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O Conciliador .................................................. Erro! Indicador não definido.74

4.5 AS VANTAGENS DA CONCILIAÇÃO E OS RISCOS DO LITÍGIO ERRO! INDICADOR NÃO

4.6.3 O Conciliador .................................................. Erro! Indicador não definido.74

O escopo principal do sistema dos Juizados Especiais é a tentativa de Conciliação entre os litigantes, no qual não somente a resolução do conflito aparente é buscada, mas também o aspecto subjetivo da lide seja resolvido mediante concessões recíprocas.

O Conciliador é selecionado, preferencialmente, entre bacharéis em Direito. Reserva-se a este o papel de conduzir o procedimento de Conciliação (incentivar, facilitar e auxiliar as partes a autocomporem). O Conciliador pode exercer sua atividade a título honorário ou como servidor público.

Chimenti174 expõe que “os Conciliadores, que em regra atuam voluntariamente, exercem serviço público relevante e têm a função precípua de buscar a composição entre as partes”. O exercício voluntário de Conciliador vale como título no concurso de ingresso na carreira de magistratura.

174 CHIMENTI, Ricardo Cunha. Teoria e Prática dos Juizados Especiais Cíveis Estaduais e Federais. 9 ed. São Paulo: Saraiva, 2007. p. 84.

Conforme aduz Calmon175, em sua obra “Fundamentos da Mediação e da Conciliação”, o Conciliador recebe treinamento abreviado e espelha seu comportamento na atividade do juiz em audiência, embora, diferentemente do juiz, possa ser parte ativa na audiência, emitindo opiniões, aconselhando as partes, indicando seu ponto de vista a respeito da futura decisão judicial, caso o acordo não seja alcançado, e propondo os termos para a solução da lide.

Como bem coloca Rocha176, ao iniciar a Conciliação, o Conciliador deve explicar às partes que ele não é juiz e que está ali apenas para buscar um acordo. Assim, as partes ficam desarmadas e podem centrar seus esforços na solução do problema. Muitas vezes, na presença de um Juiz Togado, as partes se sentem na obrigação de expor suas razões e defender seus pontos de vista, colocando a convergência de vontades em segundo plano.

O Conciliador através do contato direto com as partes, antes do juiz, vai perceber se o autor, que pode ajuizar ação sem advogado, está em condições de negociar com o réu. O Conciliador tem o dever de verificar se a falta de assessoria técnica do autor pode descumprir o princípio do equilíbrio das partes no Processo, e, principalmente, o princípio do devido Processo legal. Se entender que ocorre o desequilíbrio, deve imediatamente providenciar a presença de defensor público ou advogado dativo para assistir o autor, e, na ausência deles, deve comunicar o fato ao Juiz Togado, que tomará as providências cabíveis.

O Conciliador deve preservar os mesmos comportamentos morais e éticos necessários a um Juiz Togado e ainda, aplica-se a este, as mesmas normas relativas a impedimento e suspeição submetidas a um magistrado.

Dinamarco explica:

175 CALMON, Petrônio. Fundamentos da Mediação e da Conciliação. p. 149-150.

176 ROCHA, Felippe Borring. Juizados Especiais Cíveis – Aspectos polêmicos da Lei nº 9.099, de 26/09/1995. p. 125.

O Conciliador não é órgão jurisdicional nem exerce jurisdição. É auxiliar da Justiça e vale como multiplicador da capacidade de trabalho do juiz, como agente catalisador na busca de reações proveitosas entre pessoas e conflitos177.

Chimenti doutrina no tocante a inexistência de impedimento (proibição parcial do exercício da advocacia) ou incompatibilidade (proibição total do exercício da advocacia) do Conciliador-advogado:

O Conciliador é um voluntário (que atua a título honorífico e sem qualquer remuneração), não dirige a instrução do feito e não profere decisões. Atua na busca do entendimento entre partes capazes, que poderão ou não dispor de seus direitos (total ou parcialmente) a fim de viabilizar a Conciliação. Não exerce o Conciliador função de julgamento e por isso não está impedido ou incompatibilizado de postular em causa diversa daquela em que atuou. [...] Não ocupa ele cargo ou função, exercendo sim, temporariamente, uma relevante atividade pública.

O Enunciado 40 do FONAJE expõe: “o Conciliador ou Juiz Leigo não está incompatibilizado nem impedido de exercer a advocacia, exceto perante o próprio Juizado Especial em que atue ou se pertencer aos quadros do Poder Judiciário”.

