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1 QUESTIONÁRIO DE TRAUMAS NA INFÂNCIA (QUESI)

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19º Seminário de Pesquisa/Seminário de iniciação científica-UNIANDRADE 2021

1 QUESTIONÁRIO DE TRAUMAS NA INFÂNCIA (QUESI): CORRELAÇÕES ENTRE AS

RESPOSTAS DE AGRESSORES SEXUAIS DE CRIANÇAS E A LITERATURA

Jonatas Onofre Mariano Luiz*, Kauhan de Abreu Machado*, Tassiane Ap. Ferreira Valin**

*Discentes do curso de Psicologia no Centro Universitário Campos de Andrade- UNIANDRADE, Curitiba, Brasil.

**Docente do curso de Psicologia no Centro Universitário Campos de Andrade- UNIANDRADE, Curitiba, Brasil.

e-mail: jonatas.oml@gmail.com Resumo: Diversos estudos apontam que

sofrer violência na infância é considerado como fator de risco para o cometimento de crimes na vida adulta. Desta forma, objetivou-se com este estudo constatar e descrever, por meio de uma entrevista semiestruturada e da aplicação do Questionário de Traumas na Infância (QUESI) de 45 indivíduos adultos do sexo masculino, encarcerados pela acusação de violência sexual contra crianças, se eles podem ter sofrido algum tipo de trauma na infância. Além de analisar e correlacionar os dados obtidos com a literatura disponível. Com isso, foi possível identificar a predominância de negligência em 37,8% dos casos, seguido pela violência psicológica 34,45%, violência física 28% e sexual 13,34%, indicando que os participantes experienciaram uma dessas violências ao longo da infância.

Além das formas de violências experienciadas pelos participantes, foi identificado que 88,38% dos participantes tiveram fatores de proteção ao decorrer da infância. Por conta disso, foi identificado contradições nas respostas dos participantes, revelando, assim, uma desejabilidade social por parte desses.

Onde os participantes atribuem atitudes ou comportamentos com valores socialmente aceitos a si mesmos e minimizam os que não tenham. Infelizmente, estas distorções produzidas constituem uma ameaça à objetividade e à validade dos dados obtidos.

Palavras-chave: violência sexual, trauma, desejabilidade social.

Abstract: Several studies indicate that suffering violence in childhood is considered a risk factor for committing crimes in adulthood. Thus, the aim of this study was to verify and describe, through a semi-structured interview and the application of the Childhood Trauma Questionnaire (QUESI) of 45 adult males, incarcerated for the accusation of sexual violence against children, if they they may have suffered some kind of childhood trauma. In addition to analyzing and correlating the data obtained with the available literature. With this, it was possible to identify the predominance of negligence in 37.8% of cases, followed by psychological violence 34.45%, physical violence 28% and sexual violence 13.34%, indicating that the participants experienced one of these types of violence throughout childhood. . In addition to the forms of violence experienced by the participants, it was identified that 88.38% of the participants had protective factors during childhood. Because of this, contradictions were identified in the responses of the participants, thus revealing a social desirability on their part. Where participants attribute attitudes or behaviors with socially accepted values to themselves and minimize those that don't. Unfortunately, these distortions produced pose a threat to the objectivity and validity of the data obtained.

Keywords: sexual violence, trauma, social desirability.

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19º Seminário de Pesquisa/Seminário de iniciação científica-UNIANDRADE 2021

2 INTRODUÇÃO

A Organização Mundial da Saúde (OMS) descreve a definição de saúde como não sendo somente a ausência de doenças, mas sim um estado dinâmico e completo de saúde física, mental e social.

A saúde é um processo qualitativo complexo que define a função completa de um organismo e integra sistematicamente o corpo e a mente, e o que afeta um, inevitavelmente, agirá no outro (OMS, 1997).

Desta forma, caso haja uma desorganização desse processo natural e sadio de desenvolvimento da vida orgânica e consequentemente da sexualidade, por meio da exposição a algum tipo de trauma, principalmente quando se trata de crianças e adolescentes, considera-se um fator de risco para problemas de saúde, especialmente de saúde mental (SÁ et al., 2009).

