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Análise morfológica dos testículos e epidídimos de saguis híbridos Callithrix sp.

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Academic year: 2023

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Monografia apresentada à Universidade Federal de Ouro Preto como requisito na disciplina Seminários de Pesquisa e Monografia II (CBI261) para obtenção do título de Bacharel em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Ouro Preto. Aos integrantes do Laboratório de Biomateriais e Parasitologia Experimental (LBPE), em especial Iara, Laser e Ana por me ajudarem na elaboração deste trabalho. Aos professores do Departamento de Ciências Biológicas (DECBI) e do Departamento de Biodiversidade, Evolução e Meio Ambiente (DEBIO) da UFOP, por me fornecerem o embasamento acadêmico necessário para esta pesquisa.

Estudar a morfologia de seus túbulos seminíferos e epididimários fornece informações para uma visão de seus processos reprodutivos. No presente trabalho, foram analisados ​​cortes histológicos das gônadas de três machos adultos capturados em Viçosa, MG, dos quais dois foram coletados na estação seca e um na estação chuvosa. Estudar a morfologia de seus túbulos seminíferos e epidídimo fornece informações para uma visão de seus processos reprodutivos.

In the present work, histological sections of the gonads of three adult male specimens caught in Viçosa, MG, of which two were collected in the dry season and one in the rainy season, were analyzed.

GÊNERO CALLITHRIX

O programa Pró-espécies criado pelo Ministério do Meio Ambiente em 2014 visa prevenir, conservar, tratar e gerir a biodiversidade brasileira, utilizando como principais instrumentos a lista oficial nacional de espécies ameaçadas de extinção, Planos de Ação Nacionais para a Conservação das Espécies Ameaçadas de Extinção. (PAN) e o processamento de bases de dados e sistemas de informação (BRASIL, 2019a), pois somente por meio do conhecimento obtido sobre nossa biodiversidade é que medidas efetivas para sua preservação podem ser processadas e implementadas. Dentre os animais endêmicos conhecidos em nosso país, está o gênero primata Callithrix Erxleben, 1777, composto por seis espécies de sagüis, descritas posteriormente no texto (CEZAR; PESSOA; BONVICINO, 2017). No entanto, essas espécies passaram por processos de hibridação entre si, uma das consequências das ações antrópicas no ambiente, com potencial para a extinção de suas espécies (SALLES DE CARVALHO et al., 2018).

A família Callitrichidae Thomas, 1903, uma das cinco famílias representativas de primatas neotropicais, está atualmente dividida em seis gêneros válidos: Callithrix Erxleben, 1777; Cebuela Gray, 1866; Mico Les, 1840; Leontopithecus Les, 1840; Saguinus Hoffmannsegg, 1807 e Callimico Miranda Ribeiro, 1912; a validação por Callibella Van Roosmalen & Van Roosmalen, 2003 como gênero é discutida entre os autores, mostrando que as relações filogenéticas intra e intergrupos dos platirrinos ainda geram muitas dúvidas e discordâncias (ROOS; ZINNER, 2017;. A grande plasticidade desses animais torna deles grandes exploradores de novos habitats e das mais diversas formas de existência (SUSSMAN; KINZEY, 1984).Dentro dos Callitrichidae, o gênero Callithrix inclui pequenos primatas distribuídos por todo o leste do Brasil, ao longo dos biomas Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga (Figura 1) (RYLANDS; MITTERMEIER, 2009).

Esses pequenos primatas alimentam-se dos mais diversos recursos, tanto de matéria vegetal quanto animal (FRANCISCO; SILVA; BOERE, 2015). Sua dieta principal é baseada em insetos; frutas, flores e néctar; e exsudatos (suco, resina, látex e goma) (SUSSMAN; KINZEY, 1984). Para Callithrix, o benefício do inseto é maior na estação chuvosa e é uma ótima fonte de carboidratos, proteínas, gorduras, minerais e vitaminas (ROTHMAN et al., 2014).

Na estação seca, a menor abundância de insetos e frutas leva os animais a complementarem sua dieta com exsudatos, para isso seus dentes são especializados em danificar o tronco da árvore e formar buracos por onde escorre a goma de mascar, alimento que é uma grande fonte de energia e nutrientes (FRANCISCO; SILVA; BOERE, 2015). De acordo com a Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN), cujas categorias de status de ameaça para as espécies são: Pouco Preocupante (LC = Menos Preocupante), Quase Ameaçada (NT = Quase Ameaçada), Vulnerável (VU ) = Vulnerável ), em perigo (EN = em perigo), criticamente em perigo (CR = criticamente em perigo), extinto na natureza (EW = extinto na natureza) e extinto (EX = extinto), espécie C.

