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Bacharel em Enfermagem pela Universidade Católica do Salvador (UCSal), Especialista em Urgência e Emergência e Enfermagem do Trabalho pela Atualiza. E-mail: fmiunes@hotmail.com . Artigo apresentado a Atualiza cursos como requisito parcial para a obtenção do título de especialista em Enfermagem em UTI, sob a orientação do professor Max Pimenta. Salvador, 2014.

*Fernanda Martins Iunes

RESUMO

A enfermagem tem papel norteador perante os cuidados com o paciente potencial doador de órgãos, o que incorpora o saber de várias ciências em sua formação profissional. Este estudo tem o objetivo de descrever os cuidados realizados pela equipe de enfermagem diante do potencial doador de órgãos na unidade de terapia intensiva, analisando os aspectos mais relevantes a serem contemplados durante sua abordagem. Constitui-se de uma pesquisa de revisão de literatura científica, de abordagem qualitativa com caráter exploratório. A análise dos dados realizou-se de forma comparativa, considerando os diferentes enfoques acerca do tema, de modo a verificar a existência ou não de divergências e convergências entre as abordagens dos autores nas produções literárias.

Para tal foram separadas as seguintes categorias de análise: Conceito de morte encefálica;

Etapas do processo de doação; Cuidados da enfermagem para manutenção do provável doador; Papel da Equipe de Enfermagem. O estudo relatou o foco assistencial por parte da equipe de enfermagem como um todo, sendo possível a verificação de convergências dentre o que foi relatado pelos autores pesquisados e analisados. Não houve divergências de enfoques, o que evidencia uma mesma linha de seguimento de pesquisa nesta área.

Notou-se em contrapartida, a presente escassez de estudos publicados voltados à assistência de enfermagem nas unidades de terapia intensiva aos potenciais doadores de órgãos.

Palavras-Chave: Cuidado de enfermagem. Doação de órgãos. Transplante.

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1 INTRODUÇÃO

O número de doadores de órgãos no Brasil (seis por milhão de população por ano – pmp/ano) é insuficiente para atender a demanda de receptores, quando comparado ao de países mais desenvolvidos(MORAES et al, 2009). No Brasil, houve aumento de 35,1% no número de transplantes, de 1.896 para 2.562, conforme Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO).

Para que ocorra de fato o início do processo de transplantes, é necessária a constatação da morte encefálica. No Brasil, o Conselho Federal de Medicina, na resolução CFM nº 1.346/91 e Lei 9434/97, define morte encefálica como a parada total e irreversível das funções encefálicas, de causa conhecida e constatada de modo indiscutível.

A efetivação do transplante de órgãos e tecidos com o doador diagnosticado com morte encefálica depende do processo de doação-transplante, que é dividido em etapas interdependentes, iniciando com a identificação e notificação do Potencial Doador (PD), seguido pela avaliação, manutenção dos parâmetros hemodinâmicos, confirmação do diagnóstico de ME, entrevista familiar, documentação de ME, aspectos logísticos, remoção e distribuição de órgãos e tecidos, transplante e acompanhamento de resultados (FREIREet al,2012).

Considera-se potencial doador (PD) todo paciente com diagnóstico de morte encefálica (ME) no qual tenham sido descartadas todas as contraindicações que representem riscos aos receptores (WESTPHAL, 2011).

Para D’Ímperio (2007) o transplante de órgãos é aceito como uma opção para a doença orgânica terminal, em pacientes bem selecionados. O mesmo completa que um programa de transplante de um determinado órgão não deve ser visto de forma isolada. Suas bases organizacionais, suas necessidades, seus modos de atuação e composição de equipes multiprofissionais os tornam muito semelhantes.

