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Santoro diz que “o vídeo é um meio de comunicação com modo de produção e exibição próprias, com conteúdo e público específicos” (SANTORO, 1989, p.18). E segundo Silva “o vídeo é um recurso que pode ser manuseado com facilidade para se atingir objetivos específicos, já que proporciona a visualização e a audição, toca os sentidos, envolve os alunos” (SILVA, 2009, p.09).

A linguagem do vídeo tem uma natureza sintética, articula imagens, sons, falas e poucos textos, criando uma superposição de códigos e significações, predominantemente audiovisuais (MORAN, 2020). O vídeo tem um poder de ilustração muito forte, prende atenção quando bem estruturado e elaborado. Tem movimento, áudio e, muitas vezes, é autoexplicativo. A tecnologia está cada vez mais presente na vida dos alunos e em virtude desse dinamismo, a produção de vídeos digitais de curta duração está cada vez mais popular.

Há muitas formas de denominar um vídeo, pressupondo características e formatos distintos em relação ao seu conteúdo e/ou tratamento tecnoestético, assim um vídeo pode ser educacional ou documentário, profissional ou caseiro. Seja qual for a estratégia utilizada, “o vídeo é uma mídia que pode auxiliar no processo de ensino e aprendizagem, pois trabalha com uma infinidade de informações que podem ser exploradas de diversas maneiras”

Além disso, as características como cor, fonte, tamanho, relação com o plano de fundo e a posição e interação que cada elemento desempenha representam um papel importante no aprendizado e têm suas especificidades de utilização, portanto, “cada detalhe deve ser devidamente escolhido e planejado para que a composição visual final seja atrativa, legível e adequada ao público” (SCHNEIDER; CAETANA; RIBEIRO, 2012, p.04).

Diante disso, é importante que os materiais sejam desenvolvidos de forma a satisfazer as necessidades de adequada estrutura formal, e para esse objetivo ser atingido, é preciso que se tenha conhecimento e embasamento dos estudos e experiências realizados pela Gestalt (escola de psicologia experimental) no campo da percepção visual. Em sua grande maioria, os vídeos com conteúdo educacional disponibilizados na internet priorizam a combinação da linguagem verbal e textual, apresentando-se num formato de aula expositiva, “onde o professor explica o conteúdo e, prioritariamente, usa textos como principal recurso para auxiliar na organização da apresentação, ampliar a percepção e enfatizar determinados tópicos do tema”

(SCHNEIDER; CAETANA; RIBEIRO, 2012, p.04).

Normalmente, os textos encontrados nos vídeos são títulos, legendas, massa de textos e textos de apoio, incluindo caracteres alfanuméricos para a demonstração de cálculos, identificação de variáveis e gráficos, além disso, “a tipografia utilizada na composição dos vídeos varia entre a digital e a manuscrita realizada em folhas de papel, lousa digital e interfaces de programas gráficos” (SCHNEIDER; CAETANA; RIBEIRO, 2012, p.04).

A tipografia faz com que o conteúdo ganhe forma, a linguagem um corpo físico e as mensagens um fluxo social (LUPTON, 2008). Ela pode ser digital, referindo-se às famílias de tipos que são utilizados nos computadores pessoais em diversas aplicações e que podem ser colocados em escala, segundo o tamanho desejado, ou então manuscritas, referindo-se à forma quotidiana de escrita manual, muito utilizada nos vídeos considerados caseiros (SCHNEIDER;

CAETANA; RIBEIRO, 2012).

Para Lilian Menezes o uso de vídeo como ferramenta didática é relativamente novo, sendo mais visível a partir da década de 1990, “com a difusão e popularização do formato VHS, iniciada nos anos 80, relacionado diretamente à TV e ao cinema, o vídeo no ambiente escolar era visto inicialmente como momento de lazer e entretenimento” (MENEZES, 2008, p.01).

A introdução deste novo elemento nas atividades escolares provocou dúvidas, inquietações e reflexões e se, por um lado, havia a sua disseminação como fonte de lazer, por outro crescia a produção e utilização de vídeos educativos, de caráter informativo, numa

concepção tradicional de ensino em que o livro era substituído pelo vídeo e seguido de atividades tradicionais, como provas escritas sobre o conteúdo apresentado no vídeo (MENEZES, 2008).

Para que o vídeo seja aproveitado da melhor forma possível, ele deve estar dentro do planejamento escolar, para que não haja improvisos ou que o vídeo seja usado apenas como

“tapa-buraco”. Sobre o planejamento das atividades, Brandão e Mello, destacam os seguintes aspectos (BRANDÃO; MELLO, 2013, p.93):

• A organização na exibição do filme, verificando se ele ainda é acessível, se a sala de vídeo é adequada (iluminação, barulho externo, vídeo e TV em perfeito estado de utilização);

• A adequação com o currículo e/ou conteúdo, para que o aluno elabore textos, faça leituras complementares e desperte criticidade;

• Adequação com a faixa etária do aluno, podendo o professor editar o material, também neste último aspecto deve-se atentar à etapa de aprendizagem escolar.

Portanto o vídeo pode ser um recurso didático poderoso, porém, existem situações em que o uso do vídeo pode ser o contrário do esperado. Silva relata algumas situações em que o uso do vídeo age de forma contrária ao esperado, tornando-se prejudicial para a aula (SILVA, 2009, p.13):

• Vídeo-tapa buraco: é a utilização do vídeo quando há um problema inesperado, como a ausência do professor. Usar este expediente, eventualmente, pode ser útil, mas se for feito com frequência, desvaloriza o uso do vídeo e o aluno passa a associá-lo como a não ter aula;

• Vídeo-enrolação: isso ocorre quando é exibido um vídeo sem muita ligação com a matéria.

O aluno percebe que o vídeo é usado como forma de camuflar a aula. Pode concordar na hora, mas discorda do seu mau uso;

• Vídeo-deslumbramento: O professor, logo que descobre o uso do vídeo, costuma empolgar- se e passa-o em todas as aulas, esquecendo outras dinâmicas mais pertinentes. O uso exagerado do vídeo diminui a sua eficácia e empobrece as aulas;

• Vídeo-perfeição: Existem professores que questionam todos ou a maioria dos vídeos disponíveis, porque buscam defeitos de informação ou de estética. Os vídeos que apresentam conceitos ‘problemáticos’, podem ser usados para, junto com os alunos, serem questionados;

• Só vídeo: não é satisfatório, didaticamente, exibir o vídeo sem discuti-lo, sem integrá-lo com o assunto de aula, sem voltar e mostrar alguns momentos mais importantes (SILVA, 2009, p.13).

O vídeo como material didático oferece grandes possibilidades pedagógicas, no entanto o educador precisa estar atento e ter uma boa percepção do que o vídeo oferece para enriquecer o trabalho pedagógico e principalmente analisar criticamente, enfocando os aspectos positivos e negativos que este enquanto recurso pode contribuir para desenvolver um bom trabalho em sala de aula, e conforme Nunes “com a possibilidade de sintetizar a imagem e o som, ele ganha espaço como um importante meio de comunicação e de informação, podendo ainda, propiciar um largo poder de análise bastante apropriado para fins pedagógicos” (NUNES, 2012, p.12).

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