Figura 1 - Mapa de distribuição das espécies de Callithrix no leste brasileiro.
Figura 1 - Mapa de distribuição das espécies de Callithrix no leste brasileiro.

HIBRIDAÇÃO

As estações do ano afetam a ocorrência e abundância de recursos, principalmente insetos, frutas e folhas (SUSSMAN; KINZEY, 1984). A invasão de espécies é uma das maiores causas de perda de biodiversidade no planeta, juntamente com mudanças de habitat (destruição e fragmentação), desmatamento e superexploração de recursos naturais (HOFFMANN et al., 2010; WALKER; WILL, 1997). Atualmente, as mudanças climáticas estão sendo adicionadas à lista de catalisadores da perda da biodiversidade global (BELLARD et al., 2014).

Os impactos negativos causados ​​pela invasão de uma espécie dependem da quantidade de invasores e da vulnerabilidade do habitat invadido e podem variar ao longo do tempo (STRAYER et al., 2006). Esse processo pode extinguir as espécies nativas de diversas formas, seja pela predação ativa de indivíduos ou pelo mecanismo de hibridização genética (RHYMER; SIMBERLOFF, 1996). O termo "hibridização" é historicamente utilizado entre os botânicos, mas a importância desse fenômeno na história evolutiva das espécies animais vem sendo cada vez mais reconhecida entre os zoólogos e evolucionistas (ALLENDORF et al., 2001).

Rhymer & Simberloff (1996) definem "hibridização" como "o cruzamento de indivíduos que provavelmente virão de populações geneticamente distintas, independentemente da hierarquia taxonômica dessas populações". É o cruzamento de dois indivíduos que podem ou não ser da mesma espécie, mas são de populações geneticamente diferentes. A hibridização pode resultar em introgressão genética quando o fluxo gênico ocorre entre populações de indivíduos que se cruzaram por acasalamento de híbridos com indivíduos das populações de um ou de ambos os pais (RHYMER; SIMBERLOFF, 1996).

Indivíduos híbridos podem apresentar características fenotípicas muito diferentes, o que dificulta sua identificação, e sua morfologia pode corresponder à população de um dos genitores ou a um mosaico misto, balanceado ou não, de ambos os genitores (ACKERMANN; ROGERS; CHEVERUD, 2006), o que torna identificação de um híbrido para uma tarefa muito complexa. No entanto, entre os primatas neotropicais, com aproximadamente 132 espécies descritas, há suposições sobre a ocorrência de hibridação na natureza em apenas oito, sendo que esses animais possuem tamanhos corporais pequenos e táxons que divergiram recentemente (considerando o tempo geológico) (CORTÉS-ORTIZ e outros, 2007). A hibridação antropogênica de Callithrix se deve principalmente ao comércio de animais vendidos como animais de estimação ou “pets” (SALLES DE CARVALHO et al., 2018).

ESPERMATOGÊNESE

Nos mamíferos, esse processo costuma ser dividido em três fases sucessivas: (1) MITÓTICA: multiplicação das espermatogônias por meio da mitose; (2) MEIÓTICA: duas meiose consecutivas de espermatócitos, resultando em células haploides denominadas espermátides; e (3) ESPERMIOGÊNESE: o processo de transformação das espermátides em espermatozoides maduros (CLERMONT, 1972; MOORE; PERSAUD, 2008; . WISTUBA et al., 2003). As gônadas dos indivíduos do sexo biológico masculino são os testículos, que se dividem parcialmente em lóbulos, onde se localizam os túbulos seminíferos, que, além de produzir espermatozoides, sintetizam e secretam fluidos para a manutenção das células germinativas. Estas últimas são células somáticas, que se situam na camada basal dos túbulos e se estendem até o lúmen, funcionando como base de sustentação e inibição das células germinativas, formando a "barreira hematotesticular".

Em Callithrix jacchus, assim como em humanos, existem dois tipos morfológicos de espermatogônias, tipo A e tipo B (MILLAR et al., 2000). Ocupando a parte central da imagem está uma célula de Sertoli, cuja base está na lâmina basal (parte inferior da foto), estendendo-se até o lúmen do tubo (topo da foto), com núcleo retangular marrom. As espermátides estão mais próximas do lúmen TS, variando de uma forma arredondada (espermátide inicial) a uma forma alongada (espermátide final).