É dentro dessa perspectiva que Cintra eSanna (2005) referem o surgimento da enfermagem com papel norteador perante os cuidados com o paciente tido como potencial doador, que incorpora o saber de várias ciências em sua formação profissional, dentre elas, a Administração, se fazendo presente desde os primórdios da realização do primeiro transplante no Brasil, em 1965. De acordo com as autoras:

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A enfermagem precisa ser capaz de suprir as necessidades básicas de um transplante, considerando o grau de complexidade que este envolve, precisando ser muito bem treinada, capacitada e atualizada, acompanhando a evolução tecnológica e científica (CINTRA; SANNA, 2005).

D´Ímperio (2007) afirma que muito se evoluiu na compreensão da fisiopatologia da morte encefálica e suas conseqüências visando à melhor manutenção do doador potencial de múltiplos órgãos e utilização destes.

Em decorrência de todo esse contexto surgiu a seguinte pergunta investigativa: “Quais os cuidados pertinentes à enfermagem na manutenção do potencial doador de órgãos na unidade de terapia intensiva?”.

Este estudo tem, portanto, o objetivo de descrever os cuidados realizados pela equipe de enfermagem diante do potencial doador de órgãos na unidade de terapia intensiva; assim estabelece as etapas do processo de doação de órgãos e descreve as ações da enfermagem frente a este paciente.

Por parte daautora deste artigo tornou-se importantea abordagem do tema dentro das unidades de terapia intensiva, devidoao desconhecimento dos profissionais de enfermagem no que diz respeito tanto à doação de órgãos, como também quanto aos cuidados que devem ser prestados ao potencial doador. O tema doação de órgãos é pouco trabalhado, principalmente nas universidades, gerando um despreparo por parte da equipe no cuidado do potencial doador.

Desta forma os resultados obtidos decorrentes desta produção servirão como material de estudo e consulta, tanto para os profissionais de enfermagem como também para a comunidade acadêmica, tornando-se possível fornecer subsídio para a identificação de lacunas acerca das ações da equipe multidisciplinar frente ao potencial doador na Unidade de Terapia Intensiva das diversas instituições hospitalares em todo o território brasileiro. Justificando-se por permitir a ampliação, além de enfatizar a competência do profissional para o cuidado específico com o potencial doador, enriquecendo o acervo da biblioteca da Atualiza Cursos em relação ao tema, incentivando outras abordagens na mesma linha de pesquisa.

O estudo constitui-se de uma pesquisa de revisão de literatura científica, de abordagem qualitativa com caráter exploratório. O objeto de estudo em questão está inserido nas áreas de Enfermagem, Terapia Intensiva e Clínica Cirúrgica.

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Os dados foram coletados a partir de artigos científicos disponíveis no acervo da biblioteca da Atualiza Cursos situada no município de Salvador, Bahia, e nos bancos de dados Scielo, MEDLINE, LILACS, no período de março de 2014 a novembro de 2014, com artigos publicados do período de 1999 e 2014. A leitura das produções foi realizada considerando a cronologia dos mesmos, iniciando-se dos mais antigos para os mais recentes.

Foram selecionados todos os estudos pertinentes ao objeto em questão, disponíveis nos bancos de dados anteriormente referidos, através dos descritores “cuidado de enfermagem”,

“doação de órgãos”, “potencial doador”. Foram excluídos trabalhos que não discorriam sobre o objeto de estudo ou que abordaram o mesmo sobre o enfoque apenas psicológico.

A análise dos dados realizou-se de forma comparativa, considerando os diferentes enfoques acerca do tema, de modo a verificando a existência ou não de divergências e convergências entre as abordagens dos autores nas produções literárias. Para tal foram separadas as seguintes categorias de análise: Conceito de morte encefálica; Etapas do processo de doação; Cuidados da enfermagem para manutenção do potencial doador de órgãos; Papel da Equipe de Enfermagem.

2DESENVOLVIMENTO

2.1 CONCEITO E DIAGNÓSTICO DE MORTE ENCEFÁLICA (ME)

A determinação de ME varia de país para país. No Brasil, o Conselho Federal de Medicina, na resolução CFM nº 1.346/91, define morte encefálica como a parada total e irreversível das funções encefálicas, de causa conhecida e constatada de modo indiscutível (GUETTI;

MARQUES, 2008).