Conclui-se assim que o exercício do papel de Conciliador, no qual o serviço é voluntário, não é incompatível com o exercício da advocacia, ressalvada a existência de impedimento ético, ou seja, o Conciliador deve abster- se de atuar no juízo onde exerça sua atividade.

4.7 DA REDUÇÃO A TERMO E A SENTENÇA HOMOLOGATÓRIA DE CONCILIAÇÃO

Chegando os litigantes a um denominador comum a respeito do objeto da demanda, conforme doutrina Figueira Junior178, serão os termos da Conciliação reduzidos à forma escrita e assinados pelas partes, seus respectivos

177 DINAMARCO, in CALMON, Petrônio. Fundamentos da Mediação e da Conciliação. p. 150.

178 FIGUEIRA JÚNIOR, Joel Dias; RIBEIRO, Maurício Antônio. Comentários à Lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais. p. 137.

procuradores e, em seguida, apresentados ao Juiz Togado (caso este não seja o condutor da audiência) para Homologação, mediante Sentença, a qual confere ao documento eficácia de título executivo judicial.

O Juiz, caso entenda necessário, pode chamar as partes à sua presença a fim de que confirmem suas manifestações.

E ainda, antes de chancelar o acordo realizado, segundo os ensinamentos de Rocha179, terá que realizar um juízo de adequação legal da causa. É o chamado juízo de derivação ou delibação, onde o magistrado, sem adentrar no mérito, verifica a regularidade do acordo. O resultado do juízo de derivação pode ser a extinção do Processo, a realização de nova sessão de Conciliação, ou a Homologação. Neste último caso, o acordo passará a valer como Sentença de mérito, com eficácia executiva.

Ensina Costa180 que “a solução conciliada entre as partes, deve ser reduzida a termo que, homologado pelo Juiz Togado, por Sentença, constitui título executivo judicial”.

O termo de Conciliação é um dos poucos casos de previsão de registro, por escrito, de um ato processual nos Juizados Especiais. Esta exigência se faz, pois eventualmente, pode haver uma resistência de uma das partes quanto ao cumprimento do acordo de vontades. E para instruir um futuro Processo executivo que se fizer necessário, o interessado dependerá de um título executivo reduzido a escrito. Por este motivo é reduzido à escrita, para que, acompanhado da Sentença que o homologa, sirva como título executivo em um futuro Processo de execução, em caso de inadimplemento da parte que se obrigou.

Carvalho expõe acerca da redução a escrito e Homologação:

179ROCHA, Felippe Borring. Juizados Especiais Cíveis – Aspectos polêmicos da Lei nº 9.099, de 26/09/1995. p. 126.

180 COSTA, Hélio Martins. Lei dos Juizados Especiais Cíveis Anotada e sua Interpretação Jurisprudencial. p. 143.

Obtida a Conciliação, deve esta ser reduzida a escrito, segundo recomendação legal. A exigência é de ordem lógica, uma vez que a Homologação se faz pelo Juiz Togado e passa a eficácia de título extrajudicial. Da audiência participarão as partes, que deverão, via de conseqüência, assinar o termo de Conciliação181.

Como bem alude Oliveira182, a Sentença homologatória, ou o termo de Conciliação (art. 449 do CPC), é Sentença cujos efeitos se equivalem aos prolatados nos casos da Sentença condenatória para efeitos de execução, qual pese a constituição de título executivo judicial (CPC, art. 584, III), podendo ser, nos casos de infringência aos termos do acordo firmado, executado.

Rocha expõe que:

Importante frisar que somente após a Homologação é que o acordo passa a ter eficácia executiva, muito embora possa a parte devedora cumpri-lo voluntariamente desde a sessão de Conciliação. O que não se pode admitir é que a Homologação do acordo fique condicionada ao cumprimento prévio de seus termos [...]. Nesse caso, tanto a parte credora como a devedora, podem pleitear a intervenção do juiz para que o acordo lhe seja imediatamente submetido. Antes disso, o acordo não tem status de título e, portanto, não tem força coercitiva para obrigar ao pagamento183.

Há que se observar o Enunciado 06 do FONAJE que expõe: “Não é necessária a presença de Juiz Togado ou Leigo na sessão de Conciliação”.

