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GENERAL AGREEMENT ON TARIFFS AND TRADE - GATT 501

No documento dirajaia esse pruner - Univali (páginas 149-153)

INTRODUÇÃO

CAPÍTULO 3 A GOVERNANÇA DO COMÉRCIO INTERNACIONAL: O PAPEL DA OMC E DA OIT

3.2 GENERAL AGREEMENT ON TARIFFS AND TRADE - GATT 501

países signatários, que esperavam a posição dos EUA (maior potência econômica da época), com exceção de Austrália e Líbano, também não ratificaram a referida Carta. 498

Tornaram-se realidade a segunda e a terceira partes da Carta de Havana, ambas entraram em vigor por meio do Acordo Geral sobre Tarifas ou General Agreement on Tariffs and Trade – GATT, sigla pelo qual ficou conhecido. 499

Esther López Barrero dá uma explicação interessante para o que ocorreu: a criação de organizações internacionais depende, e muito, da vontade ou necessidade dos seus criadores. Às vezes a vontade ou necessidade é tão grande que impulsiona a criação de organizações sólidas, permanentes e que existem de fato e de direito. E, em outros casos, em que a vontade ou necessidade não é tão grande, o que se consegue é a criação de organizações internacionais provisórias ou de alguns acordos multilaterais bastante flexíveis. E é em virtude disso, desta falta de vontade ou necessidade ou ainda, da falta de consenso mundial sobre o assunto, que, em matéria de comércio internacional, não foi a vez da OIC, mas sim de um acordo multilateral temporário chamado GATT, analisado a seguir.500

para organizar o comércio internacional. 502

Referido acordo foi constituído para durar sete anos. Não tinha os elementos básicos de uma organização internacional, não era um documento internacional que constituía um novo sujeito de direito internacional público, mas era um tipo de protocolo, com 38 artigos, que regulamentava o comércio entre as partes signatárias. 503 Era formado por duas partes; uma delas era um apanhado de regras gerais sobre o comércio internacional e a outra era uma grande lista de produtos e tarifas. 504

Os Estados envolvidos, chamados de Partes Contratantes, comprometiam-se a aplicar, no máximo, a tarifa determinada pelo GATT para os produtos importados.

Assim, tais produtos não sofriam diferenciação no mercado interno e poderiam competir com os produtos nacionais. As negociações eram bilaterais, ou seja, a redução de tarifas era negociada entre o Estado importador e o Estado produtor. 505

Como não era uma organização internacional, mas sim um acordo, não havia uma estrutura, com órgãos, conselhos, comitês, etc.. Havia apenas a previsão de um instrumento que poderia auxiliar na sua gestão:

O único mecanismo de gestão que foi estabelecido no artigo XXV do Acordo original era a " reunião das partes contratantes ", composta por representantes de todos os signatários do Acordo, presidida por um secretário executivo, cujas sessões se organizavam uma vez por ano.506 (Tradução nossa)

Então, sempre que havia uma decisão a ser tomada, era realizada pela reunião das Partes Contratantes. Durante a vigência do GATT, de quase 50 anos, vários foram os Estados ou os territórios aduaneiros que a ele se somavam. O que era um acordo firmado, inicialmente, por 23 países, em 1994 já contava com 126 membros.507

As Partes Contratantes reuniam-se em conferências comerciais globais, uma vez ao ano, para discutirem a extensão do acordo, ou seja, debater novas listas de

502 JAKOBSEN, Kjeld. Comércio internacional e desenvolvimento: do GATT à OMC – discurso e prática. São Paulo: Perseu Abramo, 2005, p. 32.

503 BARRERO. Esther López. Regulación del comercio internacional: la OMC. p. 61-62.

504 BARRAL, Welber Oliveira. O comercio internacional. p. 30.

505 BARRAL, Welber Oliveira. O comercio internacional. p. 30.

506 BARRERO. Esther López. Regulación del comercio internacional: la OMC. p. 62.

507 BARRERO. Esther López. Regulación del comercio internacional: la OMC. p. 62-63.

reduções tarifárias e novas matérias a serem analisadas pelo GATT. Essas reuniões eram chamadas Rodadas Multilaterais de Negociações, ou apenas Rodadas.