Vários estudos coincidem em dizer que ter crescido em lugares com determinadas características pode ter influência em condutas abusivas na vida adulta, principalmente em lugares com algumas defasagens de afeto e cuidados, assim como lugares que apresentam qualquer forma de abuso (GONZÁLEZ et al, 2004).

Além disso, quanto mais frequente e persistente é o contato com a violência, além do grau de relacionamento da vítima com o agressor, piores serão os comportamentos, problemas psicológicos e relacionamentos interpessoais. E segundo os estudos realizados por Faleiros (2000), as consequências fazem com que a vítima possa apresentar comportamentos criminosos, muitas vezes contrários aos seus costumes.

OBJETIVO

Descrever e constatar por meio de uma entrevista semiestruturada e da aplicação do Questionário de Traumas na Infância (QUESI) se indivíduos adultos do sexo masculino, encarcerados pela acusação

de violência sexual contra crianças, podem ter sofrido algum tipo de trauma na infância. Além de analisar e correlacionar os dados obtidos, através das respostas dos participantes, com a literatura disponível. Para que assim, essas informações e reflexões importantes contribuam e fomentem estudos futuros, mais elaborados e precisos no campo da prevenção.

METODOLOGIA

Participantes

Participaram desta pesquisa 45 adultos do sexo masculino, com faixa etária entre 25 e 72 anos, com media de idade de 42 anos, em situação de privação de liberdade por acusação de agressão sexual contra crianças na cidade de Curitiba e Londrina. O recrutamento dessa amostra foi feito por conveniência.

Local

Os locais foram instituições penais de segurança máxima destinada a detentos do sexo masculino em Curitiba e em Londrina. A localidade não será identificada, para manter íntegra a segurança dos apenados. A coleta de dados foi realizada em espaços concedidos pelos próprios locais.

Instrumentos

Os participantes foram avaliados por meio de dois instrumentos. O primeiro instrumento utilizado foi uma entrevista semiestruturada desenvolvida pelos próprios pesquisadores, com a finalidade de obter um primeiro contato com o

indivíduo, coletar dados

sociodemográficos, características do crime cometido e estabelecer rapport.

Posteriormente, foi aplicado o Questionário sobre Traumas na Infância (QUESI), a fim de identificar se o participante possui ou não, um ou mais traumas em sua história de vida.

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3 Procedimentos éticos

O estudo orientou-se pela Resolução 466/12, do Conselho Nacional de Saúde – CNS ligado ao Ministério da Saúde, que define diretrizes e normas que regulamentam as pesquisas envolvendo seres humanos, protegendo os cidadãos participantes da pesquisa em sua integridade física, psíquica e moral. Foi assegurada aos participantes, total liberdade de recusa ou de retirada do seu consentimento, em qualquer momento da pesquisa, sem qualquer prejuízo ou constrangimento. A todos os voluntários, foi garantido o direito de receber esclarecimentos sobre as dúvidas pertinentes à pesquisa e de obter informações atualizadas sobre o estudo.

Da mesma forma, foi assegurado o sigilo das informações e a não identificação dos participantes. O participante da pesquisa só foi aceito após assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). A execução da Coleta de Dados foi realizada somente após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa com o

número de registro CAAE

00366918.1.0000.5508, além da autorização do Departamento Penitenciário do Paraná e da Prefeitura Municipal de Araucária.

Procedimentos

Após a assinatura do TCLE, os participantes foram direcionados de forma individual para a realização da entrevista e do questionário. Esta aplicação e coleta de dados foi realizada nas instituições entre 22/01/2020 até 11/03/2020 e 07/12/2020 até 09/12/2020.

Análise de dados

Após a coleta e a separação dos dados, foram feitas análises em cima de uma tabulação realizada no programa Excel e transposta para o Statistical Package for the Social Sciences (SPSS). Os dados

foram convertidos em dados quantitativos para explorar as correlações ou padrões entre os dois métodos de coleta (entrevista e questionário). Essa análise foi realizada por meio do teste de correlação de Spearman.