As áreas intertubulares dos testículos são preenchidas por estroma intersticial e células de Leydig, além de conter vasos sanguíneos e linfáticos. As células de Leydig (Le) são células produtoras de esteróides que representam cerca de 95% da testosterona encontrada no soro de uma pessoa. Na lâmina basal existem células basais, de forma piramidal, que são consideradas precursoras das células principais.

O LH atua nas células de Leydig e induz a síntese e secreção de testosterona (DE KRETSER, 1979), cujas altas concentrações locais iniciam o processo de espermatogênese. À esquerda é mostrado um corte transversal de um tubo de epidídimo, com células principais formando a maior parte de seu epitélio. À direita, corte longitudinal ampliado, onde é possível visualizar estereocílios na parte apical das células principais.

Figura  3  - Esquema de um túbulo seminífero humano. Ocupando a parte central da figura, nota-se uma célula de Sertoli cuja base fica na lâmina basal (parte inferior da figura), se estendendo até a luz do   túbulo   (parte   superior   da   figura),   com
Figura 3 - Esquema de um túbulo seminífero humano. Ocupando a parte central da figura, nota-se uma célula de Sertoli cuja base fica na lâmina basal (parte inferior da figura), se estendendo até a luz do túbulo (parte superior da figura), com

OBJETIVOS GERAIS

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

COLETA E EUTANÁSIA

PROCEDIMENTOS HISTOLÓGICOS

A morfologia geral dos testículos e epidídimos de saguis híbridos coletados em ambas as estações (úmida e seca) é semelhante à descrita em saguis comuns Callithrix jacchus e humanos. O epitélio dos túbulos seminíferos é composto por células espermatogênicas e germinativas de Sertoli, além de apresentar processos de mitose e meiose. As espermatogônias são as células germinativas originais e são encontradas na lâmina basal dos túbulos seminíferos. Eles são pequenos, mas fáceis de detectar.

No zigóteno as células são um pouco maiores que no leptóteno, também são redondas e os cromossomos são pareados e parecem fios mais grossos. No paquíteno, essas são as maiores células germinativas dos túbulos, com cromossomos bem corados à medida que engrossam. Ambos apresentam mais de um estágio espermatogênico por tubo, conforme tabela de estágios descrita por Holt & Moore (1984).

As células de Sertoli estão presentes em todos os túbulos, com um núcleo basal e saliências citoplasmáticas que revestem as células germinativas. Existe uma diferença visível no número de espermatozoides (o lúmen da imagem A está muito cheio em comparação com o lúmen da imagem B), mas essa diferença deve-se à diferença de altura a que foram feitos os cortes histológicos - os espermatozóides são armazenados na cauda do epidídimo - ou por razões fisiológicas específicas de cada indivíduo. Vários estágios nos túbulos seminíferos confirmam os estudos de Wistube et al. 2003), que classifica os túbulos de primatas neotropicais como multiestágios, não apresentando diferença na eficiência da espermatogênese com primatas que possuem túbulos de estágio único.

Os túbulos seminíferos exibindo mitose espermatogonial e meiose de espermatócito permitem renovação epitelial contínua e produção de esperma nos híbridos. Além disso, em Callithrix, a produção de espermatozóides em um macho não significa que ele possa se reproduzir, pois sua posição social nem sempre permite, e a escolha do parceiro pela fêmea dominante ditará a reprodução dentro de um grupo (BAKER ; ABBOTT; SALTZMAN, 1999). Portanto, estudos dos padrões reprodutivos de saguis híbridos e análises moleculares de seus descendentes são necessários para entender como esses animais se comportam e se ocorrem introgressões genéticas em populações de espécies puras.

A espermatogênese normal nos túbulos seminíferos e o armazenamento de esperma no epidídimo indicam que as amostras coletadas provavelmente são férteis. A sistemática e distribuição de sagüis (Callithrix, Callibella, Cebuella e Mico) e Callimico (Callimico) (Callitrichidae, primatas).

Imagem

Figura 1 - Mapa de distribuição das espécies de Callithrix no leste brasileiro.
Figura  3  - Esquema de um túbulo seminífero humano. Ocupando a parte central da figura, nota-se uma célula de Sertoli cuja base fica na lâmina basal (parte inferior da figura), se estendendo até a luz do   túbulo   (parte   superior   da   figura),   com
Figura  4  -   Desenho   esquemático   de   um   epidídimo.   Do   lado   esquerdo   é   apresentado   um   corte transversal de um tubo de epidídimo, com células principais formando a maior parte do seu epitélio

Referências

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