Inicialmente, deve-se definir a causa do coma para declarar que um paciente esteja em ME.

As causas mais freqüentes são o traumatismo crânio-encefálico (TCE), hemorragia subaracnóidea, lesão difusa do cérebro após parada cardiorespiratória revertida; hemorragia cerebral espontânea maciça; grandes lesões isquêmicas, dentre outras em menor número (GUETTI; MARQUES, 2008).

O diagnóstico é determinado pelo exame clínico neurológico, a partir da ausência evidente de reflexos do tronco cerebral em um paciente em coma, excluída qualquer causa reversível do

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mesmo, tais como: intoxicação exógena, uso terapêutico de barbitúricos, alterações metabólicas e hipotermia (GUETTI; MARQUES, 2008).

Segundo Harvard (1969 apud D´Ímperio, 2007), a morte encefálica foi conceituada inicialmente como o déficit estrutural e/ou funcional do encéfalo como órgão de função integradora e crítica ao organismo humano.

De acordo com Guetti e Marques (2008), a ME representa o processo final de progressão da isquemia cerebral que evolui no sentido rostrocaudal até envolver regiões do mesencéfalo, ponte e bulbo, culminando com a herniação cerebral através do forâmen magno.

Já para Guido (2009), é definida como a parada total e irreversível da atividade do tronco e hemisférios cerebrais, sendo necessários exames clínicos neurológicos e exame gráfico complementar. Em tal situação, a função cardiorrespiratória é mantida por meio de equipamentos e medicações.

O exame clínico para o diagnóstico de morte encefálica, baseia-se na demonstração de coma profundo e irreversível (Glasgow 3), ausência de reflexos do tronco encefálico e presença de apneia. Em adultos, se o exame clínico for compatível com morte encefálica, um segundo exame deve ser realizado após seis horas, geralmente por um segundo médico. Recomenda-se que pelo menos um dos exames seja realizado por um neurologista ou neurocirurgião. No segundo exame clínico não há necessidade de realizar o teste de apneia, novamente (AGNOLOet al, 2014).

A legislação brasileira obriga a realização de pelo menos um exame complementar confirmatório de morte encefálica, tais como: angiografia cerebral, dopplertranscraniano, eletroencefalograma e cintilografia cerebral (AGNOLO et al, 2014).

2.2 ETAPAS DO PROCESSO DE DOAÇÃO

Oprocesso de doação e transplante é complexo, iniciando-se com a identificação e manutenção dos potenciais doadores. Em seguida, os médicos comunicam à família a suspeita da morte encefálica (ME), realizam os exames comprobatórios para o diagnóstico, notificam o potencial doador à Central de Captação, Notificação e Distribuição de Órgãos (CNCDO). Este repassa a notificação para uma dada Organização de Procura de Órgãos (OPO), responsável

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pela área do hospital notificador. O profissional da OPO realiza a avaliação das condições clínicas do potencial doador, da viabilidade dos órgãos e tecidos a serem extraídos e faz a entrevista para solicitar o consentimento familiar sobre a doação. Nos casos de recusa, o processo é encerrado. Quando a família autoriza a doação, a OPO repassa as informações sobre o doador à CNCDO, que realiza a distribuição dos órgãos, indicando a equipe transplantadora responsável pela retirada e implante do mesmo (MORAES et al, 2009).

Para D`Ímperio (2007), a avaliação de um possível doador de órgãos e tecidos inicia-se com cuidadosa revisão da história clínica e social, exame físico com atenção especial a sinais de malignidade, trauma e comportamento de risco.

O início do exame clínico deverá ser em um paciente hemodinamicamente estável. Logo todos os recursos de terapia disponíveis devem ser empregados para a adequação hemodinâmica. Devem se afastar as situações de hipotensão grave, hipotermia, alterações metabólicas e o uso de sedativos ou bloqueadores da junção neuro-muscular, que podem alterar a avaliação do exame neurológico comprometendo o diagnóstico (GUETTI;

MARQUES, 2008).