No mesmo viés de entendimento, Chimenti184 ensina que “o Conciliador é auxiliar do juízo, e assim, os atos por ele realizados gozam de presunção de legalidade”. Portanto, não há nulidade no acordo celebrado em sessão de Conciliação que não contou com a presença de um juiz.

181 CARVALHO, Roldão Oliveira de; CARVALHO NETO, Algomiro. Juizados Especiais Cíveis e Criminais. p. 84.

182 OLIVEIRA, Francisco de; PIRES, Alex Sander Xavier; TYSZLER, Gerson. Juizados Especiais Cíveis. p. 92-93.

183 ROCHA, Felippe Borring. Juizados Especiais Cíveis – Aspectos polêmicos da Lei nº 9.099, de 26/09/1995. p. 126.

184 CHIMENTI, Ricardo Cunha. Teoria e Prática dos Juizados Especiais Cíveis Estaduais e Federais. p. 169.

Da Sentença que homologa um acordo não cabe recurso ou ação rescisória, resultando em um título executivo judicial capaz de respaldar execução de natureza definitiva que tramitará no próprio Juizado Especial (arts. 3º, §1º, I; 41 e 59 da Lei 9.099/95). O cabimento de ação anulatória será analisado conjuntamente com o art. 59 da mesma Lei.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho tem por objetivo de estudo a Conciliação nos Juizados Especiais Cíveis Estaduais. A pesquisa fundamenta-se na aplicabilidade da Lei 9.099, de 26 de setembro de 1995, para através da Conciliação, alcançar o Acesso à Justiça.

Com o aumento da população e das relações interpessoais advindos do crescimento das cidades ampliaram-se, consideravelmente, o número de conflitos jurídicos. A partir destas necessidades sociais, o Estado tornou-se, conseqüentemente, responsável pela efetiva realização do Direito à justiça. Devido à dificuldade de suprir a tarefa de julgar os Litígios com agilidade, o Estado mostrou-se obrigado a criar alternativas eficientes de Acesso à Justiça.

O Acesso à Justiça quer exprimir o Direito de buscar proteção judiciária, ou seja, o Direito de recorrer ao Judiciário em busca da solução de um conflito de interesses quotidiano.

Apesar de, atualmente, haver determinação Constitucional no ordenamento jurídico que garanta sua efetividade, é longo o caminho a ser percorrido para que o Princípio de Acesso à Justiça se torne uma garantia plena a todo o indivíduo, e três são as causas que podem representar obstáculos à ampliação do Acesso à Justiça: o desconhecimento da sociedade para com o Direito, a condição de pobreza e a lentidão processual.

Ter um efetivo acesso a Justiça, significa gozar de um sistema igualitário, no qual todos possam ter o Direito de buscar a tutela jurisdicional, garantido e não apenas declarado. O Acesso à Justiça deve ultrapassar o desconhecimento dos Leigos, a morosidade do Processo, bem como, a incapacidade financeira população. Além destas prerrogativas, as lides devem ser resolvidas em um espaço de tempo razoável entre o pedido da demanda e a Sentença final do Litígio.

A sociedade então, encontrava-se na ânsia por alternativas que auxiliassem os órgãos judiciais na resolução dos conflitos, a cada dia mais contenciosos, repletos de regras, sabidamente saturados, onerosos e tardios, e que acabaram por resultar na morosidade do sistema judiciário e no descontentamento da sociedade, que queria ver reconhecidos seus direitos lesados.

Diante da necessidade de admitir mecanismos eficazes para viabilizar o Acesso à Justiça ao cidadão, a busca dos cientistas jurídicos e dos operadores do Direito juntamente com o Estado era incansável. A solução a ser encontrada resgataria a confiança no judiciário como órgão estatal de Acesso à Justiça. Foram pesquisadas em países externos, as soluções que estavam funcionando, para que pudessem ser adaptadas ao Brasil.

A necessidade de criação de uma alternativa, por parte do Estado, para acelerar os procedimentos do trâmite judicial e alcançar a justiça, solucionando as controvérsias e mantendo o equilíbrio e a paz social, fez ser aprovada e sancionada a Lei de nº 7.244, de 07 de novembro de 1984, que instituiu os Juizados de Pequenas Causas. Aquela Lei acabou sendo revogada pela Lei de nº 9.099/95, esta então, disciplina atualmente os Juizados Especiais Cíveis e Criminais.