RESULTADOS

O estudo foi realizado com 45 indivíduos adultos do sexo masculino em cárcere, a média de idade dos participantes foi de 42 anos, a média de escolaridade foi de ensino fundamental completo. Referente as vítimas 82,2% eram do sexo feminino, com idade média de 10 anos. Além disso, 84,4% dos agressores eram muito próximos da vítima (filhas, enteadas, sobrinhas, netas, vizinhas). Além disso, a maioria dos entrevistados abusaram somente de uma vítima (93,3%). Estes dados apresentados anteriormente foram adquiridos através de uma entrevista semiestruturada.

Outros dados importantes foram adquiridos pelo QUESI (Questionário de Traumas na Infância). Ele foi separado em cinco blocos de respostas referentes às vivências experienciadas na infância dos participantes. Sendo esses blocos relacionados a violência física, violência psicológica, violência sexual, negligência e um bloco sobre fatores de proteção, todos com aproximadamente 5 questões cada.

Através da análise desses dados, foi possível perceber a predominância de negligência 37,8% dos casos, seguido pela violência psicológica 34,45%, violência física 28% e sexual 13,34%, indicando que os participantes experienciaram uma dessas violências ao longo da infância.

Além das formas de violências experienciadas pelos participantes, foi identificado que 88,38% dos participantes tiveram alguma forma de fatores de proteção dentro da família nuclear ou ao decorrer da infância.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

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4 O presente estudo teve como

objetivo constatar e descrever, por meio de uma entrevista semiestruturada e da aplicação do Questionário de Traumas na Infância (QUESI) se 45 indivíduos adultos do sexo masculino, encarcerados pela acusação de violência sexual contra crianças, podem ter sofrido algum tipo de trauma na infância. Além de analisar e correlacionar os dados obtidos, através das respostas dos participantes, com a literatura disponível. Com isso, observou- se que somente uma pequena parcela assinalou os itens relacionados a violência sexual. O que pode estar relacionado ao preconceito e as questões culturais que permeiam esse tipo de violência dentro do contexto do sexo masculino (SANDERSON, 2005; WEISS, 2010). Além do mais, foi observado que a maioria dos participantes tiveram fatores de proteção ao longo da infância. Entretanto, também tiveram um histórico de violência significativo em algum momento, seja física, psicológica, sexual ou negligência.

O que, infelizmente, corrobora com o conceito descrito na literatura como desejabilidade social. Onde os participantes atribuem atitudes ou comportamentos com valores socialmente aceitos a si mesmos e minimizam os que não tenham (ALMIRO, 2017). Estas distorções produzidas por eles, então, constituem uma ameaça à objetividade e à validade dos dados obtidos por meio dos instrumentos de coleta.

REFERÊNCIAS

ALMIRO, Pedro Armelim. Uma nota sobre a desejabilidade social e o enviesamento de respostas. Avaliação psicológica, v. 16, n. 3, p. 0-0, 2017.

FALEIROS, Eva Silveira. Repensando os conceitos de violência, abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. Brasília: CECRIA/MJ- SEDH-DCA/FBB/UNICEF, 2000.

GONZÁLEZ, Electra. et al.

Características de los abusadores sexuales. 2004.

SÁ, Daniel Graça Fatori de. et al.

Exposição à violência como risco para o surgimento ou a continuidade de comportamento antissocial em adolescentes da região metropolitana de São Paulo. Psicologia: teoria e prática, v. 11, n. 1, 2009.

SANDERSON, Christiane. Abuso sexual em crianças: fortalecendo pais e professores para proteger crianças de abusos sexuais. M. Books do Brasil, 2005.

OMS – Organização Mundial de Saúde.

Life skills education for children and adolescents in schools. Geneve: OMS, 1997.

WEISS, Karen. Male sexual victimization: Examining men’s experiences of rape and sexual assault.

Men and Masculinities, 12(3), 275-298, 2010.

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