Os autores supracitados enfatizam ainda a importância de repetição do exame clínico em no mínimo duas ocasiões, preferencialmente por médicos diferentes e em intervalos de tempo de no mínimo seis horas. Consiste em uma tríade diagnóstica: coma profundo arreativo e aperceptivo, ausência de reflexos de tronco encefálico e constatação da apnéia.

Guetti e Marques (2008), citam que a mesma Lei 9434/97 permite a disposição gratuita de tecidos/órgãos/ partes (T/O/P) do corpo humano em vida ou post mortem para fins de transplante desde que sejam realizados por estabelecimentos de saúde e por equipes médico- cirúrgicas de remoção e transplantes, previamente autorizadas pelo Ministério da Saúde.

Confirmado o diagnóstico de morte encefálica, o médico assistente passa os resultados aos familiares e, posteriormente, o profissional da Organização de Procura de Órgãos (OPO), enfermeiro ou médico, realizará a entrevista de solicitação da doação dos órgãos e tecidos para transplante. Entretanto, a solicitação da doação dos órgãos é feita pela equipe médica que está assistindo o paciente, imediatamente após a informação do diagnóstico de morte encefálica e sem a participação do profissional da OPO. No processo de doação e transplante, a solicitação da doação dos órgãos e tecidos deve ser realizada pelo profissional da OPO (MORAES; MASSAROLLO, 2008).

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A Lei nº 10.211 de 23 de março de 2001, define que a retirada de T/O/P (tecidos/órgãos e partes) de pessoas falecidas dependerá da autorização do cônjuge ou parente maior de idade, obedecida a linha sucessória reta ou colateral, até o 2º grau inclusive, firmada em documento subscrito por duas testemunhas presentes à verificação da morte (GUETTI; MARQUES, 2008).

Os familiares que respondem legalmente pelo potencial doador devem estar presentes, no momento da entrevista de solicitação do consentimento familiar da doação de órgãos. O profissional da OPO apresenta a possibilidade da doação e a família delibera sobre o assunto, emitindo a resposta em seguida ou solicitando um tempo para pensar (MORAES;

MASSAROLLO, 2008).

Segundo Guetti e Marques (2008), as situações que determinam a contraindicação absoluta da captação de todos os órgãos de um potencial doador são: a presença de anticorpos contra o vírus da imunodeficiência adquirida, a presença de infecções virais de evolução lenta, a história de uso de drogas ilícitas por via endovenosa, a presença de neoplasias (exceto quando primária do sistema nervoso central) e de sepse bacteriana. Os exames laboratoriais sorológicos são solicitados apos o consentimento para doação ter sido assinado (D´ÍMPERIO,2007).

Moraes et al (2009), dizem que as causas de não efetivação da doação de órgãos são múltiplas e estão relacionadas à instabilidade hemodinâmica e metabólica dos doadores, ao não reconhecimento ou atraso na determinação da morte encefálica e devido à recusa do consentimento familiar da doação dos órgãos e tecidos para transplante.

A qualidade do órgão é importante, pois ocorre com freqüência a impossibilidade do órgão removido ser transplantado, devido degradação ou riscos médicos (STEINER, 2004).

2.3 CUIDADOS DE ENFERMAGEM PARA MANUTENÇÃO DO PROVÁVEL DOADOR

Um dos grandes problemas na manutenção dos potenciais doadores consiste em manter parâmetros hemodinâmicos estáveis, com o propósito de tornar os órgãos viáveis, pois, durante o processo de morte encefálica, ocorre uma série de alterações fisiológicas que contribuem para a instabilidade do doador, tais como: hipotensão, diabetes insipidus,

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hipotermia, hipernatremia, acidose metabólica, edema pulmonar e coagulação intravascular disseminada. Para manter o controle dessas funções o mais próximo do normal, faz-se necessário o registro e controle contínuo desses parâmetros (MORAES et al, 2009).

