando em prática a autogestão. 223

Assim, o que se percebe é que a Economia Solidária é uma proposta que tem como centro o homem, o trabalho como uma atividade que lhe gera satisfação das suas necessidades, solidariedade, autogestão, melhora da qualidade de vida e do trabalho e o desenvolvimento local. 224

No tocante ao Bem Viver, o modelo defende que, no mundo de hoje, as sociedades se organizam de forma diversificada e a constatação e compreensão desta diversidade torna possível que determinados assuntos, como o trabalho e a renda, sejam repensados. 225 No Equador, por exemplo, após a adoção do modelo do Bem Viver houve uma mudança significativa com relação ao trabalho, o qual foi alçado a eixo da economia do país. Foram valorizadas atividades que até então eram marginalizadas e estigmatizadas, como o trabalho no campo, o trabalho da dona de casa, entre outros, desta forma a sociedade e o Estado passaram a dar valor para atividades que, em um país tão carente, acabam por garantir a manutenção das pessoas. 226

Além disso, para a transição à sociedade sustentável, deve ser dada maior atenção às comunidades locais para que elas sejam ouvidas quando da resolução de problemas pois possuem a experiência e o conhecimento necessário para operar a transformação.

223SINGER, Paul Israel. Introdução à economia solidária. p. 09.

224 BOFF, Leonardo. La sostenibilidad: que es y qué no es. p.50.

225 LÉON, Magdalena. Redefinições econômicas rumo ao Bem Viver: uma aproximação feminista.

p. 60-65.

226 LÉON, Magdalena. Redefinições econômicas rumo ao Bem Viver: uma aproximação feminista.

p. 60-65.

Assim sendo, ensina Gabriel Ferrer227 que a dimensão social da sustentabilidade é algo amplo pois trata da atividade humana. Tudo o que diz respeito ao homem pode ser compreendido como a dimensão social da sustentabilidade, como por exemplo: “[...] a proteção da diversidade cultural, a garantia real do exercício dos direitos humanos, passando por acabar com qualquer tipo de discriminação, o acesso a educação [...]”.

Conforme já explicado quando da abordagem das dimensões anteriores, as teorias aqui explicadas não se anulam. Elas apresentam vários caminhos para que a sustentabilidade social se efetive. Permeando todas elas está o respeito à vida humana e à sua dignidade. Portanto, as estratégias aqui abordadas possuem um só foco: fazer com que o homem viva com dignidade.

Segundo Gabriel Ferrer228, atualmente, o debate sobre sustentabilidade social está focado em discutir uma nova governança e a exclusão social.

A transição para uma sociedade sustentável exige uma nova governança que será baseada na criação de instituições locais, nacionais e internacionais capazes de discutir e promover a sustentabilidade229 e ainda na modificação daquelas instituições que já estão criadas. Conforme será visto no capítulo que tratará da Organização Internacional do Trabalho – OIT e da Organização Mundial do Comércio - OMC, discute-se muito sobre a mudança do papel da OIT frente ao mercado internacional e inclusive sobre a mudança do papel da OMC frente aos direitos dos trabalhadores.

No tocante a exclusão social este trabalho, assim como Gabriel Ferrer230, entende que ela se caracteriza quando as necessidades básicas das pessoas não são satisfeitas e quando as pessoas são impedidas de participar da sociedade.

Quando uma pessoa não possui trabalho, moradia, educação, saneamento básico, etc., ela está excluída do desenvolvimento. Pessoas nestas condições não possuem

227 FERRER, Gabriel Real. El Principio de no regresión ambiental a la luz del paradigma de la sostenibilidad. p.5.

228 FERRER, Gabriel Real. El Principio de no regresión ambiental a la luz del paradigma de la sostenibilidad. p.5-6.

229 FERRER, Gabriel Real. El Principio de no regresión ambiental a la luz del paradigma de la sostenibilidad. p.5-6.

230 FERRER, Gabriel Real. El Principio de no regresión ambiental a la luz del paradigma de la sostenibilidad. p.5-6.

liberdade de fazer escolhas e é por este motivo que o capítulo que tratará de direitos fundamentais também abordará a teoria das necessidades no intuito de demonstrar que a satisfação das necessidades básicas confere liberdade ao indivíduo e, portanto, contribui para o respeito da sua dignidade humana.

O objetivo deste capítulo foi o de buscar as origens e o conceito de sustentabilidade. Como o leitor pode observar, o conceito de sustentabilidade foi construído a partir de relatos históricos de eventos e trabalhos internacionais e nacionais publicados acerca do tema, com ênfase às discussões empreendidas pela ONU e seus órgãos.

Dos relatos aqui realizados verifica-se que a sociedade sustentável tem como um dos seus componentes indispensáveis a promoção de uma vida digna para quem nela convive. Desta forma, se a promoção da sustentabilidade depende da promoção da dignidade humana, o próximo capítulo tem o objetivo de expor as origens e o conceito da dignidade humana a fim de que ao final da tese seja possível compreender se a inclusão de cláusulas sociais nos acordos multilaterais de comércio, firmados pela Organização Mundial do Comércio – OMC, promove a dignidade humana e, por consequência, a sustentabilidade social.

No documento dirajaia esse pruner - Univali (páginas 75-82)