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5 ÍNDICE DE POBREZA MULTIDIMENSIONAL: ANÁLISE DA BAHIA

Neste capítulo, analisa-se a realidade baiana a partir dos indicadores utilizados nas três dimensões que compõem o Índice de Pobreza Multidimensional, quais sejam: educação, saúde e padrão de vida, analisadas com o intuito de mostrar as diversas privações que recaem sobre os indivíduos classificados como pobres.

O Índice de Pobreza Multidimensional é composto pela incidência e intensidade da pobreza que foram obtidos por Territórios de Identidade da Bahia. A incidência da pobreza multidimensional para a Bahia e seus territórios permitiu identificar qual território apresenta maior e menor proporção de pobres multidimensionais. Dessa forma, foi possível fazer um ranking territorial da pobreza sob essa ótica. A intensidade da pobreza, por sua vez, refletiu o nível de privações daqueles considerados pobres, destacando aqueles em melhor e pior situação.

Além disso, faz-se uma comparação entre as escalas territoriais e municipais com objetivo de verificar se a pobreza multidimensional se apresenta semelhante entre essas escalas, também analisa a situação dos territórios com a Bahia para que se possa ter uma visão global da pobreza no estado.

Por último, após apresentar os componentes do IPM é feita a análise deste índice além de verificar possíveis aglomerações espaciais. Essa discussão é necessária para subsidiar estudos e políticas que visam minimizar os impactos deste problema. Os resultados apresentados evidenciam as diferenças existentes da pobreza entre os territórios.

Tabela 2 - Grau de escolaridade da população da Bahia em 2010.

Grau de escolaridade Percentual Acumulado

Nunca frequentou 12.57 12.57

Creche 7.50 20.07

Alfabetização jovens e adultos 2.76 22.83

Ensino fundamental 47.23 70.05

Ensino médio 23.22 93.28

Graduação 5.62 98.89

Pós-graduação 1.11 100.00

Total 100.00

Fonte: elaboração própria, a partir dos resultados gerados pelo software Stata (STATA, 2011), baseado nos microdados do IBGE (Censo 2010).

Ao fazer a análise referente aos dados do indicador anos de escolaridade para os indivíduos com 18 anos de idade ou mais, notou-se que 38,83% da amostra dos microdados do Censo Demográfico de 2010 para a Bahia são privados do acesso a conclusão do ensino fundamental. Esse dado é relevante na análise da pobreza, pois o nível de instrução é importante para o acesso ao emprego, consequentemente, interfere na renda e no seu desenvolvimento social.

Essa situação se mostrou bastante crítica para diversos territórios (Figura 9), sendo que o Território Metropolitana de Salvador apresentou o menor percentual de privação referente a esta variável (19,30%) seguido pelos territórios Portal do Sertão (33,75%) e Recôncavo (38,08%). Por outro lado, o Território Semiárido do Nordeste II apresentou maior percentual de privação (60,02%). Essa realidade chama a atenção para a necessidade de ações específicas que priorizem os territórios que apresentam maiores privações focando, por exemplo, em políticas de acesso à educação para indivíduos com 18 anos ou mais.

Figura 9- Percentual de indivíduos com 18 anos de idade ou mais que não concluíram o ensino fundamental por Territórios de Identidade da Bahia em 2010.

Fonte: elaboração própria, a partir dos resultados gerados pelo software Stata (STATA, 2011), baseado nos microdados do IBGE (Censo 2010).

No que tange a frequência de crianças à escola, observou-se que mesmo sendo obrigatória a presença de crianças nas escolas, muitas ainda são privadas de seu acesso.