Sendo assim, as medidas empregadas para a manutenção adequada dos órgãos para transplante incluem: a manutenção da pressão arterial sistólicamaior que 100mmHg, diurese de 0,5 a 4 ml/kg/hora, pressão venosa central (PVC) maior que 10 cmH2O, oximetria de pulso maior que 92%, PaO2 maior que 100 mmHg, frequência cardíaca de 60 a 120 batimentos por minuto e hemoglobina maior que 10g/dl. Além disso, é de suma importância a infusão de cristalóides e/ou colóides aquecidos e drogas vasopressoras (AGNOLO et al, 2014).

O enfermeiro, junto a equipe de enfermagem, é responsável por realizar, durante o período de manutenção, o controle e registro de todos os parâmetros hemodinâmicos do potencial doador (PD). Contudo, é necessário conhecimento científico acerca das repercussões fisiopatológicas inerentes à ME e dos cuidados necessários para garantir as melhores condições funcionais possíveis dos órgãos e tecidos a serem retirados e transplantados (FREIRE et al, 2012).

O cuidar de potenciais doadores de órgãos requer a manutenção de ventilação artificial, pois há alteração na troca gasosa em decorrência do edema pulmonar neurogênico, do trauma pulmonar, de infecção e das atelectasias. Aspirar secreção traqueal, sempre que necessário, é medida que tem por finalidade viabilizar a respiração artificial com maior eficiência e, consequentemente, melhor oxigenação tecidual (LEMES; BASTOS, 2007).O objetivo e a manutenção da saturação arterial de oxigênio superior a 90% com pressão parcial arterial superior a 60 mmHg (D’ÍMPERIO, 2007).Maia & Amorim (2009) referem também a importância da manutenção da cabeceira elevada a 30º, higiene oral adequada e mudanças periódicas de decúbito.

Aquecer o paciente, aferir a temperatura, colocar cobertor ou manta aquecida são cuidados fundamentais, pois na morte encefálica há perda do centro termorregulador hipotalâmico, desencadeando hipotermia que pode gerar a depressão do miocárdio, as arritmias, a diminuição do transporte de oxigênio, o aumento da afinidade da hemoglobina pelo oxigênio, a disfunção renal, a pancreatite e as coagulopatias. Aquecer os fluidos endovenosos é cuidado que responde à necessidade de controlar a temperatura corporal (LEMES; BASTOS, 2007).

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Verificar e anotar a pressão arterial, observar tempo de enchimento capilar. Os sinais vitais devem ser realizados em razão da disfunção cardiovascular, que se manifesta através de severa hipertensão, seguida de hipotensão progressiva e, consequentemente, hipoperfusão tecidual. Deve-se atentar para a causa da hipotensão que pode ser multifatorial (LEMES;

BASTOS, 2007).Estudos demonstram que o uso de vasopressina está associado à melhora da função dos enxertos renal, pulmonar e cardíaco, razão pela qual alguns autores recomendam seu uso como fármaco vasopressor de primeira escolha no manuseio do potencial doador, e em alguns casos pode ser preciso associar a 1-D-amino-8-arginina-vasopressina (DDAVP), que tem efeito antidiurético muito mais potente (FREIRE et al, 2012).

Aproximadamente 10% de todos os potenciais doadores (PD´s) experimentam parada cardíaca que necessita de ressuscitação cardíaca durante a fase de manutenção. As manobras ressuscitadoras básicas e avançadas imediatas precisam seguir os protocolos tradicionalmente estabelecidos. Deve-se lembrar que a bradicardia não responde à atropina na presença de ME, sendo necessário utilizar estimulantes B-adrenérgicos ou marcapasso nessa condição.

Portanto, deve-se realizar a ressuscitação cardíaca no potencial doador (FREIRE et al, 2012).

Cuidar das córneas através da umidificação foi também relatado como fundamental, uma vez que é um dos tecidos mais transplantados na atualidade. A córnea deve ser mantida umedecida e protegida com pomada para evitar ceratites (LEMES; BASTOS, 2007).