A Lei que instituiu os Juizados veio ao encontro dos anseios do cidadão brasileiro, procurando diminuir os obstáculos do Acesso à Justiça, utilizando procedimentos desburocratizados, menos onerosos e admitindo a possibilidade de ir a juízo oralmente, sem a obrigatoriedade da assistência advocatícia.

Desenvolveu-se, então, um órgão judiciário desburocratizado:

optou-se pela eliminação dos atos solenes, pela supressão dos tradicionais formalismos processuais, pela ausência de burocracia, propiciando, assim, o contato direto das partes entre si e com os membros do Juizado, possibilitando a simplificação do seu funcionamento e agilizando a prestação jurisdicional, bem como, por outro lado, minimizando para o Estado os custos da manutenção do novo sistema.

Com procedimentos pautados na Oralidade e informais na condução dos atos processuais, com a participação de Juízes Leigos e Conciliadores assistidos por Juízes Togados, com a possibilidade de obter a Conciliação, que depois de homologada tem força de título extrajudicial, podendo ser executada, os Juizados Especiais Cíveis vieram agilizar o Processo, possibilitando uma resposta rápida do Estado às pequenas causas, sem o estigma de “batalha processual”, à semelhança do que ocorria com a legislação de outros países, como por exemplo, nos Estados Unidos, com o sistema das

“Small Claims Court”.

Dentro dos Juizados Especiais, o meio menos agressivo de se obter uma resposta da Justiça, é através da Conciliação. A Conciliação é a intervenção do juiz ou do Conciliador, que sem que se aprecie o mérito, no sentido de buscar um acordo entre as partes, sempre fazendo concessões e solucionando a lide através de Sentença homologatória, baseada na extinção do Processo com o julgamento do mérito, em face do acordo de vontades realizado no curso do Processo, com fulcro no art. 269, III, do CPC.

O Estado, ao adotar uma cultura de Conciliação, tem como objetivos: criar uma nova mentalidade da sociedade, voltada à pacificação social;

diminuir substancialmente o tempo de duração do Litígio; viabilizar a solução dos conflitos por meio de procedimentos informais e simplificados, com a participação direta da comunidade; fornecer mecanismos destinados à realização de acordos, tanto em Litígios já levados à Justiça, quanto em conflitos não jurisdicionalizados, prevenindo e reduzindo, por conseqüência, o número de demandas no Poder Judiciário.

Atualmente, a legislação permite, somente ser objeto de Conciliação, as ações de competência dos Juizados Especiais Cíveis, previstas na Lei 9.099/95, e expressas em seu art. 3º. Deve-se frisar que não basta que a causa seja de “menor complexidade” para adentrar a competência dos Juizados Especiais, sendo necessário que esteja elencada entre os incisos do art. 3º.

Para solucionar o problema de Acesso à Justiça e acelerar os procedimentos no Juizado Especial, é necessário que se vá diretamente ao

público. Para entrar com uma ação no qual busca-se a Conciliação, é necessário o atendimento direto ao público. Há duas espécies de atendimento: o centralizado e o descentralizado. O atendimento centralizado se dá, através das conciliações que se realizam em instalações tradicionalmente utilizadas pelo Poder Judiciário, como os Fóruns, as Varas e os Tribunais.

O atendimento descentralizado, por sua vez, acontece, via de regra, mediante convênios com entidades públicas ou privadas, em locais onde, convencionalmente, não se realizam atividades próprias do Poder Judiciário, como nos Postos de Conciliação, Postos de Atendimento e Conciliação, às Unidades Judiciais Avançadas, aos Juizados Itinerantes, Casas da Cidadania e outros lugares, via de regra, funcionando mediante convênios com estabelecimentos de ensino, sindicatos, associações comerciais, prefeituras, etc.

Após o atendimento e os acertos iniciais, marca-se a audiência para a tentativa de Conciliação. Esta pode vir a ser presidida por um dos três agentes: o Juiz Togado, o Juiz Leigo ou por Conciliador, estes dois últimos sob a superior orientação do primeiro. Tanto o Conciliador quanto o Juiz Leigo não exercem jurisdição, sendo meros auxiliares da Justiça, estando a atuação de ambos submetida ao controle e fiscalização do Juiz Togado, que ao final, homologa o acordo.