Durante a vigência do GATT foram realizadas oito Rodadas, incluindo a Rodada do Uruguai (a qual culminou com a criação da Organização Mundial do Comércio – OMC). 508

As Partes Contratantes, quando da criação do GATT, acordaram sobre princípios básicos que deveriam regular o comércio internacional. Segundo Esther López Barrero509 “O princípio de funcionamento básico do GATT de 1947, que justifica a sua criação, é o princípio da não - discriminação comercial entre os membros do acordo”. Do princípio da não descriminação comercial derivavam dois outros que norteavam toda a consecução do GATT: o princípio da nação mais favorecida – NMF e o princípio do trato nacional, - TN e a eles somavam-se uma série de exceções.

Na aplicação da cláusula da nação mais favorecida, quando concedida vantagem econômica a um Estado, esta vantagem se aplicava automaticamente parceiros comerciais que faziam parte do GATT. Assim “[...] as reduções tarifárias, alcançadas nas negociações bilaterais, beneficiavam, também os exportadores sediados em outras Partes Contratantes”. 510

No tocante ao princípio do tratamento nacional, este determinava que “[...]

uma Parte Contratante não poderia discriminar o produto importado com outras medidas além da aplicação da tarifa consolidada que tivesse sido negociada.”511 Desta forma, não poderia o país importador criar outras barreiras, não alfandegárias, aos produtos importados, estes deveriam ter o mesmo tratamento dos produtos fabricados nacionalmente. 512

No entanto, conforme já referido, somadas a esses princípios existiam exceções as quais consistiam em diversas cláusulas que, quando aplicadas, deixavam em suspenso os princípios acima citados. Tais exceções eram utilizadas sob a justificativa de que determinada situação estaria configurando comércio

508 BARRERO. Esther López. Regulación del comercio internacional: la OMC. p. 63.

509 BARRERO. Esther López. Regulación del comercio internacional:lLa OMC. p. 65.

510 BARRAL, Welber Oliveira. O comercio internacional. p. 30.

511 BARRAL, Welber Oliveira. O comercio internacional. p. 30.

512 GEORGE. Susan. Pongamos la OMC en su sitio. p. 17.

injusto, ou então, que determinada situação demandaria barreiras alfandegárias legítimas. 513

Assim, as partes contratantes elegiam os compromissos que iriam assumir dentre aqueles que achavam mais vantajosos e para os demais, utilizavam-se das exceções. Esta prática passou a ser chamada de GATT a la carte, algo pernicioso e que poderia colocar em descrédito todo o sistema. Para coibir, ou pelos menos minimizar tal conduta, foi criado o Sistema de Solução de Controvérsias – SSC, previsto no Artigo XXIII do GATT. Tal mecanismo tinha funções jurisdicionais para resolver os conflitos derivados da aplicação ou não do acordo às Partes Contratantes. 514

Ensina Esther López Barrero515:

Quando entre eles surgisse um conflito pela aplicação ou não aplicação do Acordo e não conseguissem chegar, dentro de um período razoável de tempo, a uma solução satisfatória através de consultas ou outros arranjos amigáveis, o caso era apresentado à

"Reunião das Partes Contratantes", que investigava e acordava uma solução para o conflito, através da aprovação de um relatório.(Grifo do autor) (Tradução nossa)

Este sistema conseguiu dar maior independência ao GATT, mas não foi suficiente pois, quem decidia o que ocorreria nos conflitos eram as Partes Contratantes, ou seja, eram os próprios entes afetados pela controvérsia, e tal fato permitia que bloqueassem muitas das soluções propostas.516

O interessante é notar que pouco a pouco o GATT se assemelhava a uma organização internacional de modo que, na prática, era, realmente, uma organização de fato e não de direito, faltava o acordo base em que os seus membros expusessem a vontade de criar um ente de direito público internacional, com personalidade jurídica independente. E este acordo estava por chegar, conforme será ressaltado no próximo tópico.

513 BARRAL, Welber Oliveira. O comercio internacional. p. 31.

514 BARRERO. Esther López. Regulación del comercio internacional: la OMC. p. 66.

515 BARRERO. Esther López. Regulación del comercio internacional: la OMC. p. 66.

516 BARRERO. Esther López. Regulación del comercio internacional: La OMC. p. 67.

No documento dirajaia esse pruner - Univali (páginas 149-153)