Alguns dos exames necessários para monitorização do doador de múltiplos órgãos, são:

eletrólitos; uréia e creatinina; glicose; hemograma completo; amilase, testes de função hepática; gasometria arterial; troponina; CK; CK-MB;TGO; TGP; gama GT; T3; T4; TAP;

TTPa; depuração de creatinina; altura/ peso; diâmetro abdominal; anatomia patológica;

cultura de urina, escarro e sangue; radiografia de tórax; eletroencefalograma; ecocardiografia 2D; coronariografia; balanço hídrico (D’ÍMPERIO, 2007).

Recomenda-se controle glicêmico através da infusão contínua de insulina, mantendo os níveis glicêmicos entre 120 e 180 mg/dL, verificando a glicemia periodicamente. Suporte calórico protéico deve ser realizado com solução glicosada, por via venosa e alimentação enteral, que só é interrompida no momento da entrada no Centro Cirúrgico ou quando em doses altas de drogas vasoativas e hipoperfusão tecidual (D’ÍMPERIO, 2007).Westphal (2011), cita o uso de terapia parenteral como suporte nutricional.

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É de responsabilidade da equipe de enfermagem realizar o controle de todos os dados hemodinâmicos do potencial doador, são eles: Hemoglobina >10g/dl; Pressão Venosa Central (PVC) 8 a 12mmHg; Pressão arterial sistólica > 90mmHg e <180mmHg; Dopamina <

10μg/Kg/min; Débito urinário 0,5 a 4ml/kg/h; PaO2 >100mmHg; 95mmHg> PAM >

65mmHg (GUETTI; MARQUES, 2008).

Um controle hídrico rigoroso deve ser realizado, pois baseadas neste, atitudes terapêuticas serão tomadas. Além disso, as drogas vasoativas deverão ser rigorosamente controladas, de acordo com a resposta hemodinâmica deste paciente. Atentar-se ao paciente em uso de Nitroprussiato de Sódio, pois seu gotejamento deve ser rigorosamente controlado e a pressão arterial deve estar monitorizada, de maneira invasiva ou não, por um membro da equipe de enfermagem, que deverá controlar a pressão arterial de forma intensiva (GUETTI;

MARQUES, 2008).

Após o diagnóstico de ME, inicia-se a Metilprednisolona 15mg/Kg a cada 24h e manutenção do pH arterial superior a 7,2; pois a acidose pode contribuir para instabilidade hemodinâmica e hipoxemia (WESTPHAL,2011).

A reposição volêmica deverá ser realizada através de uma veia calibrosa periférica, lembrando que as drogas vasoativas devem ser administradas em veias centrais, sempre utilizando-se de vias exclusivas, evitando-se o uso concomitante de medicações e/ou reposição volêmica rápida pelas mesmas. O controle dos distúrbios hidroeletrolíticos também deve ser realizado através de dosagem seriada dos eletrólitos, devendo detectar também a presença de arritmia através da monitorização eletrocardiográfica. (GUETTI; MARQUES, 2008).

2.4 PAPEL DA EQUIPE DE ENFERMAGEM

Luta-se sempre pela manutenção da vida, mas, no caso dos pacientes com ME, mesmo diante da morte a enfermagem luta pela vida, essa representada pela vitalidade dos órgãos e tecidos.

A assistência de enfermagem é fundamental para a manutenção do doador e da qualidade dos órgãos a serem doados. O enfermeiro tem como responsabilidade manter o doador estável

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hemodinamicamente até o momento do encaminhamento para o centro cirúrgico (GUIDO et al, 2009).

O fato do paciente se encontrar em morte encefálica não exime o profissional de enfermagem do dever de atuar de forma tal que preserve a integridade do paciente. Neste sentido, os registros de enfermagem devem retratar essa preocupação (DALRI et al, 1999).

O cuidado inadequado pode representar um obstáculo à doação, ocasionando a perda do doador por parada cardíaca, como, também, os distúrbios hidroeletrolíticos e metabólicos que interferem na qualidade do enxerto transplantado (MORAES et al, 2009).