Conforme a Lei 11.114/2005, o início do ensino fundamental torna-se obrigatório e gratuito a todas crianças a partir dos seis anos de idade e a idade de acesso à escola foi definida a partir de 6 anos para o ano censitário de 2010 com base na referida Lei. No entanto, esta Lei foi alterada pela Lei nº 12.796 de 4 de abril de 2013 tornando obrigatória a matrícula de crianças a partir dos quatro anos de idade. Nesse contexto, percebe-se que o Território Litoral Sul (4,13%) revelou uma situação de privação maior, acompanhado dos Territórios de Identidade Metropolitana de Salvador (3,82%) e Extremo Sul (3,81%) (Figura 10). Em melhor situação, encontrava-se o Território Bacia do Rio Corrente (1,84%).

19,3

33,75 38,08

39,38 40,69

40,91 41,72

44,29 44,75 46,3 46,38

47,2 47,76

49,41 49,43 49,69 50,86

51,58 52,26

53,14 53,82

54,3 55,24

55,95 57,48 57,48

60,02

Metropolitana de Salvador Portal do Sertão Recôncavo Bacia do Rio Grande Costa do Descobrimento Litoral Sul Itaparica Litoral Norte e Agreste Baiano Extremo Sul Médio Rio de Contas Sertão do São Francisco Piemonte Norte do Itapicuru Irecê Vitória da Conquista Piemonte da Diamantina Velho Chico Sertão Produtivo Baixo Sul Chapada Diamantina Médio Sudoeste da Bahia Bacia do Rio Corrente Piemonte do Paraguaçu Sisal Vale do Jiquiriça Bacia do Paramirim Bacia do Jacuípe Semiárido Nordeste II

0 10 20 30 40 50 60 70

Figura 10 -Percentual de domicílios com criança em idade escolar (06 a 14 anos) que não frequentam a escola ou creche por Territórios de Identidade da Bahia em 2010.

Fonte: elaboração própria, a partir dos resultados gerados pelo software Stata (STATA, 2011), baseado nos microdados do IBGE (Censo 2010).

Quando se compara estes dois indicadores que compõem a dimensão educação, nota-se menos privação no acesso de crianças à escola que o indicador anos de escolaridade (Figura 11). Na realidade, programas governamentais de transferências de renda como Programa Bolsa Família -PBF exige, como um dos critérios para a transferência da renda, a obrigatoriedade de crianças e jovens na escola. Esta obrigatoriedade encontra-se na Lei nº 10836 de 09 de janeiro de 2004, que cria o Programa Bolsa Família.

Art. 3o A concessão dos benefícios dependerá do cumprimento, no que couber, de condicionalidades relativas ao exame pré-natal, ao acompanhamento nutricional, ao acompanhamento de saúde, à freqüência escolar de 85% (oitenta e cinco por cento) em estabelecimento de ensino regular, sem prejuízo de outras previstas em regulamento (BRASIL, 2015).

1,84 1,91

2,07 2,25

2,29 2,4

2,51 2,54

2,7 2,72 2,73 2,74 2,84

2,96 2,97 3,06

3,08 3,13

3,19 3,26

3,45 3,52

3,58 3,77

3,81 3,82

4,13

Bacia do Rio Corrente Piemonte Norte do Itapicuru Bacia do Paramirim Sertão Produtivo Sisal Portal do Sertão Bacia do Jacuípe Recôncavo Irecê Chapada Diamantina Piemonte da Diamantina Velho Chico Semiárido Nordeste II Vale do Jiquiriça Bacia do Rio Grande Litoral Norte e Agreste Baiano Piemonte do Paraguaçu Vitória da Conquista Sertão do São Francisco Médio Rio de Contas Itaparica Baixo Sul Costa do Descobrimento Médio Sudoeste da Bahia Extremo Sul Metropolitana de Salvador Litoral Sul

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5

Dessa forma, de certo modo, estimula as famílias mais carentes a acompanhar a frequência de crianças e jovens à escola, além disso, esse percentual baixo pode estar relacionado também com maior abrangência do ensino.

Figura 11 - Percentual de privações obtidas a partir da dimensão educação por Territórios de Identidade em 2010.

Fonte: Fonte: elaboração própria, a partir dos resultados gerados pelo software Stata (STATA, 2011), baseado nos microdados do IBGE (Censo 2010).

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