Sabe-se que, por várias vezes, a Sentença prolatada pelo juiz apenas põe fim à lide no plano do Direito, e não extingue o Litígio na esfera social. Isto porque a Sentença pode não satisfazer inteiramente as duas partes, ou vir a satisfazer mais uma parte do que a outra, fazendo com que finde o Processo, embora não finde o conflito entre os litigantes.

Assim, comprova-se que o acordo de vontades é um meio seguro de obter o que se quer, já que as duas partes fazem concessões, pressupõe-se a aceitação mútua a respeito de questões conflituosas entre elas e ambas, então, sairão satisfeitas. Aliás, por pior que seja o acordo, além de antecipar os efeitos da Sentença (constituindo título com força executiva judicial), este ainda veda ao réu o Direito de recorrer, uma vez que pousa na liberdade de pactuar e na autonomia da vontade.

Tendo em vista as necessidades da sociedade na busca de uma solução e o surgimento do novo sistema, objetivou-se, a partir do presente trabalho, estudar a Conciliação como meio de agilizar o Acesso à Justiça nos Juizados Especiais Cíveis.

Visando atingir os objetivos propostos, esta pesquisa foi apresentada em três capítulos.

O Primeiro Capítulo trata da efetividade e do Acesso à Justiça.

Abordou-se um conceito do Direito de Acesso à Justiça que está atrelado ao desenvolvimento político e social do país e com a idéia de cidadania. Traz o Direito do livre acesso ao Judiciário como um Princípio Constitucional fundamental, que deve ser igualmente acessível a todos, e ainda, produzir resultados individuais e socialmente justos.

Foram demonstrados, também neste capítulo, os problemas da prestação jurisdicional, do acesso às informações jurídicas, da lentidão do Processo e da pobreza. Para que os cidadãos possam usufruir a garantia de fazer valer seus direitos perante os tribunais, é fundamental que conheçam a lei e os limites de seus direitos, que os juízes e as instituições públicas tenham o compromisso de divulgar o Direito, e que, em uma sociedade Pobre como a brasileira, o juiz repense no dogma da imparcialidade, de maneira a contribuir para a redução das desigualdades sociais, tendo em vista que o Pobre sofre discriminação e não possui meios de obter uma defesa que condiga com as suas reais necessidades.

O Segundo Capítulo abordou a origem dos Juizados Especiais e realizou uma contextualização histórica sucinta da evolução da Lei 9.099/95, bem como as inovações trazidas com o advento da Lei. O Juizado Especial Cível foi criado com o objetivo de resolver com rapidez e de maneira informal causas consideradas simples, tendo em vista que a “máquina judiciária” encontrava-se truncada, devido a grande quantidade de Processos nas vias judiciais.

Apresentaram-se os critérios e os Princípios norteadores dos Juizados Especiais, como o espírito do novo sistema, haja vista todo o Processo

ser orientado pelos Princípios da Oralidade, Simplicidade, Informalidade, Economia Processual e Celeridade. Estes Princípios têm como escopo principal, facilitar o acesso da população ao Judiciário.

O Terceiro Capítulo traz a Conciliação como principal meio de Acesso à Justiça através dos Juizados Especiais. A Conciliação como uma forma alternativa de solução dos conflitos jurídicos, sem que haja a necessidade da intervenção do Judiciário para através do juiz, decidir sobre a demanda submetida à apreciação. É um meio de prevenir ou terminar um Litígio, e conseqüentemente, de acelerar o Acesso à Justiça, terminando com a morosidade e o formalismo processual.

Todas estas medidas acatadas pelo Poder Judiciário para torná-lo mais eficiente, visam resgatar, a confiança do cidadão, que teve seu Direito lesado, no sistema Judiciário Brasileiro.

Em recente pesquisa realizada pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) acerca da imagem do Poder Judiciário, 45% dos entrevistados confiam nos Juízes, enquanto que 71,8% confiam nos Juizados Especiais. Isto significa que os Juizados Especiais Cíveis, através de procedimentos simplificados, como a Conciliação, tem conseguido resgatar a imagem do Judiciário.

O JEC atua tornando-o mais eficiente, à medida que as vias de acesso aos tribunais estão mais próximas dos mais simples. Os procedimentos enxutos, embasados nos Princípios da Oralidade, Simplicidade, Informalidade, Economia Processual e Celeridade, abriram os caminhos do Acesso à Justiça.

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