De acordo com Maia e Amorim (2009) é de suma importância a existência de profissionais competentes e qualificados, que compreendam o processo de doação de órgãos no intuito de direcionar uma assistência adequada ao provável doador falecido.

3 CONCLUSÃO

O problema da captação, alocação e qualidade dos órgãos para transplante se deve, em parte, aos próprios profissionais de saúde que mantêm potenciais doadores de órgãos e tecidossob tratamento clínico por vezes inadequado e ineficaz para a manutenção do doente.

Ressalta-se que o conhecimento sobre a ME é de extrema relevância para o enfermeiro, profissional responsável pela equipe de enfermagem que elabora e supervisiona os cuidado na manutenção do PD, como também para todos os profissionais de saúde que atuam na assistência desse paciente, pois, através desse conhecimento, a assistência pode ser planejada e executada pela equipe.

Sendo assim, a educação permanente, referente ao processo de doação e transplante, direcionada ao profissional da saúde, possivelmente, representa alternativa para melhorar a qualidade dos órgãos ofertados.

A manutenção inadequada dos potenciais doadores de órgãos se constitui na segunda causa da não efetivação da doação de órgãos no Brasil (LEMES; BASTOS, 2007). Os autores evidenciam que a educação é fator determinante para o sucesso ou fracasso dos transplantes,

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contudo, apontam a incorporação de treinamentos, cursos, textos e palestras como estratégias para instrumentalizar a assistência. Retratam a importância de programas de educação continuada, sendo a equipe de enfermagem citada como elemento fundamental em todo o contexto do procedimento, uma vez que a aprendizagem significa mudança no comportamento dos indivíduos.

O conhecimento desse fenômeno oferece subsídios aos profissionais que atuam no processo de doação e transplante objetivando corrigir possíveis inadequações que estejam contribuindo para uma assistência insatisfatória ao cliente.

O estudo relatou o foco assistencial por parte da equipe de enfermagem como um todo, sendo possível a verificação de convergências dentre o que foi relatado pelos autores pesquisados e analisados. Não houve divergências de enfoques, o que evidencia uma mesma linha de seguimento de pesquisa nesta área.

Notou-se em contrapartida, a presente escassez de estudos publicados voltados à Assistência de Enfermagem aos potenciais doadores de órgãos. Estes são cada vez mais necessários em vista à realidade da assistência hospitalar no nosso país, pois devido a assistência inadequada o PD vai a óbito sem ter nem mesmo iniciado o processo de notificação à CNCDO e autorização da família.

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BRAINDEATH: NURSINGCARE

INPOTENTIALMAINTENANCEDONORORGANSININTENSIVE CARE UNIT

ABSTRACT

Nursing hasa guidingrole in addressingpatientcarewith the potentialorgan donor, which incorporatesthe knowledge ofvarious sciencesintheir professional training. This studyaims todescribethe care providedby the nursingstaffonthepotential organ donorin the intensivecare unit, analyzing the most relevantaspects to becoveredduringyour approach.It consists ofa scientificliterature reviewofresearch, qualitativeapproachwithexploratory.Data analysiswas carried outin a comparative way, considering the differentapproacheson the subject, so checktheexistence ofdifferences and similaritiesbetween the approachesof the authorsin the literaryproductions.The followingcategories of analysisfor suchwere separated: brain deathconcept;Stepsof the donation process; Nursingcare formaintenance of thepotential donor; Role ofNursing Team. The study reportedthefocuscareon the partof the nursing teamas a whole, the convergencecheckis possiblefromwhat was reportedby the authorssurveyedand analyzed.There were nodifferences inapproaches, which showsthe same line ofresearchfollow-upin this area.It was notedhowever,thislack ofpublishedstudies focused onnursing carein intensive careunitstopotential organ donors.

Keywords: Nursing care. Organ donation.Transplant.

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REFERÊNCIAS

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Referências

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